Capítulo 600 - Reviravolta

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Tenham uma boa leitura!]

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Todo um término de ciclo repleto de reflexões e pensamentos de fritar os neurônios assolou o grupo que esperava por uma definição quanto à segurança de Ming Xiao. 

O Rei do Vale da Esperança estava sozinho no Edhen e incomunicável há dias. Nem mesmo os amuletos de transmissão sonora dele emitiam qualquer sinal de resposta ou vida.

A preocupação geral se tornava cada vez maior à medida que o tempo passava, nenhuma notícia chegava e ninguém conseguia falar com Ming Xiao.

Todos se agarraram na ideia de que Ming Xiao era astuto quando se tratava de assuntos complexos como aquele. O rei aprendeu a pisar em ovos sem quebrá-los ao longo da sua evolução como político, e isso era a maior vantagem que ele tinha a seu favor. O rei saberia lidar com Prometheus.

A apreensão era grande, Ming Xue e Zao Tian, que eram os mais apegados ao Ming Xiao, roeram as unhas até chegar na carne. O medo de que algo ruim acontecesse ao Ming Xiao era terrível, inevitável e incessante. Pensamentos horríveis sobre o que poderia ter acontecido ao irmão e genro martelavam nas cabeças dos dois e preenchiam cada canto vazio das suas mentes com uma névoa de ansiedade e medo do que pode ou não ter acontecido com ele.

“Aaaaaaaaaaaaaaarrrgghhh…” Enquanto isso acontecia, a Singularidade, que não estava nem aí para o que o grupo sentia, começou a castigá-los com toda a severidade de uma coisa que burlava a ordem natural das coisas e que não deveria existir.

As trocas de ciclos em uma Singularidade já eram muito ruins para o corpo. Era, para muitos, o próprio universo punindo o que eles estavam fazendo. 

Muitos pensavam que as mudanças de ciclos eram realmente uma forma que o universo encontrava para descontar um pouco da sua ira sobre as pessoas que estavam burlando as suas leis e enganando-o sem parar.

As dores de todos eram horríveis, mas isso não é nada, absolutamente nada perto do que o grupo sentia a cada mudança de ciclo. Era como comparar uma dormência com um amputação.

Se fossemos pensar por essa linha de raciocínio, o que o grupo estava fazendo era ainda mais repugnante para o universo do que a anomalia que Daren criou. As consequências brutais de cada reinício eram tão pesadas que parecia que o universo queria apagá-los da existência e só não conseguia porque o sistema fechado que o Daren criou conseguia vencer a disputa.

Daren criou uma técnica maravilhosa, mas se for levar por esse lado, ele criou uma aberração que distorcia o que era real e irreal. O universo não conseguia vencer a sua técnica, a realidade se curvava a ela e o tempo era um joguete nas suas mãos.

Mas se nem o universo parecia ser invencível, a técnica do Daren também não podia ser assim. A segunda anomalia, a aberração dentro de outra aberração temporal tinha um prazo de validade e consequências muito além daqueles que estavam nela caso isso não fosse respeitado.

A briga entre o universo e a Singularidade seria vencida pelo primeiro, que parecia preferir a destruição mútua a continuar deixando que aquele erro se repita. E no meio dessa disputa de proporções inimagináveis, estava o grupo, tendo os seus corpos despedaçados e reconstruídos centenas de vezes em um lapso de segundos e pagando todo o preço, sozinho.

O sofrimento não parava de aumentar. O que parecia ser insuperável se tornava ameno a cada reinício. Os limites que todos julgavam ter eram ampliados de uma forma que ele nem imaginavam que era capaz de existir.

Aquilo era irônico… Mesmo em um loop temporal, o tempo era um cronômetro regressivo que, com as marcas que deixava nos corpos e mentes deles, avisava que a areia da ampulheta estava chegando ao fim. 

Após tanto sofrerem com a virada de ciclo, o grupo estava literalmente se remontando, como sempre.

Membros tortos, quebrados e em lugar onde não deveria estar eram mais comuns a cada novo começo de ciclo e criavam monstros bizarros e horrendos que eram, em essência, humanos.

Ninguém passava incólume das consequências. Até os cultivadores da vida tinham sérios problemas àquela altura. A única diferença entre eles e os outros era o controle molecular que eles tinham e as suas capacidades superiores de regeneração, mas isso era o que estava salvando o grupo agora, porque se não fosse pelo fato desses membros terem a capacidade de refazer os seus próprios corpos, todos ficariam daquelas formas para sempre.

Sem um cultivador da vida, principalmente sem um cultivador muito bom em medicina como eram os médicos grupos, aquela missão seria impossível. 

Aquele reinício foi diferente. As deformidades saltaram do zero ao cem em uma única tacada, deixando para trás um conjunto de consequências que fez cada um daqueles humanos se arrependerem, por um momento, de estarem ali.

Jaha e Cruz deram muita sorte, porque se eles não fizessem uma pausa nos estudos da Singularidade para escutar as informações que Zao Tian e Gins coletaram, eles estariam em grandes apuros e muito provavelmente seriam transformados em monstros e ejetados da Singularidade ou destruídos devido à velocidade baixa de entrada. De toda forma, nenhuma das opções era boa.

A atração da Singularidade também mudou de forma abrupta e passou a sugar muito mais energia deles do que antes. Ficar parado, seja flutuando ou em uma superfície sólida, se transformou em um desafio árduo que tinha que ser superado a cada segundo. Era uma força tremenda que se fosse medida, lançaria-os a uma força de aceleração exponencial que começaria em pelo menos cinquenta mil quilômetros por hora. 

Visto que a velocidade mínima de entrada na anomalia era algo em torno de quatrocentos e quatro mil quilômetros por hora, dava para imaginar o quanto eles estavam sendo forçados.

Somado a tudo isso, a reconstrução corporal de todos passou a ter imperfeições que ninguém conseguia corrigir. Deformidades físicas e neurais surgiram, dando a alguns espamos involuntários e a outros sequelas físicas que ignoravam a lógica.

Ming Xue, Gu Ren, e Ragnar adquiriram espasmos que fazia-os torcer a cabeça para a esquerda ou para a direta e simplesmente não podiam ser controlados.

Hildeval, Ryuuji, Gins e Jaha começaram a tremer como se estivessem em um estado muito avançado de Parkinson.

Zao Tian, Cruz, Kyon, Singrid, Joster e Ye Yang estavam todos com alguma deformidade física.

Zao Tian estava com o braço esquerdo totalmente retorcido; Cruz estava literalmente com o pé no lugar do joelho direito; Kyon estava sem quatro dedos das mãos, que foram parar nos seus glúteos; Singrid estava com uma perna completamente seca e raquítica e um dos braços bastante inchado; Joster perdeu o movimento do ombro esquerdo, as redes neurais dele foram desconectadas dos nervos que transmitiam as suas ordens para aquele membro; Ye Yang tinha perdido o olho direito, que ainda estava funcionando, mas dentro do seu peito. Ye Yang conseguir enxergar nitidamente o seu coração batendo.

As deformidades que surgiram eram estranhas como todas as outras que vieram antes delas, mas dessas vez, elas persistiram mesmo depois dos cuidados dos médicos. Os danos não eram apenas irreversíveis, eles eram assustadoramente persistentes, chegando à esfera do sobrenatural.

A fronteira entre o sobrenatural e a física do universo foi violada quando por mais que qualquer um deles corrigisse uma deformidade ela milagrosamente, de um modo ruim, voltava.

Os danos que o grupo sofreu eram incorrigíveis! Eles ficariam daquele jeito até a maldita disputa entre o universo e a Singularidade terminasse.

E Ming Xiao, que tinha deixado todos muito preocupados por bastante tempo e àquela altura tinha sido esquecido, resolveu dar onar da sua graça quando surgiu no espaço próximo com a sua boca bem no meio da testa.

“A missão foi abortada!”Quando viu Ming Xiao retornar e percebeu que ninguém conseguiria reverter aqueles danos que sofreram, Zao Tian foi forçado a anunciar o fim provisório da missão de resgate.

Aquele novo ciclo foi um banho de água fria no grupo que tinha criado muitas expectativas para ele. Em um instante tudo mudou e prosseguir com a missão era simplesmente impossível.

As deformidades que eles tinham nunca passariam despercebidas e o plano de infiltração não era mais uma opção. Também, as consequências devastadoras da mudança que drenava muita força deles e comprometia significavamente as suas capacidades de luta e até mobilidade trataram de colocar o último prego naquele caixão que eles chamavam de plano.

O grupo perdeu todas as condições de prosseguir, e agora o que restava a eles era lutar para sobreviver até o fim do vigésimo ciclo e torcer para que tudo voltasse ao normal quando o Daren fechasse a anomalia.