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Capítulo 698 - Guerra Civil 2

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Tenham uma boa leitura!]


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Em Niflheim, Yanor continuava sua busca por aliados, mas o preço da sua traição pelo próprio pai começava a se fazer presente. Ele sabia que cada passo em direção à guerra civil era um passo mais próximo da ruína de seu povo, mas também via a oportunidade de libertá-los da opressão divina que ele, mais do que qualquer outro gigante, sofreu na pele.


Enquanto os ventos gelados sopravam por Niflheim, Yanor, o príncipe exilado, continuava sua busca implacável por aliados para a iminente guerra contra seu próprio pai, Jhora, o rei dos gigantes. A cada passo, ele podia sentir a tensão no ar, uma eletricidade abstrata que anunciava a tempestade que se aproximava.


Nos salões do castelo de gelo, Jhora reunia seus conselheiros mais leais para discutir os rumos do reino. A atmosfera era pesada, carregada com a antecipação do conflito iminente. 


“Como Yanor sobreviveu? E como ele voltou e está reunindo gigantes à causa dele sem que nós soubéssemos disso?” Jhora, um gigante de gelo muito parecido com Yanor, gritou com os seus conselheiros como se eles fossem inúteis.


Sentado em um trono ainda maior do que ele, que parecia querer tocar o céu, Jhora era imponente e a tensão que ele estava sentido era manifestada na forma de uma grande pressão espiritual e um frio tão gélido quanto o toque da morte.


“Ninguém sabe como ele escapou, meu rei!” Em resposta aos questionamentos irados de Jhora, um dos conselheiros falou, logo antes de explicar: “O retorno de Yanor aconteceu pelas sombras. Os contatos que ele fez foram feitos sorrateiramente e apenas se tornaram públicos após o príncipe ter reunido um grande número de apoiadores.”


“Não chamei aquele moleque de príncipe!” Assim que o seu conselheiro terminou de falar, Jhora o repreendeu com firmeza e nenhum senso de paternidade quanto a Yanor. O rei dos gigantes estava bravo e fez questão de externar o seus motivos, dizendo: “Chamar Yanor de príncipe é o mesmo que simpatizar com a causa dele! Aquele moleque foi um sacrifício necessário para o nosso mundo, e agora que ele escapou, a desgraça virá atrás dele. E esse levante que ele está começando já é o prelúdio dessas desgraçadas!”


Enquanto Jhora expressava sua raiva, seus conselheiros se entreolhavam, preocupados com o desenrolar dos acontecimentos. Um deles, mais corajoso, decidiu falar: "Meu rei, talvez seja hora de considerar a possibilidade de um diálogo com Yanor. Talvez haja uma solução que não envolva derramamento de sangue entre nós." 


Jhora, porém, rejeitou a sugestão com um rugido gelado: "Diálogo? Com aquele fugitivo que eu entreguei como sacrifício a Thor?!”


“Não existe a possibilidade de diálogo entre nós! Ele escolheu seu caminho ao retornar para Niflheim, e agora enfrentará as consequências!" A decisão estava tomada, a guerra parecia inevitável, e Niflheim estava prestes a ser consumida pelo conflito.


“Yanor deve ser derrotado!” Depois da resposta de Jhora, um dos gigantes mais leais a ele apoiou o rei, antes de sugerir: “Majestade, talvez nós possamos informar a Thor que Yanor escapou, para que ele mesmo venha até aqui e resolva isso sem que nós precisemos sujar as mãos.”


A ideia daquele conselheiro era bem pensada à primeira vista, tanto que Jhora chegou a ponderar essa possibilidade quando soube do retorno de Yanor, porém, depois de pensar nos prós e contras de fazer isso, o rei gigante chegou à conclusão de que os riscos eram muito maiores do que os possíveis benefícios.


“Se Yanor fugiu e Thor não veio até aqui ainda, significa que algo aconteceu com ele, que ele decidiu libertar Yanor, ou que ele ainda não sabe do ocorrido.” Jhora começou a expressar os seus pensamentos, levantando algumas hipóteses, logo antes de expôr os seus receios: “Se nós informarmos Thor sobre isso, ele vai agir de formas que em nenhum dos casos será benéficas para nós.”


“Caso Yanor tenha fugido e nós tentarmos avisar Thor sobre isso, ele certamente virá até Niflheim e Yanor resistirá! Isso será terrível, porque ele, após matar Yanor, irá punir Niflheim de alguma forma grotesca… Essa é a essência dele!”


“Se Thor libertou Yanor e a gente, um contato nosso seria visto com mais olhos por ele, pois ele vai deduzir que nós estamos querendo usá-lo para resolver o nossos problemas, e irá punir Niflheim do mesmo jeito.”


“Nós temos que resolver isso sem envolver nenhum deus! Esse é um problema de Niflheim, e apenas nós, gigantes, podemos resolvê-lo!” Jhora finalizou, indicando uma postura irredutível de recorrer a Thor para resolver o assunto.


“Eu entendo, majestade…” O conselheiro que falou antes comentou num tom de elogio ao raciocínio de Jhora, logo antes de dizer: “Então só nos resta ir à luta antes que Yanor consiga aliados o suficiente para que isso se transforme em uma guerra.”


“Eu concordo!” Outro conselheiro, após escutar tudo o que foi dito até agora, concordou com aquele plano, e fez questão de expressar a importância da celeridade nas ações deles, dizendo: “Yanor está reunindo tribos por toda Niflheim, mas ele ainda não conseguiu estabelecer uma organização decente de comunicação e movimento de tropas.”


“Atacar Yanor de forma rápida e pontual é a nossa prioridade!” O conselheiro mal terminou de falar, quando outro completou: “Yanor está, agora, tentando reunir aliados nas montanhas de fogo. Os gigantes de lava e fogo não são fáceis de lidar, então seria bom aproveitar que ele está em um terreno neutro para executar o ataque.”


Diante da determinação e informações de seus conselheiros, Jhora assentiu com firmeza. Era hora de agir antes que Yanor se fortalecesse ainda mais. As montanhas de fogo seriam o palco do confronto iminente, e a batalha decidiria o destino de Niflheim.


Uma emboscada ao príncipe fora acordada, e Jhora mobilizava as suas forças de prontidão para matar seu próprio filho em um ataque esmagador.


Enquanto isso, em terreno hostil, Yanor sentia o peso da responsabilidade sobre seus ombros. Cada aliança conquistada, cada gigante que se juntava à sua causa, era um pequeno raio de esperança em meio à escuridão iminente que se formou na sua cabeça desde o dia que Jhora o entregou como sacrifício.


A sombra da traição pairava sobre Yanor. Ele não podia recuar, não podia fraquejar e não conseguia perdoar.  


Abandonar sua luta era o mesmo que desistir da justiça e da liberdade que ele recebeu após trezentos anos de cativeiro e torturas.


Jhora, na cabeça de Yanor, não era mais seu pai. Ele era apenas um regente que deveria cair, pois não honrava a sua raça, o seu trono, e nem o seu sangue.


Enquanto preparava suas tropas para o confronto que se aproximava, Yanor refletia sobre o significado de sua jornada. Ele não lutava apenas por si mesmo, mas por todos os gigantes que haviam sido oprimidos e subjugados pela vontade dos deuses. Ele era a voz daqueles que não podiam falar, o líder de uma revolta destinada a mudar o curso da história de Niflheim.


Os gigantes de fogo e lava, assim como previsto pelos conselheiros de Jhora, foram resistentes à ideia de se juntar a Yanor. A maioria das tribos se negaram a sequer conversar com ele, e outras, que conversaram, já iniciavam as tratativas devidos a negar após escutá-lo por algum tempo.


Unir-se a Yanor era um risco para qualquer gigante ou tribo. Ninguém queria escolher o lado errado naquela guerra cujas expectativas de vitória do príncipe eram muito baixas. 


Aqueles que se uniram a Yanor, até agora, eram conhecidos do príncipe ou dissidentes declarados do reinado de Jhora. Eles já não tinham muito a perder e possuíam um certo grau de fanatismo que deixavam-nos predispostos a se unir a qualquer louco que assumisse começar uma guerra civil. Contudo, as outras tribos de gigantes não eram tão desapegadas assim às suas vidas. E ponderar era o mínimo que eles faziam.


Yanor sabia que era uma missão difícil, que convencer os gigantes a lutarem por ele, um príncipe que ressurgiu depois de 300 anos, não seria fácil sem que ele pudesse provar que tinha alguma chance de vitória. Contudo, ele não podia revelar as cartas que tinha na manga nas negociações que fazia, para não dar a Jhora a chance de se preparar para as suas futuras ações. Sendo assim, o príncipe não tinha muito com o que negociar além de seu nome e provas de sua determinação.


Para alguns, essas coisas eram o suficiente, mas para a maioria, não. Mas para o azar de seus inimigos e à sorte dele, Yanor estava prestes a ser emboscado pelas forças do Rei Jhora. E a decisão que Jhora tomou naquela reunião com seus conselheiros seria um grande tiro no pé.


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