Capítulo 0715 - Um Passo sem Volta

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Tenham uma boa leitura!]

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Decarius…

Enquanto o quarteto de Grandes Deuses se deslocava para o planeta humano, grandes mudanças aconteciam no destino final deles.

Se Gard estava passando por uma transformação drástica em termos de direitos, condições de vida e de produção de tudo o que aquela terra e seu povo tinha a oferecer, em outros lugares, não excetuando aquele continente, também, uma grande quantidade de seres muito diferentes chegava praticamente todos os dias e causava um alvoroço entre os humanos.

Graças aos embaixadores enviados pela humanidade, que visitaram muitos planetas em busca de novos aliados ou pelo menos colaboradores, muitos daqueles seres que aceitaram a oferta ou ainda estavam em dúvida partiram de suas terras natais rumo à Decarius, para conferir como era o mundo humano e tomar suas decisões ou ver se tinham feito a escolha certa.

As formas de vida que chegaram, muitas vezes incompreensíveis para uma parcela esmagadora da população, foram, à princípio, recebidas com temor e cautela, porque o temor de que uma invasão tivesse começado era muito grande.

Como estavam em constante estado de alerta, esperando pelo dia em que os deuses atacaram o planeta, os humanos geralmente não se alegram quando viam algo ou alguém diferente chegar. Contudo, introduzidos à sociedade pelos líderes de cada região, esses seres passaram a ser vistos e tratados de formas diferentes. Se antes, eles eram temidos como bestas demoníacas, agora, eles se tornaram uma fonte de novos conhecimentos, trocas de experiências e intercâmbios culturais.

As criaturas de Krynn, seres compostos de energia, luzes e propriedades elementais, mostraram aos humanos como formas de vida quase intangíveis podem existir, bem como os pontos fortes e fracos de ser assim. Eles contaram, também, a história de seu povo, de seu planeta e das suas tradições para os humanos. 

Vistos como naturalmente pacíficos, os seres de luz não eram totalmente avessos ao uso da força, caso ela fosse necessária. A obrigação de defender a sua espécie e suas vidas era algo sagrado para eles, desde o dia em que seu planeta foi liberto por um humano que os ensinou a importância do trabalho duro, da vontade de viver e de ter força o suficiente para não deixar que ninguém lhe diga o que deve ou não fazer.

As visitas desses seres iluminados não apenas trouxeram novas perspectivas à população de Decarius, mas também estreitaram as relações entre os mundos, fornecendo um fundamento sólido para a diplomacia e cooperação interplanetária. À medida que essas histórias se entrelaçavam, as antigas suspeitas começaram a se transformar em curiosidade e admiração mútuas.

Os Aquarians, por outro lado, trouxeram consigo uma profunda conexão com a água, ensinando aos humanos novas técnicas de manejo de recursos aquáticos e formas de conversar com criaturas marinhas que antes não eram vistas como possíveis. As técnicas de cura dos Aquarians também eram inusitadas, e apesar de inicialmente recebidas com ceticismo, logo ganharam reconhecimento e admiração, especialmente entre os médicos e curandeiros humanos que viram nas habilidades dos Aquarians uma oportunidade para aperfeiçoar as práticas médicas em Decarius.

A chegada desses novos visitantes também estimulou o desenvolvimento econômico e tecnológico. Novas práticas e formas de lidar com os elementos, minerais e plantas foram grandes adições a ambos os lados.

Em meio a essas mudanças, a sociedade de Decarius começou a se reorganizar. Os governantes locais implementaram políticas para integrar os novos visitantes à sociedade, promovendo a inclusão e reduzindo o medo do desconhecido. Em um período muito curto de tempo, porque era assim que a vida humana tinha se tornado,leis foram adaptadas para garantir os direitos desses seres enquanto habitantes temporários ou permanentes de Decarius, assegurando que todos os seres, independentemente de sua origem, tivessem acesso equitativo a recursos e oportunidades.

No entanto, nem todos em Decarius viam essas mudanças com bons olhos. Grupos isolacionistas surgiram, vendo nos novos visitantes uma ameaça à pureza humana e à tradição. Eles temiam que a influência externa pudesse diluir a cultura humana ou mesmo levar à subjugação sob poderes extraterrestres. Esses grupos começaram a organizar campanhas contra a presença extraterrestre, o que levou a confrontos esporádicos e à necessidade de uma ação mais firme por parte das autoridades para manter a ordem.

Enquanto isso, nos confins do espaço, a caminho de Decarius, Loki e seus acompanhantes sentiam as vibrações de mudança que já começavam a se fazer sentir em todo o universo. Não eram apenas os humanos que estavam fora de seus domínios, outras espécies estavam fazendo o mesmo.

“Nós ainda nem chegamos ao nosso destino, mas parece que não é só no planeta humano que as anormalidades têm acontecido…” Loki comentou com os seus irmãos, que concordaram com ele naquele quesito. Os deuses sentiram, mesmo que muito longe deles, várias formas de vida viajando pelo espaço, e todas seguiam na mesma direção.

“As coisas já podem ter se expandido.” Athena comentou, analisando os elementos que tinha, logo antes de explicar: “Com tantos seres seguindo na mesma direção que nós, eu estou começando a acreditar que Zeus não está mais no controle de Decarius.”

“Agora vocês acreditam em mim, não é!?” Loki, disse com extremo prazer aquelas palavras, e logo em seguida completou: “Os humanos estão com  nfora do Destino e têm tramado alguma coisa.”

"Ainda estou curioso, Loki…" Interpelou Hades com sua voz ecoando na vastidão do espaço: "Por que, exatamente, Zeus deixaria algo tão poderoso quanto a  nfora do Destino escapar de seu controle? Como ele poderia perdê-la? E por que humanos, criaturas tão frágeis e passageiras aos nossos olhos, seriam capazes de manipulá-la?"

Loki, sentindo o peso do escrutínio de Hades, respondeu com uma calma teatral: "Como você bem sabe, irmão, o poder não escolhe seu portador pela estatura ou pela eternidade de sua existência. Zeus, apesar de suas muitas falhas, sempre foi um estrategista ambicioso. Talvez, ele visse algum potencial nos humanos, algo que nós, em nossa sabedoria infinita, falhamos em perceber."

“Ele pode estar atrás de vingança contra nós, também…” Athena entrou naquela conversa e comentou, antes de explicar o seu ponto de vista: “Não é nenhum segredo que, desde que foi incumbido de governar um único planeta, Zeus tem se sentido marginalizado por nós, e esse sentimento de que ele está sendo injustiçado pode ter levado ele a confiar nas pessoas erradas ou cometer algum outro erro. Ou talvez isso tudo seja parte de seu plano.”

Hades analisava cada palavra, tentando decifrar as verdadeiras intenções por trás da fachada de Loki e das palavras de Athena: "E se Zeus está tentando criar um novo tipo de balanço de poder? Um que até mesmo nós não podemos prever ou controlar?"

Loki imediatamente sorriu, admirando a perspicácia de Hades, e respondeu: "Isso seria um jogo perigoso, mesmo para Zeus. Mas se há verdade no que diz, então nossa missão se torna ainda mais crucial. Devemos descobrir a verdade antes que qualquer equilíbrio seja irrevogavelmente perturbado."

Hades concordou, mas manteve-se desconfiado de Loki, ao dizer: "Exato. E embora eu admire sua habilidade em manipular palavras e situações, nesta missão, sua usual duplicidade não será tão facilmente tolerada. Precisamos de fatos, Loki, fatos incontestáveis. Meias verdades não serão toleradas em uma situação tão delicada quanto essa."

Loki, percebendo a seriedade de Hades, assentiu solenemente e se fez desentendido, dizendo: "Eu compreendo, e concordo. A verdade é nosso objetivo supremo aqui. E seja o que for que descobrirmos, vamos lidar com o que nos espera sem que nenhum de nós tenha a sua opinião ignorada."

O espaço entre Hades e Loki permaneceu carregado de um entendimento mútuo, embora frágil. À medida que se aproximavam de Decarius, a tensão aumentava. Não apenas a tensão da missão, mas a tensão de uma verdade potencialmente desconfortável que poderia alterar tudo o que sabiam sobre seu próprio panteão.

Enquanto isso, Athena e Hefesto discutiam estratégias, preparando-se para qualquer eventualidade que pudesse surgir. Hefesto, em particular, estava preocupado com a integridade de suas criações e o uso que os humanos poderiam estar fazendo delas.

"Athena…" Disse Hefesto com uma voz carregada de preocupação: "Nós não podemos subestimar os humanos. Se eles realmente têm acesso à  nfora do Destino, as implicações são enormes. Isso poderia significar que Zeus, de alguma forma, está colaborando com eles. Ou pior, ele pode estar sob o controle dos humanos."

Athena, sempre a estrategista, ponderou as palavras de Hefesto e respondeu: "Precisamos estar preparados para neutralizar a  nfora, se necessário. Se Zeus se desviou de nossos caminhos, ou se os humanos o manipularam, nossa resposta precisa ser rápida e decisiva."

Hefesto acenou em concordância e avisou: "Eu posso modificar algumas das minhas criações para contrariar os efeitos da  nfora, mas precisaremos estar no local para avaliar plenamente a situação. Eu não confio em Loki, e Hades está estranho, então, se a hora chegar, eu confiarei a você a nossa defesa contra a  nfora do Destino."

Athena assentiu, aceitando a oferta de Hefesto e reconhecendo que eles não deveriam confiar em Loki, e, dessa vez, em Hades.

À medida que a vastidão estelar continuava a se desdobrar diante dos Grandes Deuses, suas conversas tornavam-se cada vez mais introspectivas e estratégicas. Eles sabiam que o que encontrariam em Decarius poderia exigir mais do que simples força bruta. Poderia exigir um realinhamento completo de suas percepções e estratégias.

Athena, cuja mente já estava tecendo várias camadas de planos contingenciais, voltou-se para Hefesto e disse: "Devemos também considerar a possibilidade de uma armadilha. Zeus sempre foi astuto. Se ele realmente desviou-se, sua inteligência poderia tornar isso uma armadilha não só para nós, mas também para os humanos que ele poderia estar usando como peões."

Hefesto, ajustando os detalhes de um artefato em sua mão, um instrumento capaz de detectar anomalias espirituais, respondeu: "Sim, e isso me preocupa. A  nfora do Destino não é um artefato que se possa manipular levianamente. Se Zeus ou os humanos conseguiram alterar suas propriedades, podemos estar lidando com uma variável que nem mesmo eu posso prever totalmente."

Enquanto isso, Loki e Hades mantinham uma conversa separada, suas vozes eram murmúrios entre as estrelas. Loki, sempre o manipulador, tentava sondar as intenções de Hades, enquanto também ocultava suas próprias.

"Deve ser fascinante para ti, Hades," Comentou Loki num tom levemente irônico: "Observar de tão perto as maquinações dos vivos e dos deuses. O que mais esperas descobrir com esta missão, além da verdade sobre Zeus?"

Hades, cuja expressão raramente traía suas emoções profundas, respondeu com calma calculada: "Estou aqui para garantir que o equilíbrio seja mantido, Loki. E embora admire sua habilidade em tecer palavras e intrigas, minha presença aqui é um lembrete de que algumas verdades são melhor servidas frias. Não estamos aqui apenas para descobrir segredos, mas para responder a eles de maneira que preserve a ordem que Zeus  pode estar tentando desfazer."

Loki sorriu com um brilho malicioso em seus olhos, enquanto falava: "Ah, mas a ordem pode ser tão entediante, irmão. Às vezes, um pouco de caos traz à tona verdades que a ordem se esforça para ocultar. E se Zeus encontrou uma nova ordem, talvez devêssemos estar prontos para aceitá-la, ou desafiá-la, dependendo do que ela nos revela."

Hades, no entanto, não estava disposto a deixar-se levar pelas palavras enigmáticas e provocadoras de Loki, então, ele prontamente respondeu: "Loki, enquanto sua busca por respostas pode ser motivada por razões que só você conhece, minha tarefa aqui é assegurar que nenhum de nós se desvie de nossos propósitos mais sagrados. Não importa o que Zeus planejou, nossa resposta deve ser justa, mas implacável, se ele trair o que nós, como deuses, juramos proteger."

De repente, a conversa foi interrompida quando Hefesto acenou e demonstrou uma tensão clara em seu rosto enquanto avisa: "Estamos nos aproximando de uma que não estava aqui antes. Não parece ser uma forma de proteção, mas de detecção, algo que não é característico de Zeus, mas sim de uma nova influência. Precisamos ser cautelosos a partir daqui, porque eles saberão que nós estamos chegando!"