Capítulo 797 - O Plano de Zao Tian

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Tenham uma boa leitura!]

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Zao Tian, ainda preso em seus pensamentos sobre a revelação perturbadora de que alguém ou algo além da Trindade estava prestes a fazer sua aparição, voltou ao pavilhão de celas subterrâneas dois dias depois. Durante esse período, ele havia meditado longamente, ponderando sobre o que havia descoberto e formulando um plano meticuloso para extrair mais informações dos prisioneiros.

Ele sabia que confrontá-los diretamente novamente poderia ser inútil. Eles eram leais, endurecidos e calejados pela doutrina do Olho, e não recebiam nenhuma nova informação de fora. O que ele precisava era de uma abordagem mais sutil, algo que pudesse tirar proveito da vulnerabilidade dos prisioneiros sem que eles percebessem.

Enquanto caminhava pelos corredores escuros e úmidos, com seus pensamentos focados no plano, Zao Tian parou diante da cela de um prisioneiro específico, um homem que havia demonstrado uma boa resistência durante os interrogatórios anteriores. Este prisioneiro era um dos poucos que tinham laços mais aparentes com os líderes do Olho, embora até agora houvesse revelado muito pouco de valor. Contudo, se ele conseguiu estar na presença dos trigêmeos, ele no mínimo conhecia alguém de grande importância, que poderia ter mais a revelar.

Zao Tian observou-o por alguns instantes, avaliando cada detalhe de seu comportamento. O homem estava sentado no canto da cela, com a cabeça baixa, mas Zao Tian podia sentir o turbilhão de emoções dentro dele. Frustração por não ter conseguido segurar os seus segredos, medo de revelar mais, aversão a ter que passar por aquilo de novo, mas, em contraponto, acima de tudo, uma esperança desesperada de escapar. E era isso que Zao Tian precisava. Ele precisaria transformar essa esperança em ação.

Sem deixar transparecer qualquer intenção ou mesmo movimento, Zao Tian fez um gesto sutil com as mãos, manipulando a matriz de selos sob o chão da cela. De forma imperceptível, ele reduziu a intensidade dos selos que restringiam os poderes do prisioneiro, apenas o suficiente para que ele pudesse sentir um lampejo de sua antiga força. Ele então se virou e saiu, deixando as celas sem nenhuma indicação de que algo havia mudado. Era como se ele estivesse apenas supervisionando o pavilhão.

O prisioneiro, inicialmente desatento, logo começou a notar a diferença. Ele sentiu uma leveza em seu corpo, um sussurro de poder retornando a seus ossos e sangue. A energia espiritual parecia ter voltado ao seu corpo.

O homem, no início, hesitou, com a desconfiança corroendo sua mente, mas à medida que os minutos passavam, o desejo de liberdade tornou-se irresistível.

No meio da noite, quando o pavilhão estava em um silêncio profundo, o prisioneiro decidiu agir. Ele usou o poder recém-despertado para entortar as barras da cela, criando uma pequena abertura pela qual poderia escapar. Com uma mistura de adrenalina e medo, ele se esgueirou pelos corredores, evitando as patrulhas e finalmente emergindo na fria noite do Vale da Esperança.

Zao Tian, que observava de uma distância segura, deixou um sorriso quase imperceptível cruzar seus lábios. Tudo estava saindo conforme o planejado.

O prisioneiro, crente de que sua fuga estava indo bem, correu pelo campo aberto, com sua mente agitada com a possibilidade de liberdade. Ele sabia que precisava se esconder, encontrar um local seguro onde pudesse contatar seus superiores no Olho. 

Depois de um tempo que pareceu uma eternidade, ele encontrou um pequeno esconderijo em uma área densamente arborizada, fora do alcance imediato das patrulhas do Vale da Esperança.

Ofegante, ele se sentou e começou a concentrar sua mente, tentando restabelecer o elo mental que havia sido cortado quando foi capturado. Os minutos passaram enquanto ele lentamente reconstruía a conexão com o Olho. 

Finalmente, o homem sentiu um sussurro familiar na parte de trás de sua mente, o sinal de que ele estava conectado novamente: “Grimes, é você mesmo?!”

O prisioneiro, agora conectado novamente ao Olho, sentiu uma onda de alívio, embora temporário. Ele imediatamente enviou um sinal para seus superiores, na esperança de ser resgatado antes que Zao Tian pudesse encontrá-lo novamente: “Sim, sou eu! Eu preciso de ajuda!”

“Grimes, os ‘ativos’ acabaram de chegar… Onde você está?” Após alguns momentos de silêncio, a voz familiar de um de seus superiores ressoou em sua mente. Era Corbin, um dos estrategistas do Olho, conhecido por sua frieza e precisão. Ao lado de Corbin, ele reconheceu outra voz, Mara, uma líder de campo com uma reputação terrível em termos de violência exagerada, mas apreciada pela organização.

“Corbin... Mara...” O prisioneiro murmurou em sua mente, tremulando de medo e esperança: “Eu... Consegui escapar... Estou no Vale da Esperança, mas não tenho muito tempo... Eles me capturaram, mas não sabem de nada... Preciso de ajuda!”

“Você está em Decarius? No Vale da Esperança?” A voz de Corbin era incrédula, mas sem traços de preocupação. Ele não era conhecido por mostrar emoções, e isso não mudaria agora: “Como você conseguiu fugir?”

Todos que foram pegos na caçada de Zao Tian foram mortos ou desapareceram, então era de se esperar que aquele contato causasse surpresa e estranheza.

“Os selos estavam enfraquecidos... Não sei como, mas consegui. Eles nos mantêm presos, mas o verdadeiro perigo é Zao Tian. Ele... Ele não é humano! Ele pode ler nossas mentes, desvendar cada segredo... Ele é um monstro!” Grimes respondeu enquanto alertava o motivo da sua urgência para fugir dali.

Depois daquela resposta, houve uma pausa longa do outro lado, um silêncio que fez o coração do prisioneiro bater mais rápido. Ele sabia que a conexão mental estava intacta, mas o silêncio de Corbin e Mara era ensurdecedor.

“Vocês precisam me tirar daqui! Existem outros prisioneiros, informações valiosas... Mas preciso sair antes que ele descubra que escapei!” O desespero em sua voz era evidente. Ele sabia que cada segundo contava, então suplicava por ajuda.

Contudo, antes que Grimes pudesse continuar com as suas súplicas, a conexão foi cortada abruptamente. O prisioneiro ficou em choque por um momento, tentando entender o que havia acontecido. Ele tentou restabelecer a comunicação, mas foi como se uma porta tivesse sido brutalmente fechada.

Do outro lado, Corbin e Mara trocaram um olhar que ninguém mais poderia ver. Eles sabiam o que estava acontecendo. O fato de o prisioneiro ter mencionado que Zao Tian podia ler mentes significava uma coisa: Tudo aquilo era uma armadilha. Zao Tian provavelmente já estava monitorando a conversa, ou, no mínimo, teria extraído informações após permitir a fuga. A decisão precisou ser tomada instantaneamente. eles não podiam correr mais riscos.

“Corte a conexão.” Corbin ordenou friamente.

Sem mais palavras, Mara obedeceu, rompendo o elo mental com um simples pensamento. Para eles, o prisioneiro estava morto. Mais do que isso, ele era um perigo para o Olho agora, e qualquer tentativa de resgatá-lo colocaria todos os demais em risco.

Zao Tian, que aguardava nas sombras, sentiu o momento exato em que a conexão foi cortada. Ele sabia que isso significava apenas uma coisa: O prisioneiro havia revelado algo que não deveria, algo que seus superiores no Olho perceberam como uma armadilha.

Ele, então, emergiu de seu esconderijo silenciosamente, avançando em direção ao prisioneiro agora desesperado e desamparado. O homem, percebendo a presença de Zao Tian, tentou correr, mas seu corpo, enfraquecido pelo medo, não cooperou.

"Você pensou que poderia escapar de mim?!" Zao Tian perguntou com sua voz baixa e ameaçadora enquanto os raios verdes serpenteavam em volta de suas mãos, e ele logo em seguida ironizava: "Mas você fez exatamente o que eu queria."

Antes que o prisioneiro pudesse reagir, Zao Tian o alcançou e lançou seus raios verdes diretamente na mente do homem, conectando-se novamente à mente dele. Desta vez, não havia necessidade de lutar contra barreiras mentais, o pânico havia deixado a mente do prisioneiro aberta, vulnerável.

As imagens e memórias fluíram livremente, e Zao Tian viu o que ele precisava. Ele viu a expressão alarmada de Corbin ao ouvir o nome de Zao Tian e quando ele mencionou os "ativos". Esses dois homens, as armas poderosas aguardadas pelo Olho, já haviam chegado. A realização de uma grande descoberta que lhe dava uma vantagem sobre o Olho atingiu Zao Tian como um relâmpago. E de acordo com os últimos acontecimentos em Decarius... Tudo indicava uma conexão. Um paralelo que foi imediatamente cogitado e visto como provável: Yang Yin e Yang Fen.

Seu coração se apertou em um misto de raiva e horror. Poderiam esses dois homens estar ligados à Dinastia Yang, ao mesmo tempo em que serviam à Trindade?

O pensamento era inquietante, mas as peças se encaixavam de maneira perturbadora.

Zao Tian, ao retirar os raios verdes da mente do prisioneiro, recuou, com um turbilhão de emoções passando por sua mente. A antipatia profunda que ele sentia pela Dinastia Yang agora era alimentada por uma nova suspeita. Se Yang Yin e Yang Fen realmente eram os homens que o Olho aguardava, isso significaria que a elite da Dinastia Yang estava corrompida, envolvida em algo muito mais sombrio do que ele havia imaginado.

Enquanto o prisioneiro caía inconsciente ao chão, esgotado pela nova sondagem mental, Zao Tian se levantou, com sua mente já pensando nos próximos passos. Ele precisava confrontar os regentes da Dinastia Yang, discutir a nova informação com seus aliados e preparar o Vale da Esperança para o que quer que estivesse por vir. Se Yang Yin e Yang Fen realmente eram esses homens, então o perigo não estava apenas no Olho, mas também no coração da própria aliança que eles formaram.

Zao Tian voltou com o homem para o pavilhão de celas, com cada passo seu mais pesado que o anterior. As revelações que ele acabara de obter poderiam mudar tudo, e ele sabia que a partir daquele momento, precisaria estar preparado para qualquer coisa,  mesmo que isso significasse desafiar novamente a Dinastia Yang.

Os regentes, até o momento, não demonstraram nenhum sinal de subversão, mas, talvez, tudo aquilo pudesse ser uma grande fachada. Qualquer Guardião Imperial poderia estar corrompido, e a única forma de saber até onde as suspeitas encontravam a realidade era ir até o palácio da Dinastia Yang e confrontá-los, para tirar suas próprias conclusões.