Capítulo 807 - Palavras Doces
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Enquanto a curta reunião acontecia em Decarius, no espaço, em direção a Uhr’Gal…
Cruz, agora um prisioneiro nas mãos dos orcs, voava escoltado pelo vasto espaço em direção a Uhr’Gal, seu destino final para ser julgado. O caminho até lá era longo, mas também se tornou árduo para ele, com os orcs cercando-o constantemente e deixando claro seu desprezo por ele. Alguns guerreiros mais agressivos, principalmente aqueles que perderam muitos que amavam, não hesitavam em expressar sua hostilidade da forma que julgavam ser necessária. Cuspidas, insultos e golpes eram comuns, mas Cruz, com uma serenidade surpreendente, aceitava tudo sem resistir. Ele sabia que qualquer reação poderia ser interpretada como provocação, e isso só tornaria sua situação mais difícil.
Enquanto Cruz voava escoltado em direção a Uhr’Gal, os orcs ao seu redor não perdiam a oportunidade de demonstrar seu desprezo. Cada vez que um orc se aproximava, seus olhos brilhavam com uma mistura de ódio e tristeza, refletindo as perdas e o sofrimento que experimentaram. Para eles, Cruz não era apenas um prisioneiro. Ele era a personificação do inimigo que havia massacrado seu povo. Cada golpe desferido contra ele era uma tentativa de aliviar a dor que carregavam em seus corações.
Um dos orcs, mais alto e robusto que os outros, aproximou-se de Cruz com uma expressão sombria. Seus punhos estavam cerrados, e seus olhos estavam carregados de uma fúria ardente. Sem dizer uma palavra sequer, ele desferiu um soco brutal nas costelas de Cruz, fazendo com que o prisioneiro se contorcesse, mas sem soltar um único gemido. Para o orc, aquele golpe era uma tentativa de vingar um filho perdido no massacre; Para Cruz, era apenas mais uma prova de que a raiva dos orcs estava profundamente enraizada em suas perdas.
Outro guerreiro, uma fêmea orc de olhos selvagens, se aproximou de Cruz com uma expressão que misturava desgosto e desprezo. Ela cuspiu no rosto dele, com as palavras de ódio fluindo de seus lábios: “Você vai pagar por cada vida que tirou, humano miserável!”
Cruz permaneceu em silêncio, com seus olhos encontrando os dela por um breve momento, antes de desviar o olhar para o vazio do espaço à sua frente. A orc, frustrada com a falta de reação, deu-lhe um tapa forte no rosto, mas Cruz manteve sua serenidade, deixando seus pensamentos distantes de tudo aquilo.
As vozes em sua mente o ajudavam naquele momento. Toda a dor dos orcs era compadecida por ele, e até as vozes sentiam o mesmo.
Os golpes, as ofensas, as humilhações continuaram vez após vez. Alguns orcs o empurravam de um lado para o outro, como se fossem crianças brincando com um brinquedo quebrado. Cada empurrão era acompanhado por risadas cruéis e palavras de vingança. Cruz sentia a humilhação se acumulando, mas não permitia que ela quebrasse seu espírito. Ele sabia que qualquer reação poderia ser mal interpretada, e a última coisa que desejava era dar aos orcs mais motivos para acreditar em sua culpa.
Dentro de Cruz, uma tempestade de emoções borbulhava, mas ele mantinha seu exterior calmo. Ele sentia o peso das agressões, a dor se espalhando por seu corpo a cada golpe, mas sua mente se mantinha focada em um único objetivo: Provar sua inocência. Ele entendia a dor dos orcs, sabia que cada um daqueles golpes era uma expressão da dor profunda que carregavam, mas também sabia que reagir com ódio não traria a paz que buscava. Cruz havia escolhido o caminho mais difícil, o caminho da paciência e do silêncio, acreditando que a verdade prevaleceria.
À medida que a jornada continuava, Cruz começou a perceber que sua calma estava começando a desconcertar alguns dos orcs. Eles esperavam gritos de dor, maldições ou pedidos de misericórdia, mas tudo o que recebiam era um silêncio inabalável e olhares de compaixão. Para alguns, aquilo era uma provocação, um sinal de que Cruz se considerava superior a eles. Para outros, era algo perturbador, um comportamento que não conseguiam compreender ou justificar.
As agressões, no entanto, não cessaram. A cada golpe, Cruz se sentia mais exausto, mas sua convicção não vacilava. Ele sabia que, apesar de toda a dor e humilhação, sua verdadeira batalha ainda estava por vir. As correntes que o prendiam não eram apenas físicas… Elas representavam o fardo das acusações, a sombra da culpa que pairava sobre ele. Mas Cruz acreditava que a verdade poderia libertá-lo, e era essa crença que o mantinha em pé e calmo, mesmo diante de tanta hostilidade.
Shara’Kala observava tudo com um olhar atento. Ela não entendia como Cruz conseguia manter tanta calma diante de tanta hostilidade. Para ela, era uma questão de tempo até que ele quebrasse, revelando sua verdadeira natureza. Mas, com o passar do tempo, ela começou a se questionar: Será que aquele humano estava realmente escondendo algo, ou ele era tão inocente quanto afirmava ser?
Embora ela estivesse propensa a deixá-lo sofrer, Shara’Kala estava determinada a levar Cruz para ser julgado, e havia uma parte dela que não queria que ele fosse morto antes de chegarem a Uhr’Gal. As leis orc exigiam que o acusado fosse julgado diante dos Anciões, e neste caso, de Gralkor. Portanto, era de extrema importância que ele chegasse com vida.
Depois de ver Cruz sendo repetidamente agredido por seus subordinados, Shara’Kala tomou uma decisão. Ela se aproximou dele, afastando os orcs que estavam prontos para atacar novamente. Seus olhos brilharam com uma mistura de raiva e obrigação enquanto ela se colocava ao lado de Cruz, com suas armas sempre prontas, mas agora servindo como um escudo contra seus próprios guerreiros.
“Vocês querem que ele morra antes de chegar ao julgamento?” Shara’Kala rugiu para os orcs ao redor, com sua voz cortante e autoritária reverberando através dos seus subordinados: “A justiça dos orcs não é feita por covardes que atacam um prisioneiro acorrentado. Deixe-o em paz até que cheguemos a Uhr’Gal. Lá, ele enfrentará o julgamento que merece.”
Dessa vez, os guerreiros orcs recuaram, respeitando a ordem de sua Khan, mas não sem deixar claro o desdém que sentiam por Cruz. Seus olhares ainda estavam cheios de ódio, mas pelo menos, por enquanto, eles mantiveram a distância.
Cruz, por sua vez, levantou o olhar para Shara’Kala, com um leve sorriso no rosto.
“Obrigado por me salvar… De seus homens…” Ele disse, com um tom que misturava ironia e gratidão.
Shara’Kala evitou o olhar de Cruz, sentindo uma leve irritação com a forma descontraída como ele lidava com a situação, principalmente com ela. Ela queria que ele mostrasse medo, arrependimento, qualquer coisa que a confirmasse suas suspeitas, mas Cruz parecia imperturbável.
Após aquilo, a viagem prosseguiu em silêncio por mais alguns minutos, até que Cruz, incapaz de suportar a quietude, tentou puxar conversa: “Sabe, Khan, este não é o primeiro julgamento pelo qual passo. Embora eu deva dizer que este está se provando um pouco mais envolvente do que os anteriores.”
Shara’Kala, mantendo seu olhar fixo à frente, respondeu de forma ríspida: “Não tenho interesse em sua história, humano. Você foi acusado de massacrar meu povo. Não há mais nada a ser dito.”
“Entendo…” Cruz respondeu, sem se abalar, antes de pedir: “Mas você poderia ao menos me contar mais sobre Uhr’Gal? Eu sou um bom ouvinte, e não posso deixar de notar que a cultura orc é singular.”
Shara’Kala não pôde deixar de sentir uma pontada de curiosidade naquela situação. Era raro encontrar alguém tão calmo e interessado em aprender sobre os orcs, especialmente nas circunstâncias em que Cruz se encontrava. Ela ponderou por um momento, ainda hesitante, mas por fim cedeu um pouco à sua curiosidade.
“Uhr’Gal é um planeta forjado pela guerra e pela honra…” Ela começou, com um tom mais contido, mas ainda distante: “Nossos guerreiros nascem e morrem com armas em mãos. Para nós, a honra é o que nos define, o que nos diferencia dos fracos. Quando alguém ataca nossos lares, como você supostamente fez, não há lugar para misericórdia.”
Cruz assentiu, respeitoso, mas captando uma sutileza que ele não pôde deixar de mencionar: “Entendo a importância da honra. Para ser sincero, sempre admirei aqueles que vivem e morrem por ela. Mas me pergunto… Se você encontrasse provas de que eu sou inocente, a justiça orc permitiria que eu deixasse Uhr’Gal vivo? Pelo que você acabou de dizer, eu já não sou mais, em sua mente, um culpado certeiro, senão, você não teria dito que eu ‘supostamente’ fiz isso. Você teria dito que eu fiz.”
Shara’Kala hesitou por um momento, avaliando as palavras de Cruz e seus próprios dizeres. Havia algo desconcertante em sua calma e na maneira como ele falava. No entanto, ela permaneceu firme, ignorando o detalhe que Cruz apontou em suas falas: “Se você for inocente, terá sua vida poupada. Mas não se engane, humano, as provas devem ser claras e incontestáveis. E até que isso aconteça, você é meu prisioneiro.”
Cruz sorriu de leve e respondeu num tom que carregava um duplo sentido: “É tudo o que posso pedir, Khan. Justiça, afinal, deve ser cega às raças e opiniões alheias.”
A Khan observou Cruz por um momento, tentando entender o que havia de errado com ele. Um prisioneiro deveria estar desesperado, ou pelo menos, tentando desesperadamente se justificar, mas Cruz permanecia calmo, quase descontraído. E suas palavras eram doces, carregando um mistério que fazia-a querer continuar falando com ele. Aquilo a incomodava, mas ao mesmo tempo, fazia com que sua curiosidade crescesse.
Eles continuaram a viagem, flutuando pelo espaço, com Cruz se recusando a permanecer em silêncio por muito tempo. Ele fazia perguntas sobre as tradições dos orcs, sobre os grandes líderes de Uhr’Gal, sobre qualquer coisa que pudesse manter a conversa. Shara’Kala, relutante a princípio, acabou cedendo um pouco, respondendo de forma breve, mas direta, sobre os assuntos que Cruz levantava.
“Vocês, orcs, têm uma cultura que impressiona. É raro ver uma sociedade onde a honra e a força física são tão valorizadas. É diferente dos humanos, onde muitas vezes a astúcia e o poder político têm mais peso. Em certo sentido, sinto que temos algo a aprender com vocês.” Cruz comentou em determinado momento, com sua voz carregada de uma sinceridade que surpreendeu a Khan.
Shara’Kala, ainda mantendo sua guarda alta, respondeu: “Não pense que palavras doces irão salvá-lo, humano. Eu reconheço o valor da honestidade, mas não se engane, sua situação não mudou.”
Cruz sorriu. “Nunca pensei em usá-las para me salvar, Khan. Mas não posso agir de forma amarga com alguém que está me protegendo, mesmo a contragosto, e é merecedora dos meus elogios.”
Shara’Kala desviou o olhar novamente, tentando ignorar o incômodo que aquela estranha fala de Cruz lhe causava. Ela não sabia se ele estava apenas fingindo, tentando manipular a situação, ou se era realmente tão sincero quanto parecia. De qualquer forma, a Khan decidiu manter sua vigilância, determinada a não se deixar enganar por palavras suaves e de duplo sentido.
Enquanto a jornada continuava, com o espaço ao redor deles refletindo a vastidão e o vazio do universo, Cruz, mesmo acorrentado e cercado por inimigos, não parecia perder o ânimo e o interesse na Khan. Shara’Kala, por sua vez, começava a sentir que havia mais em Cruz do que aparentava. Mas, por ora, ela se manteve focada em sua missão, determinada a cumprir seu dever de levar o prisioneiro a Uhr’Gal, onde o destino dele seria finalmente decidido.