Capítulo 808 - Correntes
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Cruz e seus captores finalmente chegaram a Uhr'Gal. A atmosfera ao redor mudou drasticamente quando eles chegaram, e a hostilidade que Cruz já enfrentava durante a jornada aumentou para níveis alarmantes. Os orcs que os esperavam, ansiosos por justiça, reconheceram Cruz de imediato e seus olhares fervilharam de raiva e vingança. Para eles, a chegada de Cruz representava a oportunidade de finalmente punir o responsável pelas tragédias que haviam devastado seu povo.
À medida que Cruz era levado através das ruas de Uhr'Gal, a multidão de orcs começou a se reunir, com seus rostos contorcidos em expressões de ódio e dor. Os murmúrios logo se transformaram em gritos furiosos, com muitos apontando para Cruz e chamando-o de assassino, traidor, e outros nomes que revelavam a profundidade do desprezo que sentiam por ele. Mesmo Shara’Kala, que havia começado a duvidar de sua culpa, não podia resistir à pressão esmagadora do clamor popular. Para todos os efeitos, Cruz era culpado.
O som de centenas de pés pisando no solo duro, os murmúrios cada vez mais altos da multidão que se reunia, criavam uma cacofonia que parecia sufocar o próprio ar. Os orcs ao redor, que antes expressavam sua hostilidade com olhares e gestos, agora encontravam uma nova ferocidade na presença de sua terra natal. A chegada de Cruz era como um catalisador que inflamava as chamas de sua raiva, alimentando um desejo ardente de vingança que há muito tempo aguardava ser satisfeito.
Ao caminhar pelas ruas estreitas e sombrias de Uhr'Gal, os olhares que Cruz encontrava eram cheios de desprezo. As palavras de ódio e as acusações vieram de todos os lados, como flechas disparadas com precisão.
"Traidor! Assassino!" Gritavam alguns dos orcs mais velhos, cujas rugas no rosto contavam histórias de batalhas passadas, mas cujos olhos revelavam a dor de ter perdido seus entes queridos.
"Eles morreram por sua causa, humano!" Gritou uma orc mais jovem, com suas feições distorcidas pela dor e pela raiva. Cruz não a conhecia, mas sentiu o peso de sua perda como um golpe no peito.
Enquanto ele era levado, alguns orcs, mais impulsivos, começaram a jogar pedras e pedaços de entulho nas suas pernas e costas. Cada impacto provocava dor emocional, haja vista que aquelas pedras não poderiam ferir seu corpo. Cruz continuava sem esboçar reação, mas sua mente estava em turbilhão. Ele sabia que qualquer movimento em falso poderia custar-lhe mais do que sua própria vida; Poderia custar a chance de provar sua inocência.
Finalmente, ele chegou ao ponto mais alto da cidade, onde a jaula o aguardava.
Em uma cerimônia pesada e monstruosamente violenta, Cruz foi levado para o ponto mais alto da cidade e erguido até onde uma jaula pendia, presa por correntes, e exposta a céu aberto. Aquela jaula, suspensa no ar, era um símbolo de vergonha e humilhação, usada para exibir os prisioneiros mais odiados antes de seu julgamento. Quando ele foi erguido pelas correntes em direção à jaula, a multidão assistiu em um silêncio quase reverente, apenas quebrado pelos murmúrios de ódio de alguns deles. O som metálico das correntes que o erguiam era como um prelúdio para a humilhação que se seguiria.
Quando chegou lá, Cruz foi empurrado para dentro da jaula, com suas correntes rangendo enquanto a porta era trancada com um estrondo.
Dentro da jaula, Cruz podia sentir a fria ironia da situação. Ele havia lutado tantas batalhas, enfrentado inimigos de força incomensurável, e agora estava ali, pendurado como um criminoso comum. Contudo, ele sabia que isso era mais do que uma simples humilhação física, era uma tentativa de quebrar seu espírito, de fazê-lo sucumbir ao desespero.
Ao redor da jaula, os anciões orcs começaram a formar matrizes de energia espiritual. Cem guerreiros orcs se posicionaram em círculos ao redor, focando toda a sua força espiritual em uma formação que bloquearia completamente o fluxo de energia espiritual de Cruz. Com essa barreira ativa, Cruz foi privado de sua conexão com o poder que ele normalmente absorvia do universo.
Cruz sentiu o impacto da matriz imediatamente. Ele não podia fazer nada para impedir aquilo. Seu corpo estava enfraquecendo, e ele sentia uma dor crescente em cada músculo e em cada osso. A perda de energia espiritual fazia com que até mesmo os ferimentos menores começassem a arder como se fossem cortes profundos. Ele estava ficando gradualmente fraco e vulnerável.
Enquanto ele lutava para se manter consciente, os orcs abaixo começaram a jogar pedras, pedaços de madeira, e até mesmo objetos afiados contra ele. Cada impacto, mesmo aqueles que antes seriam insignificantes, agora o machucava profundamente. Cruz caiu de joelhos, tentando proteger seu rosto e corpo das pedras, mas não havia muito que ele pudesse fazer. Seu corpo se tornava cada vez mais frágil, e o sangue escorria por cortes e hematomas que se formavam rapidamente. Seus joelhos, sem um apoio reto sob eles, foram rasgados pelas grades da jaula, que eram propositalmente levemente afiadas, projetadas para gerar um desconforto constante nos prisioneiros que a habitassem.
*Splaaaaaaaash…* Um orc de meia-idade, com cicatrizes profundas no rosto, atirou uma pedra que atingiu Cruz na testa, abrindo um corte que começou a sangrar imediatamente: "Isso é pelo meu irmão!" ele gritou, com sua voz quebrada pelo choro.
Cruz sentia cada golpe como uma nova facada, mas ele se manteve firme, recusando-se a mostrar fraqueza.
Os joelhos de Cruz começaram a fraquejar, mas ele se forçava a ficar de pé. As grades da jaula cortavam sua pele cada vez que ele caía, mas ele se levantava novamente, determinado a não deixar que os orcs vissem o quanto ele estava sofrendo. Enquanto isso, sangue escorria de suas feridas, pingando das grades da jaula, manchando o chão abaixo.
Os gritos da multidão se misturavam com os sons dos projéteis atingindo sua carne, mas Cruz, no entanto, ainda mantinha a expressão calma, com seus olhos permanecendo fixos no horizonte, recusando-se a mostrar qualquer sinal de fraqueza. Dentro de si, ele repetia a única verdade que ainda o mantinha firme: Ele era inocente, e essa verdade, mais cedo ou mais tarde, teria que ser revelada.
Cruz buscava conforto e companhia nas vozes que habitavam sua mente única, encontrando nelas uma âncora que o mantinha firme naquela postura.
Contudo, naquele momento, a dor física era esmagadora. O sentimento de impotência, de estar completamente à mercê daqueles que o odiavam, era sufocante. Mesmo assim, Cruz continuava resistindo, sabendo que sua única chance de sobrevivência era manter sua dignidade intacta, independentemente das circunstâncias.
Shara’Kala observava de longe, com sua mente dividida entre o dever e a crescente sensação de que algo estava errado. As provas contra Cruz pareciam incontestáveis, afinal, todas as vítimas que viram o atacante o reconheceram de imediato, mas sua postura e sua capacidade de suportar tanta dor e humilhação sem sucumbir ao desespero plantaram uma semente de dúvida em seu coração. Ela não podia permitir que suas emoções a distraíssem, mas não podia negar que o humano que ela havia condenado talvez fosse mais do que aparentava.
A Khan estava acostumada a ver prisioneiros sucumbirem rapidamente à dor e ao desespero, mas Cruz se mantinha forte, e isso a perturbava. Suas dúvidas começaram a crescer, mas ela se recusava a dar-lhes espaço. Ela tinha uma responsabilidade para com seu povo, e não podia se permitir duvidar das provas que apontavam Cruz como culpado.
Naquele momento de silêncio, quando o frio da noite começou a morder sua pele, Cruz fechou os olhos e buscou consolo nas vozes em sua mente. Elas não eram apenas lembranças de outros tempos, mas fragmentos de uma força interior que ele nutria em silêncio.
"Estou aqui…" Ele pensou: "e não vou desistir. Não importa o quanto eles tentem me quebrar, eu resistirei!"
Enquanto Cruz lutava contra o frio e a dor, uma única figura permaneceu observando de longe, com seus olhos fixos no prisioneiro. Shara’Kala, embora relutante, não conseguia se afastar. Algo naquele humano, naquela calma incomum diante de tanto sofrimento, a intrigava profundamente. E enquanto o vento gelado soprava através das montanhas de Uhr'Gal, a Khan ficou ali, em silêncio, observando e questionando suas próprias convicções, enquanto Cruz, solitário, suportava uma noite de dor e escuridão.
Enquanto a Khan refletia sobre suas próprias dúvidas, Cruz permaneceu na jaula,
solitário, espancado e despojado de sua energia espiritual. A noite mais fria que todos ali já viveram estava caindo sobre Uhr'Gal, mas para Cruz, as trevas já haviam chegado há muito tempo. Sua esperança agora residia naqueles que ele havia deixado para trás, que estavam buscando a verdade para livrá-lo das correntes físicas, espirituais e morais que o prendiam.