Capítulo 811 - A Terrivel Verdade

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A expectativa de finalmente libertar Cruz da situação brutal em que se encontrava era enorme. Hatori, Ye Yang, e Jaha estavam prontos para agir rapidamente, levando a amostra de DNA aos anciões orcs. O alívio estava tão próximo que quase podiam tocá-lo. No entanto, antes que pudessem seguir adiante, Ye Yang chamou Jaha de lado, quebrando a crescente esperança com uma urgência inesperada.

Ye Yang e Jaha estavam prestes a levar a amostra de DNA para os anciões, mas antes que pudessem seguir com o plano, Ye Yang se aproximou de Jaha, dando-lhe uma desculpa para ficarem a sós. Ele alegou que precisavam reavaliar a área do local do crime, mas na verdade, queria discutir algo importante sem que Grok pudesse ouvir.

Os dois seguiram naturalmente, e assim que estavam fora de alcance, Ye Yang virou-se para Jaha, com uma expressão que mesclava seriedade e preocupação.

"Jaha, precisamos conversar antes de levar essa amostra para os orcs…" Ye Yang, com a voz baixa e cautelosa, sugeriu.

Jaha, imensamente surpreso, franziu a testa e questionou: "O que houve? Temos uma prova importante nas mãos. Por que não seguimos logo com isso?"

Ye Yang hesitou por um momento, olhando de lado, para ver se Grok não estava escutando, antes de responder, com seus olhos refletindo a incerteza que sentia: "Eu quero que você faça um teste preliminar no DNA antes de levarmos ele até os orcs. Algo sobre essa situação não está certo, e eu preciso ter certeza antes de prosseguirmos."

Jaha parecia confuso. A chance de libertar Cruz de forma pacífica estava bem ao alcance deles, mas o seu amigo estava pedindo para adiá-la? Como eles poderiam enrolar um pouco enquanto o amigo deles passava o inferno naquela jaula, sendo que eles estavam com a prova de que ele não era o culpado literalmente nas mãos?

As dúvidas eram tantas que mesmo Jaha, com sua inteligência anormal, não conseguia encontrar uma boa razão para aquele pedir e teve que disparar: "Ye Yang, temos que agir rápido. Cruz está naquela jaula, sofrendo e lutando contra o tempo. Se temos a chance de libertá-lo, por que esperar? Qual é o problema?"

Ye Yang respirou fundo, tentando organizar seus pensamentos. A expressão dele não era das melhores, e sua voz hesitante, somada ao movimento de seus lábios tremulantes, criou um conjunto muito cruel e que anunciou a seguinte notícia: "A assinatura de energia espiritual que eu enxerguei no local... Ela é familiar, Jaha. Muito familiar. Eu já vi essa energia milhares de vezes."

Jaha o encarou, perplexo, mas com uma certa dificuldade, que era intencional, de deduzir algo sozinho. Sendo assim, ele perguntou: "Familiar? O que você está dizendo? Se você reconhece essa assinatura, por que não falou antes? Isso não nos ajudaria a identificar o verdadeiro culpado?!"

Ye Yang balançou a cabeça de forma afirmativa, mas com sua expressão ficando ainda mais sombria, e respondeu quase sussurrando: "Esse é o problema, Jaha... A assinatura que encontrei... Pertence ao Cruz!"

Jaha ficou em silêncio por alguns instantes, atônito, processando as palavras de Ye Yang. Seu choque era tão grande que ele não conseguia formular nenhuma frase ou pensamento. E isso durou alguns longos segundos.

“Você tem certeza disso, Ye Yang?” Jaha, mesmo que tivesse criado um vínculo no qual ele acreditaria cegamente em Ye Yang, diante de uma possibilidade tão absurda quanto aquela, teve que perguntar.

Ye Yang acenou com a cabeça, dizendo que sim, e Jaha, incrédulo e revoltado, retrucou: "Você está dizendo que a energia espiritual no local do ataque é a do Cruz? Mas isso não faz nenhum sentido, Ye Yang! Cruz não cometeria algo assim, você sabe disso. Ele pode ser louco, mas não a esse ponto!"

“Você deve ter se enganado, meu amigo! Eu simplesmente não tenho como aceitar isso que você acabou de dizer!” Jaha finalizou, mostrando toda a sua descrença e indignação contra a ideia que Ye Yang trouxe à tona.

"Eu sei que é difícil acreditar… Eu mesmo não queria fazer isso quando vi, Jaha…" Ye Yang, por sua vez, respondeu, com sua voz firme, mas carregada de tristeza por ter certeza do que estava dizendo. E com essa mesma voz, ele continua: "Mas a energia espiritual não mente. Eu vi o Cruz lutar e cultivar milhares de vezes, então eu reconheceria essa assinatura em qualquer lugar. E é por isso que preciso que você teste o DNA antes de entregarmos qualquer coisa aos orcs. Se for realmente dele, estaremos em uma situação ainda pior."

Jaha esfregou as têmporas, sentindo o peso daquela revelação ferver o seu cérebro. A possibilidade de algo inacreditável para eles ter acontecido se transformava rapidamente em uma hipótese real que machucava profundamente os dois.

"Se a energia espiritual é a de Cruz, e se o DNA for dele... Isso significaria que ele realmente esteve aqui. Mas isso não prova que ele cometeu os crimes, certo? Alguém pode estar manipulando os fatos e as provas para incriminá-lo." Jaha tentou organizar os seus pensamentos.

Ye Yang assentiu, antes de responder: "Exatamente. Mas precisamos ser cuidadosos. Se entregarmos essa prova sem ter certeza de sua origem, podemos estar jogando Cruz direto para a execução."

Os dois estavam diante de uma armadilha muito bem elaborada. Uma forma de incriminação que desafiava até mesmo a lógica de Jaha e os olhos de Ye Yang. A confiança que eles tinham em cruz era enorme, mas, bem lá no fundo, havia um receio, devido aos transtornos de seu amigo, que fazia com que a possibilidade de tudo ser simplesmente o que eles estavam vendo fosse considera.

Todos sabiam como era a mente do Cruz e como ele, às vezes, era dominado por alguma das suas várias vozes e personalidades. Era muito possível, com o transtorno que ele tinha, que ele fizesse algo que não se lembrasse depois.

A tensão se tornou evidente entre os dois. Jaha compreendia a cautela de Ye Yang e agora compartilhava dela. O ar parecia mais pesado enquanto ambos processavam o que estava acontecendo.

"Se for realmente o DNA de Cruz…" Jaha começou, tentando manter a voz firme: "Precisamos entender como isso aconteceu. Cruz não é alguém que perderia o controle a esse ponto, mas com a mente dele... É difícil prever. Agora… Eu temo que precisamos estar preparados para todas as possibilidades."

Ye Yang assentiu, com o brilho intenso em seus olhos, que revelava a intensidade de suas emoções: "Eu sei que ele não faria isso conscientemente, mas se de alguma forma ele foi manipulado, ou pior, se alguma das vozes que habitam a mente dele o levou a agir... Precisamos ter certeza antes de qualquer decisão."

Jaha passou a mão pelo cabelo, tentando acalmar os pensamentos que corriam e martelavam a sua mente com apontamentos que ele simplesmente não queria acreditar ou sequer cogitar. 

"Cruz é nosso amigo, e temos que ser objetivos. Se ele fez isso, mesmo sem intenção, ele precisa de ajuda, não de julgamento. Mas, se for uma armação, temos que desmascará-la rapidamente." Jaha alertou para ambos os cenários possíveis. Contudo, a ideia de alguém ser capaz de reproduzir a assinatura de energia espiritual do Cruz era inconcebível, restando-lhe cada vez mais acreditar na pior das hipóteses.

Ye Yang olhou para o horizonte, e as chamas em seus olhos queimaram com a intensidade de suas emoções, que faziam-no tremer num misto de tantos sentimentos que ele sequer sabia dizer o que era.

"Precisamos de respostas, Jaha. E rápido. Cruz está pendurado naquela jaula, sofrendo, e não podemos demorar!” Ye Yang falou, antes de olhar para trás e dizer: “Eu não deixarei o Cruz morrer aqui! Se prepare para uma guerra, se chegarmos a esse ponto!”

Jaha assentiu, com a seriedade de sua expressão espelhando a de Ye Yang, e respondeu: "Vamos realizar o teste e descobrir a verdade. Depois disso, decidiremos o que fazer. Não podemos perder mais tempo. E assim como você, eu não deixarei que o Cruz morra aqui!"

Depois de prometerem aquilo, os dois começaram a se preparar para realizar o teste do DNA, com uma sensação crescente de urgência e um enorme peso no coração. A esperança de que tudo pudesse ser resolvido facilmente havia se desvanecido, dando lugar a uma nova e sombria possibilidade que ameaçava não só a vida de Cruz, mas a própria aliança que eles lutavam para proteger e a confiança em um de seus melhores amigos. Um companheiro com o qual eles compartilharam a maior parte de suas vidas.