Capítulo 0857 - Arrependimento
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Com o grupo que tinha partido reunido, eles retornavam ao Vale da Esperança, acompanhados por Shara'Kala e Cruz. Shara’Kala seguia em silêncio depois de ter uma ótima conversa com Cruz e estava com seu olhar perdido no horizonte onde podia se ver Decarius, enquanto reflexões silenciosas dominavam seus pensamentos sobre o que havia deixado para trás e o que enfrentaria dali em diante.
À medida que Shara'Kala se aproximava de Decarius com o grupo, uma série de emoções inesperadas brotava em seu peito. O planeta à sua frente possuía uma beleza que transcendia qualquer coisa que já vira em Uhr’Gal. As cores vivas das florestas densas, a clareza dos rios e a imponência das montanhas a fizeram prender a respiração. Ela já havia visitado mundos com muitos recursos naturais antes, mas Decarius parecia pulsar em um ciclo de vida próprio, algo que nem mesmo os relatos mais detalhados sobre os humanos conseguiam transmitir.
Descendo, ao avistar o Vale da Esperança, sua admiração se transformou em um espanto genuíno. De cima, ela via o brilho suave das muralhas de diamante cercando uma região vibrante e fértil. Não havia ali sinais de um povo exaurindo o planeta, pelo contrário, tudo no vale parecia respeitar o ritmo da natureza, preservando e contribuindo com os seus recursos. As plantações eram cuidadosamente organizadas, estendendo-se em campos que se misturavam de forma harmônica com bosques e rios, e a energia que fluía parecia suave, oriunda de correntes de água e de vento, sem forçar a terra a ceder além do necessário.
"É possível que eles vivam assim?" Antes mesmo de entrar pelas muralhas, Shara’Kala murmurou, mais para si do que para os outros, sentindo um peso misto de admiração e, curiosamente, inveja: "Tanta abundância e, ainda assim, uma relação de respeito… Eu não sabia que tal equilíbrio era possível."
Ela estava completamente hipnotizada, e ao entrar na atmosfera densa e confortável do Vale, ela sentiu algo inusitado… Uma leveza que contrastava fortemente com a tensão constante de Uhr'Gal. A paz que irradiava daquele lugar parecia envolver a recém-chegada, acalmando suas emoções, como se o próprio Vale a estivesse acolhendo. Era como se os humanos de Decarius tivessem aprendido a extrair força do respeito ao ambiente e não da sua subjugação. Para Shara'Kala, isso era uma visão transformadora, algo que tocava o âmago da sua própria jornada e liderança.
Além das belezas visíveis e sensações invisíveis, Shara Kala podia sentir, também, uma energia espiritual muito densa, mas pura na atmosfera que havia sob o domo. Sem nem ver aquelas pessoas em ação, ela soube que ali existiam humanos muito fortes e preparados para as mais diversas tarefas.
Enquanto ela ainda absorvia esse turbilhão de sentimentos, ela permitiu-se sussurrar uma admiração velada, quase com medo de que o Vale a ouvisse a sua confissão de inferioridade: "Se Uhr'Gal fosse assim… Talvez as crenças e destino do povo fossem diferentes..."
Shara’Kala estava obviamente admirada, mas deslocada em um ambiente que simplesmente não era familiar a ela. Toda aquela abundância e harmonia não era normal para quem viveu sob ferro da espada e da sobrevivência que exigia sangue em troca. E ao perceber a inquietação dela, Cruz se aproximou e, após um momento de contemplação, rompeu o silêncio com suavidade: “Shara’Kala, eu sei que deixar Uhr'Gal foi difícil e que o Vale não é seu lar, mas enquanto estiver aqui, terá nosso apoio e uma casa para voltar.”
Shara’Kala desviou o olhar para Cruz e o observou por alguns instantes, claramente tocada, e respondeu com uma voz baixa, quase em um sussurro: “É estranho pensar em viver longe do meu povo, da minha cultura. Mas... Talvez tenha razão. Talvez eu possa encontrar um propósito aqui.”
Cruz assentiu, com seu sorriso sincero trazendo um momento de calma à guerreira, enquanto o grupo passava pelas muralhas do Vale. Os populares, que formavam uma multidão à espera deles, os observavam com curiosidade e desconfiança. Os olhares que eles lançavam para Shara'Kala misturavam admiração pela coragem e temor pela guerra que ela, como líder orc, outrora poderia ter comandado contra Decarius.
Do meio da multidão, Zao Huo emergiu, caminhou até o grupo e quebrou o silêncio: “As notícias viajaram mais rápido que vocês… É verdade que essa é a orc que ameaçava toda a humanidade?”
Não havia nenhum desrespeito no tom de Zao Hu, ele estava apenas transmitindo o que o povo estava pensando. Zao Tian, por sua vez, acenou em concordância, mas não disse nada.
Zao Huo permaneceu atento, com as sobrancelhas arqueadas em um misto de preocupação e respeito enquanto observava Shara’Kala e o resto do grupo. Como conselheiro fiel de Zao Tian e Ming Xiao, ele sabia da importância de ponderar sobre qualquer decisão que afetasse o Vale da Esperança e de fazer a ponte entre os anseios da população e as lideranças..
“Zao Tian, Rei Ming Xiao…” Começou ele, com seu tom cuidadoso, mas firme: “Os populares mal tiveram tempo de se adaptar à presença de Íxion, um deus que ainda representa uma ameaça para muitos. Agora vocês trazem a líder de Uhr’Gal, uma figura poderosa, que até ontem poderia ter sido nossa inimiga. Vocês sabem que esses são tempos difíceis, e que o povo está, no mínimo, inquieto, não é!?”
Zao Tian, por sua vez, trocou um olhar ponderado com Ming Xiao antes de responder, ciente do desconforto de Zao Huo e dos outros: “Compreendemos suas preocupações, Zao Huo… Mas Shara’Kala escolheu ir contra seu próprio povo e arriscou tudo para salvar Cruz. Essa escolha custou-lhe a pátria e a posição, e não é uma decisão que tomamos de ânimo leve. Ela está aqui não como uma inimiga, mas como alguém em exílio, alguém a quem devemos nosso respeito.”
Ming Xiao completou logo em seguida, colocando uma mão sobre o ombro de Zao Huo: “A confiança é construída com o tempo, e sabemos disso. Mas a escolha de Shara’Kala trouxe à luz algo muito maior. Ela demonstrou que, mesmo para um líder orc, a honra pode ir além da lealdade ao próprio povo. Ela será uma aliada inestimável para nós. O Vale da Esperança, apesar das provações, também deve ser um lugar de redenção e acolhimento para aqueles que se provam dignos.”
Zao Huo assentiu, absorvendo as palavras dos dois, mas manteve um semblante pensativo enquanto respondia: “Entendo e admiro a decisão dela… E o desejo de vocês de retribuir o sacrifício que ela fez por Cruz. No entanto, nosso povo ainda precisa de tempo para aceitar os riscos que as decisões do Vale vêm trazendo. Primeiro, Íxion, agora Shara’Kala… Vocês sabem que muitos não entenderão. Devemos cuidar para que essa aceitação seja um processo gradual.”
Shara’Kala manteve-se em silêncio durante a troca de palavras, mas sua expressão indicava que compreendia a hesitação do conselheiro. Zao Tian voltou-se para ela, fazendo um leve gesto de incentivo para que falasse, se quisesse.
Após um instante de hesitação, Shara’Kala deu um passo à frente e olhou diretamente para Zao Huo, antes de responder: “Eu entendo, conselheiro, o que isso significa para o povo de Decarius. Vim aqui consciente do receio que minha presença traria, e não espero ser aceita de imediato.” Ela fez uma pausa, respirando fundo, antes de continuar: “Mas saibam que o que eu fiz… Fiz com a convicção de que a justiça vai além de onde nascemos. Uhr’Gal pode não compreender minha escolha, mas isso não me impede de servir a algo maior enquanto estiver aqui. Sempre ajudei e contribui lá, e garanto que farei o mesmo onde quer que eu vá.”
Zao Huo cruzou os braços, avaliando a honestidade nos olhos dela, e respondeu: “Sua convicção é clara, Shara’Kala, e confio no julgamento de Zao Tian e Ming Xiao. Vamos tomar o tempo necessário para explicar sua presença aos populares e ajudar a construir a confiança de que ambos os lados precisam. Contudo, saiba que muitos observarão cada passo seu. A confiança é algo que, como bem sabemos, só o tempo pode cimentar.”
“O meu papel não é ser contra ou a favor das decisões deles. Eu apenas forneço informações e conselhos de quem está sempre escutando as opiniões públicas.” Zao Hu finalizou, como se fizesse um pedido de desculpas, caso tenha parecido ser parcial ou injusto em algum momento.
Zao Tian logo assentiu, sentindo o peso das palavras de Zao Huo, e agradeceu pela compreensão e conselhos: “Seu conselho é justo, Zao Huo. Nós teremos isso em mente e vamos garantir que o Vale entenda essa decisão e respeite o processo de adaptação. Shara’Kala é agora uma parte importante de nossa luta… E acreditamos que a compreensão disso virá com o tempo.”
Zao Hu se curvou levemente aos dois, fazendo uma reverência que indicava respeito e compreensão, e após uma última troca de olhares entre eles, o grupo voltou a se mover.
Enquanto o grupo se dispersava para permitir que Shara'Kala se ambientasse, Cruz aproximou-se dela com um sorriso travesso e sugeriu: “Ei, Shara’Kala, Sabe… Se precisar… Eu moro sozinho… E pode ficar na minha casa até se instalar por aqui. Tenho um espaço perfeito para você.”
Ela olhou para Cruz com vergonha, mas antes que Shara'Kala pudesse responder, Singrid interveio, segurando o braço de Cruz com um olhar divertido e ao mesmo tempo sério, enquanto falava: “Vá com calma, Don Juan. Vamos dar um tempo para ela se acomodar antes de começar com o assédio. Talvez seja melhor que Shara’Kala fique comigo, pelo menos até ela se sentir mais à vontade.”
Cruz imediatamente revirou os olhos, visivelmente incomodado com a intervenção, e disparou, mudando repentinamente de expressão para um ar teatral: “Hipócrita! Empata Foda! Falando em ‘calma’... Por que a gente não comenta sobre a Singularidade… E sobre o que você fez com o Joster bem no meio da missão, hein?!”
Singrid ficou momentaneamente sem palavras, atordoada com a verdade que Cruz jogou sobre ela, e uma forte gargalhada escapou dos que estavam ao redor deles, inclusive de Shara'Kala, que apesar de rir de uma forma mais contida, parecia se divertir com a dinâmica animada e meio caótica dos novos companheiros.
“Isso não tem nada a ver com o que estamos discutindo, Cruz!” Singrid balançou a cabeça, tentando disfarçar o constrangimento e recuperar a compostura.
Cruz, no entanto, continuou, levantando as mãos em um gesto exagerado de acusação: “Nada a ver? Pois saiba, Shara’Kala, que essa aqui se entrega ao romance no campo de batalha e agora vem com papo de cautela! A gente manda ela em uma missão de reconhecimento de um planeta e a única coisa que memorizou foi o corpo do nosso amigo ali!”
Assim que terminou de dizer aquilo, Cruz apontou para Joster, que imediatamente respondeu: “Ei… Eu não tenho nada a ver com essa discussão!”
“Não tem?” Imediatamente após aquela resposta, Singrid voltou toda a sua raiva para Joster e questionou num tom impaciente, antes de avisar: “Se eu decorei o que ele disse, lembre-se que eu sei exatamente como devo cortar algo muito importante para você!”
Joster instintivamente colocou as mãos na frente da calça, e Cruz, que já tinha saído do controle, falou: “É isso aí! Vai capar ele e me deixe em paz!”
Singrid, que teve que dividir a sua raiva com duas pessoas, se virou de forma brusca, apontou o dedo para Cruz e gritou: “Cale essa sua boca, Cruz! A gente devia ter deixado eles te decapitarem! Se alguém cortasse apenas a sua língua… Já teria a minha eterna gratidão!”
Cruz, por sua vez, fez uma expressão de puro vitimismo, apontando para si e abrindo a boca, antes de responder de forma quase provocativa: “Se cortassem a minha língua, o Zao Tian, o Ming Xiao e o Gins fariam nascer outra!”
“Aaaaaaargh…” Singrid apertou os punhos raivosamente, se segurando para não bater em Cruz.
De algo melancólico, a cena de repente se transformou em uma onda de risos e descontração, enquanto o grupo assistia à discussão que a cada palavra envolvia mais pessoas.
