Capítulo 0879 - Vitória Amarga
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A tensão no ar era densa. Halfkor, com os punhos ainda cerrados, parou de caminhar no instante em que a voz ecoou pelo campo de batalha. Mesmo tomado pela fúria, algo naquela entonação o fez hesitar. Não era medo… Não ainda… Mas uma sensação instintiva de que ele não estava mais no controle da situação.
“Afaste-se da pirralha.” A voz, profunda e cortante como uma lâmina, reverberava pelo ambiente devastado. Ela era autoritária, mas carregava algo mais profundo, um peso que parecia dobrar e vibrar o próprio espaço ao redor.
Halfkor virou lentamente a cabeça na direção da origem da voz, com os olhos ainda inflamados de raiva. Ele apertou os dentes, franzindo o cenho enquanto mantinha seu corpo imponente e rígido.
“Quem ousa interferir?” Halfkor rosnou, com sua voz tão grave que fez pequenas pedras ao redor vibrarem. Ele olhou em todas as direções, tentando localizar quem falava.
“Quem sou eu?” A voz respondeu, com um tom de desdém quase casual: “Sou o único motivo pelo qual vocês dois ainda respiram, menino esmeralda.”
Momoa, caído no chão e tentando se erguer, arregalou os olhos ao reconhecer a voz. Seu peito subia e descia com dificuldade, e um calafrio percorreu sua espinha. Ele sabia exatamente quem estava ali. E saber disso era ao mesmo tempo um alívio e um motivo para maior apreensão.
“Gold…” Momoa sussurrou, com sua voz rouca, mas repleta de respeito e temor.
Halfkor virou-se completamente, encarando o vazio. Ele sabia quem era Gold. Todos sabiam. O nome era mais do que uma lenda… Era um marco na existência de todos os seres. Gold, o humano que transcendeu todos os limites, que humilhou deuses e redefiniu o significado de poder, agora se fazia presente. E ele não parecia satisfeito.
“Você é o Gold?” Halfkor perguntou, com a voz carregada de incredulidade e fúria reprimida: “O humano que abandonou a criação para vagar por eras enquanto os outros sofrem?”
“Ah, então o menino de esmeralda também fala.” A resposta de Gold veio com um sarcasmo cortante: “Impressionante. Mas não se superestime e finja que você entende o que eu faço, tampouco por quê.”
*Tap.* O som de passos ecoou pelo campo de batalha, mas ninguém podia ver Gold ainda. A voz parecia vir de todas as direções ao mesmo tempo, amplificada por uma presença avassaladora que fazia o ar pesar como chumbo.
Halfkor cerrou os punhos, com sua raiva voltando à tona. Ele apontou para Amara, que ainda estava no chão, imóvel e irreconhecível.
“Essa pirralha massacrou meu povo!” Halfkor gritou, com sua voz carregada de uma dor tão profunda quanto sua raiva: “Ela destruiu parte do meu reino, matou milhares! Eu busco justiça, e você quer me impedir?”
Por um momento, o silêncio caiu sobre o campo de batalha. O peso da declaração de Halfkor pairava no ar, mas ele logo foi quebrado pela risada seca de Gold, que soou mais como um trovão distante.
“Justiça? Jovem capim esmeralda, eu entendo sua dor.” A voz de Gold finalmente mostrou um tom de pesar, mas apenas por um instante que precedeu uma contrapartida: “Mas você não terá sua justiça hoje.”
Halfkor deu um passo à frente, com seus olhos ainda inflamados de raiva, e gritou: “Você quer proteger essa assassina? Por quê? Por que ela é sua protegida?”
Apesar de não conhecer Gold pessoalmente, Halfkor conhecia Amara, a menina mais poderosa que já nasceu, sobrinha do Demônio da Escuridão, e sabia que essa garota era discípula dele.
Amara constantemente fugia de seus treinos e se escondia no Reino Esmeralda. Ele fez tanto isso que se tornou uma figura comum entre os visitantes que chegavam diariamente ao reino.
Todos respeitavam e a evitavam, devido ao seu comportamento e temperamento, mas Halfkor, não. Sempre que ela chegava lá, ele manda que ficassem de olho nela e já chegou a adverti-la quanto ao risco de fazer um mal que fosse ao seu povo e ao reino.
Gold suspirou, e o som foi tão profundo que parecia um abalo na terra.
“Protegida?” Gold disse, como se aquela palavra fosse um insulto: “Essa pirralha é tão minha protegida quanto você é minha criação, caco de esmeralda. Por mim, ela poderia morrer nas suas mãos agora mesmo, mas… Ela é a sobrinha de um amigo... Então, escute bem, se você levantar mais um dedo contra ela…”
Finalmente, Gold se materializou.
Ele surgiu de forma tão súbita que era como se sempre tivesse estado ali. Sua figura era imponente, mas não de maneira exagerada. Dono de uma postura relaxada que contradizia o peso de sua presença, ele estava com a guarda completamente baixa, e tinha uma expressão de despreocupação que chegava a ser irritante. Seus olhos brilhavam com um intenso dourado, como sóis em miniatura, irradiando poder absoluto e uma calma aterrorizante. Seu cabelo negro estava desarrumado, e sua roupa simples contrastava com a aura incompreensível que o cercava.
“Será o seu último ato em vida.” Gold completou, com sua voz agora baixa, mas infinitamente mais ameaçadora.
Halfkor sentiu um calafrio percorrer sua espinha. A presença de Gold não era algo que se podia descrever. Ele era uma força primordial, um lembrete constante de que ele estava diante de alguém que não apenas desafiava os deuses, mas os superava.
“Você quer me ameaçar?” Halfkor rosnou de frustração, mas sua voz já não tinha a mesma confiança de antes.
Gold ergueu uma sobrancelha, com seu olhar pairando sobre Halfkor com desdém absoluto.
“Não, anoréxico esmeralda.” Gold disse, calmamente enquanto claramente fazia pouco caso de Halfkor e seus músculos e força. E logo depois de tecer aquela provocação, ele moveu o dedo indicador lentamente, em sinal de negativo, e completou: “Eu não faço ameaças. Eu apenas afirmo fatos.”
Halfkor hesitou, olhando para Amara e depois para Gold. Mesmo confiante em sua força, ele se sentia uma criança perto de Gold e sabia que qualquer movimento em falso poderia ser seu fim. Mesmo assim, a raiva e a dor dentro dele ainda queimavam intensamente.
“E o que ela merece, então?” Halfkor perguntou, com sua voz carregada de frustração: “Que ela saia impune? Depois de tudo o que fez?”
Gold caminhou lentamente até Halfkor, parando a poucos passos de distância, com sua presença que parecia dobrar o peso do ar ao redor. Ele olhou diretamente nos olhos do rei, e pela primeira vez, Halfkor sentiu algo que não experimentava há muito tempo… O medo.
“Ela merece todas as consequências que você imagina.” Gold admitiu, inclinando ligeiramente a cabeça em sinal de condescendência, porém, teve que dizer: “Mas elas não virão de você.”
Halfkor rangeu os dentes, com seus punhos tremendo enquanto tentava conter a raiva.
“E quem, então? Você?” Ele cuspiu as palavras.
Gold riu novamente, dessa vez com um som mais leve, mas ainda carregado de desprezo.
“Eu?” Ele disse, apontando para si mesmo, antes de responder: “Ela aprenderá com a dor. Essa pirralha vai aprender como o peso de suas ações se tornam fardos insuportáveis quando cada lembrança delas se transforma em sinônimo da mais pura e profunda dor.”
“Ela não sairá impune, apenas viva. Mas se você for estúpido o suficiente para me testar hoje, você não terá nem a chance de lamentar.”
Após aquelas palavras, Halfkor encarou Gold por mais alguns segundos, com sua mente lutando entre a raiva e o instinto de sobrevivência. Por fim, ele deu um passo para trás, com seu olhar ainda cheio de fúria, mas sua postura indicando que ele sabia que não tinha escolha.
Gold, satisfeito com a decisão, cruzou os braços e voltou-se para Amara, sem se abaixar ou demonstrar preocupação.
“Você está viva, pirralha?” Ele perguntou, com um tom seco e indiferente, antes de completar: “Porque, se não estiver, acabo de perder meu tempo.”
Amara movimentou os dedos, indicando ter escutado a pergunta e ao mesmo tempo a sua incapacidade de responder de outra maneira.
Gold, calmo como um rio, olhou para a paisagem, antes de respirar fundo e dizer para Halfkor: “Você pode ficar com o chimpanzé, se quiser…”
Quando disse aquilo, Gold apontou para Momoa, cujo corpo estava aos frangalhos, e finalizou: “Ele não é parente de ninguém que eu conheça!”
Halfkor permaneceu em silêncio por alguns instantes, com seus olhos ainda fixos em Gold, como se pesasse as palavras daquele que era reconhecido como o ser mais poderoso da criação. Mesmo tomado pela raiva, havia algo na presença de Gold que tornava impossível desafiá-lo. Não era apenas medo… Era um reconhecimento instintivo de que, diante daquele homem, até mesmo um rei como Halfkor não passava de uma folha ao vento.
“Certo…” Halfkor murmurou finalmente, com sua voz mais baixa, mas ainda carregada de amargura. Ele desviou o olhar de Gold e voltou-se para Momoa, que jazia no chão, com seu corpo destruído pela batalha. O peso da humilhação de ter sido derrotado por seu próprio pai estava estampado na expressão cansada do gigante.
Halfkor caminhou até Momoa, com seus passos ecoando pelo campo devastado enquanto descontava sua raiva no solo que era esmagado pelos seus pés. Ele olhou para o corpo quebrado do homem com um misto de desprezo e uma estranha neutralidade. Gold, por sua vez, observava tudo de longe, sem interferir, como se aquilo não fosse mais de seu interesse.
“Chimpanzé…” Halfkor resmungou, repetindo o apelido dado por Gold a Momoa. Ele abaixou-se, agarrou o tornozelo de Momoa e o ergueu com uma força brutal, arrastando-o pelo chão como se ele fosse um saco de areia.
Momoa soltou um gemido fraco, incapaz de resistir. Seu corpo estava exausto, mas sua mente ainda processava a situação com amargura. Ele estava completamente vulnerável, sendo arrastado como um prisioneiro derrotado, enquanto o pai que ele jamais conheceu agia com um desprezo que doía mais do que os golpes que havia sofrido.
Halfkor caminhava em direção ao horizonte, arrastando Momoa com passos pesados. Atrás deles, o cenário de destruição parecia se estender infinitamente. O chão rachado, as montanhas desmoronadas e as árvores derrubadas eram testemunhas de uma batalha que, para Halfkor, terminava com uma vitória amarga.
“Você vai aprender a nunca desafiar um rei, chimpanzé…” Halfkor murmurou, sem olhar para Momoa. Ele continuava caminhando, indiferente ao humano que arrastava atrás de si.
Gold, por sua vez, permaneceu parado, observando a cena sem dizer nada. Seus olhos dourados brilhavam com uma calma quase irritante, enquanto ele cruzava os braços e deixava que Halfkor se afastasse. Quando Halfkor desapareceu no horizonte com Momoa, Gold finalmente virou-se para Amara, que ainda estava no chão, completamente imóvel.
“Pirralha inútil…” Gold murmurou, antes de desaparecer da mesma forma como havia surgido, deixando o campo de batalha mergulhado no silêncio.
Halfkor continuou sua marcha solitária em direção ao Reino Esmeralda, com Momoa arrastado pelos pés como um troféu amargo de uma batalha que não trouxe verdadeira satisfação. O peso da destruição em seu reino e a raiva não resolvida em seu coração ainda eram evidentes em cada passo que ele dava. Mas, mesmo assim, ele seguia em frente, levando consigo o corpo de seu filho sem saber a verdade.
E assim, o horizonte engoliu a figura de Halfkor e Momoa, enquanto o campo de batalha ficava para trás, como um aviso de que mesmo os mais poderosos podem ser quebrados diante de forças que vão além do físico.
