Capítulo 0889 - Indecifrável
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O som das batidas cessou momentaneamente quando aquele nome foi pronunciado, como se o universo inteiro prendesse a respiração por alguns instantes. Momoa ficou estático, com seus olhos fixos no garoto chamado Zaki.
A revelação de Amara atingiu-o como um trovão divino, abalando as suas estruturas de uma forma que ele nunca pensou que aconteceria. Ele instintivamente deu um passo para, quase caindo, enquanto sua expressão alternava entre surpresa, incredulidade e um toque de temor.
“Zaki?” Momoa repetiu o nome, como se as sílabas fossem um feitiço que ele não ousava invocar. Ele virou-se para Amara, que agora o observava com curiosidade crescente em relação à identidade do garoto e a reação completamente inesperada de Momoa: “Você tem certeza de que esse é o nome dele?”
“Foi o que eu ouvi. Ele mesmo disse isso…” Amara respondeu, franzindo a testa enquanto torcia o nariz para Momoa. Algo ali estava sendo escondido dela, estava mais do que na cara, e Amara, não ia deixar de perguntar: “Por quê? Esse nome significa algo para você?”
Momoa balbuciou algo, incapaz de responder imediatamente. Enquanto ele resmungava, sua mente viajou para o passado, para uma época em que ele era jovem e ingênuo, muito antes de sonha entrar em uma Singularidade. Ele lembrou de Yang Zai e das histórias contadas sobre a grande guerra entre humanos e deuses, a guerra na qual seu pai, mãe e avô pereceram sob as forças avassaladoras do exército divino. Ele também se lembrou das histórias que ouviu quando criança, de lugares onde ele não devia ir e de pessoas que ele não devia conhecer ou confiar. Em muitas dessas narrativas e contos, um nome ecoava como um trovão em meio aos mitos e exageros, algo real, que tinha nome, endereço e rosto… Ele era Zaki, o Monarca da Luz.
Zaki não era apenas um nome que Momoa escutava como se fosse um bicho papão. Ele era uma lenda viva, um prodígio e o herdeiro aparente de Gold, pelo menos por consideração. Diziam que sua habilidade com a luz era tão impressionante que até mesmo Gold admitia que Zaki um dia poderia superá-lo. Talvez, ter esse tipo de reconhecimento de Gold fosse um exagero, mas em todos os lugares onde as histórias eram contadas, independentemente de quem as contava, Zaki sempre foi mencionado como uma sombra de Gold, um discípulo que passava tanto tempo com seu mestre que, do jeito particular de Gold, ele era considerado como um filho.
Contudo, esse mesmo brilho que o fazia admirado também o condenou.
Zaki se aproximou dos deuses. Loki, em especial, e passou a ter uma relação misteriosa com ele. Os rumores diziam que Zaki havia traído a humanidade, entregando segredos cruciais aos deuses em troca de poder ou por motivos que até hoje permaneciam desconhecidos. Essa traição o transformou de herói em um vilão temido, e ele ganhou o apelido de “O Louco Pérfido”. Uma marionete dos deuses que afrontava toda a raça humana e colocava dentro de Decarius um agente, um ativo poderosíssimo, capaz de atingir qualquer um a qualquer momento.
“Não pode ser...” Momoa murmurou, com a mão apertando o peito como se tentasse controlar as batidas do próprio coração. Ele olhou para o garoto novamente, agora com olhos diferentes. Ele buscava naquele jovem um lado obscuro, mas era impossível conciliar o jovem obstinado à sua frente com a figura sombria que ele havia crescido temendo.
Aquele Zaki era puro, ingênuo, resiliente e absurdamente dedicado. Não dava para ver naquela mesma criança o ser ardiloso, mau e traidor que as histórias mencionaram.
“Você o conhece?” Amara perguntou, desta vez com um tom de voz mais incisivo. A falta de resposta por parte de Momoa já estava começando a deixá-la incomodada:
“Não me diga que ele é algum tipo de criminoso ou algo assim. Porque, honestamente, isso não seria uma grande surpresa.”
Momoa demorou para responder. Enquanto ele balançava a cabeça em negação, ele continuava encarando o garoto, que não parecia ciente do impacto que seu nome causaria um dia. Zaki estava concentrado apenas em sua tarefa, golpeando o chão com a testa, mais uma vez, e mais uma vez. O som das cabeçadas era constante, implacável e, de certa forma, puro, completamente livre de segundas intenções. Foi proposta uma troca a ele, e Zaki estava apenas fazendo a sua parte no acordo.
“Ele é muito mais do que isso.” Momoa finalmente disse, com sua voz baixa, quase como se ele estivesse falando consigo mesmo: “Se esse é o mesmo Zaki... Então ele não é apenas um criminoso. Ele é uma lenda. Uma lenda que deveria ter morrido aqui, neste dia, para evitar a calamidade que o nosso mundo… Não… Vários mundos sofrerão por causa dele.”
Amara imediatamente arqueou uma sobrancelha, claramente intrigada com a forma que Momoa enxergava Zaki, e, que pautado no passado dele e futuro dela, estava coberto de razão: “Uma lenda? Esse garoto? Ele não parece tão impressionante… Muito menos alguém que um dia será responsável por algo tão grande.”
“Você não entende.” Era evidente que Amara ficou perturbada, confusa com a afirmação de Momoa, mas como parecia que ela não tinha noção do quanto aquilo era grandioso, ele respondeu, virando-se para ela e olhando-a nos olhos como forma de mostrar a veracidade de suas palavras: “No meu tempo, Zaki era o Monarca da Luz. O pupilo mais talentoso de Gold. Ele era adorado, temido, respeitado... E odiado. Ele foi o primeiro humano que todos acreditaram ser capaz de desafiar os limites do caminho marcial e se igualar a Gold. Até que um dia ele nos traiu.”
Amara estreitou os olhos, tentando processar as informações enquanto perguntava: “Traiu? O que ele fez?”
“Ninguém sabe ao certo, pois isso aconteceu a portas fechadas.” Momoa admitiu, com os punhos cerrados, antes de explicar: “Os registros são confusos, cheios de contradições e desvios que foram criados de um locutor para o outro. Mas uma coisa é certa… Ele traiu Gold e o apunhalou, literalmente. O que ele fez após isso custou a vida de bilhões.”
“Dizem que foi morto por Gold, que retornou a Decarius depois que a Grande Guerra começou.”
Amara olhou para o garoto novamente, com uma mistura de ceticismo e curiosidade. Ela não conseguia acreditar que aquela figura tão diferente poderia se tornar o monstro que Momoa descreveu: “E você acha que esse moleque é o mesmo Zaki?”
Momoa balançou a cabeça. “Eu não sei se surgirá outro no caminho de Gold. Mas o nome, a obstinação... Tudo isso se encaixa, e uma coincidência dessas não tem como ser vista de outra forma. É ele. Zaki não é apenas um garoto comum. Ele é um enigma perigoso que abalará o mundo.”
Amara cruzou os braços, claramente dividida entre acreditar ou não. Mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, o garoto parou novamente. Ele limpou o sangue da testa com o antebraço e olhou para o círculo que estava esculpindo.
“Droga...” Ele murmurou, balbuciando insultos para si mesmo: “Ainda está errado...”
Enquanto Amara olhava para Zaki, Momoa deu um olhar de canto e resolveu contar-lhe algo muito importante e que com certeza a deixaria muito mais chocada: “Amara… No meu tempo… Você e Gold formaram um casal… Um par amoroso que o meu pai dizia ser o casamento mais poderoso do universo.”
Ao cair daquelas palavras, Amara ficou imóvel, como se as palavras de Momoa tivessem congelado o fluxo de seus pensamentos. Ela olhou para Zaki novamente, mas desta vez como se olhasse para o nada. O garoto, porém, continuava, incansável, golpeando o chão com a testa, alheio ao impacto que seu nome havia causado e às revelações que ele trouxe junto. O cenário começava a se transformar para Amara.
“Você só pode estar brincando!” Amara finalmente disse, forçando uma risada nervosa enquanto tentava processar o que havia ouvido: “Eu? Casada com Gold? Isso é algum tipo de piada de mau gosto? Porque, sinceramente, prefiro ouvir qualquer outra coisa.”
Momoa manteve-se firme, sem o menor traço de humor em sua expressão. Ele respirou fundo antes de responder: “Não é uma piada. No meu tempo, vocês dois eram uma força imparável. Você e Gold criaram um reino que se tornou um farol de esperança para a humanidade. Vocês eram invencíveis... Até Zaki trair vocês.”
Amara arregalou os olhos, com suas mãos cerrando-se em punhos enquanto ela dava um passo à frente, encarando Momoa e gritava: “E eu devo simplesmente acreditar nisso? Que, algum dia, eu vou ficar ao lado de Gold? Que eu, de todas as pessoas, vou me render a um relacionamento com aquele... Aquele velhote idiota e arrogante?”
“Você pode não acreditar agora…” Momoa, por sua vez, respondeu, com sua voz pesada como a gravidade de suas palavras: “Mas vai acontecer. Sua relação com Gold é uma das coisas que moldam o futuro deste mundo. E quando vocês partirem, será a traição de Zaki que destruirá tudo o que vocês construíram.”
Amara se virou, teimosa em aceitar, cruzando os braços enquanto tentava esconder o tumulto de emoções que se agitava em seu interior.
“Você está errado!” Ela disse, com sua voz trêmula de negação: “Eu nunca abandonaria Decarius. Nunca. E eu nunca me casaria com aquele…”
“Você diz isso agora…” Momoa respondeu, com uma calma quase cruel: “Mas o futuro não é tão simples. Você e Gold partiram porque acreditaram que estavam protegendo o mundo ao deixar Decarius para trás. Gold não revidou a traição de Zaki e abandonou todos nós para viver com você em algum lugar que ninguém sabe onde. Foi um erro. E Zaki se aproveitou disso.”
Amara girou sobre os calcanhares, voltando a encarar Momoa, com sua expressão misturando frustração e confusão: “E o que você espera que eu faça com essa informação? Que eu mate esse garoto agora? Que eu o impeça de crescer e se tornar o Monarca da Luz? Se você está certo sobre o que ele vai se tornar, então porque você está me dizendo isso?”
Momoa olhou para o chão, incapaz de encarar o olhar feroz de Amara. Ele sabia que ela tinha razão em questionar, mas também sabia que não havia uma resposta simples para oferecer. O silêncio entre os dois cresceu, pesado, enquanto o som das cabeçadas de Zaki voltava a preencher o ar como um relógio infernal marcando o tempo.
“Eu não sei.” Ele finalmente respondeu, com sua voz baixa soando quase como um sussurro: “Eu não sei o que você deve fazer com essa informação. Não sei o que eu mesmo devo fazer com isso.”
Amara estreitou os olhos, claramente insatisfeita com a resposta. Ela deu um passo em direção a Momoa, cruzando os braços enquanto sua voz transbordava impaciência.
“Você não sabe? Você vem aqui, me diz que o moleque vai destruir tudo, que eu vou acabar casada com aquele velho insuportável e que nós vamos abandonar Decarius para ele tomar o controle… E agora você me diz que não sabe o que fazer?” Ela balançou a cabeça, incrédula. Naquele momento, a idade de Amara ficou visível, pois aquela era a impaciência típica de uma adolescente que não sabia esperar: “Por que você sequer trouxe isso à tona então, Momoa?”
Ele levantou os olhos para ela, com uma expressão cansada, como se carregasse o peso de mil vidas, antes de responder: “Porque eu não posso mudar o futuro pela Singularidade, Amara. Tudo o que acontece aqui é um eco... Uma ilusão que eu só posso assistir. Mas mesmo assim, eu precisava te contar. Você precisava saber.”
“Para quê?” Amara pressionou, com sua voz agora mais controlada, mas ainda carregada de frustração: “Se nada do que fazemos aqui importa para o futuro, por que você está tão preocupado com ele?”
Momoa respirou fundo, tentando organizar seus pensamentos, e explicou: “Porque, mesmo que a Singularidade não altere o futuro, ela molda quem somos. As escolhas que fazemos aqui… As lições que aprendemos… Elas nos fortalecem. Talvez não possamos evitar o que Zaki vai se tornar. Talvez o futuro já esteja escrito. Mas eu acredito que posso me preparar para enfrentar esse futuro de uma forma diferente. Melhor.”
Amara ficou em silêncio por um momento, processando suas palavras. Ela desviou o olhar para Zaki, que continuava batendo a cabeça contra o chão com uma determinação insana, alheio à tempestade que seu nome havia causado.
“E você acha que devemos deixá-lo continuar?” Ela perguntou, finalmente, com um tom que misturava curiosidade e ceticismo.
Momoa hesitou, mas acabou assentindo: “Sim. Ele é obstinado, e é essa obstinação que o moldará no que ele se tornará, para o bem ou para o mal. Interferir agora... Não sei o que isso causaria. E, sinceramente, ele está lidando com o que Gold jogou para ele. Se alguém pode entender as consequências disso, é Gold.”
Amara bufou, cruzando os braços novamente enquanto voltava sua atenção para Zaki: “Você confia demais em Gold. Ele não é tão onipotente quanto você pensa, Momoa. Se fosse, nada disso teria acontecido no futuro que você tanto teme.”
Momoa não respondeu de imediato, porque ele sentia que Amara estava certa. Gold, apesar de sua força e sabedoria, era falível. E Zaki, mais do que ninguém, era a prova viva disso. Contudo, havia algo naquela cena que o prendia, algo que ele não conseguia explicar. Talvez fosse a juventude de Zaki, com sua determinação crua, ou o paradoxo de saber o que ele se tornaria, mas ainda assim, vê-lo tão inocente em sua luta era hipnotizante.
“Você está certa.” Momoa admitiu, finalmente: “Gold falhou com Zaki. Mas também não podemos negar que ele viu algo nesse garoto. Algo que talvez nem Zaki entenda ainda.”
Amara olhou para ele, com sua expressão suavizando levemente. Ela balançou a cabeça, claramente ainda dividida sobre o que pensar, enquanto respondia: “Eu não sei se acredito nisso, Momoa. Mas, por enquanto, vou deixar esse moleque continuar batendo a cabeça no chão. Talvez você descubra algo sobre ele antes dele acabar com o futuro de todos.”
Momoa esboçou um sorriso fraco, sabendo que isso era o máximo que poderia esperar de Amara naquele momento. Ele voltou sua atenção para Zaki, observando-o com um misto de respeito e melancolia.
“Talvez…” Momoa murmurou, mais para si mesmo do que para Amara.
