Capítulo 0890 - Inevitável
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Momoa e Amara ficaram em um profundo e longo silêncio enquanto observavam Zaki, que tentava cumprir sua missão impossível como se não enxergasse que algo não estava ao seu alcance.
Os dois tinham muito o que pensar, e usaram aquele tempo para fazer isso. Amara, no entanto, o fez com menos afinco, pois na sua cabeça, nada mudaria após o fim daquele ciclo, então não porquê ela ficar tão preocupada em aprender sobre Zaki. Ele estava de mãos atadas.
O silêncio entre os dois só foi quebrado depois de algum tempo, por um som que não vinha de Zaki, nem de Amara ou Momoa. Uma risada baixa, rouca e carregada de sarcasmo ecoou entre as árvores que estavam a centenas de metros deles, fazendo ambos virarem-se abruptamente. E naquela direção, Gold estava encostado em uma árvore, com os braços cruzados, e com aquele sorriso característico que parecia misturar diversão e desdém.
“Vocês dois tiveram uma conversa fascinante.” Ele começou, com um tom que era quase casual, mas que carregava uma ponta de provocação: “Um casamento? Uma traição? Um futuro que nem eu vi chegando? Impressionante…”
*Clap. Clap. Clap. Clap.* Gold aplaudiu enquanto Amara arregalou os olhos, visivelmente surpresa e um pouco irritada por não ter notado a presença de Gold antes. Momoa, por sua vez, manteve a expressão séria, mas o desconforto era evidente em sua face. Gold escutou tudo, mas ele não foi capaz de sentir nada de sua presença.
“Há quanto tempo você está aí?” Amara perguntou, cruzando os braços e tentando recuperar a compostura.
“Tempo o suficiente.” Gold respondeu, dando de ombros enquanto se afastava da árvore e caminhava em direção a eles: “Tempo o suficiente para ouvir coisas que me deixaram... Intrigado.”
Ele lentamente, como se o mundo, ou melhor, o destino pudesse esperar por ele, e então parou a poucos metros dos dois, lançando um olhar para Zaki, que ainda continuava com sua tarefa insana.
Olhando para baixo, Gold balançou a cabeça, como se estivesse tanto impressionado quanto irritado, decepcionado.
“Você realmente acredita que ele é o mesmo Zaki que você descreveu?” Ele perguntou a Momoa, virando-se para ele com os olhos semicerrados: “O mesmo moleque que você diz que vai me trair, ser o estopim para a destruição de mundos e se tornar o que... O Louco Pérfido, era isso?”
Momoa respirou fundo, tentando manter a calma diante do olhar inquisitivo de Gold: “Tudo aponta para isso. O nome, a determinação, a conexão com você... Não pode ser coincidência.”
“Hahahaha…” Gold riu novamente, desta vez com um toque mais sombrio. Dava para ver e sentir o quanto ele estava abalado com o que ouviu: “Coincidências não existem. Mas sabe o que mais não existe? Verdadeiros Santos. Eu não digo em relação a uma posição no caminho marcial, mas, sim, de pessoas totalmente boas e altruístas.”
Amara, ainda processando a presença repentina de Gold, cruzou os braços e perguntou com uma sobrancelha arqueada: “E o que você acha disso tudo, então? Você acredita mesmo nesse futuro que Momoa está pintando?”
Gold olhou para ela, e por um momento sua expressão se suavizou, mas apenas um pouco: “Acho que o futuro é uma porcaria imprevisível. Sempre foi. Mas se tem uma coisa que eu sei, é que o que aconteceu não pode ser mudado. O passado dele é o nosso futuro, e tentar mudá-lo é brincar de Deus.”
Depois de responder aquilo, ele voltou a olhar para Zaki, que limpava o sangue da testa antes de voltar a bater a cabeça contra o chão com uma obstinação quase surreal.
“Esse moleque…” Gold começou, com sua voz perdendo um pouco do sarcasmo habitual e ganhando um tom mais reflexivo: “Ele é algo que eu nunca vi antes. Já treinei prodígios, gênios, pessoas que nasceram com habilidades que fariam deuses menores parecerem comuns. Mas nunca, nunca vi alguém com a dedicação que esse garoto tem.”
Amara e Momoa trocaram olhares, surpresos com a sinceridade nas palavras de Gold. Era raro vê-lo falar com tanta seriedade, especialmente sobre um de seus discípulos.
“Dedicação?” Momoa perguntou, com um toque de ceticismo: “Você está dizendo que ele é diferente de todos os outros que você treinou por causa disso?”
“É exatamente isso.” Gold respondeu, sem hesitar. Ele apontou para Zaki, que continuava golpeando o chão com a cabeça, implacável, e explicou: “Olhe para ele. Cada cabeçada é uma declaração de sua vontade de ser o melhor, de ser indestrutível. Ele sabe que isso é impossível. Ele sabe que eu joguei essa tarefa em cima dele apenas para me livrar de sua insistência. Mas ele ainda está ali, fazendo. Porque para ele, desistir simplesmente não é uma opção.”
Amara franziu a testa, ainda tentando conciliar o garoto à sua frente com a ideia de alguém que pudesse trair Gold e destruir mundos,e perguntou: “Mas você acha que isso é suficiente? Dedicação sozinha não é tudo.”
Gold virou-se para ela, com um sorriso que carregava um toque de ironia, e respondeu: “Dedicação sozinha não é tudo, mas é o que separa os comuns dos extraordinários. E esse moleque...” Ele balançou a cabeça novamente, como se ainda estivesse processando a magnitude do que via: “Ele tem o potencial de ser o melhor discípulo que eu já tive. Talvez até melhor do que eu.”
“Você nasceu com um talento enorme, pirralha, mas o talento só te leva até certo ponto. Quando você perde a escora do talento, que fatalmente será insuficiente com o tempo, só lhe resta uma coisa… Dedicação, resiliência e vontade de avançar.”
“O que você tem de força inata, ele tem de determinação! O que hoje você vê como fraqueza e estupidez, amanhã será a razão pela qual ele te olhará de cima e dirá que o seu talento foi a sua fraqueza e a causa da sua estupidez.” Gold encerrou, dando uma lição em Amara que a colocava na mesma prateleira que Zaki, mesmo que o garoto não tivesse um milésimo do poder dela.
As palavras deixaram Amara e Momoa em silêncio por um momento. Era raro, quase impossível, ouvir Gold falar sobre alguém com tanto respeito. E o fato de ele admitir que Zaki poderia superá-lo era algo que ambos tinham dificuldade em processar.
Gold permaneceu em silêncio após suas palavras finais, olhando para Zaki com uma expressão que era quase de afeição. O garoto, alheio a tudo, continuava sua tarefa insana, e cada impacto de sua testa contra o chão era uma prova de sua obstinação. O silêncio entre eles era tenso, quase ensurdecedor, até que Momoa, incapaz de suportar mais, finalmente quebrou-o.
“Se ele realmente tem todo esse potencial...” Momoa começou, escolhendo suas palavras com cuidado: “Então como você pode ignorar o que sabemos sobre o futuro? Sobre o que ele vai se tornar?”
Gold virou-se lentamente para encará-lo, com seus olhos brilhando com um misto de cansaço e convicção, e respondeu: “Porque eu não brinco com o tempo, garoto. E porque, por mais tentador que seja tentar mudar as coisas, o passado deve ser imutável. O que aconteceu já está escrito no livro do tempo. Não importa o que ganhamos ou perdemos no caminho.”
Ao escutar aquilo, Amara cruzou os braços, claramente irritada com a tranquilidade de Gold diante de tudo o que Momoa havia revelado. Ela não conseguia entender a apatia de Gold, que provavelmente poderia mudar as coisas, mas não o fez, aparentemente, e nem o fará: “Então você vai simplesmente... Aceitar? Vai continuar treinando ele, sabendo onde isso vai levar?”
Gold riu baixinho, mas havia uma amargura em seu tom que não passou despercebida. Ele olhou para Amara com a pena de quem olha para um tolo, e respondeu: “Aceitar não é a palavra certa, pirralha. Eu não aceito o que aconteceu no futuro. Eu reconheço. E reconhecendo, eu sei que tudo o que fiz, tudo o que farei, é parte desse caminho que você descreveu. Não há espaço para arrependimentos quando o destino já foi cumprido.”
“Então você está dizendo que não importa o que façamos agora, Zaki vai se tornar aquilo?” Momoa insistiu, com sua voz carregada de frustração.
Gold assentiu, sua expressão sombria. “Exatamente. Você pode se torturar pensando no que poderia fazer diferente, mas não muda o fato de que, para você, o que está à sua frente já é história.”
Amara balançou a cabeça, com sua frustração evidente saltando pela boca: “Isso é... É tão absurdo! Se nada pode ser mudado, então por que você continua? Por que você treina? Por que você vive?”
“Porque o caminho não é sobre mudar o que já aconteceu.” Gold respondeu, com sua voz firme e grave, tentando ensinar alguma coisa aos dois: “É sobre entender. Aceitar. E seguir em frente, sabendo que cada escolha que fazemos, cada ação, ainda é nossa. O destino pode estar escrito, mas o peso de nossas decisões nunca desaparece. Tudo o que passamos nos trouxe onde estamos, nos transformou em quem somos, e por mais insignificante que alguém possa pensar que foi, as suas ações ecoarão no futuro como tsunamis. A única forma de fazermos a diferença é através do futuro criado pelas nossas ações, e mudá-lo, é o mesmo que apagar todas as ações de todos aqueles fizeram alguma diferença na história.”
Momoa franziu a testa, ponderando sobre as palavras de Gold. Ele sabia que havia uma verdade profunda nelas, mas também sentia o peso da impotência pesar em suas costas como uma montanha: “Então, tudo o que estamos fazendo aqui... Tudo o que você está fazendo com ele... É inútil?”
Gold sorriu, com aquele sorriso enigmático que parecia carregar o peso de eras, e respondeu com muita tranquilidade: “Inútil? Não, garoto. Nunca subestime o valor de moldar quem você é. O futuro pode estar escrito, mas quem você se torna até lá é algo que só você pode decidir.”
Amara, uma adolescente perdida em uma conversa entre adultos, bufou, mas havia algo em sua expressão que sugeria que ela estava começando a entender: “Você fala como se estivesse completamente em paz com isso. Mas não pode ser fácil, sabendo o que vai acontecer.”
“Não é fácil.” Gold admitiu, com um toque de amargura em sua voz: “Nunca é. Mas é o caminho que escolhi. E é o caminho que ele...” Ele apontou para Zaki, que continuava batendo a cabeça contra o chão, antes de completar: “Também escolheu. Ele pode se tornar o maior monstro que este mundo já viu, mas neste momento, ele é apenas um garoto tentando provar seu valor. E isso, pirralha, é algo que nem o destino pode apagar.”
Amara ficou em silêncio, olhando para Zaki com uma expressão que misturava confusão e respeito. Momoa, por sua vez, sentiu um estranho alívio nas palavras de Gold. Era como se, apesar de toda a incerteza, houvesse uma centelha de esperança na aceitação. No fundo, ele queria que Gold resolvesse tudo, mudasse o futuro e recomeçasse tudo, mas o que ele conseguiu foi apenas uma lição de que aceitar é a maior forma de honrar todos os que se sacrificaram pelo que ele está vivendo neste momento.
“Então, o que você vai fazer com ele agora? Neste ciclo?” Momoa perguntou, com sua voz mais calma, mas curiosa.
Gold deu de ombros, voltando a observar Zaki, e afirmou: “O que sempre fiz. Vou treiná-lo. Vou desafiá-lo. Vou moldá-lo no que ele pode ser, mesmo sabendo o que ele vai se tornar. Porque esse é o meu papel nesse jogo. E porque, no fundo, acredito que cada passo que damos, por menor que seja, ainda importa.”
Amara olhou para Gold, com sua expressão suavizando enquanto ela ponderava suas palavras que deveriam ser digeridas por algum tempo até que ele entendesse completamente. Por mais difícil que fosse aceitar, havia uma lógica implacável na forma como ele via o mundo. E, de alguma forma, isso a fez sentir um pouco menos perdida.
Então, o silêncio voltou a reinar entre eles, mas desta vez, não era pesado. Era um silêncio de compreensão, de aceitação. E enquanto observavam Zaki continuar sua tarefa impossível, cada um deles começou a encontrar sua própria paz na inevitabilidade do destino.
