Capítulo 0893 - A Aliança Despedaçada
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O treinamento na Singularidade tinha se tornado um pesadelo constante para Momoa, Amara e Zaki. Cada dia, ou pelo menos o que parecia ser um dia naquela realidade distorcida, era um teste físico, mental e emocional que os empurrava além dos limites da compreensão. Gold, com seu plano meticulosamente cruel, os submetia a um ciclo interminável de desafios que forçavam cada um a lidar com suas maiores fraquezas.
Momoa, apesar de toda a sua experiência e força, se via completamente impotente durante as sessões. Gold não permitia que ele interviesse diretamente nos desafios que Amara e Zaki enfrentavam. Ele precisava assistir enquanto Amara, enfraquecida ao ponto da morte, era carregada por Zaki através de campos de lava e intempéries provocados pela mente sádica de Gold. Sua única tarefa era curá-los quando caíam, uma função que parecia banal para alguém de sua posição, mas que exigia dele um tipo de paciência e liderança que ele nunca imaginou precisar.
“Liderança não é só guiar. É saber quando confiar nos outros para que possam crescer.” As palavras de Gold ecoavam em sua mente, e, mesmo relutante, Momoa começava a entender o que significavam.
Amara, acostumada a ser uma força inquebrável, sentia sua arrogância desmoronar a cada novo desafio. Privada de sua força natural, cada movimento exigia dela uma quantidade absurda de baixíssima energia vital. E para piorar, sua sobrevivência dependia de Zaki, alguém infinitamente mais fraco do que ela. Exatamente o tipo de pessoa para quem ela olhava com um profundo desdém, como se sequer fosse um ser humano. Pela primeira vez em sua vida, Amara estava vulnerável e completamente dependente. E ela odiava cada segundo disso.
Contudo, em meio ao ódio, algo inesperado florescia a cada dia… Consciência e empatia. Amara começava a enxergar que sua força, por si só, não era suficiente. Que cada decisão, por menor que fosse, deveria levar em consideração não só as suas razões, mas os prováveis sofrimentos que ricocheteiam nos outros. No momento, Zaki era quem mais sofria com isso, mas Momoa, de certa forma, também passava pelo seu tormento, porque ele precisava treinar e crescer, foi para isso que ele entrou na Singularidade, mas enquanto Zaki e ela não chegassem ao nível de qualidade que Gold almejava, ele ficaria por anos sem conseguir ao menos tocar neste objetivo.
“Eu sou mais do que poder bruto… Eu tenho que ser!” Ela murmurava para si mesma, encarando Zaki, que carregava seu peso com uma determinação insana.
Zaki, por sua vez… Bem, se alguém observasse Zaki sem conhecer sua história, pensaria que ele era um completo lunático. Seu corpo, sem talento algum para o cultivo, sofria brutalmente durante o treinamento. Carregar Amara, sobreviver a ataques constantes e ainda manter o espírito resiliente era algo que ninguém, nem mesmo Gold, esperava que ele lidasse com tanta convicção.
Zaki não hesitava. Ele tropeçava, caía, chorava de dor e buscava raiva para suprimir essa mesma dor… Mas sempre se levantava. E pior, ele sempre mantinha Amara em segurança, independentemente dos ferimentos que pudesse sofrer para mantê-la a salvo.
Sua coragem, mesmo que ingênua e absurda, começava a se transformar em algo mais do que resistência. Cada fracasso era uma oportunidade de aprendizado, e Zaki, ao contrário dos outros, abraçava isso com um sorriso perturbador de quem parecia gostar de alcançar cada um de seus limites, só para superá-los na próxima tentativa.
“Eu sou um gênio! Não há obstáculo que o maior discípulo de Gold não possa superar!” Ele repetia, mesmo com o nariz ensanguentado e as pernas tremendo. Se ele caísse após caminhar um quilômetro, sua próxima meta era caminhar um e meio. Se ele caísse após um quilômetro e meio, sua próxima meta eram dois quilômetros.
Zaki não tinha nenhum limitador em sua mente. O seu limite estava sempre mais longe, e ele tratava isso como uma espécie de jogo masoquista que lhe dava uma força de vontade impossível de mensurar.
Um trio improvável estava trabalhando junto, sendo moldado pelo maior cultivador da história.
Enquanto Momoa lutava contra o peso da liderança e a inércia que tanto lhe incomodava, Amara aprendia a ser humana, e Zaki encontrava força na sua persistência insana, algo maior estava se formando. Sob a tutela de Gold, o trio avançava, dia após dia, rumo a algo que nem eles entendiam ainda. Porque, mesmo em meio ao caos, um fato era inegável… Momoa estava sendo moldado ao lado dos dois maiores prodígios de Decarius.
Amara, com seu talento inato e potencial absurdo,se tornou o segundo ser mais poderoso de sua geração. Zaki, embora parecesse apenas um tolo, carregava uma determinação tão desumana que um dia, inevitavelmente, o faria romper barreiras que nem ele imaginava, levando-o ao posto de terceiro na hierarquia de poder, ficando atrás apenas de Gold e Amara. E Momoa? Bem… Ele tinha o privilégio ou o fardo de ser o elo entre os dois, de conviver e aprender com eles enquanto se tornava algo ainda maior do que já era fora da SIngularidade.
Se ele pudesse assimilar em si um pouco da perseverança de Zaki e do talento de Amara, seu futuro seria ilimitado. Gold sabia disso. E por mais que ele nunca fosse admitir, ele já tinha reconhecido um bom homem em Momoa assim que o viu.
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Enquanto o tempo na Singularidade se dobrava e distorcia em favor dos desafios impostos por Gold, o mundo real continuava girando. Decarius e seus arredores vibravam com tensões crescentes, batalhas políticas e crises que ameaçavam alianças construídas a duras penas.
No Vale da Esperança, Zao Tian, Ming Xiao e os demais se reuniam em torno de Daren, em uma discussão tensa que poderia definir o futuro do próprio ambiente que os cercava.
Alguém precisava entrar na Singularidade, para buscar Yang Hao e trazê-lo, pois ele era a chave para desvendar o segredo por trás dos clones do Olho e combater a desinformação catastrófica que o futuro prometia.
Zao Tian queria ir, mas Ming Xiao era veementemente contra essa ideia.
Primeiro, Zao Tian era quem mais sofria a cada entrada em uma Singularidade, devido à sua memória fotográfica que tentava naturalmente reter todas as informações que a anomalia despejava em seu cérebro. Mesmo que para ele não fosse uma tarefa tão difícil hoje, uma quase reconstrução completa de seu cérebro sempre tinha riscos, ainda mais se tratando de uma anomalia tão nociva quanto uma segunda Singularidade.
Segundo, Zao Tian e Yang Hao tinham um histórico péssimo e sequer conseguiram conversar uma única vez sob o mesmo teto, então, ele, com certeza, deveria ser a última pessoa a ser enviada para contactar o imperador da Dinastia Yang.
Terceiro, Ming Xiao queria evitar ao máximo que Zao Tian, ele mesmo, e Cruz, entrassem na anomalia de novo, pois os dois primeiros eram pilares do novo mundo e essenciais para a contenção de danos dessa possível expedição, enquanto o terceiro, bem… Cruz jamais poderia pisar em uma Singularidade novamente. Somente aquele maluco tinha a chave para interferir no ciclo de tempo paralelo e perfeito que aquela técnica criava e remover coisas ou pessoas de uma Singularidade, então, enviá-lo não era nem mesmo uma hipótese a ser considerada.
Ragnar, Hildeval, Joster, Ming Xue, Ryuuji, Kyon, Yang Feng, Yang Chao, dentre outros, se prontificaram para a missão, mas vários fatores precisavam ser discutidos antes de, de fato, tomar uma decisão, como por exemplo, quem era capaz de convencer o imperador a voltar, quem não afetaria a estabilidade de suas regiões com seus afastamentos, e quem era descartável, caso o imperador não fosse encontrado e por algum motivo ele não conseguisse retornar para a linha do tempo atual.
Ninguém sabia quando no tempo Yang Hao caiu, muito menos onde ele poderia estar no momento. O imperador poderia estar do outro lado do universo, assim como Hakim, quando conheceu o Rei Salomão. Ele poderia estar preso pelos deuses ou Pemma Wangchuck, por exemplo, ou até mesmo morto. Não havia garantia de sucesso alguma para quem quer que fosse atrás de Yang Hao.
Aquela decisão precisava ser tomada rápido, mas não de forma impensada, então as melhores mentes de Decarius estavam se debruçando sobre as possibilidades que tinham à disposição.
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Gralkor, Planeta Orc…
Enquanto isso, a milhares de quilômetros de distância, Hatori pisava no solo árido e imponente de Gralkor, o planeta que era praticamente o coração do domínio orc. As planícies escarlates, cobertas de rochas e estruturas tribais monumentais, pareciam quase sem vida naquele dia. Era como se o próprio planeta estivesse refletindo a tensão e a raiva que permeavam suas gentes.
Ao lado de Hatori, Grok, o imponente general orc que fora seu aliado em Uhr’Gal, olhava adiante com uma expressão amarga e pesarosa. Ele sabia o que os aguardava no grande conselho de anciões após o que aconteceu em Uhr’Gal.
O Conselho dos anciões, formado pelos orcs mais velhos e respeitados de Gralkor, esperava por eles em uma estrutura colossal feita de ossos e aço negro. As portas do salão se abriram lentamente com as aproximações deles, revelando figuras imponentes que carregavam o peso de milênios de tradição e poder.
Hatori e Grok avançaram pelo salão, mantendo a postura firme, mas ambos sabiam que estavam entrando em território relativamente hostil. Mesmo sem armas em mãos, os anciões orcs projetavam uma presença tão esmagadora quanto a de qualquer guerreiro, e suas expressões também estavam claramente descontentes.
“Hatori.” A voz do mais velho dos anciões, soou como um trovão em um vale vazio. Seus olhos amarelados brilhavam com desprezo e raiva explícita, enquanto ele questionava: “Você ousa pisar em Gralkor novamente após o que fez?”
Hatori parou no centro do salão, mantendo sua compostura. Em respeito, ele baixou levemente a cabeça, como se pedisse desculpas, e respondeu: “Eu não vim aqui como inimigo, Ancião. Vim para reparar o que foi quebrado.”
“Reparar?!” Assim que aquela resposta caiu, um dos outros anciões bateu o punho contra a mesa de ossos, fazendo o som ecoar pelas paredes: “Depois do cerco a Uhr’Gal, depois do resgate do prisioneiro deles, você ainda fala em reparação? Você traiu nossa confiança, humano!”
“Isso não é verdade!” Todas as vozes e olhares estavam contra Hatori, mas Grok interveio, com sua voz tentando conter o caos crescente. Ele deu um passo à frente, defendendo Hatori enquanto explicava: “Nós agimos contra o Olho, não contra Gralkor ou Uhr Gal! Essa organização é, hoje, um inimigo comum de todos nós!”
O ancião mais velho imediatamente voltou-se para Grok, com seus olhos se estreitando com desdém enquanto sua boca xingava: “Você traiu sua própria raça, Grok. Você ajudou os humanos enquanto seus irmãos eram sacrificados. Você levantou armas contra os seus próprios irmãos… Acha que palavras bonitas vão limpar o sangue derramado?”
O semblante de Grok endureceu e ele quis responder, mas ele nada disse. A dor da acusação era evidente em seus olhos, e por mais que ele não tivesse machucado ninguém, no fim, tudo o que os outros veriam era um orc que se uniu a humanos para enfrentar outros orcs.
“Se ainda há chance de paz, peço que nos escutem.” Com o silêncio de Grok, Hatori acenou em apoio, e tentou novamente, com sua voz carregada de sinceridade: “O Olho manipulou os dois lados. Eles destruíram Uhr’Gal e usaram isso para nos dividir. Agora, mais do que nunca, precisamos estar unidos.”
“Palavras vazias!” Outro ancião rugiu antes mesmo que Hatori pudesse concluir: “A aliança com Uhr’Gal foi quebrada. E Gralkor não marchará ao lado dos humanos, apenas contra eles, se assim desejarem.”
Hatori olhou para o ancião sentindo o peso da derrota esmagando seus ombros. Apesar de suas tentativas de resolver a questão, seja em Uhr’Gal ou em Gralkor, as feridas deixadas pelo Olho eram profundas demais para uma relação tão recente e frágil quanto a que eles estavam construindo. Ele olhou para Grok, que parecia igualmente abatido, pedindo desculpas enquanto mantinha-se firme ao lado de seu aliado.
“Grok...” O ancião mais velho chamou, com sua voz assumindo um tom final e frio: “Por sua traição ao povo de Gralkor, ao povo orc, você será rebaixado. Não será mais um general de gorda, mas um mero oficial de pelotão. Seja grato por ainda manter algum status e não expulsarmos você junto com ele.”
Quando aquela sentença caiu, o olhar de Grok, que outrora exalava o orgulho de um líder, agora estava vazio. Ele tentou disfarçar os sentimentos e assentiu lentamente, aceitando a decisão com dignidade: “Sim, ancião.”
“E você, Hatori…” O ancião continuou, voltando sua atenção ao humano: “Você saiu com vida de Gralkor uma segunda vez. Não terá uma terceira oportunidade. Vá embora e nunca mais retorne.”
Hatori tinha muitas coisas para falar, mas não respondeu. Ele sabia que não havia mais o que dizer e aquela reunião era uma merda formalidade. As decisões já estavam tomadas muito antes deles chegarem lá, então, com um último olhar para Grok, ele virou-se e caminhou em silêncio para fora do salão, com sua presença agora se transformando em uma sombra no chão escuro de Gralkor.
Do lado de fora, o vento árido soprava com força, como se o próprio planeta quisesse expulsá-lo. Grok o seguiu, mas o peso em seus ombros parecia dobrado.
“Desculpe, Hatori…” Grok murmurou, com uma voz baixa e rouca: “Eu falhei em revelar a verdade para o meu povo e você está pagando por isso com sua honra sendo manchada.”
“Não.” Hatori prontamente respondeu, afastando toda a culpa que Grok poderia sentir, e, olhando para o horizonte vermelho e sem vida, continuou: “Nós fizemos o que podíamos. Agora, só nos resta esperar.”
“Esperar pelo quê?” Grok olhou com uma certa confusão para Hatori e perguntou.
“Pelo dia em que eles perceberão que o verdadeiro inimigo não somos nós. E que, infelizmente, muitos pagarão com as suas vidas como consequência das decisões que foram tomadas aqui!” Hatori respondeu, antes de acenar em despedida para Grok e desaparecer com o vento de Gralkor.
