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Capítulo 0897 - Perfeitamente Estranho

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Tenham uma boa leitura!]


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O céu de Decarius estava calmo, pintado em tons suaves de azul e dourado enquanto o sol começava a se pôr. No alto de uma colina afastada do Vale da Esperança, Shara'Kala estava sentada sozinha sobre uma rocha plana, observando o horizonte sem realmente vê-lo. Sua expressão, geralmente altiva e impassível, agora carregava um peso que ela não conseguia esconder. A ex-Khan de Uhr’Gal estava imersa em pensamentos que a consumiam, questionando sua posição, suas escolhas e as consequências das decisões de seu povo.


Ela estava sem pátria, sem rumo e confusa naquele momento, e mesmo a beleza do vale e o pôr do sol não conseguiam atrair sua atenção naquele dia.


“Ficar sozinha não vai resolver nada, sabia?” Enquanto Shara'Kala estava lá, perdida em seus pensamentos e deduções nada saudáveis, a voz grave e tranquila de Cruz soou atrás dela, rompendo o silêncio sem ser intrusiva. Shara’Kala não se virou de imediato. Ela respirou fundo, fechou os olhos por um momento e apenas respondeu: “Às vezes, o silêncio é tudo o que resta.”


Cruz acenou em concordância e caminhou devagar até se sentar ao lado dela na rocha. Ele então cruzou os braços e observou o mesmo horizonte que ela, deixando o silêncio pairar entre os dois por um tempo. Ambos sabiam que aquele momento não precisava de pressa, porque as palavras certas só poderiam surgir quando ambos estivessem prontos para encará-las.


“Eles não vão ouvir.” Shara’Kala finalmente quebrou o silêncio, com sua voz baixa, quase um sussurrando em lamento: “Meu povo… Eles estão tão consumidos pelo orgulho e pela raiva que não conseguem enxergar que estão sendo manipulados. E agora, aqui estou eu… Exilada, protegida pela humanidade, enquanto aqueles que deveriam ser meus aliados me consideram uma traidora.”


Cruz olhou para ela, mas não respondeu de imediato. Ele sabia que, em momentos como aquele, ouvir era mais importante do que falar.


“Eu fui Khan, Cruz.” Ela continuou, com sua voz ganhando intensidade, mas sem perder o tom amargo: “Eu realizei o meu sonho e liderei Uhr’Gal. Mas eu guiei meu povo para o engano e caí mais rápido do que qualquer outro Khan antes de mim. E agora… Agora sou uma sombra. Uma voz que ninguém quer ouvir. Meu próprio povo me renegou. E enquanto isso, os orcs estão sendo usados como peões por aqueles que realmente querem nos destruir.”


O laço de confiança que Cruz conquistou com Shara'Kala era algo histórico para ambos. A ex Khan nunca se abriu daquela forma com ninguém, nunca se permitiu demonstrar fragilidade, mas com Cruz, as coisas pareciam ser diferentes. Ele não a julgava e nem transmitia o perigo de estar se aproveitando de sua atual situação. Ele apenas escutava, estava ao lado dela, e falava o que precisava ser dito. Ele entendia, apoiava e fornecia um ombro amigo para ela.


“Eu entendo o que você sente.” Após o desabafo de Shara'Kala, Cruz finalmente falou, com sua voz tranquila, mas cheia de peso: “Não como uma Khan, mas como alguém que também já foi visto como um traidor. Alguém que já teve que tomar decisões que custaram vidas e carrega o peso disso todos os dias.”


Shara’Kala olhou para ele, intrigada pela sinceridade em sua voz. Cruz l, por sua vez, manteve o olhar no horizonte enquanto continuava: “Estamos em uma guerra, Shara'Kala. E guerras nunca são simples. Não importa o quão certo você esteja, sempre haverá quem o veja como o inimigo. Sempre haverá quem aponte o dedo para você e diga que suas escolhas foram erradas, mesmo que sejam as únicas escolhas possíveis.”


Shara'Kala franziu a testa, processando suas palavras antes de perguntar: “Você acha que eu fiz a escolha certa?”


Cruz virou-se para ela, com seus olhos sérios encontrando os dela, e respondeu: “Eu acho que você fez a escolha mais difícil. E, geralmente, são essas as escolhas que realmente importam. Você escolheu proteger seu povo, mesmo que isso significasse ser afastada dele. Escolheu lutar contra o verdadeiro inimigo, mesmo que isso a colocasse contra aqueles que você ama. Escolheu salvar um inocente, mesmo que isso lhe custasse tudo. Isso não é fraqueza, Shara’Kala. Isso é força!”


Shara'Kala desviou o olhar, apertando os punhos sobre os joelhos enquanto lutava para controlar a emoção que ameaçava transbordar de seu peito: “Mas e se eles nunca perceberem isso? E se meu povo continuar caminhando para sua própria destruição?”


“Então você faz o que puder para impedir isso.” Cruz respondeu, com firmeza, mas sem perder a suavidade: “Mesmo que isso signifique lutar contra eles. Mesmo que signifique sacrificar tudo. Porque, no fim, o que importa não é como eles veem você agora. O que importa é o que você deixa para eles, mesmo que eles nunca reconheçam isso.”


Shara’Kala ficou em silêncio por um longo momento, deixando as palavras de Cruz ressoarem dentro dela. Aquele homem era um figura e tanto, que mesclava o auge de um louco com a profundidade de um sábio.


Shara'Kala pensou, refletiu, e finalmente, ela soltou um suspiro pesado e balançou a cabeça enquanto dizia: “Você fala como se fosse fácil.”


“Não é.” Ele respondeu, com um leve sorriso que não chegava a seus olhos: “E nunca será. Mas ninguém disse que mudar o destino de um povo seria algo fácil, não é?”


Ela deixou escapar um riso seco, quase imperceptível, e olhou novamente para o horizonte enquanto reconhecia: “Você é mais sábio do que aparenta, Cruz.”


“E você é mais forte do que pensa, Shara’Kala.” Ele retrucou, com um tom sincero que trouxe um leve brilho de vida aos olhos dela.


Cruz riu suavemente diante da reação de Shara'Kala, mas não de forma zombeteira. Era um riso de alguém que entendia as nuances da vida, os altos e baixos, e que também sabia que ninguém estava imune ao peso das decisões difíceis.


“Você não percebe, Shara’Kala…” Ele disse, suavemente: “Mas a força não está apenas no que você faz, mas no que você suporta. E você tem suportado mais do que muitos poderiam aguentar.”


Shara’Kala olhou para ele novamente, dessa vez com um olhar que misturava gratidão e incredulidade. Ela não estava acostumada a receber palavras de conforto ou apoio. Sua vida como guerreira orc sempre foi marcada por julgamentos, exigências e expectativas impossíveis. Mas ali estava Cruz, um humano, que via através de sua fachada e enxergava quem ela realmente era.


“Você tem uma maneira estranha de falar, Cruz…” Ela murmurou, com um meio sorriso surgindo em seu rosto: “Sempre dizendo o que eu preciso ouvir, mas nunca do jeito que espero.”


Ele então inclinou a cabeça levemente, com um sorriso que carregava uma sinceridade rara, e respondeu: “É porque você não precisa de palavras bonitas, Shara'Kala. Você precisa de alguém que fale a verdade, mesmo que ela doa.”


*Vuuuuuuuuuu…* Quase como se fosse a vontade da natureza, o vento passou por eles, mexendo levemente nas vestes de ambos. A proximidade entre os dois parecia natural, mas carregava uma tensão sutil, algo que eles mesmos ainda não entendiam completamente.


“Às vezes, eu me pergunto como tudo seria diferente…” Shara’Kala começou, com sua voz mais suave, quase hesitante: “Se meu povo tivesse feito escolhas diferentes. Se eu tivesse feito escolhas diferentes.”


Cruz a observava enquanto ela falava, com seus olhos fixos nos traços marcantes do rosto dela, na determinação que ainda brilhava em seus olhos, mesmo em meio à dúvida que lhe rasgava por dentro: “E se eu te dissesse que cada escolha que você fez foi necessária para te trazer até aqui?”


Ela virou o rosto para ele, surpresa, e questionou: “Você acredita mesmo nisso?”


Ele assentiu, sem desviar o olhar: “O Gold sempre disse isso em seus discursos, e apesar de tudo nele me irritar, ele sabe das coisas. Então eu acredito que cada passo que damos, seja para frente ou para trás, nos molda. E, sinceramente, Shara'Kala… Eu acho que o universo não seria tão interessante sem você nele… Pelo menos não para mim.”


*Thump. Thump.* Ela sentiu o coração acelerar ligeiramente quando Cruz terminou de falar. Havia algo no tom dele, na maneira como ele a encarava, que a desarmava completamente. Não era apenas o que ele dizia, mas como ele dizia. Cruz tinha uma forma única de ser intenso e casual ao mesmo tempo, como se cada palavra fosse cuidadosamente escolhida, mas entregues com a naturalidade de quem não tinha nada a esconder.


“Você é uma pessoa difícil de decifrar, Cruz…” Ela admitiu, sem perceber que sua mão havia se movido levemente, quase tocando a dele: “Mas talvez seja por isso que você seja tão… Intrigante.”


Cruz percebeu o movimento e, em um gesto quase instintivo, permitiu que sua mão se aproximasse mais, até que os dedos deles se encontraram. O toque foi sutil, mas carregado de uma eletricidade que nenhum dos dois esperava.


Shara’Kala olhou para baixo, para as mãos que agora se tocavam, e depois de volta para Cruz, cuja expressão havia mudado ligeiramente. Ele ainda sorria, mas havia algo mais em seus olhos agora… Algo que ela não podia ignorar.


“Você acha que isso é um erro?” Ele perguntou, com sua voz baixa, quase em um sussurro.


Ela não respondeu de imediato. Sua mente estava em um turbilhão, tentando reconciliar o que sentia com o que achava que deveria sentir. Contudo, no fundo, ela sabia a resposta. E quando seus olhos encontraram os dele novamente, ela percebeu que Cruz já sabia também.


“Não…” Ela finalmente disse, com uma honestidade que surpreendeu até a si mesma: “Não acho que seja.”


Cruz sorriu mais abertamente agora, e com uma leve inclinação de sua cabeça, ele se aproximou. Shara’Kala não recuou. Pelo contrário, ela também se inclinou, permitindo que a distância entre eles desaparecesse lentamente.


O primeiro toque de seus lábios foi suave, quase hesitante, mas carregado de uma intensidade que ambos sentiram profundamente. Não era apenas um beijo, era a aceitação de algo que nenhum dos dois esperava, mas que parecia inevitável.


Eles entenderam cada segundo daquele gesto, aproveitaram cada instante, e quando se afastaram, por um breve momento, Cruz manteve a mão sobre a dela, com os dedos entrelaçados e ficou olhando para os olhos dela.


“Parece que encontramos algo que ninguém esperava…” Ele disse, com um sorriso que iluminava até mesmo os cantos mais sombrios do coração dela.


Shara’Kala sorriu de volta, pela primeira vez em muito tempo, sentindo um calor genuíno em seu peito, enquanto admitia: “Talvez… Às vezes, o inesperado seja exatamente o que precisamos.”


Naquele dia, sob o céu de Decarius, um humano e uma orc começaram algo que ninguém jamais entenderia completamente, mas que fazia todo sentido para eles. Uma aliança nascida não de política ou guerra, mas de algo mais profundo, algo que transcendeu as barreiras entre suas raças e suas dores. Aquele beijo podia ser estranho para muitos, mas foi perfeito para eles.


O ÚLTIMO HERDEIRO DA LUZ -UHL | NOVEL

© 2020 por Rafael Batista. Orgulhosamente criado com Wix.com

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