Capítulo 0911 - Profanador
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Zao Tian permaneceu na sala por mais algum tempo, analisando os pergaminhos e os equipamentos, mas agora com um novo pensamento em mente. Ele sabia que, para entender completamente o que se passava ali, precisaria explorar não apenas os documentos e os dispositivos, mas algo mais pessoal… Algo que pudesse conectar diretamente a mente de Jhora ao que fora feito ali. Ele precisava pensar e entender a mente de Jhora para ser mais eficaz na investigação.
Depois de ficar um tempo sozinho naquele lugar, Zao Tian saiu do túnel e foi direto para a sala do trono, onde Yanor parecia uma montanha sentada em outra.
Tudo naquele lugar era imenso. O próprio trono de Niflheim era maior do que alguns dos prédios mais altos de Decarius. Aquilo, de certa forma, chegava a ser até intimidador para a maioria dos seres.
Sentir-se pequeno diante de algo ou alguém não era uma coisa fácil de aceitar. E apesar de tudo aquilo ser apenas tamanho, Zao Tian conseguia perceber que seu subconsciente ainda tinha algum resquício de medo daquilo que extrapolava suas dimensões.
Como Daren disse um dia, os traumas não desaparecem em um passe de mágica. Zao Tian viveu a sua infância sendo subjugado e o resto de sua adolescência fugindo de alguém ‘maior’ do que ele. Dissipar esses traumas, medos e receios não era uma coisa que ele poderia fazer por completo. Por mais forte que ele fosse, e por mais importante que ele se torne, sempre existirá aquela sombra no seu subconsciente que, desde que não se torne paralisante, é até útil.
Após perceber o que se passava em sua mente e absorver o impacto daquela visão, Zao Tian respirou fundo e aproximou-se de Yanor, que fitava o centro da sala com uma expressão sombria, e perguntou sem rodeios: "Yanor, onde está o corpo de Jhora?"
O rei gigante o olhou de imediato, franzindo o cenho em confusão e hesitação, enquanto perguntava com uma desconfiança natural: "Por que pergunta isso?"
Zao Tian segurou o amuleto de transmissão sonora, que ainda permanecia mudo em suas mãos, e respondeu com firmeza: "Quero testar uma coisa. Quero ver se este amuleto reage ao contato com o DNA de Jhora. Se ele estava ligado a algo maior, talvez seu próprio sangue seja a chave para ativá-lo."
Yanor ficou em silêncio por alguns instantes, ponderando a ideia. A simples menção ao corpo de Jhora já era o suficiente para reabrir feridas que ele preferia manter fechadas. No entanto, ele sabia que Zao Tian não faria essa pergunta se não houvesse um bom motivo. Então, por fim, ele suspirou e assentiu: "Venha comigo."
Sozinhos, os dois caminharam para fora da sala do trono, andando pelos corredores esculpidos na rocha até chegarem ao lado de fora. O frio intenso daquela região de de Niflheim os envolveu de imediato, trazendo um contraste brutal com o calor abafado da câmara que Zao Tian tinha acabado de sair. Yanor liderou o caminho sem dizer nada, atravessando a grande fortaleza até chegarem a uma área afastada, onde o terreno era mais plano e coberto por uma camada fina de neve.
Lá, no meio daquele espaço isolado, havia um túmulo.
Zao Tian se surpreendeu ao ver que Jhora não fora simplesmente descartado ou deixado para apodrecer em algum canto esquecido. Diante dele, havia uma cova digna, com uma lápide feita de pedra translúcida e entalhada com inscrições que pareciam parte da cultura gigante. Era um túmulo real.
Ele olhou para Yanor, que permaneceu parado, com os braços cruzados e o olhar fixo na lápide.
"Você lhe deu um enterro digno…" Zao Tian comentou, sem disfarçar sua surpresa.
Yanor permaneceu em silêncio por um momento, pensando em tudo o que acabou de descobrir sobre seu pai, antes de responder: "Ele era um tirano. Um traidor. Vendeu seu próprio povo para os deuses e para o Olho. Eu o matei com minhas próprias mãos e destruí tudo que ele construiu em seu nome." Yanor então virou o olhar para Zao Tian, com sua expressão dura, mas sem raiva, e prosseguiu: "Mas, no fim, ele ainda foi um rei. Ele não governou apenas com crueldade e opressão. Teve momentos de grandeza, de liderança, de coragem. Teve momentos em que defendeu Niflheim, em que cuidou de seu povo, em que fez o que achava ser o melhor para sua nação. Nenhum homem é feito apenas de erros. Mesmo o pior deles carrega algo digno de ser lembrado. Por isso, dei a ele um enterro como o de um rei. Não pelo que ele se tornou no fim, mas pelo que foi antes de sua queda."
Zao Tian escutou atentamente, absorvendo as palavras de Yanor. Ele não podia discordar da lógica do gigante. Até mesmo os piores homens deixavam rastros de suas virtudes em algum momento de suas vidas. Nenhum ser era completamente bom ou mau. Tudo dependia da perspectiva de quem olhava para sua história.
Quando se deparou com Murdoc, uma das pessoas mais desprezíveis que ele já conheceu, Zao Tian pensou que ele era apenas maldade. Contudo, após se conectar às memórias dele e descobrir que, no fundo, escondido atrás daquele monstro que ele se tornou, Murdoc ainda era uma criança assustada que buscava aprovação e liberdade, Zao Tian viu que nem tudo era preto no branco. Que, de fato, as circunstâncias e experiências alteram as tomadas de decisões e moldam uma pessoa.
No olho de um conflito contra o Olho, Zao Tian estava pensando em um antigo membro da organização que lhe apresentou ao mundo cruel que a sede por poder pode criar. Mas, por mais que aquilo fosse importante, ele não estava ali para refletir sobre a moralidade de Jhora ou o passado de Murdoc. Ele estava ali para um propósito mais objetivo.
Sem mais delongas, Zao Tian se ajoelhou diante do túmulo e retirou o amuleto de transmissão sonora de sua veste. Ele segurou o objeto sobre a lápide, que foi criada a partir de uma parte do corpo de Jhora, e começou a canalizar uma pequena quantidade de energia espiritual através dele. Era um teste simples, mas poderia revelar muito.
Por alguns instantes, nada aconteceu. O amuleto permaneceu inerte, sem emitir qualquer sinal de atividade. Zao Tian estreitou os olhos e aumentou a intensidade da energia espiritual, mas, novamente, não houve resposta.
Ele franziu a testa, ponderando. O contato com o DNA de Jhora deveria ser suficiente para ativar qualquer vínculo que o amuleto tivesse com seu antigo dono… A menos que…
"O corpo de Jhora ainda está aqui?" Zao Tian perguntou, erguendo o olhar para Yanor.
O rei gigante ficou visivelmente desconfortável com a pergunta e respondeu de imediato: "Claro que está. O que quer dizer com isso?"
Zao Tian hesitou por um momento antes de explicar: "Se o amuleto não está reagindo, isso pode significar que a conexão foi rompida. E uma das únicas formas de romper um vínculo espiritual desse tipo é se o corpo original não estiver completo ou se algo foi alterado nele."
Yanor cruzou os braços e ponderou sobre aquilo, e respondeu com outra pergunta: "Está insinuando que algo foi feito ao corpo do meu pai?"
Zao Tian não respondeu de imediato. Ele se levantou e limpou a neve da mão, antes de encarar Yanor e explicar com calma: "Estou dizendo que precisamos ter certeza. Se houver algo errado com o corpo dele, isso pode significar que o Olho ainda tem influência em Niflheim de alguma forma."
O silêncio que veio após aquela resposta estava carregado de tensão. Yanor não queria acreditar que algo assim pudesse ter acontecido, mas ele também sabia que não podia ignorar a possibilidade.
Após alguns segundos, ele respirou fundo e declarou: "Se há qualquer dúvida, vamos eliminá-la agora mesmo."
Sem hesitar, Yanor gesticulou para Zao Tian se afastasse, pois ele mesmo iria abrir o túmulo.
Zao Tian deu alguns passos para trás e observou enquanto Yanor começava a escavar na neve congelada, removendo camada por camada até chegar ao solo firme abaixo.
Cada instante que passava aumentava a tensão no ar. Se o corpo de Jhora estivesse intacto, então a teoria de Zao Tian estaria errada. Mas se houvesse algo incomum… Isso significaria que a conspiração ainda não havia sido completamente desvendada, que alguém em Niflhein ainda poderia estar trabalhando com o Olho.
A neve foi se acumulando ao redor da cova enquanto Yanor cavava com mãos firmes e decididas, removendo camadas de gelo e terra compactada. O frio cortante de Niflheim parecia mais intenso à medida que a escavação avançava, e o silêncio entre os dois era tenso, carregado de expectativas. Finalmente, após alguns minutos, o corpo de Jhora deveria estar visível.
Mas não estava.
Yanor parou de escavar, com sua respiração pesada formando nuvens brancas no ar gélido. O que deveria ser o corpo de Jhora havia se transformado em uma substância viscosa e escura, uma massa amorfa que não se assemelhava em nada ao cadáver de um rei. O cheiro era horrível, uma mistura de ferro oxidado e decomposição acelerada. Era um fedor que não deveria existir em um clima tão frio.
Zao Tian se aproximou com cautela, agachando-se ao lado da cova e estendendo a mão para analisar a substância. Ele não precisou tocar para perceber que aquilo não era um processo natural. Os arredores de Zao Tian brilharam levemente quando ele ativou sua percepção espiritual, buscando resquícios de energia ou alguma assinatura que indicasse o que havia acontecido.
E ele encontrou.
Vestígios de uma técnica que ele já havia visto antes em livros, uma que envolvia corrosão da assinatura espiritual e destruição de vestígios biológicos. Um método preciso, eficiente e utilizado para encobrir rastros. Aquela substância não era apenas decomposição; Alguém havia interferido.
"Isso não é natural." Zao Tian afirmou, erguendo o olhar para Yanor.
O gigante se levantou abruptamente, olhando para os restos de seu pai com uma mistura de choque e fúria: "O que quer dizer com isso?"
"Alguém fez isso." Zao Tian respondeu, se levantando: "O corpo de Jhora não deveria estar assim. Mesmo em um ambiente diferente, a decomposição natural não ocorreria desse jeito, muito menos tão rápido. Isso foi feito para apagar algo. Para destruir qualquer evidência que ele poderia carregar consigo."
A fúria de Yanor explodiu naquele instante. Ele ergueu o rosto para o céu de Niflheim e rugiu, com sua voz ecoando como um trovão pelas montanhas congeladas: "Malditos! Quem ousaria profanar o túmulo de Jhora? Quem ainda trabalha para o Olho em meu reino?!"
Os ventos pareceram se intensificar diante da indignação do rei gigante. O gelo sob seus pés tremeu levemente, e alguns guardas, que estavam distantes observando, recuaram com cautela diante da ira do rei. Mas Zao Tian não se deixou afetar pela explosão emocional. Em vez disso, esperou pacientemente até que Yanor recuperasse o controle de suas emoções.
Quando Yanor finalmente baixou a cabeça, respirando fundo para conter sua raiva, Zao Tian cruzou os braços e falou com calma e precisão: "O que foi feito já está feito. Se há um traidor ou um espião em Niflheim, ele já está ciente de que estamos investigando. Mas podemos virar isso ao nosso favor."
Yanor olhou para ele com olhos ardendo de frustração e perguntou: "E o que sugere, Zao Tian? Caçar e esmagar todos que tenham a mínima suspeita de ligação com o Olho?"
Zao Tian balançou a cabeça, indicando que não era uma boa ideia, e respondeu: "Não. Isso apenas faria com que eles se escondessem ainda mais. O que precisamos agora é atrair o traidor, não afastá-lo. Precisamos criar uma situação em que ele se exponha e exponha algum de seus contatos. E para isso, eu sugiro que convoque ajuda externa para a reconstrução de Niflheim."
O olhar de Yanor imediatamente se estreitou ao ouvir aquilo, e ele questionou: "Acha que trazer estrangeiros para dentro de meu reino ajudará a encontrar um traidor?"
"Sim." Zao Tian respondeu com firmeza: "Se há alguém aqui que trabalha para o Olho, ele estará atento a qualquer movimentação que possa comprometer sua posição. Se trouxermos representantes de outras raças para cá… Se permitirmos que diferentes povos ajudem na reconstrução de sua capital, o traidor será forçado ou, pelo menos, tentado a reagir. Ele precisará encontrar uma maneira de impedir que informações vazem, ou que algo crucial seja descoberto por esses estrangeiros. E quando ele se mover… Nós estaremos esperando."
Yanor ficou em silêncio por um longo momento, ponderando a estratégia. A ideia de permitir que outros povos influenciassem sua terra em um momento tão delicado lhe causava desconforto, mas ele também sabia que Zao Tian tinha razão. Se alguém estava destruindo evidências, o inimigo ainda estava lá dentro.
Finalmente, o rei gigante assentiu, com sua expressão endurecendo com a determinação de encontrar o rato que se escondia entre os gigantes: "Muito bem. Enviaremos convites para aqueles que podem ser úteis. Vamos atrair o traidor… E quando ele se revelar, esmagaremos qualquer influência do Olho que ainda reste aqui."
Zao Tian sorriu levemente e respondeu: "Exatamente."
Quando aquele entendimento aconteceu, o vento gelado soprou com mais força, mas dessa vez, não parecia apenas um fenômeno natural. Parecia um prenúncio de mudanças vindouras. E enquanto Niflheim se preparava para sua reconstrução, Zao Tian sentia que tinha uma chance de dar um duro golpe no Olho.
