Capítulo 0914 - Virando o Jogo 2
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Enquanto Niflheim passava por seu momento complicado, em Gard, uma outra reunião, igualmente tensa, mas muito mais barulhenta, acontecia.
O sol lançava seus primeiros raios sobre as muralhas de Gard, iluminando as torres de arenito que pareciam se estender até o céu enquanto a cidade estava mais movimentada do que nunca, com os últimos líderes regionais e suas comitivas chegando de todas as partes do mundo. Cada canto do grande auditório do Palácio das Areias estava preenchido com figuras de influência, desde senhores de guerra e mestres de clãs até governantes de grandes territórios. Todos eles tinham algo em comum… Estavam ali para ouvir e questionar Hakim.
Hakim caminhava pelo centro do auditório montado para recebê-los, com passos firmes, com seu porte imponente e olhar altivo capturando a atenção de todos. Ele sabia que aquela reunião seria um divisor de águas para Decarius. A aliança que estava tentando construir não poderia sobreviver sem confiança, mas para conquistá-la, ele precisaria lidar com as dúvidas, críticas e egos inflamados que preenchiam o salão.
Jaha, por sua vez, mantinha-se discreto em um canto, observando atentamente cada detalhe que muitos deixariam passar despercebidos. Seu olhar perspicaz analisava os rostos presentes, buscando expressões que pudessem revelar intenções ocultas ou comportamentos atípicos. Ele sabia que o Olho tinha seus agentes infiltrados, e aquela reunião poderia ser o momento perfeito para eles agirem, afinal, era para isso que eles criaram todo aquele circo.
Quando todos finalmente se acomodaram, Hakim deu um passo à frente e ergueu a mão, pedindo silêncio. O burburinho cessou quase imediatamente, e ele finalmente começou.
“Senhoras e senhores…” Hakim iniciou, com sua voz ressoando com autoridade pelo auditório: “Estamos aqui porque Decarius está em um ponto crítico. A guerra contra os deuses já não é uma escolha…É uma necessidade. Mas antes que possamos discutir como lutaremos contra eles, um novo e igualmente vil inimigo se apresentou a nós, e há questões que precisam ser esclarecidas a todos.”
O murmúrio voltou brevemente, mas Hakim o interrompeu com um gesto firme.
“Sei que há rumores…” Ele continuou: “Sobre o ataque a Hill, a destruição que assolou uma divisão inteira e levou à morte de milhares. Alguns de vocês acreditam que fui o responsável por aquilo.”
Os olhares se intensificaram, e alguns líderes cochicharam entre si, mas Hakim os encarou diretamente, com sua postura inabalável.
“Eu não fiz aquilo.” Ele declarou, com uma firmeza que calou até os mais desconfiados: “Mas sei quem fez. Ou melhor, o que fez.”
Hakim então tirou um cristal de de sua túnica e ativou-o, projetando uma imagem tridimensional no centro do auditório. Era uma cena gravada das ruínas de Hill, com marcas de destruição deixadas por técnicas semelhantes às que Hakim utilizava.
“Esse não fui eu!” Ele disse, apontando para as imagens: “Isso foi obra de um clone!”
A afirmação causou um alvoroço no auditório. As vozes preencheram cada canto do lugar, alguns líderes se levantaram, e o que antes eram só murmúrios, cresceram em intensidade. Hakim, no entanto, esperou pacientemente que o barulho diminuísse antes de continuar.
“Sim, clones são reais!” Ele afirmou antes de prosseguir: “O Olho tem acesso a um conhecimento odioso para criar duplicatas de qualquer um de nós, capazes de replicar nossas técnicas e até mesmo as linhagens mais nobres e raras. Eles usaram isso para gerar caos e nos colocar uns contra os outros. É exatamente isso que aconteceu em Hill.”
“Se isso é verdade, por que devemos acreditar em você?” Perguntou um homem de cabelos grisalhos, um dos líderes mais influentes da região sul de Kaos: “Como sabemos que você não é um clone? Ou pior, como sabemos que não está apenas tentando encobrir seus próprios atos?”
Hakim o encarou diretamente, lançando um olhar que mesclava compreensão com desaprovação, e respondeu com sinceridade: “Porque eu não tenho nada a ganhar com isso. Se eu fosse o responsável, só por tocar no assunto, estaria admitindo.”
“Hill é um grande aliado de Gard, e Momoa, junto com o Vale da Esperança, são grandes aliados e amigos meus!”
“Atacá-los é seria um ato totalmente sem sentido. Um suicídio político que levaria meu reino a uma guerra sangrenta contra uma quantidade de grandes adversários que eu não conseguiria derrotar.”
“Eu não sou burro, senhores! Eu estou tentando mudar as coisas em meu reino desde o dia que retornei da Singularidade, para deixá-lo mais seguro, para deixá-lo mais próspero, para torná-lo um lugar melhor para se viver e uma referência para o mundo todo. Uma guerra imbecil contra Hill, outro continente que compartilha os mesmos ideais que nós, é a última coisa que eu, e consequentemente, Gard, queremos!”
“Eu confesso, perante todos vocês, que a existência dos clones é uma informação que soubemos um pouco antes de vocês…”
A plateia estava escutando o que Hakim tinha a dizer e, aos poucos, palavra por palavra, aceitando seus argumentos, mas quando ele terminou de dizer a última frase, um barulho ensurdecedor começou. As pessoas se levantaram novamente, injuriadas, xingando e desabafando por causa da falta de transparência não só dele, mas dos outros líderes mundiais.
O público estava xingando Hakim, que estava ao alcance deles, mas, no fundo, eles xingavam mais os líderes de seus próprios continentes do que apenas o rei de Gard. Esconder algo tão importante de todos era uma profunda quebra de confiança. Eles estavam se sentido menosprezados e manipulados pelas suas maiores referências.
Se não fosse pelo ataque a Hill, talvez a informação sobre os clones ainda estaria sob sigilo, restrita aos altos escalões, enquanto o povo sofre com falsos líderes, amigos e familiares entre eles.
Enquanto uma informação tão importante quanto aquela era negada ao povo, este mesmo povo, que era o mais afetado por todos os tipos de conflitos, estava à mercê de uma manipulação generalizada, seja ela do Olho ou de seus líderes.
O auditório fervilhava de indignação. Os líderes regionais gritavam, xingavam, apontavam dedos para Hakim, mas o verdadeiro alvo de sua ira não era apenas ele. Era a quebra de confiança que todos sentiam, a certeza de que haviam sido mantidos no escuro enquanto o destino de suas terras e povos era manipulado por forças que nem ao menos conheciam completamente.
"Vocês SABIAM disso e esconderam de nós?" Um senhor de vestes vermelhas bradou, com seus olhos queimando com fúria: "Quantos de nós já foram enganados? Quantos de nossos aliados e familiares foram mortos porque confiamos em quem NÃO DEVERÍAMOS?"
Uma mulher de cabelos curtos, líder de um clã influente das terras centrais de Hill, ergueu a mão e gritou acima do caos: "Eu mesma conhecia um guerreiro em meu exército que, ao que tudo indica, pode ter sido um clone! Ele desapareceu em uma missão e retornou dias depois… Mas algo estava errado! Ele falava diferente, agia diferente, e então, em uma noite, nos traiu e levou quase todas as nossas armas e suprimentos!"
A sala explodiu em mais conversas fervorosas. Outros começaram a relatar casos semelhantes… Pessoas que voltavam diferentes, decisões tomadas sem explicação, comportamentos erráticos entre seus próprios líderes e guerreiros. Para eles, os clones já estavam infiltrados, e ninguém sabia há quanto tempo.
Hakim ergueu as mãos mais uma vez, forçando sua presença sobre o auditório. Somente aquele ato não foi o suficiente para contê-los, desta vez, então sua voz cortou o tumulto como uma lâmina.
"EU ENTENDO!" Ele rugiu, com sua energia espiritual elevando para impor sua presença: "Mas entendam vocês também: O Olho queria que vocês soubessem disso dessa forma!"
O salão silenciou apenas o suficiente para que Hakim continuasse.
"Eu não estou aqui para me defender, nem para fingir que sou um santo. Sim, eu sabia sobre os clones antes de vocês. Mas sabem quem mais sabia? Os nossos inimigos. Sabe quem permitiu que isso chegasse ao ponto em que estamos agora? O Olho, que os usou para plantar discórdia entre nós. E eu garanto a vocês: se nós tivéssemos revelado essa informação mais cedo, o pânico teria se espalhado ainda mais rápido, e em vez de estarmos discutindo como lutar juntos, estaríamos nos matando em uma guerra civil!"
Os líderes logo ficaram em silêncio. Alguns ainda fervilhavam de raiva, mas começaram a entender a estratégia que Hakim tentava explicar. O pânico era a arma do Olho, e Hakim estava tentando evitar que ele se espalhasse de maneira incontrolável.
"Se querem me culpar, nos culpar, façam isso depois que terminarmos essa reunião." Hakim continuou, com sua voz voltando ao tom firme e calculado: "Mas agora, o que precisamos decidir é o que vamos fazer com essa informação. Sabemos que os clones existem. Sabemos que o Olho os está usando para minar nossa confiança e nos dividir. Então a pergunta é: vocês vão deixar que eles vençam?"
Um silêncio pesado preencheu o salão. Não era apenas uma questão de certo ou errado. Era uma questão de sobrevivência. O Olho já havia jogado sua peça, e agora era a vez deles responderem.
Muitos queriam continuar a discussão, mas não tinham coragem de fazê-lo, então, para mostrar sua indignação sem continuar batendo na mesma tecla, um dos líderes mais velhos, um homem robusto com olhos penetrantes e barba longa, ergueu a voz, mas desta vez sem gritar.
"Está claro que estamos lidando com um inimigo além da nossa compreensão." Ele começou, concordando com Hakim enquanto mudava de assunto: "Mas eu tenho uma outra preocupação… Algo que muitos aqui já discutiram antes de virmos para Gard."
Hakim, ao escutar o velho, cruzou os braços e aguardou.
"Essa… tecnologia de que todos falam…" Ele continuou: "Dizem que Gard está diferente… e eu posso ver que está. Dizem que você implementou mudanças drásticas, que tem coisas que não dependem da energia espiritual. Máquinas… trens… casas erguidas sem a força de cultivadores e plantações sendo administradas por coisas de metal que movem toneladas de terra sem gastar uma gota de suor… O que diabos é isso, Rei Hakim?"
Com aquela pergunta, o murmúrio voltou, mas desta vez não era furioso, e sim carregado de incerteza e curiosidade. Eles sabiam que Gard estava se desenvolvendo de maneira diferente, mas ninguém entendia realmente como.
Hakim respirou fundo e acenou com a cabeça em aceitação. Ele sabia que essa pergunta viria em algum momento.
"Eu chamo isso de tecnologia!" Ele então respondeu, antes de explicar: "É um caminho diferente, algo que não depende diretamente da energia espiritual para funcionar, mas sim do conhecimento, da engenharia, do esforço coletivo e do trabalho manual. Estamos construindo ferramentas que podem mudar a forma como vivemos, e mais importante… que podem dar um lugar no nosso mundo àqueles que não podem cultivar."
“Com as tecnologias que estamos construindo aqui, alguém sem cultivo pode ser capaz de produzir o mesmo que uma pessoa com um nível mediano, talvez até mais. Essa é uma forma de inserir todos em um mercado competitivo e produtivo que, talvez, pode evoluir até mesmo para futuras lutas, quem sabe…”
"Isso parece… perigoso…" Assim que escutou a última sentença, um outro líder interveio, com muito receio em sua voz: "Você está dizendo que quer mudar o funcionamento do mundo? E o que isso significa para nós? Você pretende compartilhar essa tecnologia com todos, ou Gard se tornará uma potência inalcançável enquanto o resto de nós fica para trás?"
Hakim suspirou, pois ele sabia que esse era o maior receio deles.
"Eu não pretendo monopolizar nada!" Ele disse calmamente: "Mas entendam algo: Gard está apenas no começo desse caminho. Ainda estamos aprendendo. Ainda estamos testando as possibilidades. E antes de compartilhar algo assim com o mundo inteiro, eu preciso garantir que estamos preparados para usá-lo corretamente."
Os líderes se entreolharam, processando as palavras de Hakim com um certo nervosismo.
"Então quer dizer que Gard está se tornando o que?" O líder de um pequeno clã perguntou: "Um centro de conhecimento? Um lugar onde a força espiritual deixa de ser relevante? Está tentando dizer que, no futuro, nós não precisaremos mais cultivar para nos fortalecermos?"
Hakim sorriu levemente, como se fosse alguém apresentando o fogo para macacos, e respondeu: "Não, não é isso. A energia espiritual sempre será parte de quem somos, e para alguns, infinitamente mais poderosa do que qualquer tecnologia que venhamos a desenvolver. Mas e se eu dissesse que há coisas que podemos construir, criar, inovar, que ampliam nossa força? Que nos permitem ir além do que os cultivadores convencionais podem fazer?"
O silêncio no auditório tornou-se pesado. Muitos líderes estavam intrigados. Outros, desconfiados. Alguns até pareciam temerosos.
Jaha, que permanecera em silêncio o tempo todo, decidiu intervir. Sua voz era calma, mas incisiva.
"O que Hakim está propondo não é substituir o cultivo." Ele disse: "É dar às pessoas comuns a capacidade de se defender, de prosperar, de construir algo maior do que apenas sua força individual. Vocês temem o que não entendem, e isso é natural. Mas pensem nisso: e se pudéssemos criar uma forma de nivelar nossa sociedade, aumentando produção, diminuindo desigualdades e dando a cada um de nós condições para que possamos nos desenvolver como indivíduos sem as amarras do cultivo. Hoje, em todos os continentes de Decarius, existem pessoas que por aleatoriedade ou algum fator ainda inexplicável para nós não são capazes de usar energia espiritual. Essas pessoas são vistas por muitos como pesos mortos, estorvos… Mas com a tecnologia, daremos a elas um lugar na sociedade, diminuindo os custos que vocês têm com elas e consequentemente aumentando suas receitas."
As palavras de Jaha atingiram o auditório como um trovão. O medo rapidamente deu lugar à contemplação. Alguns líderes assentiram lentamente. Outros ainda pareciam relutantes. Mas uma coisa era certa: a semente da mudança havia sido plantada.
Hakim percebeu a mudança na atmosfera e soube que aquele era o momento certo para encerrar o assunto.
"Eu não estou pedindo que aceitem isso de imediato." Ele disse: "Mas saibam que Gard não pretende se isolar. Quando for o momento certo, essa tecnologia estará disponível para todos que fizerem parte desta aliança. Mas até lá… precisamos trabalhar juntos para garantir que cheguemos vivos até esse futuro."
O auditório ficou em silêncio. A reunião estava longe de terminar, e ainda havia muitas perguntas a serem respondidas. Mas Hakim sabia que, pelo menos por enquanto, havia conseguido desviar a atenção da desconfiança absoluta para um debate mais construtivo.
