Capítulo 0935 - Silêncio
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O universo voltou a estremecer.
A luz acumulada ao redor do Monarca da Luz girava com tamanha intensidade que parecia gerar gravidade própria, sugando o brilho das estrelas distantes e tornando o espaço ao redor um turbilhão ofuscante, impossível de encarar por mais de um segundo. Era como se Zaki estivesse encarnando uma supernova prestes a colapsar sobre si mesma e levar com ela tudo que existia nas proximidades.
Mas… Mesmo diante de tamanho poder, Cruz não cedeu.
Enquanto a espiral luminosa girava, ameaçando devorá-lo, junto com a realidade, ele cravou os pés no vácuo como quem finca raízes no fim do mundo. Seu corpo tremia, coberto por feridas abertas e sangue negro que evaporava em partículas gravitacionais. Seus olhos, no entanto, brilhavam, não com esperança, mas com algo mais profundo: a recusa absoluta de desaparecer.
“Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaargh.” Com um grito violento, ele girou sua arma espiritual, e o bastão escuro de Rybur se expandiu, criando um vórtice negro que parecia ter três pontas que giravam em sentidos opostos, rasgando a própria matéria e expondo as camadas internas da antimatéria como se fossem nervos à flor da pele. Cruz girou aquilo com ambas as mãos, e o espaço ao redor respondeu com relâmpagos negativos, inversões de energia que implodiam em vez de explodir, deixando rastros escuros como rasgos na luz.
*Boooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooom…* Então a luz de Zaki caiu.
Foi como ver um sol cair do céu e colidir contra uma muralha feita do próprio vazio.
A colisão gerou um terceiro campo de existência. Luz e trevas se encontraram não para se destruir… mas para se consumir, para digladiar. E no momento do contato, a realidade oscilou. Os pontos fixos do espaço se distorceram. Havia uma dança ali… uma dança de opostos perfeitos, de extremos absolutos. Cada centímetro de luz que tocava a escuridão de Cruz se dividia em espectros e explodia com repulsa. Cada porção de antimatéria que avançava contra Zaki era esmagada por impulsos fotônicos, mas voltava em formato de vácuo, arrastando o ataque junto consigo.
Zaki estreitou os olhos. Seu rosto perdeu a expressão de arrogância, não em medo, mas em espanto. Ele observava, com olhos que já tinham visto deuses sangrarem e monstros se ajoelharem, um homem que não deveria aguentar, se manter de pé.
“Impossível…” Murmurou ele, com a voz abafada pela própria energia.
Então Zaki despejou mais.
Sua aura brilhou em tons cada vez mais perigosos, invocando não apenas luz, mas também relâmpagos e a radiação de frequências que nem mesmo a ciência conhecia. Sua energia se tornou instável, um colapso de partículas, um redemoinho que não obedecia mais às leis da termodinâmica. E ele empurrou tudo contra Cruz. Tudo.
*Craaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaash…* Aquilo parecia o início ou o fim de tudo. Cruz gritou. O impacto do poder de Zaki o fez afundar no próprio espaço, criando uma cratera no vácuo. As pontas do bastão racharam. Seu braço esquerdo rompeu os tendões. Sangue saiu pelos seus olhos, nariz e ouvidos ao mesmo tempo. Mas ele não largou a arma. Ele não largou.
E então, a luz de Cruz piscou.
Foi nesse momento que o impossível aconteceu. Yang Chao apareceu atrás dele, sem aviso, sem hesitação, e estendeu os dois braços calejados. Uma aura verde-pulsante explodiu como um furacão de vida em expansão.
“Você não vai cair. Ninguém vai cair enquanto eu estiver aqui!” Ele rugiu, e sua energia se uniu à de Cruz, criando uma muralha viva entre a luz destrutiva de Zaki e seus companheiros. A regeneração de Yang Chao começou a funcionar como um escudo: todo impacto que Cruz recebia era drenado, redirecionado e anulado por sua carne quase imortal, por sua fé inabalável de que era possível resistir.
Shara’Kala chegou logo depois, girando o Sussurro de Sangue acima da cabeça, e o cravou no chão do espaço como um pilar. Seu sangue caiu sobre a arma e foi absorvido com selvageria, fazendo a lâmina crescer e pulsar como se tivesse vida.
No mesmo instante, ela usou o Coração do Abismo para absorver parte da radiação do ataque de Zaki, sugando não só energia, mas também fragmentos da afinidade do Monarca com a luz.
“Se o mundo não está pronto pra nós…” Ela rosnou: “Então que o mundo arda com a gente!”
*Boooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooom…* A espada de Shara’Kala devolveu parte da luz contra sua própria fonte. A espada dele tremia enquanto aquilo acontecia, mas a orc não arredava o pé do lado de Cruz e Yang Chao.
*Tssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssss…* Por fim, Yang Hao se ergueu como uma fênix disforme, com seu corpo coberto de chamas escarlates caóticas e os olhos dilacerados pela dor e pela claridade da explosão. Ele fincou a Ressurreição Ardente no meio da escuridão de Cruz e liberou sua intangibilidade por completo.
O fogo se tornou Yang Hao e Yang Hao se tornou o fogo.
O ataque de Zaki, ao tocá-lo, começou a atravessá-lo como se fosse fumaça, mas ao fazer isso, ele perdia parte da consistência. Parte da luz foi dissolvida na ausência de matéria. Era uma manobra quase suicida, mas Yang Hao não pensava mais em sua sobrevivência. Ele pensava em dar mais alguns segundos.
Mais segundos para Cruz.
Mais segundos para o impossível.
Aquele era o mais longe que ele havia chegado de testemunhar alguém verdadeiramente grande. E agora, ele era testemunha ocular de dois dos maiores seres que ele viu pisar na terra… Zaki… E Cruz.
Enquanto isso, Zaki encarava tudo aquilo. Pressionando. Quatro guerreiros, destruídos, quebrados, queimando, sangrando, lutando não por vitória, mas por negação.
E então, pela primeira vez, ele hesitou.
Por um único segundo, a luz oscilou.
A muralha de escuridão, vida, selvageria e chamas suportou o impacto.
O feixe… parou.
E então veio o silêncio.
O silêncio que se instalou não era de paz.
Era o silêncio de um campo de guerra depois que todas as armas dispararam, depois que o último grito se esgotou, depois que o tempo, por um instante, teve medo de continuar.
O espaço ao redor ainda se desintegrava em pontos, como se estivesse tentando lembrar como se comportar. Fragmentos de luz e sombra pairavam no vácuo, desprovidos de direção, como se a própria realidade tivesse sido partida ao meio e deixada para morrer.
E no centro de tudo, os quatro guerreiros… estavam de pé.
Mas eles estavam destruídos.
Cruz, o primeiro a encarar o impacto, permanecia com os braços erguidos, ainda segurando o bastão de antimatéria de Rybur. Mas só porque seus braços não podiam mais cair. Eles não se mexiam. Os músculos, tensos como cordas prestes a arrebentar, haviam ultrapassado qualquer limite de esforço. Seus nervos queimavam, literalmente, como se fossem fios incandescentes. Sua coluna inteira pulsava em ondas de dor. O pescoço, frouxo, forçava seus olhos para baixo, mas ele não conseguia nem mesmo tombar a cabeça para encarar o chão inexistente sob seus pés. O sangue, espesso, escorria por cada poro, não mais apenas dos ferimentos, mas dos olhos, ouvidos, e da base da língua. Ainda assim… ele não caía.
Sua mente era um turbilhão de vozes: algumas gritavam em pânico, outras sussurravam cálculos e instruções, outras ainda gargalhavam, como se tivessem assistido algo divino e encontrado sentido no caos. Cruz, no fundo, não sabia mais se era ele quem pensava ou se as vozes tinham assumido o comando por completo.
Yang Chao, logo atrás dele, arfava de boca aberta. Seus pulmões, regenerados inúmeras vezes nos últimos minutos, agora tinham dificuldades de entender o que era oxigênio. O peito subia e descia em um ritmo caótico, irregular. Suas pernas, antes firmes como colunas ancestrais, tremiam levemente, como o bambu ao vento. E mesmo que sua regeneração tivesse reconstruído cada órgão e célula, o seu espírito... estava exaurido. Seus olhos continuavam atentos, mas suas mãos estavam cerradas em punhos não por convicção, mas por espasmo muscular. Seus meridianos chiavam, como cordas estouradas vibrando no vazio, e mesmo com o corpo inteiro renovado, Yang Chao sabia que… se forçasse mais uma vez, seu espírito poderia se romper de dentro pra fora.
Shara’Kala, ajoelhada com as armas flutuando ao lado do corpo, mantinha os olhos semiabertos. Sua armadura estava em pedaços. As lâminas de suas armas ainda brilhavam, mas o brilho era irregular, como se o Espírito dentro delas estivesse ferido. O braço esquerdo pendia sem força, completamente morto. O braço direito, embora agarrado ao cabo da espada, tremia incontrolavelmente. A energia de vida dentro dela ainda existia, mas estava dispersa, como um rio que tenta correr com o leito destruído. A radiação que absorveu havia queimado parte de sua essência mais íntima. Até suas memórias pareciam instáveis, como se o trauma da luta tivesse interferido em seu passado. Mas ainda assim… ela sorria. Um sorriso leve, com o canto dos lábios, quase um espasmo. Um sorriso que dizia: Eu vi o impossível… e sobrevivi.
E então havia Yang Hao.
O imperador, o pilar da Dinastia Yang, aquele que atravessou centenas de ciclos para tentar compreender o que era ser forte, flutuava com a cabeça baixa. Seu corpo inteiro ardia como uma tocha humana. Sua pele estava quase toda escamada em chamas vivas. A Ressurreição Ardente ainda queimava em sua mão, mas a lâmina tremia, quase se desfazendo. Metade de seu rosto estava desteruído, irreconhecível. Seu peito estava afundado, como se o osso esterno tivesse se partido por dentro. E mesmo assim… ele não abandonou sua posição. O fogo dentro dele estava fraco, instável… mas ainda queimava. Seu olhar, embora coberto de lágrimas de fogo, encarava o horizonte como quem ainda esperava a próxima investida.
Mas ela… não veio.
Zaki, o Monarca da Luz, flutuava acima deles, com sua armadura trincada, o manto rasgado e uma expressão difícil de decifrar. Não era frustração. Não era raiva. Era… algo próximo da curiosidade.
O silêncio persistiu por mais alguns segundos. Depois, Zaki finalmente falou.
“Vocês suportaram.” Disse ele, com a voz baixa, serena, quase reverente: “Não da forma mais bela. Não da forma mais elegante. Mas... suportaram.”
Ele olhou para Cruz, e por um instante, algo parecido com respeito atravessou seus olhos: “Você… é uma anomalia. Um erro na matemática do destino. E erros como você são perigosos… porque não obedecem a lógica.”
Zaki cruzou os braços, deixando as armas repousarem atrás das costas. O brilho ao redor de seu corpo diminuiu levemente. E ele falou: “Esta é uma Singularidade. Eu sabia, desde o início, mesmo que não tivesse certeza. Mas agora eu sinto. Este lugar é uma dobra. Um espaço onde o tempo corre como um sonho febril. Um mundo que não segue as regras... e onde a morte não é definitiva.”
O olhar dele caiu sobre todos os quatro. Feridos. Semi-inconscientes. Mas vivos, e reconheceu: “Vocês entraram em uma luta na qual apenas vocês tinham algo a perder. Se me matassem, mesmo que por algum milagre, de nada adiantaria… Mas o oposto é definitivo. E por isso… vou deixá-los em paz.”
Aquela frase pairou no ar como uma mentira, porque parecia ser impossível. Um ser como Zaki não podia simplesmente ir embora depois de tudo aquilo. Mas a voz dele não tremia. Sua decisão era real.
“Vocês cruzaram um limiar. O limite entre o inaceitável e o inevitável. Mas não se enganem… se fosse lá fora, vocês estariam mortos. Mas aqui… vocês dançaram com a luz e não foram engolidos. Há mérito nisso.”
Depois de dizer aquilo, ele então se virou, de costas.
“Aproveitem o tempo que resta neste ciclo. Curem-se. Treinem. Sonhem com a vitória.” Sua voz agora soava distante enquanto ele se afastava lentamente: “Porque quando nos encontrarmos de novo… eu posso não duvidar mais sobre o quanto vocês merecem desaparecer.”
*Swoooooosh.* E com isso, com o cair daquelas palavras, ele se dissolveu em luz. Cada átomo seu se espalhou em todas as direções, como se o próprio espaço estivesse movendo Zaki para onde ele queria.
E então, o cosmos ficou em silêncio mais uma vez.
Não pela destruição. Não pelo medo. Mas pela sobrevivência.
Porque naquele dia, naquele ciclo, contra o maior dos inimigos… Eles não venceram. Mas também… não caíram.
