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Capítulo 0939 - Forjado na Dor

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Tenham uma boa leitura!]


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Os últimos dias dentro da Singularidade foram estranhamente serenos. Nenhum novo desafio apareceu. Nenhum inimigo poderoso surgiu. Nenhuma distorção do tempo tentou dilacerar suas almas.


Recuperando-se, Yang Hao caminhava entre montanhas que ele mesmo havia destruído incontáveis vezes. Ao lado de Cruz, Yang Chao e Shara’Kala, ele olhava para o céu da Singularidade e sentia… preparo.


Talvez não o preparo absoluto para vencer todos os inimigos, mas o tipo de preparo que um homem tem quando finalmente reconhece sua função no mundo.


"O ciclo está para acabar." Yang Chao disse, com os olhos voltados para o alto.


"Desta vez, sairemos para pôr fim ao verdadeiro problema." Yang Hao não respondeu. Apenas assentiu.


A paz que sentia era como a calma de um campo antes da erupção de um vulcão. O silêncio do predador antes do salto. E dessa vez, ele não era a presa.


Foram feitas muitas preparações para aquela missão, mas por incrível que pareça, mesmo tendo uma experiência coletiva de quase morte, o sucesso veio muito mais fácil do que o esperado.


Quem sabe a sorte não estava começando a ficar do lado deles?!


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Enquanto isso, na dobra mais bizarra de todas as realidades, o tempo não seguia as leis naturais nem para a bizarrice que aquela técnica criava. 


Gold havia selado aquela Singularidade, estendendo-a indefinidamente. Lá dentro, três séculos inteiros haviam passado. Três séculos de puro inferno.


Não havia dia nem noite.


Não havia descanso.


Apenas desafios absurdos, mudanças radicais de pressão, realidades desfeitas e reconstruídas em segundos, criaturas que surgiam infinitamente, campos energéticos que despedaçavam a alma… E Gold, o arquiteto cruel de tudo aquilo, estava sempre observando, sempre julgando.


Zaki, o mais frágil entre os três, tornou-se o que mais sangrou.


Desde o primeiro dia, ele foi tratado como um fardo, como um inseto.


"Levanta, moleque. A vergonha ainda não te matou, mas posso providenciar algo melhor." Era assim que Gold falava com ele. Não havia compaixão. Pena era a última coisa que Gold conseguia sentir por alguém, principalmente por um aluno.


Zaki apanhava. Praticamente morria. Era refeito. Quase morria de novo. Ele estava preso em um ciclo doloroso de reconstrução física, emocional e espiritual.


Ele não nasceu para ser grande, e Gold fazia questão de lembrá-lo disso. Mas nem mesmo a face da morte, que o encarou repetidamente, conseguiu apagar aquela centelha obstinada que queimava dentro dele.


Enquanto Amara e Momoa meditavam, Zaki tentava dominar poderes que fritavam sua alma a cada erro.


Enquanto os dois descansavam após uma luta, Zaki era jogado em outra batalha.


Ele nunca foi poupado. Nunca teve uma pausa. Nunca teve reconhecimento. 


Mas ele continuava.


De forma voluntária, ele arrastava-se em meio aos ossos de criaturas mortas. Ficava dias preso em vórtices de gravidade reversa, com os ossos deslocados, até aprender a manipular cada célula para se adaptar. E mesmo assim, ele voltava.


Amara, por outro lado, era o oposto.


Desde o começo, tudo parecia fácil demais para ela.


Força, talento, controle espiritual, entendimento de técnicas, tudo fluía como se tivesse sido esculpido nela desde antes do nascimento.


Gold a olhava com irritação constante.


"Pirralha... você me dá enjoo com esse olhar de superioridade. Se você não sair daqui melhor do que perfeita, eu vou redefinir a palavra fracasso." Amara não era poupada dos insultos que todos ali escutavam constantemente.


Ela flutuava acima das calamidades, assistia as armadilhas colapsarem ao seu redor sem nem um fio de cabelo fora do lugar.


Mas a facilidade virou tédio. E o tédio virou fraqueza.


Gold percebeu, esperou. E então, ele começou a quebrá-la.


Ele tirou sua segurança.


Forçou-a a lutar com os olhos vendados, mãos amarradas e tudo que era possível imaginar.


Ela teve que manipular energia espiritual sob tortura sensorial e mental.


A permanecer em meditação por décadas, dentro de um plano de caos absoluto, onde nada fazia sentido, nem o tempo, nem o espaço, nem as próprias memórias.


Amara foi forçada a viver pesadelos em que era traída, morta, esquecida. Em cada um deles, sua mente era testada.


E foi aí que ela entendeu: talento não é tudo.


Zaki, o moleque que ela chamava de peso morto, ainda se levantava quando ela queria desistir.


Momoa, o guerreiro lendário, agora era mais que força. Era estabilidade. Era espelho. Era presença.


Ela não os admirava.


Mas os respeitava.


E, no fim, passou a respeitar a si mesma também.


Quanto a Momoa… sua jornada foi mais silenciosa, mais amarga.


Ele havia chegado ali com a força de milênios. Já tinha vencido deuses, derrubado lendas, enfrentado forças que a maioria sequer imaginava.


Mas Gold não ligava.


"Verdinho… sua arrogância fede tanto quanto sua ignorância. Você é só um casulo de poder com cérebro preguiçoso." Momoa apertava os punhos sempre que escutava algo do tipo vindo da boca de Gold.


No início, não entendia. Achava que Gold o provocava por desprezo, provocação. 


Mas, com o tempo, percebeu que era o contrário.


Gold sabia que ele podia ser mais.


E então, o empurrou até os limites mais primitivos do eu. Fez com que batalhas não pudessem ser vencidas com força bruta. Fez com que técnicas comuns fossem inúteis. Forçou-o a usar o que ele sempre ignorou: pensamento, sensibilidade, controle emocional.


Gold transformou-o num mentor forçado de duas crianças problemáticas. Transformou-o num guerreiro que precisava mais ouvir do que esmagar.


Ao fim dos três séculos, Momoa não era mais o mesmo.


Nem Amara.


Nem Zaki.


As auras dos três agora eram semelhantes. Potência, profundidade, domínio de múltiplas formas de suas próprias energia… cada um havia trilhado um caminho único até o topo.


Naquele dia, Amara se manteve flutuando acima do solo, com os olhos fechados. Uma tranquilidade quase divina emanava dela.


Zaki estava de pé, com os braços cruzados, com um semblante de alguém que tem convicção de seu poder, porque fez por merecer tê-lo. Seus olhos brilhavam com firmeza e segurança. Ele não tremia mais. Ele parecia não ter mais medo ou limites.


Momoa caminhava entre eles como um general veterano. Sua aura agora era calma, mas impossível de ser ignorada.


Gold os observava de longe.


De braços cruzados e com um sorriso quase imperceptível nos lábios.


"Finalmente… vocês três pararam de me dar vergonha."


Ele virou as costas.


"Depois de mais alguns séculos, talvez eu deixe vocês irem." Gold avisou.


Zaki não reclamou.


Amara nem abriu os olhos.


E Momoa… sorriu.


Pela primeira vez em séculos, ele sorriu de verdade. Ele estava orgulhoso, porque, mesmo à sua própria maneira, Gold tinha elogiado eles.


Antes, eles eram estorvos uns para os outros.


Zaki era o incômodo persistente que sangrava por todo lado, sempre tentando alcançar algo inalcançável.


Amara era a arrogância encarnada, que flutuava acima dos problemas como se estivesse em outro plano, sem tempo ou paciência para lidar com "gente inferior".


Momoa… era o veterano impaciente, forçado a lidar com dois jovens que pareciam mais um fardo do que uma promessa.


As críticas entre eles eram constantes. Acusações veladas, provocações diretas, silêncios pesados. Eles não treinavam juntos. Apenas dividiam o mesmo espaço, como prisioneiros forçados a compartilhar a mesma cela.


Mas os séculos passaram.


E, com o tempo, entre quedas e vitórias, entre insultos e silêncios, eles foram se conhecendo de verdade.


Quando Zaki caiu e quase não se levantou mais, foi Amara quem permaneceu ao seu lado, velando por sete dias até que ele voltasse a abrir os olhos.


Quando Amara surtou em um dos planos ilusórios criados por Gold, presa num pesadelo que parecia eterno, foi Momoa quem a carregou nos braços até que sua mente retornasse ao presente.


Quando Momoa ficou preso numa formação de energia caótica, quase perdendo o controle, foi Zaki quem se jogou para dentro dela, mesmo sabendo que não tinha poder para salvá-lo… e salvou.


Eles se quebraram juntos.


Se curaram juntos.


E, quando não havia mais o que quebrar, restou o respeito.


Agora, eles eram mais do que alunos de um mesmo mestre cruel. Eram aliados. Companheiros. Amigos.


Momoa, parado à beira de uma plataforma suspensa no vazio daquela realidade distorcida, olhava para Zaki à distância. O jovem agora era um homem. De olhar firme. De espírito calmo. Inteligente, estratégico. Um dos poucos que tinham coragem de discordar de Gold sem soar como um tolo.


E, mesmo assim, havia algo que não saía da cabeça de Momoa.


Ele conhecia a história. Ele viveu a história.


Momoa sabia o que Zaki havia feito na Grande Guerra. Sabia que, em algum momento, aquele mesmo homem que agora ele respeitava, talvez até admirasse, virou as costas para a humanidade e se aliou aos deuses.


A dúvida corroía sua mente.


Como aquilo era possível?


Como aquele homem íntegro, que tantas vezes se sacrificou pelos outros dentro da Singularidade, poderia ter se tornado um símbolo de traição?


Momoa cruzou os braços, com a mente mergulhada em conflito.


Ele tentou ignorar o pensamento, mas era impossível.


Era como se houvesse duas versões de Zaki: a que a história contava, e a que ele conheceu naquela singularidade.


E a distância entre elas era absurda demais.


"Está pensando alto de novo, verdinho." Enquanto Momoa estava preso em seus pensamentos, a voz de Gold soou às suas costas, sem qualquer respeito ou cerimônia.


"Esse seu olhar de dúvida me dá ânsia. Se não entendeu até agora que o mundo é mais podre do que parece, talvez eu devesse te quebrar mais um pouco." Gold finalizou.


Momoa não respondeu.


Gold se aproximou lentamente, mas não olhou para ele. Seu olhar seguiu a mesma direção que os olhos de Momoa, e travou em Zaki: "Você quer entender como alguém como o moleque virou aquilo, não é?"


Momoa manteve o silêncio.


"Talvez você devesse perguntar pra ele." Gold sugeriu.


"Ele não pode falar sobre o que ainda não viveu." Momoa respondeu.


"Talvez ele esteja falando, mas nós nos recusamos a ouvir." Gold falou e começou a se afastar enquanto conjecturava: "Talvez, seja porque, se pararmos para ouvir… A não consiga mais dormir direito."


Momoa permaneceu ali, com o olhar fixo em Zaki.


A resposta não viria de Gold.


Mas ele precisava entendê-la.


Talvez, quando saíssem dali, se algum dia saíssem —, ele finalmente perguntaria.Talvez, naquele momento, a amizade que tinham construído fosse forte o suficiente para suportar a verdade.


Mas, no fundo, ele esperava que nunca fosse necessário. Porque o Zaki que ele conhecia agora não era um traidor. Era um herói forjado na dor.



O ÚLTIMO HERDEIRO DA LUZ -UHL | NOVEL

© 2020 por Rafael Batista. Orgulhosamente criado com Wix.com

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