Capítulo 0941 - Relâmpagos da Verdade
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As raízes pulsavam na mão de Zao Tian como veias vivas conectadas ao próprio mundo. Ele permanecia imóvel no centro da câmara subterrânea, com os olhos fixos nos três casulos presos às paredes. A escuridão ao redor era densa, mas nada ali podia esconder o que ele já sabia: os três eram agentes infiltrados do Olho.
Dois orcs.
Um krovackiano.
Nenhum elfo.
Entre as raças que ofereceram ajuda a Niflheim, apenas duas possuíam agentes infiltrados do Olho. Ou os elfos estavam limpos, ou naquela missão em específico, eles não enviaram ninguém.
Vindo do Olho, toda cautela é sempre pouca, então, enquanto se debruçava sobre as informações que tinha, Zao Tian ainda mantinha um pé atrás em relação aos elfos.
Receios à parte, de uma coisa não havia mais dúvidas. Aqueles três não estavam entre os trabalhadores pela reconstrução. Estavam ali para garantir que as verdades da organização fossem destruídas antes que fossem descobertas.
Contudo, agora, completamente imobilizados pelas raízes vivas, eles estavam nas mãos do único homem que poderia transformá-los em verdades encarnadas: Zao Tian.
Calmo como um lago em um dia sem vento, ele se aproximou do primeiro casulo. O orc ali dentro tremia. A raiz que cobria sua boca impedia qualquer som. As demais envolviam seus braços, pernas, orelhas, olhos… todo seu corpo estava vedado como um casulo natural, apertado com força suficiente para esmagar um urso, mas calibrado com precisão cirúrgica para manter o infeliz vivo e lúcido.
Zao Tian ergueu a mão esquerda e pousou a palma sobre a raiz que levava ao centro mental do orc.
"Você vai me mostrar tudo." Ele disse num tom sombrio.
Na mesma hora, os olhos de Zao Tian brilharam em verde. A raiz reluziu com a mesma cor. E então, o relâmpago surgiu.
Um raio de energia espiritual percorreu o interior da raiz com o som de um trovão abafado. Quando alcançou o centro do casulo, o orc arqueou o corpo. Aquele era um tipo de invasão que nunca experimentou na vida. E ele até que tentou resistir, mas não havia escapatória.
Zao Tian não estava entrando em sua mente como um hóspede. Ele estava invadindo como um cataclismo. Arrombando portas cadeados como se nem estivessem lá.
Dentro da mente do orc, tudo era cinza. Memórias corrompidas, cenas distorcidas, barreiras montadas para confundir qualquer leitura espiritual comum. Mas Zao Tian não era comum.
Sua presença ali dentro era como a chegada da tempestade a um campo seco.
Dessa vez, em vez de ser uma voz ou um espectador, ele surgiu na mente do homem como uma entidade composta de trovões, sombras e olhos flamejantes.
Ele parecia um demônio. A mente do orc reconheceu o perigo e tentou fugir. Começou a lançar cenas falsas, recordações irrelevantes, tentativas desesperadas de distrair e até de se defender tentando controlar o ambiente como se fosse um sonho.
Zao Tian era imune a tudo, e não se deu ao trabalho de separar uma a uma.
Ele apenas levantou a mão… E todo o cenário mental explodiu.
Memórias voaram como fragmentos de vidro. Gritos ecoaram. E então, no centro de tudo, ele viu.
Uma tenda escura. Um grupo em silêncio. Um nome falado entre dentes: "Mar’Gul… ele nos passou os protocolos…"
O primeiro nome já foi revelado. Mas Zao Tian caminhou pelas memórias como se andasse sobre cinzas quentes. Ele não falava. Ele apenas tocava as lembranças e elas queimavam diante dele, revelando o que o orc jamais diria acordado.
Mar’Gul. Um velho nome. Um comandante intermediário do Olho, conhecido por agir de forma violenta. Fanático. Rigoroso. Um executor.
Zao Tian viu a cena em que Mar’Gul entregava um artefato envolto em tecido negro ao orc.
"Na sala do trono…" Ele dizia: "Há mais do que paredes antigas. Há provas. E elas precisam ser apagadas."
Aquela era claramente uma ordem de destruição. E mesmo dentro da mente orc, Zao Tian podia sentir a quantidade de energia espiritual que aquele artefato possuía. Aquilo era claramente uma bomba.
Zao Tian saiu da mente do primeiro orc como se deixasse um campo envenenado.
Ele respirou fundo, mas a luz em seus olhos ainda brilhava.
"Um executor…" Zao Tian murmurou: "Mas você é só a linha de frente…"
Ele então virou-se para o segundo casulo.
O outro orc era maior, mais forte, mais endurecido. Mas o medo estava ali, igual. Talvez maior.
Zao Tian não esperou. Tocou a raiz, e um novo relâmpago explodiu. Dessa vez, mais forte. Mais profundo.
O segundo orc resistiu por mais tempo. Suas defesas eram como muralhas mentais, armadas para confundir, atrasar, proteger.
Mas Zao Tian não queria portas abertas. Ele queria derrubar os muros com as mãos.
Na mente do orc, ele apareceu como um vulto formado por galhos negros e relâmpagos verdes que se moviam como serpentes. Não tinha rosto. Só olhos que brilhavam com um julgamento absoluto.
"Você viu a Tríade!" Zao disse dentro da mente.
O orc hesitou. Tentou controlar sua mente.
Mas as lembranças responderam antes do pensamento.
Três figuras surgiram como silhuetas. Nenhum nome.
Mas ele os reconhecia como superiores até de Mar’Gul.
Humanos, homens que falavam pouco, ou nada, mas cujas ordens não podiam ser desobedecidas.
Zao Tian tocou essa memória.
E viu Hanzo.
Não com nome. Não com clareza. Mas com postura, com presença, com silêncio. Ele era como um sentimento entranhado na mente do orc. Um medo que tinha forma, e era tão real quanto a espada que segurava.
Aquele homem sorria quando via os próprios aliados sendo punidos, mas não torturava ou maltratava. Ele era o juízo final. O executor. O último sopro de vida de qualquer um que recebesse uma sentença perpétua.
"Hanzo…" O orc pensava, tentando não pensar.
O mesmo nome que escutou de Ming Xue estava na mente daquele orc. Isso era um avanço. Mas Zao Tian mergulhou ainda mais fundo. Ele queria ver mais.
E a verdade se abriu como uma ferida.
A Tríade não era um mito. Era real. Ativa. E operando sob ordens da própria Trindade.
Eles estavam limpando os rastros, eliminando qualquer conexão entre os instrumentos de roubo espiritual e seus criadores. Eles estavam protegendo seus mestres como filhos protegem os pais.
Suas ordens eram tão indiscutíveis quanto às da própria Trindade. Se opor a eles, era o mesmo que se opor aos trigêmeos. E um destino terrível aguardava qualquer um que ousasse cogitar isso.
Zao Tian se manteve mergulhado na mente do orc. Aquela lembrança estava cheia de ecos, de medos ocultos, de sensações não ditas. Era como andar em um campo onde os próprios pensamentos tremiam.
Ele sentia.
O orc suava em desespero, mesmo inconsciente, preso em seu casulo. Suava por estar revivendo o momento mais traumático de sua vida.
Zao Tian guiava-se por aquele pânico.
As memórias se reorganizavam diante dele, como se temessem a própria presença do invasor. Mas ele não era apenas um visitante ali dentro. Ele era um carrasco, arrancando pedaços da alma com ganchos invisíveis, moldando a dor do orc como um escultor molda o barro.
“Mostre-me mais sobre a Tríade.” Ele exigiu, enquanto sua voz rasgava a psique do prisioneiro como o rugido de uma besta infernal.
A mente do orc vacilou. Mas uma nova imagem se formou.
Diferente das outras.
Nada de reuniões, palavras ou planos.
Apenas uma figura… de costas.
O cenário era um campo de treino, cercado por rochas e marcas de sangue seco. Uma noite sem lua iluminava fracamente o lugar. Mas nada era mais sombrio do que a aura daquele homem.
Ele estava de pé, de costas para tudo, parado no centro do campo.
Gigante.
Musculoso.
Seus ombros pareciam montanhas, e sua cabeça raspada refletia o pouco brilho do céu como uma superfície metálica. Cada músculo parecia pronto para explodir, e a pele, mesmo à distância, parecia ferida, marcada por cortes antigos que não cicatrizaram direito.
Zao Tian percebeu, de imediato, que aquela não era uma lembrança manipulada. Não era uma tentativa de enganar. Aquela era uma verdade crua, enterrada tão profundamente que só podia ser revivida com trauma.
O orc se lembrava daquela figura como quem se lembra de uma maldição. E então, mesmo sem virar o rosto, o homem se moveu.
Num piscar de olhos, ele desapareceu do chão com um impulso violento que jogou o orc para trás.
E, em meio ao estrondo, reapareceu no alto, pairando como uma divindade de destruição.
Ele não carregava armas. Não precisava.
Cada um de seus punhos era uma condenação.
Em sua mão direita, duas cabeças balançavam presas pelos cabelos.
As bocas ainda estavam entreabertas. Os olhos, esbugalhados pelo susto que nem tiveram tempo de compreender.
Aqueles eram amigos do orc. Companheiros de missão. Guerreiros como ele.
Mortos sem um único som.
O orc, dentro da memória, recuava. Seus olhos, arregalados, tremiam. E então ele olhou para baixo… E viu os corpos.
Desmembrados. Torcidos. Triturados.
Os ossos estavam expostos. As entranhas espalhadas como se uma fera tivesse dilacerado os dois. Mas aquilo não havia sido feito por uma fera.
Foi feito por aquele homem.
Aquele membro da Tríade.
Zao Tian tentou avançar, sondar o nome, buscar uma conexão, uma lembrança, qualquer informação que identificasse o rosto, a voz, a origem daquele monstro.
Mas a lembrança era opaca. Lacrada.
O orc jamais viu o rosto.
E nem se tivesse visto… teria conseguido lembrar.
O trauma era profundo demais. As emoções ao redor da figura eram tão intensas que quase romperam o vínculo espiritual entre Zao Tian e o orc.
Zao recuou por um instante, surpreso.
Aquele era um medo puro.
Primitivo.
Não moldado por ideologia, mas por instinto.
Mesmo sem rosto, sem nome, sem voz… aquela figura era um pilar dentro da hierarquia da Tríade. E possivelmente, o mais perigoso deles.
Zao Tian tocou o chão da lembrança. As poças de sangue ainda estavam quentes.
Ele se ergueu, e dentro da mente do orc, falou como um trovão: "Quem é ele?"
Ele ordenou, mas não houve resposta.
Apenas a imagem do orc ajoelhado, encolhido, incapaz de levantar os olhos continuou passando.
O medo bloqueava tudo, porque paralisou o orc naquele dia.
O orc começou a sangrar pelo nariz, devido à pressão mental que estava sofrendo. ele estava a ponto de colapsar, e Zao Tian sabia que dali não conseguiria mais.
A lembrança estava apenas se repetindo como um pesadelo.
Com um gesto, Zao Tian se retirou da mente.
Abriu os olhos na câmara subterrânea e respirou fundo.
A raiz do segundo casulo ainda tremia, como se fosse feita de nervos em vez de madeira.
"Um deles é Hanzo… o outro…" Zao Tian olhou para o teto da câmara, como se esperasse que a resposta viesse de cima: "É um monstro sem nome."
Um novo tipo de inimigo.
Uma força bruta, moldada para matar sem hesitação, sem falhas, sem registros.
Alguém tão temido que a própria memória se recusava a gravá-lo.
A confirmação era clara: a Tríade era mais do que apenas agentes leais. Eles eram ferramentas de destruição absoluta, moldadas pela Trindade para fazerem o que nem o Olho, nem os exércitos, ousavam realizar.
