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Capítulo 0942 - Memórias de um Servo

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Tenham uma boa leitura!]


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Depois de explorar a mente dos orcs, Zao Tian se virou lentamente para o último casulo.


A raiz que envolvia o corpo do krovackiano vibrava de forma diferente das outras. 


Havia menos medo e mais tensão. Era como se o prisioneiro estivesse tentando manter o controle. Uma resistência silenciosa, de quem treinou para sofrer em silêncio.


Zao Tian aproximou-se com passos calmos. A luz verde em seus olhos ainda ardia, viva como uma fogueira ancestral.


Ele não esperava gritos.


Não esperava defesas ativas, como nos orcs.


Ele esperava… disciplina.


E por isso, sabia que aquela mente seria diferente.


"Você não é um simples infiltrado." Zao Tian disse baixinho, como se falasse com a raiz, não com o prisioneiro: "Você é o tipo que morre por uma causa… mesmo que ela já esteja podre."


Ele então pousou a palma da mão sobre a raiz principal.


O pulso de energia espiritual foi mais sutil. Mas não menos brutal.


O relâmpago verde surgiu, como sempre, mas desta vez percorreu as camadas da raiz como uma serpente precisa, penetrando direto no ponto central da alma do prisioneiro.


E então, Zao Tian mergulhou.


A mente do krovackiano era limpa. Organizada. Setorizada como uma biblioteca viva, com cada memória encaixada em compartimentos precisos. Tudo guardado, catalogado. Até os traumas pareciam arquivados com etiquetas.


Zao Tian se surpreendeu.


Não havia resistência emocional. Mas isso não significava falta de profundidade.


Era uma mente domada. Como um animal selvagem que foi treinado desde jovem para não morder, não fugir, não questionar.


Zao Tian caminhou por corredores de lembranças. Viu campos de treinamento, selos, reuniões, missões realizadas. Os contatos estavam lá… frios, metódicos, repetidos.


Mas era outro ponto que ele buscava agora.


Para desvendar aquela mente, ele queria entender a origem de tudo.


"Me mostre como você foi recrutado." Zao Tian ordenou.


As luzes da mente mudaram. As memórias se reorganizaram. E então, como um flash que rompeu o controle perfeito da mente, uma lembrança emergiu. Antiga. Dolorosa. Pessoal demais para estar no mesmo padrão das demais.


A cidade era uma favela.


Fria, quebrada, esquecida.


Montanhas de prédios e neve se misturavam com barracos onde crianças de ossos finos imploravam por migalhas.


No meio da rua, debaixo de uma tenda furada, um menino krovackiano, esquelético, sujo, com feridas abertas nas mãos, tentava dividir uma raiz congelada com um cachorro.


O cão o mordeu.


O menino não chorou. Apenas lambeu o sangue e continuou a mastigar o que restou.


Ao redor, os adultos passavam sem olhar.


Ninguém se importava.


Naquela favela, não existiam nomes. Apenas sobreviventes.


Zao Tian observava a cena sem interferir, sentindo o gosto amargo daquela lembrança.


E então, a cena congelou por um instante. Um novo personagem apareceu, caminhando por entre os barracos com passos serenos.


Um homem encapuzado.


Alto. Magro. Com olhos ocultos pelas sombras da túnica. O tipo de figura que ninguém jamais lembraria com detalhes… mas que deixava uma marca impossível de apagar.


Ele se aproximou do garoto. Agachou-se. E estendeu um pedaço de pão.


"Você é bom em sofrer." Ele falou. Sua voz era mansa, mas fria. Como se elogiasse uma parede por aguentar socos.


O garoto não respondeu. Apenas devorou o pão com pressa.


"Já pensou em treinar? Em fazer algo mais do que rastejar?" O homem perguntou.


O menino ergueu os olhos, mas não disse nada.


Suas veias espirituais já tinham despertado, mas não havia esperança ali. Treinar era apenas para quem podia pelo menos comer.


Os olhos do garoto não tinham vida. Apenas… curiosidade.


"Eu posso te dar um nome. Um lar. Um propósito." A mão do homem pousou sobre a cabeça do garoto enquanto ele dizia aquilo como uma promessa.


"Mas você precisa aprender a obedecer." O homem avisou a sua única condição.


A lembrança mudou. E agora o menino já não estava mais na favela. Estava em um campo de treinamento.


Ele estava cercado de crianças como ele, mas nenhuma delas sorria.


Ali, choros eram castigados com fome.


Erros, com tortura.


Lágrimas, com humilhação pública.


Mas aquele menino… Ele aprendeu.


Cada queda, cada soco, cada ferimento… ele transformou em aprendizado. E conforme crescia, crescia também seu senso de dever.


Não por gratidão.


Mas por algo mais profundo.


Por necessidade de pertencer a algo.


Zao Tian entendeu, naquele instante, que aquele homem jamais teve uma escolha real. Desde o momento em que comeu aquele pão, sua alma foi vendida.


E ele aceitou.


"Servir é tudo o que conheço." A mente do krovackiano sussurrou em algum canto, como um eco que atravessava anos de silêncio.


Zao Tian viu um passado parecido com o de Murdoc. Alguém que fora, de certa forma, salvo pelo Olho e dedicou a vida a retribuir.


O passado era quase um padrão. Uma forma de recrutar os desajeitados, os esquecidos e transformá-los em soldados leais.


O que as sociedades viam como lixo, o Olho enxergava como ouro. Pedras preciosas que não precisavam ser escavadas, apenas lapidadas.

 

Zao Tian então voltou ao presente.


As missões estavam lá, claras como água.


Contato com Mar’Gul. Comunicação com soldados sob comando indireto da Tríade. Transporte de itens para as esconderijos. Rastreios de potenciais desertores. E entre as ordens, um nome era citado de forma oculta…“Lucke.”


Um título. Possivelmente um dos três membros da Tríade.


A presença dele era sempre indireta. Comunicava-se com poucas palavras. As suas ordens vinham codificadas, mas a forma de se comunicar carregava a mesma assinatura, o mesmo padrão que Zao Tian havia sentido nas missões atribuídas por Hanzo.


Havia harmonia ali. Hierarquia.


A Tríade não era um trio de assassinos soltos. Era uma estrutura. Um sistema de lealdade e execução muito bem treinado e organizado até na forma de se comunicar com os subordinados.


E esse homem, o krovackiano… era um soldado perfeito para isso.


Zao Tian olhou ao redor daquela mente.


Estava tudo em ordem.


Tudo limpo.


Mas aquilo o incomodava.


Não havia culpa.


Não havia arrependimento.


A mente daquele homem era um altar.


E o Olho era o seu deus. 


A Trindade era retratada como divindades em um pedestal, que deviam ser adoradas por todos. Não somente por ele.


Zao Tian então se manifestou dentro da mente do prisioneiro.


Com sua forma feita de galhos retorcidos e olhos relampejantes, ele apareceu diante da criança que um dia o prisioneiro foi.


Ela não recuou.


Apenas olhou para ele… e disse: "Você veio tarde demais. Eu já fui salvo."


Zao Tian se calou por um instante. E então, tudo ao redor pegou fogo.


A mente entrou em colapso, queimando lembranças, dissolvendo o controle. Se destruindo.


O corpo do prisioneiro tremeu violentamente dentro do casulo. 


Mas ele não gritou. Nem mesmo quando o sangue começou a escorrer pelos olhos, nariz e ouvidos.


Zao Tian saiu da mente dele, rompendo o vínculo antes de causar morte cerebral.


O corpo do krovackiano amoleceu, ainda preso, mas sem energia para resistir, e a raiz que o envolvia cessou sua vibração.


Zao Tian ficou de pé no centro da câmara, respirando com mais força do que gostaria de admitir.


Ele havia conseguido o que precisava. Mas não saiu vitorioso.


Havia algo de perverso em perceber que aqueles que ele enfrentava não eram apenas soldados coagidos ou escravizados… mas fiéis.


Fiéis que nunca souberam o que era liberdade.


“Este aqui não pode morrer!” Zao Tian abriu os olhos enquanto tocava no casulo que guardava o Krovackiano: “Ele ainda tem muito a dizer!”


O ÚLTIMO HERDEIRO DA LUZ -UHL | NOVEL

© 2020 por Rafael Batista. Orgulhosamente criado com Wix.com

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