Capítulo 0943 - Memórias de um Servo 2
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Tenham uma boa leitura!]
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Zao Tian permaneceu imóvel diante do casulo do krovackiano por alguns instantes.
O corpo do krovackiano estava amolecido, os membros sem força, o rosto parcialmente oculto pelas raízes. O sangue escorria pelas narinas e cantos dos olhos, criando pequenos filetes vermelhos que serpenteavam até o chão.
Mas ele ainda estava vivo.
Fraco… mas vivo.
Zao Tian sabia o que aquilo significava.
A alma estava em fratura. A mente, no limite.
Mas ele não havia colapsado por completo.
"Você não vai fugir por essa porta fácil." Zao Tian murmurou.
Com um gesto sutil, ele estalou os dedos da mão esquerda. Pequenos brotos se desprenderam da raiz principal e penetraram nos pontos de conexão do corpo do krovackiano. Nas têmporas, na nuca, no tórax, nos pulsos. Aquilo não era cura comum. Era controle e reconstrução direta através da força vital.
Zao Tian estava costurando o corpo e os pedaços da mente… mas ao mesmo tempo, preparando o campo de guerra para um novo assalto.
"Você vai viver, infeliz." Ele sussurrou, curvando-se sobre o casulo.
As raízes estremeceram ao redor. O relâmpago verde não apareceu dessa vez com violência imediata. Ele surgiu como uma serpente silenciosa, que se enroscou ao redor do corpo e da mente do prisioneiro. Um toque letal que não matava, mas arrastava de volta ao inferno.
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Dentro da mente restaurada, o krovackiano acordou no escuro.
A respiração dele era acelerada. O corpo suava como se tivesse sido arrancado de um pesadelo. Mas não havia corpo. Não havia chão.
Só a escuridão. E o som de trovões distantes.
"Não acabou." A voz de Zao Tian ecoou do alto, preenchendo tudo ao redor.
O krovackiano tentou fugir, mas seus pés não encontravam solo. Tentou gritar, mas não tinha boca. Tentou pensar… e Zao Tian estava lá.
Um vulto de olhos incandescentes surgiu diante dele, pairando como uma estátua de tormento. Suas mãos eram como galhos curvos, envoltos em energia viva. A presença dele era insuportável, como um arauto da verdade absoluta que não admitia negação.
"Você queria morrer. Eu entendo. Mas eu quero que você viva." A voz de Zao Tian soou e ele se aproximou, e o espaço ao redor se dobrou como papel queimado.
"Você serviu o Olho. Você dedicou sua vida. Agora… vai pagar com ela." Zao Tian sentenciou.
O krovackiano tentou concentrar-se. Tentou bloquear a mente. Ele tentava reconstruir as barreiras que Zao Tian havia rompido antes. Mas agora… não havia tempo.
Ele se transformou em um prisioneiro dentro da própria mente.
E no meio daquele pesadelo, o chão se formou sob seus pés. Mas ele era feito de rostos.
Rostos que gritavam.
Centenas deles. De cada alma que ele havia ajudado a capturar, torturar ou eliminar.
Zao Tian pisou ali como se caminhasse sobre brasa. Imune a qualquer coisa que o krovackiano pudesse jogar nele.
Zao Tian era o dono da sua mente agora.
"Vamos começar pelo básico. Me dê os nomes." Zao Tian ordenou, e a mente do krovackiano vibrou. Um sinal de resistência.
Contudo, Zao Tian levantou a mão e um trovão explodiu. E, na mente do prisioneiro, uma parede inteira de memórias foi arrombada.
Cenas surgiram em sequência. Códigos. Nomes de guerra. Mas alguns verdadeiros também.
Chera. Líder de um pelotão de espiões nas bordas do território dos elfos.
Vardak. Responsável por operações de pesquisa em prisioneiros.
Gon. Líder da equipe de escravização do Olho. Era ele que colocava as marcas de controle da alma nos escravos.
Lenor Zuth. Um alquimista que conduzia experimentos para a Trindade em uma base flutuante nos limites da Nebulosa de Argon.
Zao Tian tocou essas memórias e puxou os rostos, as localizações, os hábitos.
Cada fragmento se organizava ao redor dele como páginas flutuando no vazio.
"Nenhum deles é da Tríade?" Ele perguntou.
O prisioneiro não respondeu. Mas não precisava, porque Zao Tian invadiu a próxima sequência.
Agora, o krovackiano estava com outros homens, numa reunião silenciosa num salão oculto, construído sob um deserto mórbido. Todos ali eram agentes de grau elevado, vestidos com mantos escuros e com grande rivalidade entre eles.
No centro, havia uma mesa de pedra. Sobre ela, cristais que mapeavam movimentações de tropas e transmissões espirituais dos últimos meses.
Ali estavam nomes que o Olho não divulgava nem entre seus membros comuns.
Galtas. Um elfo renegado, treinado para assassinatos silenciosos e um cultivador da vida que desenvolveu uma vertente de criar e controlar venenos poderosíssimos com sua energia espiritual. Alto escalão. Nunca visto fora da penumbra.
Thirrom. Meio-dragão geneticamente criado pelo Olho. Um ser de grande poder que controla praticamente toda o contingente de escravos do Olho.
Yrran Vos. Um krovackiano, ex-comandante da Frota dos Gritos. Considerado morto há mais de três séculos. Agora, ele liderava uma divisão de combate e invasão do Olho.
Zao Tian absorveu todos os detalhes como quem decifra uma profecia.
Ele não reagia às revelações. Mas seu corpo, por dentro, tremia com a quantidade de peças ocultas que começavam a se revelar.
"Localizações. Quero localizações exatas." Zao Tian ordenou.
O krovackiano hesitou, até onde conseguia. Mas a mente dele não aguentava mais.
Com um gesto, Zao Tian quebrou mais uma camada. E os mapas começaram a surgir.
Três bases secundárias.
Uma estação escondida sob o solo de um planeta morto.
Um laboratório dentro de uma carcaça de uma estrela anã abandonada no espaço.
Zao Tian viu tudo.
E finalmente… recuou.
Mas não por escolha.
A mente do krovackiano estava começando a ruir novamente. As memórias estavam tremulando, e os pensamentos se despedaçavam como vidro rachado diante de um terremoto.
O corpo dele, preso no casulo, começou a convulsionar. A respiração falhava. Os olhos se reviravam sob as pálpebras trêmulas, e as raízes absorviam sinais de falência múltipla de órgãos.
A alma, sobrecarregada, tentava escapar da prisão de carne.
Zao Tian se aproximou, inexpressivo.
"Não." Ele disse, com uma voz mais fria do que o solo de Niflheim.
Logo em seguida, ele pousou a mão no peito do casulo e canalizou sua energia com precisão.
Pequenos brotos saíram de suas pontas dos dedos e penetraram direto no corpo do prisioneiro. Um procedimento agressivo. Doloroso. Mas eficaz.
A energias da vida de Zao Tian era pura, quase sagrada, mas quando foi curado mais uma vez, o krovackiano estremeceu. Gritou por dentro.
Ele queria morrer, mas não conseguia.
E então, lentamente e contra a sua vontade, o krovackiano voltou à consciência.
A mente, colapsada momentos atrás, foi selada pelas próprias raízes que o prendiam. Um novo campo mental surgiu, mais estreito, mais controlado, com rotas de fuga lacradas por energia verde.
Zao Tian apertou os olhos. Aquilo o enfurecia.
"Você vai me dar tudo. E agora não há mais para onde correr." Ele murmurou, enquanto o brilho esmeralda retornava à sua íris com violência: “Não há morte que possa te livrar de mim!”
O relâmpago voltou. E Zao Tian mergulhou pela terceira vez.
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Desta vez, não houve resistência. O homem já não era mais inteiro.
Ele era um campo aberto de dor, pronto para ser colhido.
Zao Tian não surgiu como uma presença ou um vulto. Ele surgiu como uma tempestade. Um redemoinho verde, arrastando lembranças, pensamentos e fragmentos que estavam escondidos até de si mesmo.
Os santuários mentais que protegiam as informações mais valiosas foram rasgados.
Zao Tian passou por instruções ocultas, memórias gravadas em sonhos induzidos, ordens recebidas por meio de técnicas que apagavam as memórias após serem cumpridas.
E então… Ele encontrou mais.
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Hadrak. Um orador e estrategista. Um dos últimos comandantes vivos que sabe sobre a fundação do Olho. Responsável pelas campanhas de infiltração em governos neutros e também pelos acordos comerciais que sustentavam a organização fora do mundo da guerra.
Zao Tian viu seu rosto. Um homem velho, de pele metálica e olhos que pareciam sempre semicerrados. Um sábio sombrio, que falava pouco e pensava demais.
Sua localização atual: um santuário de gelo, sob a segunda camada polar de Skvorn, um planeta classificado como inabitável.
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Sirta Varn. Uma humana treinada pela Tríade, mas que opera fora dela. Espiã e assassina. Comumente utilizada para criar alianças internas ou semear caos.
Possivelmente envolvida no massacre de Uhr’Gal.
Atualmente, estava infiltrada em Decarius. A sua missão não era do conhecimento do Krovackiano.
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Zao Tian observava tudo.
E então, no centro da mente devastada, ele viu o símbolo do Olho girando lentamente.
O emblema. O juramento. A marca sagrada que havia sido gravada na alma daquele homem desde a infância.
Um símbolo de identidade. De fé.
Zao Tian parou diante dele. O símbolo pairava no ar, envolto em energia vermelha.
"Você não é nada!" Ele ergueu a mão antes de completar: "E os seus jogos vão acabar logo logo!"
Com um gesto, ele tocou o emblema com a ponta dos dedos. E então, ele queimou.
O símbolo se dissolveu em brasas verdes, e com ele, a última âncora mental que mantinha a lealdade do krovackiano ao Olho.
Dentro da mente do prisioneiro, o grito foi ensurdecedor.
Do lado de fora, o corpo se contorceu. Sangue escorreu dos ouvidos. As raízes apertaram para conter os espasmos. Mas Zao Tian não hesitou.
"Você vai lembrar disso. Cada segundo. Cada verdade. Mesmo quando eu for embora." Ele disse, com a voz grave, como um trovão verbal.
O vínculo então se rompeu.
Zao Tian recuou, pela última vez. E dessa vez, o corpo do krovackiano permaneceu vivo. Fraco. Semi-inconsciente. Mas vivo.
Seu rosto era uma máscara de exaustão. E pela primeira vez… havia uma lágrima
ali. Uma única. Solta. Deslocada. Mas real.
Zao Tian ficou diante do casulo por longos segundos.
Ele não precisava de palavras.
Aquela lágrima dizia tudo.
"Você nasceu prisioneiro." Ele murmurou: "Mas agora… você não pode mais ser perdoado. Não importa a sua história."
Ele então se virou, caminhou até o centro da câmara, e falou por meio de um amuleto de transmissão sonora: "Yanor… Eu encontrei alguns ratos que já se esconderam por tempo demais."
