Capítulo 0955 - A Origem do Mal
[Capítulo patrocinado por Rafael Henrique Pereira. Muito obrigado pela contribuição.
ATENÇÃO: LINK ATUALIZADO. Venham fazer parte da nossa comunidade no Telegram! https://t.me/+tuQ4k5fTfgc1YWY5
ATENÇÃO: OS EXEMPLARES FÍSICOS E DIGITAIS DO PRIMEIRO LIVRO DE O ÚLTIMO HERDEIRO DA LUZ JÁ ESTÃO DISPONÍVEIS NAS MAIORES LIVRARIAS DO BRASIL E DO MUNDO. APOIE O NOSSO TRABALHO E GARANTA JÁ UM EXEMPLAR TOTALMENTE REESCRITO E REVISADO, E COM TRECHOS INÉDITOS.
Quer ver um mangá de O Último Herdeiro Da Luz? Então, a sua ajuda é muito importante para que possamos alcançar novos limites!
Para patrocinar um capítulo, use a chave PIX: 31988962934, ou acesse https://www.ultimoherdeirodaluz.com/patrocinarcap para outros métodos de pagamento, que podem ser parcelados em até 3x sem juros.
Para ver as artes oficiais da novel, que estão sendo postadas diariamente, siga a página do Facebook https://www.facebook.com/Herdeirodaluz
Ou a página do instagram https://www.instagram.com/herdeirodaluz/
Todas as artes e outras novidades serão postadas nas nossas redes sociais, e vêm muitas outras por aí, então siga as nossas páginas e não perca a chance de mostrar à sua mente qual é o rosto do seu personagem favorito!
Ps: Link do Telegram atualizado!
Tenham uma boa leitura!]
-----------------------
O recuo dos trigêmeos foi breve, mas real. A presença de Gold no espaço mental de Zao Tian não era uma novidade para eles, era um reencontro com algo que prefeririam manter enterrado.
"Ele... é mesmo ele…" Murmurou Rachid, com o maxilar travado ao reconhecer o homem a sua frente.
"Gold…" Rosnou Amin, sem esconder o desprezo e o desconforto da situação.
Samir, por outro lado, manteve-se em silêncio, mas seus olhos arderam em um misto de rancor e frustração. Aquela presença os transportava direto para o passado… para Turop mais especificamente.
Naquela época, Zao Tian ainda era apenas um jovem, inexperiente, impulsivo, vingativo, mas ainda perigoso. Naquele dia, eles foram até ele com um único objetivo em mente: vingar Murdoc, o lacaio favorito de Samir que fora morto pelas mãos do cultivador da luz.
Era um dever de honra vingar a morte de um de seus subordinados, principalmente alguém na posição de Murdoc que, apesar de não possuir um grande talento para o caminho marcial ou nível de força que poderia ser considerado alto para os padrões do Olho, tinha uma mente preciosa que além de ser muito inteligente estava completamente alinhada com os objetivos dos irmãos.
Murdoc era fraco, mas em estima, em importância estratégica, para planejamento, execução e supervisionamento, estava num nível que poderia ser comparado a um general para a organização.
Ele pensava, executava, era frio, objetivo e tão cruel ou dissimulado quanto às circunstâncias necessitavam. Se não fosse pela sua traição em Turop, onde ele agiu por conta própria e se aliou ao coronel Vargas para conseguir o legado de Pemma Wangchuck só para ele, nenhum dos irmãos teria qualquer motivo para desacreditar de sua lealdade.
Ele recebeu presentes inestimáveis dos irmãos que, por saberem de sua falta de força bruta, mas reconhecerem sua importância, queriam mantê-lo vivo a qualquer custo.
Armas, armaduras e até uma grande quantidade de pedras do regresso foram concedidas a ele, para que ele pudesse agir como um arauto do Olho e ser imparável.
Mesmo após sua traição, os irmãos ainda não estavam inteiramente decididos a sacrificá-lo. Ele era precioso demais.
Uma punição severa estava à sua espera, mas Murdoc já foi punido antes e sobreviveu a tudo o que a vida jogou nele. Matá-lo seria um desperdício. Ainda mais depois que ele conseguiu o queria em Turop.
Ter em suas mãos alguém com a herança de Pemma Wangchuck era algo inestimável para pessoas como os irmãos. O que eles poderiam fazer com Murdoc e o que ele conseguiu era simplesmente imprevisível, mas nada bom para ninguém além deles.
Outro fator que pesava imensamente contra a execução de Murdoc era algo mais… Nostálgico… Ou melhor… Simbólico.
Eles vieram de Gard, nasceram nas terras onde o Tirano, o Conquistador surgiu, cresceu e dali quase dominou o mundo. Pemma Wangchuck era quase uma inspiração para eles. Alguém que fazia o que era de sua vontade, tomava o que queria e não via limites em suas ambições.
Assim como Pemma, os irmãos não estavam amarrados a nenhuma lei ou regra social. Eles eram inteiramente livres para fazer o que quisessem, e Murdoc, com essa nova linhagem, se tornaria uma espécie de mascote para eles. Uma fonte de matéria prima para novos experimentos e ao mesmo tempo uma suvenir que lhes daria a agradável sensação de estar comandando o que restou de um dos homens mais poderosos e importantes da história.
Eles tinham seus motivos para ter raiva, porém, ao encontrarem Zao Tian em Turop, se depararam com algo que os fez parar no mesmo instante. Não foram as palavras. Nem mesmo a hostilidade. Foi a presença.
Gold já estava ali. Já habitava o corpo do jovem. E os irmãos sabiam exatamente quem ele era. Não por rumores, mas porque desde muito novos, estudaram a fundo as lendas e os grandes nomes da história. Gold não era uma lenda esquecida, ele era uma barreira viva, uma relíquia que, mesmo como espírito, era sinônimo de derrota certa.
Ele causava medo, mesmo sem ter essa intenção.
Naquele dia, sem luta, sem drama e sem frases de efeito, os três apenas aceitaram uma barganha, uma troca de informações, e se retiraram. Levando com eles o orgulho ferido e a certeza de que aquele garoto não estaria sozinho. Nem agora. Nem nunca.
E agora, diante dessa mesma força, a irritação tomava forma. Ele estava ali de novo. No caminho de seus planos como uma pedra que insiste em não sair de seus sapatos.
Os irmãos sentiam prazer em ver os seus planos funcionarem, mas sentiam um rancor equivalente quando alguém frustrava esses planos. A retaliação sempre veio na primeira frustração, assim como aconteceu com Enya, quando Yan Chihuo os enfrentou e atrapalhou seus negócios em Kaos. Contudo, eles hesitaram em retaliar Zao Tian na primeira vez, e agora, sofriam uma segunda frustração pelas mãos dos mesmos seres.
Aquilo dava-lhes uma raiva que nem mesmo eles sabiam expressar com palavras.
"Gold…" Samir rosnou enquanto trincava os dentes, com o veneno escorrendo da voz: "Até quando vai se meter nos assuntos da nossa geração?"
“Você é uma página virada da história! Por que não fica lá, onde é o seu lugar?” Samir finalizou, externando o quão incômodo e irritante era aquela presença em um tempo onde eles deveriam dar as cartas. Onde eles deveriam moldar o futuro.
Gold não respondeu de imediato.
Ele apenas os observou e sorriu de canto. Com as mãos às costas, o queixo levemente inclinado para baixo e aquele meio sorriso que carregava mais arrogância que um exército de imperadores.
Então, com um tom calmo, quase entediado, ele respondeu: "Vocês falam com tanta valentia aqui dentro… Nesse mundinho mental, onde a única coisa que vocês podem perder é a dignidade…"
Depois de dizer aquilo, Gold caminhou lentamente, com o som de seus passos ecoando no plano mental como se batessem em metal oco. Ele não precisava elevar a voz. Cada sílaba soava com um peso que esmagava qualquer pretensão de superioridade que os irmãos tinham para com ele.
"Mas sabem o que eu acho engraçado?" Ele então parou, ergueu o olhar e cravou os olhos nos três irmãos, um por um, enquanto dizia: "Eu lembro de vocês três… lá em Turop. Com as testas suando mais que lombo de mula carregando pedra. Tentando manter aquela pose de senhores do mundo, mas sem coragem de dar meio passo quando me viram."
Logo em seguida, ele fez uma pausa dramática, piscou devagar e completou: "Vocês correram. Como cães. Com o rabo entre as pernas. Eu nem precisei enfrentá-los, porque seria entediante, talvez até abusivo."
“Eu apenas dei-lhes a ilusão de uma troca, de uma vitória mínima que fosse, para não ter o incômodo de limpar a sujeira. Se você já lavou alguma vasilha com algo podre dentro, deve entender o que eu estou dizendo…” Gold finalizou num tom de nojo.
Rachid imediatamente cerrou os punhos. Amin rangeu os dentes. Samir tremeu de raiva.
Gold, por sua vez, continuou, implacável e cruel em suas palavras.
"E agora… Agora vocês querem bancar os donos da geração? Acham que o tempo lhes deu direito a alguma coisa? O tempo não respeita idiotas só porque eles nasceram alguns anos antes ou depois. O tempo respeita aqueles que sobrevivem a ele… E, convenhamos, vocês ainda não passaram nem da infância da crueldade deste mundo." Enquanto Gold dizia aquilo, a aura ao redor dele se intensificou, mas não de poder espiritual, era uma vibração de intelecto, de supremacia natural. Ele era o lobo no meio de cães raivosos, observando-os uivar com fome sem nunca tirar o pé do chão.
"Vocês me chamam de página virada… Mas são vocês que estão tentando escrever a história com um lápis sem ponta. Tudo o que fazem não é nada além de tentar apagar o que foi escrito antes por gente muito maior… e melhor."
A tensão era sufocante e as provocações tremendamente humilhantes. Samir agiu e deu um passo à frente, mas Gold apenas ergueu um dedo em aviso e disse: "Não. Não se aproxime. Fique aí. Onde é seguro pra você. Se quiser bancar o herói, escolha um teatro menor. Aqui… você só vai se humilhar."
O deboche era puro, cortante. Como uma navalha sendo passada lentamente sobre a pele do orgulho dos três.
"Eu podia esmagar vocês aqui mesmo… Mas o moleque ainda quer brincar. E como um bom mestre que já teve discípulos demais e paciência de menos, eu vou só garantir que ele tenha tempo de ver quem vocês realmente são." Gold informou. Ele não ameaçou, ele apenas avisou.
E nesse instante, Zao Tian, como uma sombra silenciosa sob o manto da arrogância de Gold, adentrou um pouco na mente abalada de Amin.
Zao Tian enxergou algo turvo, mas sentiu três outras presenças além da de Amin ali. Dois estavam colados a ele, apertados em um espaço confinado, úmido, mas quente e até acolhedor. A outra presença estava próxima, mas não tanto quanto as outras. Elas não chegava a encostar neles, mas estava lá, dividindo um mesmo espaço apertado.
Além de Amin, todos os outros três estavam famintos, sofrendo com uma falta de nutrientes que, por mais esforço que uma quinta presença, maior e que os envolvia, fizesse, não era capaz de satisfazer a todos.
Eles estavam sobrevivendo com o básico, se desenvolvendo com o básico. A presença que dividia o espaço com eles não se importava com isso, ela apenas queria sobreviver. Contudo, Amin e os dois que estavam ligados a ele não queriam o básico, o essencial. Eles estavam famintos e queriam ficar satisfeitos. Eles queriam mais. Eles mereciam mais.
Zao Tian começava a desenrolar os fios de uma tapeçaria profundamente emaranhada, pois, do lado de fora, os irmãos vacilavam e deixavam ele livre para agir enquanto se preocupavam com uma ameaça mais impactante.
Não era porque eles temiam Gold apenas. Mas porque ele expunha uma ferida que eles escondiam até de si mesmos: a covardia de Turop, a memória do recuo, a lembrança do limite que nunca ultrapassaram.
E Gold, como se lesse cada pensamento deles, concluiu seu monólogo cruel com um sorriso mais debochado que todos os anteriores: "Vocês querem moldar o futuro? Aprendam a não tremer diante do passado primeiro. Ou, pelo menos, a esconder melhor esse cheiro de vergonha que parece mijo."
