Capítulo 0956 - A Origem do Mal 2
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Na brecha da mente de Amin, Zap Tian sentia aquele calor úmido. A pressão que comprimia os sentidos. O som abafado do próprio batimento cardíaco.
A primeira coisa que Zao Tian sentiu, ao atravessar a membrana que levava à consciência de Amin, foi a vida antes da vida.
Ele não estava em um campo de batalha, em uma prisão, nem em uma lembrança qualquer. Ele estava no início. No verdadeiro início.
Dentro de um útero.
Quatro presenças flutuavam em meio ao líquido amniótico. Três delas, entrelaçadas, unidas como raízes do mesmo tronco. A quarta, separada, em seu próprio casulo, também estava viva, pulsante, mas distinta. Inserido em um ambiente onde ele já era formado em desvantagem.
Zao Tian reconheceu de imediato o que via, mesmo que seu corpo espiritual vacilasse diante daquela atmosfera primitiva, pura. O que estava diante de seus olhos… era o momento em que Amin, Rachid e Samir ainda não haviam escolhido ser monstros.
Eles ainda não tinham nomes. Não tinham forma definida. Eram apenas… fome. Eram o mais puro e primitivo instinto.
As três presenças coladas pareciam compartilhar não só o espaço, mas também o pensamento. E aquele pensamento era claro: "Estamos morrendo. Estamos com fome. A culpa é dele."
O corpo daquela que os gerava, que carregava os quatro em sua barriga, vacilava, fraquejava, e Zao Tian conseguia sentir isso, assim como os irmãos sentiam. Ele sentia a fome de Amin, o desespero, a necessidade de ter mais. E ao mesmo tempo, ele sentia exatamente o que os outros dois irmãos sentiam, porque eles não só sentiam as mesmas coisas, como ressoavam em uníssono o que cada mente planejava, desejava e conspirava.
O quarto irmão, embora separado e com a mesma fome, não ameaçava ninguém. Ele apenas existia, tentava sobreviver. Ele não brigava, não empurrava. Mas ocupava um espaço que os três queriam possuir. Ele se alimentava da comida que faltava a eles.
Todos tinham o básico, o essencial para ver a luz do mundo. Seria longo, doloroso e desafiante, mas eles ainda tinham o necessário. A mãe deles lutava bravamente para manter a gestação, para trazer suas quatro lindas crianças ao mundo. E ela conseguiria… Se dependesse apenas dela.
Os três irmãos, diferente do quarto, não queriam o básico, não se contentavam com o essencial. Eles queriam tudo. Queriam saciar suas fomes, sedes e necessidade de espaço.
Tudo ali era compartilhado por eles e os três aceitavam dividir entre eles, para salvar uns aos outros. Mas havia alguém ali que não era como eles… Que não compartilhava do mesmo vínculo… E que precisava desaparecer.
Ele era uma ameaça. Um intruso.
Zao Tian então assistiu, atônito, quando o primeiro movimento daquela guerra silenciosa aconteceu: uma união primitiva, brutal, quase ritualística. Os três se entrelaçaram em uma agressão injusta, covarde, e, com uma violência silenciosa, mas existente e até satisfatória, consumiram, devoraram o irmão solitário.
Não houve dor visível. Mas uma tristeza tão profunda, tão antiga e cortante, atravessou o corpo espiritual de Zao Tian que ele estremeceu por inteiro. Aquela não era uma memória comum. Era uma cicatriz gravada nas entranhas da alma.
Sem testemunhas, sem juízes e sem opositores. Aquele era o nascimento da Trindade.
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Enquanto isso, do lado de fora, no espaço mental devastado pela batalha, Gold permanecia no centro de tudo, imóvel, mas impossível de ignorar.
A cada pensamento lançado pelos irmãos, ele reagia antes que se tornasse ação.
"Isso é o melhor que vocês conseguem?" Ele zombou, bloqueando uma espiral de fragmentação mental que vinha dos três lados ao mesmo tempo: "Pensamentos simultâneos, sim... Mas previsíveis. Vocês ainda agem como trigêmeos raivosos num berçário."
A resposta da Trindade veio em forma de uma onda tripla de reconfiguração lógica. Os irmãos estavam tentando reescrever as estruturas do espaço mental, deformando os alicerces da própria realidade. Mas Gold sorriu, como se tivesse antecipado cada linha de código.
"Acham que raciocínio coletivo compensa a falta de visão individual? Ah… pobres crianças ingênuas." Enquanto dizia aquilo, Gold moveu um único dedo. Um. E todo o cenário mental se reconfigurou em um campo hexadimensional impossível de compreender.
"Eu sou rápido, sim. Mas não se trata de correr mais que a luz. O que me difere de vocês e dos outros não é isso. Trata-se de pensar mais rápido que o tempo." Gold completou.
Enquanto ele ainda falava, Amin tentou atacar por uma fenda lógica. Mas Gold já estava lá.
Samir inverteu os eixos mentais. Mas Gold os torceu de volta com um suspiro.
Rachid canalizou um loop de recalibração subconsciente.
Mas Gold sorriu e zombou: "Bonito. É um bom exercício de meditação. Acho que devo usar isso na próxima aula de iniciantes."
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Enquanto isso, dentro da mente de Amin, Zao Tian cambaleava diante da segunda memória. Todas as cenas vinham em flashes, acompanhadas de emoções tão cruas que doíam na alma.
Agora, ele via os três meninos. Nascidos.
Não havia frio, não havia fome, não havia abandono. Pelo contrário.
Zao Tian se viu em meio a uma casa grandiosa, com colunas altas e móveis esculpidos à mão, cercada por jardins que pareciam verdadeiras obras de arte viva.
O luxo não era ostentado, era incorporado. Estava presente nos detalhes mais sutis, nas roupas finas, nos pratos à mesa e na ausência total de medo material.
Eles tinham tudo. Eles eram ricos e muito bem cuidados.
Mas naquele dia, eles estavam sentados em silêncio absoluto.
As paredes do lugar onde eles estavam não tinham quadros coloridos, apenas pinturas rígidas de ancestrais da família. Os brinquedos eram poucos, e todos eram extremamente afiados. Um jogo de espadas miniaturas. Um tabuleiro de estratégias com peças feitas de ossos polidos. Um livro sem imagens, com páginas escritas em três línguas mortas.
E então, ele entrou.
O pai deles.
Alto. Magro. Com cabelos perfeitamente alinhados e um manto escuro. A figura não gritava. Ele não precisava. Bastava o som dos passos. Bastava o silêncio ao redor para saberem que era ele.
"Rachid," Ele disse.
"Samir."
"Amin."
Seu tom era cirúrgico. E cada nome soava como um comando.
"E o que vocês aprenderam hoje?" Ele perguntou.
Os três se levantaram ao mesmo tempo. Como reflexo. Como um único ser em três corpos.
"Dominar ou ser dominado." Disseram juntos.
"Quem erra, perde. Quem hesita, morre."
"Quem sente... fracassa."
Zao Tian sentiu um arrepio na espinha. A sala parecia gelar. Mas o ambiente não mudava, apenas a atmosfera interna. Aqueles meninos estavam crescendo sem nunca ouvir um “bom trabalho”. Apenas metas.
Apenas doutrina.
E por mais que tivessem tudo, não tinham a si mesmos.
A identidade deles era moldada a golpes de expectativas e exemplos inatingíveis. O pai deles não os via apenas como filhos. Ele via projetos. Protótipos de um ideal que ele queria deixar para o mundo.
"Há um legado em suas veias." Dizia o homem: "Gard não produz fracos. A alma de Pemma Wangchuck ainda respira em cada partícula dessa terra. Vocês não serão uma exceção."
Zao Tian engoliu seco.
Eles eram elogiados pela ausência de erros. Recompensados com novos
desafios. Parecia que eram amados só pela eficiência.
O pai dos irmãos Rachid, Samir e Amin era um homem de rigidez inabalável, mas também de profunda erudição. Sua presença impunha respeito, e sua voz, embora raramente elevada, carregava o peso de comandos incontestáveis. No entanto, por trás da disciplina severa, havia um educador apaixonado, alguém que via no conhecimento a chave para a verdadeira grandeza.
As manhãs na mansão eram marcadas por treinamentos físicos e mentais intensos. Os irmãos eram desafiados a superar seus limites, a dominar técnicas de combate e estratégias de guerra. Mas, ao cair da tarde, o ambiente mudava, o clima mudava. O pai os conduzia à vasta biblioteca da casa, um santuário de sabedoria acumulada ao longo de gerações da família.
Lá, entre estantes repletas de livros antigos e manuscritos raros, ele compartilhava com os filhos os ensinamentos de artistas marciais, historiadores e estrategistas.
Eles discutiam abertamente sobre ética, liderança, história e as complexidades da natureza humana. Ele incentivava de forma irrestrita o pensamento crítico, desafiando-os a questionar, a refletir e a formar suas próprias convicções sobre qualquer assunto ou pessoa.
Não havia punições ou respostas erradas naquelas conversas. Esses momentos não eram apenas lições acadêmicas… eram laços sendo forjados. O pai, embora exigente, demonstrava orgulho nas conquistas intelectuais dos filhos. Celebrava cada compreensão, cada ideia e cada lampejo dos filhos. Ele recebia cada argumento bem construído, com um brilho nos olhos que raramente se via durante os treinamentos.
Em ocasiões especiais, ele os presenteava com livros que considerava essenciais para sua formação, muitas vezes acompanhados de anotações pessoais nas margens, oferecendo perspectivas adicionais ou provocando novas reflexões. Esses gestos, embora sutis, eram demonstrações claras de afeto e investimento no crescimento dos filhos.
Assim, os irmãos cresceram sob a tutela de um homem que, mesmo moldando-os com disciplina férrea, também os nutria com conhecimento e um amor excêntrico… Singular.
Eles não eram vítimas de uma criação opressora, mas sim produtos de uma educação que buscava prepará-los para enfrentar o mundo com força, sabedoria e excelência.
Ele queria o melhor para os seus filhos. Ele queria que seus filhos fossem os melhores. Assim como a maioria dos pais.
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Indiferente às descobertas de Zao Tian, no campo de batalha mental, Gold deu dois passos à frente.
O espaço ao redor dele estava girando em padrões matemáticos, respondendo ao seu pensamento em tempo real.
"Vocês sabem o que é mais difícil do que pensar rápido?" Ele disse, bloqueando três ataques mentais em sincronia.
Gold: "Pensar sozinho."
As palavras ressoaram como um trovão surdo. Não pela força, mas pela verdade.
"Pensar sozinho exige responsabilidade. Escolha. Significa que se der errado... é tudo culpa sua. Mas vocês não têm isso. Vocês se escondem uns nos outros, como se fossem três versões do mesmo erro esperando pra acontecer ao mesmo tempo." Gold alfinetou.
Amin logo tentou dividir sua mente em camadas paralelas. Rachid preencheu os vácuos com falsos pensamentos. Samir tentou simular um ciclo infinito.
Gold, contudo, piscou.
E todos os esforços colapsaram antes de completarem o primeiro ciclo.
"Previsíveis." Gold riu.
