Capítulo 0957 - A Origem do Mal 3
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Na mente de Amin, o calor de mais uma memória vibrava em torno de Zao Tian, como se ele estivesse realmente presente em um salão de celebração.
A festa em questão era grandiosa, mas não opulenta. Era uma reunião íntima, composta apenas pelos poucos considerados dignos de dividir momentos tão preciosos para a família. Amigos leais, alguns membros da linhagem de Gard, e claro, o núcleo da família.
O motivo da comemoração era singular e motivo de muito orgulho para os anfitriões: os irmãos haviam despertado suas veias espirituais, algo celebrado em todas as culturas marciais do universo conhecido. Mas, para aquela família, não era apenas um rito de passagem. Era uma confirmação do que já esperavam. Eles seriam extraordinários.
Zao Tian viu Amin primeiro. O menino era uma centelha viva. Chamas brotavam espontaneamente de seus punhos fechados e subiam pelos seus braços em ondas quentes, mas sem queimar suas roupas ou pele. Era uma dança de fogo, moldada pela pura vontade infantil.
A poucos metros dele, Rachid estava ajoelhado diante de um pequeno jardim improvisado. Zao Tian observou, impressionado, quando o garoto tocou a terra seca e a vida explodiu. Flores coloridas brotaram instantaneamente, com cada pétala vibrando com energia vital. Rachid sorriu com serenidade, como se aquele milagre natural fosse tão simples quanto respirar.
Samir, por sua vez, estava no centro de um pequeno círculo de espectadores atentos. Com um gesto concentrado, ele fazia uma estátua de pedra erguer-se do chão. Não apenas um pilar qualquer, mas uma escultura complexa, com detalhes tão minuciosos que parecia ganhar vida própria. Seu controle sobre a terra era inato, preciso.
O pai deles, de pé junto a uma grande coluna esculpida, observava em silêncio. Havia orgulho em seus olhos, mas também responsabilidade. Para ele, aqueles talentos eram dádivas e ao mesmo tempo, fardos.
Zao Tian sentiu o peso disso. Aqueles meninos não eram apenas filhos. Eram herdeiros de um projeto, peças de um legado moldado há gerações.
O homem deu alguns passos até se posicionar diante dos três, e todos os murmúrios cessaram.
Ele ajoelhou-se, ficando na altura dos filhos, e pousou uma mão no ombro de cada um.
"Vocês são chamas, raízes e rocha…" Ele disse, com sua voz grave ecoando pela sala.
"Juntos, sustentam o mundo. Separados, caem como folhas ao vento." Ele finalizou.
Os três assentiram com a cabeça, absorvendo cada palavra de seu pai e mentor.
"Prometam diante de mim…" O pai então continuou: "E diante de todos que nos antecederam, que jamais deixarão este vínculo ser quebrado."
Imediatamente após aquelas palavras, as pequenas mãos dos meninos se entrelaçaram, em um gesto silencioso de juramento. Ali, não era uma imposição. Era um pacto voluntário. Um elo que escolheram reforçar.
Zao Tian podia sentir. A ligação entre eles não era feita de ferro ou de ordens. Era feita de algo muito mais forte: de propósito, de consciência. Para aqueles que acreditam… de destino.
Zao Tian viu e aprendeu, e a memória mudou como se a página de um livro fosse virada.
Agora, o cenário era a biblioteca da casa.
Paredes altas, cobertas por livros antigos. Manuscritos cujas páginas pareciam respirar história e conhecimento. No centro, sobre um grande tapete bordado com cenas de batalhas esquecidas, os três irmãos estavam sentados em semicírculo diante do pai.
Ele segurava um livro grosso, de capa desgastada.
"Vocês conhecem a força." Ele dizia: "Agora precisam conhecer o mundo."
Zao Tian se aproximou espiritualmente, como se pudesse tocar as palavras gravadas no ar.
O pai não apenas ensinava técnicas marciais. Ele ensinava filosofia, história e estratégia. Ele falava de culturas antigas, de revoluções, de líderes que venceram guerras sem derramar sangue ou derramando rios dele. Contava sobre impérios que ruíram por orgulho ou covardia, e sobre homens comuns que se tornaram lendas pela sabedoria e chacota pela ingenuidade.
Ele fazia perguntas difíceis. Não aceitava respostas prontas.
"Se tiverem o poder de esmagar um inimigo, mas puderem vencê-lo com palavras, qual caminho escolherão?" Ele perguntou.
Rachid respondeu de imediato: "O mais eficiente."
Samir ponderou por um instante: "Aquele que não deixar rastros."
Amin, por fim, disse: "O caminho que nos permita dominar, mas também ser lembrados como salvadores."
O pai sorriu.
"Vocês são diferentes." Ele disse: "E é isso que os tornará invencíveis."
Ele então entregou a cada um um livro, envolto em tecido dourado. Um presente.
"Guardem isso." Ele disse, com sua voz quase falhando: "Não como armas… mas como mapas. Mapas da alma. Um dia, serão postos à prova. E o que está aqui dentro…" Ele tocou suas próprias têmporas: "Pode salvar vocês mais do que a força das mãos."
“Quando estiverem sem rumo, sem expectativas, desafios ou com vontade de desistir, de estacionar em algum ponto de suas vidas, leiam o que tem nestes livros, e vocês entenderão o que eu quero dizer.” O pai finalizou.
Enquanto assistia, Zao Tian se viu mergulhado naquela atmosfera, sentindo uma estranha reverência pelo que via. Aquilo não era ele, mas Amin. Era o que o dono das lembranças sentia naquele momento.
Aquelas crianças foram criadas para serem líderes. Não apenas instrumentos de força bruta. E, em algum nível, apesar das escolhas que fizeram depois, a semente da sabedoria havia sido plantada neles.
Eles poderiam ter sido algo mais. Muito mais do que apenas monstros.
A memória então deslizou novamente.
Agora era uma noite fria. Uma tempestade castigava os jardins lá fora.
Os três irmãos estavam reunidos na varanda, enrolados em mantos grossos, observando o céu raivoso.
Samir brincava moldando pequenas estátuas de pedra sob a chuva. Rachid cultivava uma planta trêmula, protegendo-a da tormenta. Amin deixava pequenas labaredas dançarem entre seus dedos, como se conversasse com o vento.
Eles riam. Compartilhavam histórias. Sonhavam alto.
"Um dia, conquistaremos o mundo." Amin disse, com seu sorriso travesso iluminado pela chama.
"Mas do jeito certo." Acrescentou Rachid, sempre mais ponderado.
"Construindo algo que dure." Completou Samir.
Naquela hora, Zao Tian sentiu um aperto no peito.
Eles não nasceram monstros. Eles se tornaram.
Nos sentimentos de Amin, nos pensamentos dele e dos seus irmãos, não havia nenhum plano nefasto. Eles apenas queriam conquistar aquele objetivo.
Era algo puro, cru… ingênuo, talvez.
Mas em algum ponto daquele caminho, eles se desviaram do que poderiam ter sido.
Enquanto flutuava no meio daquela lembrança, Zao Tian refletia: ‘Quantas guerras seriam evitadas se o mundo fosse construído pelos sonhos de crianças… e não pelas ambições dos homens que elas se tornam?’
Ele sabia que os irmãos agora eram inimigos. Eram as peças centrais do Olho, a Trindade, da máquina de opressão que desejava controlar tudo.
Mas agora ele entendia que a estrada que os trouxe até ali foi construída com mais do que violência e doutrina.
Havia amor. Havia sonhos.
Eles só se perderam no caminho.
Zao Tian permaneceu imóvel no meio daquela memória, mesmo quando ela começou a dissolver-se ao redor, como tinta escorrendo de uma tela molhada.
A chuva, o calor das chamas de Amin, os sorrisos de Samir e a serenidade de Rachid se desvaneciam, deixando para trás apenas ecos de vozes infantis e fragmentos de sonhos não realizados.
Mas enquanto a lembrança se desfazia, algo crescia dentro de Zao Tian.
Não era compaixão.
Não era dó.
Era clareza.
O que ele havia presenciado não era uma explicação. Era um aviso.
Ele não via vítimas. Via escolhas.
Eles tiveram tudo. Foram amados, ensinados, desafiados e nutridos com mais do que disciplina. Receberam orientação, propósito, liberdade para pensar. Receberam ferramentas para questionar o mundo e moldá-lo com as próprias mãos.
Mas ainda assim… escolheram o domínio acima de tudo. A qualquer meio.
Mesmo com todas as possibilidades à sua frente, eles trilharam um caminho de controle, manipulação e imposição. Não por ignorância. Não por medo. Mas por convicção, por vontade de fazer.
E isso tornava os três mais perigosos do que qualquer tirano comum, mais assustadores do que qualquer vilão seduzido pelo poder.
Porque Rachid, Samir e Amin sabiam exatamente o que estavam fazendo.
Eles não eram produtos da dor. Eram estrategistas da própria vontade.
Não eram homens transformados pelas circunstâncias. Eram arquitetos do próprio abismo.
Zao Tian teve que apertar os punhos. O calor da memória ainda vibrava em sua pele, mas agora era um calor diferente. Um alerta.
Do lado de fora daquele mundo, a Trindade não podia ser lida como um livro aberto, pois cada página continha uma mentira bem contada e uma verdade moldada para enganar.
Eles sorriam para as pessoas enquanto enterravam lâminas em seus destinos. E, pior que isso: acreditavam, do fundo da alma, que estavam certos. Que tinham o direito de fazer.
Zao Tian fechou os olhos por um instante, ainda imerso nas lembranças de Amin, e refletiu em silêncio.
Eles eram três irmãos unidos, com mentes que pensavam juntas, vontades que se completavam e habilidades que se entrelaçavam. Um trio impossível de dividir. Um monólito que buscava moldar o mundo à sua imagem.
E, agora, Zao Tian compreendia algo que o deixava mais alerta do que nunca.
A Trindade não queria apenas governar. Eles queriam moldar os próprios alicerces da realidade.
Não havia arrependimento em Amin. Nem hesitação em Samir. Nem dúvida em Rachid.
Havia apenas propósito.
Deliberado.
Inquebrável.
Frio.
E quando a memória enfim terminou, Zao Tian se viu de volta à escuridão da mente de Amin. Tudo ao redor pulsava em tons escarlates e sombras vibrantes. A mente daquele homem era uma forja, onde os sentimentos eram aço e as ideias, lâminas.
Zao Tian, porém, não recuou. Ele buscaria mais. O passado estava sendo desvendado, porque o futuro ainda estava escondido por trás da resistência subconsciente de Amin, mas cada informação era valiosa e valia o risco de ter se colocado em perigo.
A guerra contra o Olho não era uma simples rebelião contra uma organização corrupta.
Era uma disputa contra três mentes capazes de olhar para a bondade… e escolher a tirania.
Com base em lógica. Com base em estudos. Com base em uma visão perversa de ordem absoluta.
Mas quando aquela chave foi virada? Quando eles decidiram que não teriam limites que sequer os atrasariam?
