Capítulo 0960 - A Origem do Mal 6
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Tenham uma boa leitura!]
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A mente coletiva da Trindade girava em círculos perigosos. Mesmo unificada, mesmo fundida por uma técnica que os tornava quase invencíveis, havia algo que começava a desafinar dentro do trio.
Não era um erro tático. Não era falha espiritual. Era algo mais antigo… mais íntimo.
Zao Tian, mergulhado nas entranhas da memória de Amin, avançava por corredores de lembranças ocultas como quem pisa sobre vidro enterrado. Cada cena era um eco sufocado, cada palavra um sussurro que insistia em não morrer. E ali, onde a mente e a alma se confundiam, ele encontrou um livro.
Mas não um livro qualquer.
Era o livro.
Aquele que carregava o peso de um nome há muito transformado em lenda. Aquele que o pai dos trigêmeos havia passado décadas para encontrar. Um manuscrito singular, de uma raridade inquestionável: as memórias de Pemma Wangchuck. O Conquistador que abdicou da tirania para buscar o silêncio de um monastério e o perdão de si mesmo.
O manuscrito que, um dia, deveria guiar os irmãos em um momento de dúvida. Mas que agora, era lido à força, movido pela fome de entender… ou de destruir o próprio espelho.
“Eu achei que fosse morrer pelas mãos de Zaki.” Eles continuaram a ler.
“E sinceramente? Teria aceitado. Seria justo.”
“Não foi um duelo. Foi uma desistência. Eu estava ajoelhado, estraçalhado por dentro. Banhado pelo sangue de um povo que já nem me temia. Eu não queria mais matar, mas não queria morrer. E continuava sendo caçado.”
“Naquele dia, eu, depois da minha última vida tirada, aceitei que tudo só acabaria com a minha morte. E então me entreguei.”
“Ele ergueu suas armas como se já não houvesse o que discutir.”
“Ele me sentenciou como se falasse por todos, do passado, do presente e do futuro.”
“Mas Gold apareceu.”
“Sem glória. Sem truque. Sem heroísmo. Só… apareceu.”
Zao Tian via as palavras fluírem como marcas de fogo no espaço mental. A lembrança não era vívida, mas intensa. Ele não via as imagens, mas sentia o peso das palavras de Pemma, um homem que aprendera a se calar, só para ter algo verdadeiro a dizer.
“Zaki ficou imóvel quando o viu. Eu também.”
“Não porque Gold era mais forte, mesmo sendo.”
“Mas porque ele nos enxergava. Inteiros. E aquilo era mais intimidador do que qualquer espada no pescoço.”
“Aquela foi a primeira vez que alguém impediu Zaki de matar… e Zaki aceitou.”
“Zaki teve vergonha de olhar para ele.”
“Ele me deu sua benção, prometendo punir qualquer um que tentasse tocar em mim, e depois disso, Gold me deixou ali.”
“Disse apenas: ‘Se levantar de novo… não levante com a mesma vontade. E não quebre sua promessa.’’”
“E foi embora.”
“Sem discurso. Sem perdão. Sem conselhos.”
“Mas ele voltou.”
“Várias vezes.”
“No começo, achei que ele esperava que eu falhasse.”
“Mas com o tempo… entendi que ele só queria saber o que eu escolheria.”
“Ele tinha se tornado o responsável por mim e por tudo o que eu fizesse a partir do dia que me salvou.”
“Mesmo depois de abandonar o mundo inteiro, ele vinha me visitar.”
Amin, Samir e Rachid liam aquelas linhas em silêncio. Até mesmo suas mentes unidas não conseguiam comentar de imediato. Era como se cada palavra exigisse digestão lenta, dolorosa.
Zao Tian sentia os olhos deles vacilando entre orgulho ferido e curiosidade disfarçada. Era Gold. Aquele que os incomodava mais do que qualquer outro.
Estava ali, imortalizado, não como lenda, mas como testemunha de uma história que ele ajudou a mudar. Ou melhor, permitiu que pudesse mudar.
Não foi Gold que mudou Pemma. Ele apenas permitiu que ele tivesse tempo e espaço para isso.
No fim, foi Pemma que mudou por vontade própria.
Tudo era intrigante, fascinante, hipnotizante, mas Zao Tian não podia parar para pensar em nada que passou, porque a memória continuava. O relato continuava.
“Na terceira visita, ele perguntou por que eu fiz tudo o que fiz.”
“Contei. Sem floreios.”
“Contei que conquistei porque podia. Porque era forte o suficiente para fazer. E porque achava que merecia.”
“Não houve nobreza em meus atos. Não houve sacrifício. Só havia uma certeza egoísta: o mundo era meu. E eu fui buscá-lo.”
“Cada cidade caída. Cada trono roubado. Cada homem que se curvou… não foi um inimigo vencido. Foi uma reafirmação de que eu podia. E isso me bastava.”
“O império que formei foi só a extensão do meu delírio. Uma armadura que vesti para esconder que no fundo... não havia nada dentro.”
“Eu era mau.”
“Eu era O Mau.”
“Eu não conquistei por ideal. Não era sobre salvar, proteger, ou restaurar ordem. Era sobre posse. Era sobre provar que minha existência era maior que a de qualquer outro.”
“Gold ouviu tudo.”
“E disse apenas: ‘Então você era apenas um menino com um mundo para brincar.’”
“Aquilo não foi um insulto. Não foi ironia. Foi a primeira vez que me vi... pequeno.”
“Porque ele não me odiava. Ele me entendia. Ele tinha pena de mim, da minha ingenuidade. E isso foi muito pior.”
“Gold nunca levantou a voz para mim. Nunca tentou me convencer de nada. Mas cada visita dele me fazia encarar espelhos que eu mesmo havia trincado.”
“Comecei a ler o que havia escrito nos rostos que matei. Comecei a lembrar nomes que antes eram só números. Comecei a sentir dor de novo.”
“E foi horrível.”
“Mas também foi necessário.”
“Gold me deixou quebrar por dentro. Sem remendo. Sem pressa. E não voltou para juntar os cacos.”
“Voltou para ver se eu conseguiria.”
“Não virei um herói. Não virei um exemplo.”
“Era tarde demais para mim”
“Mas parei de matar. Comecei a ensinar. Comecei a ouvir. Comecei a existir de verdade.”
“Eu cumpri a minha promessa.”
“E isso ficava cada vez mais enraizado dentro de mim.”
“E então, pela primeira vez, Gold sorriu para mim.”
“Não foi um símbolo. Não foi uma aprovação.”
“Foi um amigo me dizendo: ‘Agora você está vivo.’”
“‘Agora tem alguma coisa aí dentro.’”
As mentes de Amin, Rachid e Samir giravam em conflito enquanto aquelas palavras eram lidas.
O silêncio que se seguiu à leitura foi mais pesado do que qualquer batalha que a Trindade já enfrentara. A mente coletiva, antes uma sinfonia de pensamentos entrelaçados, agora era um campo de tensão onde cada nota desafinava.
Samir foi o primeiro a romper o silêncio, com sua voz carregada de incredulidade.
“Então é isso?” Ele murmurou: Dois homens poderosos se encontram, e ao invés de se destruírem, saem... mais fracos?”
Amin então bufou, com o desdém evidente em sua expressão: “Fracos, quebrados e vulneráveis. Pemma Wangchuck, o Conquistador, agora se orgulha de ensinar e ouvir. Que desperdício de poder. Que desperdício de potencial.”
Rachid, sempre o mais ponderado, fechou o livro com cuidado, mas sua voz traía a tensão interna: “Eles chamam isso de redenção.”
“Hahahahahahaha…” Samir riu, um som amargo que ecoou na sala.
“Redenção? Parece mais uma rendição.” Amin assentiu, com os olhos fixos em um ponto distante.
“Gold transformou Pemma em um homem comum. E o mundo aplaude uma merda dessas!?” Rachid suspirou em decepção, fechando os olhos por um momento.
“Talvez seja isso que nos incomoda.” Rachid então continuou, e os outros dois o encararam, confusos.
“Incomoda que alguém tão poderoso tenha escolhido ser... menos. E que isso seja visto como virtude.”
Samir balançou a cabeça em concordância.
“Ele foi uma falha!” Amin disse, concordando, e ainda complementando: “Talvez seja isso que o pai queria que víssemos… Como a fraqueza pode castrar uma pessoa destinada a ter tudo.”
