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Capítulo 0962 - A Origem do Mal 8

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Tenham uma boa leitura!]


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Após o encerramento daquela fase de construção de uma lenda, as páginas do manuscrito voltaram a fluir sob os olhos da Trindade com a fluidez de um sussurro que ninguém deveria ouvir, mas que ninguém conseguiria ignorar.


As palavras de Pemma Wangchuck não tinham o tom de admiração cega ou idolatria. Eram pesadas, precisas, como se tivessem sido gravadas à unha em pedra. E os irmãos, curiosos e motivados de formas estranhas, por coisas estranhas, não conseguiam parar de devorar as páginas.


Aquilo tudo era o ouro das informações.


Gold continuava a falar.


“‘Você me contou sua queda, Pemma… agora escute como fui erguido.’”


“‘Não por mãos divinas. Nem por reconhecimento. Eu me ergui sozinho. No escuro. No silêncio. Observado o tempo inteiro.’”


“‘Você sabe o que é não poder sorrir sem medo?’”


“‘Você sabe o que é saber que cada movimento, cada suspiro, cada mínima hesitação… pode ser interpretada como fraqueza por alguém que nunca dorme?’”


“‘Pois esse foi o meu inferno.’”


As anotações nas margens do manuscrito estavam borradas, como se Pemma tremesse ao escrevê-las. Mas ainda legíveis o suficiente para revelar a história que Gold compartilhou.


“‘Foi nesse inferno que eu criei o plano mais decisivo da minha vida.’”


“‘Não foi apenas uma técnica. Não foi apenas uma arma.’”


“‘Foi uma ideia.’”


“‘Eu passei anos escondendo intenções. Disfarçando desejos. Repetindo padrões. Me tornando previsível de propósito.’”


“‘Aprendi a pensar sem demonstrar. A sonhar sem mover os olhos. A odiar sem que nem o universo sentisse o cheiro.’”


“‘Eu fiz isso… para conseguir desaparecer. Me tornar invisível aos olhos de Heimdall.’”


Zao Tian sentiu o choque reverberar na mente de Amin, como se o pensamento fosse proibido.


Eles conheciam a fama do onisciente. Sabiam que ele não só via, mas compreendia o que via. Antecipava. Julgava.


E ainda assim… Gold havia desaparecido dos seus olhos. Mas como?


Esperando uma resposta que seria o santo graal de suas mentes, eles saltaram para a próxima linha de forma obsessiva, mas a resposta foi um banho de água fria.


“‘Não posso te contar como.’” Continuavam as palavras do manuscrito.


“‘Nem te dizer onde começou. Mas em algum ponto da história… Heimdall parou de me enxergar.’”


“‘E quando isso aconteceu, eu deixei de sobreviver… e comecei a agir.’”


“‘Passei a caminhar entre as linhas da realidade. A tocar onde não devia. A interferir onde ninguém imaginava.’”


“‘Ele pensava que eu havia desistido. Que eu estava vencido. Que eu estava apenas fugindo.’”


“‘Mas eu estava amadurecendo.’”


“‘Comendo o silêncio como um fruto amargo. Dormindo sobre ódio como se fosse um cobertor.’”


“‘Porque eu sabia que um dia… o mundo ia virar os olhos para cima. E quando olhassem… não veriam mais deuses.’”


“‘Veriam a queda deles.’”


“‘Veriam deuses chovendo dos céus como moscas caindo ao vento.’”


Zao Tian sentia o peito apertado.


Não por pena. Mas pela verdade cruel que havia ali.


Gold não era um símbolo. Ele era um cálculo. Um projeto. Um veneno cultivado com paciência.


E então, as linhas seguintes surgiram. Mais curtas. Mais duras.


“‘Foi por raiva, Pemma.’”


“‘Por pura raiva.’”


“‘Quando tudo veio abaixo, não foi porque o mundo precisava de mim… foi porque eu já não aguentava mais manter o disfarce.’”


“‘Eu queria que eles sentissem. Que cada um daqueles seres, com seus tronos, suas regras, suas vaidades… sentissem o gosto da sujeira que impuseram ao resto do universo.’”


“‘Eu queria humilhá-los.’”


“‘Queria que sentissem o que suas vítimas sentiram.’”


“‘Não era por justiça. Nem por equilíbrio.’”


“‘Era por revanche.’”


Zao Tian leu junto com os irmãos a descrição do caos que se seguiu. Palavras de Pemma, moldadas por medo e fascínio, ao tentar reproduzir o que viu e ouviu nas confissões de Gold.


“‘Ele não destruiu apenas.’”


“‘Ele expôs.’”


“‘Ele atravessou salões sagrados. Deixou divindades clamando por redenção e misericórdia. Rasgou pactos que sustentavam eras. Desfez hierarquias com uma palavra, um gesto, um olhar.’”


“‘Ele não gritava. Não ameaçava. Apenas… fazia.’”


“‘Ele mantinha sua palavra em cada promessa contra os deuses.’”


“‘E quando se deu conta… o panteão estava de joelhos.’”


A Trindade lia cada linha com olhos famintos. As suas veias espirituais vibravam, pulsando uma reverência deturpada.


“‘E foi aí que ele foi chamado.’”


“‘Não por aqueles que governavam por arrogância.’”


“‘Mas pelo que governava por direito.’”


“‘O Rei.’”


“‘Ele havia despertado. E quando viu o que o mundo se tornara… não se assustou. Nem ameaçou.’”


“‘Apenas… convidou.’”


Zao Tian sentiu o nome não dito, mas compreendido. Odin. O Pai de Todos.


As palavras seguintes descreviam um encontro onde apenas os dois homens no alto do mundo podiam se encarar. Tudo isso diante da realidade despedaçada que ambos os lados causaram.


Um era a ação, o outro a reação.


“‘Eles não lutaram.’”


“‘Não mediram forças.’”


“‘Eles falaram.’”


“‘Conversaram como iguais. Como entidades que entendiam o absurdo de tentar controlar o inevitável.’”


“‘E chegaram a um acordo.’”


“‘Um acordo que libertaria o universo do jugo das divindades…’”


“‘E permitiria que ele florescesse por si só.’”


“‘Sem controle. Sem vigilância. Sem um olho… sempre aberto.’”


A última linha da página era um sussurro escrito: “E foi assim que tudo começou… de novo.”


Zao Tian fechou os olhos por um instante.


A Trindade, no entanto, mantinha os deles bem abertos.


Eles não choravam. Não tremiam. Não refletiam.


Eles absorviam.


Aprendiam.


E então, em uníssono, sorriram.


O erro de Gold… era o que eles mais esperavam corrigir.


E no silêncio daquele mundo mental, Zao Tian entendeu que aquele manuscrito não os afastaria do abismo.


Ele os empurrava para dentro dele.


Os olhos da Trindade, ainda fixos nas páginas do manuscrito, mas cintilavam com um brilho doentio. Não era um brilho de emoção, nem de empatia. Era a faísca de uma compreensão distorcida. Um brilho que crescia em intensidade, como o reflexo de uma chama em um espelho trincado.


Zao Tian os observava com atenção. Mesmo dentro da memória de Amin, mesmo como um espectador clandestino daquele espaço sagrado, ele conseguia sentir: algo havia mudado. Algo havia sido instaurado… ou talvez, libertado.


O silêncio entre os irmãos era absoluto, mas suas mentes estavam em um frenesi. Não havia mais a barreira entre pensamento e intenção. Eles compartilhavam, naquele instante, o mesmo raciocínio, o mesmo ímpeto, a mesma… obsessão.


Samir foi o primeiro a se manifestar, mas não com palavras. Seu olhar se ergueu, vidrado, como se encarasse algo que não estava ali. Como se enxergasse, acima de tudo, um símbolo.


Rachid fechou o manuscrito com uma lentidão cerimonial, e o segurou contra o peito. O gesto era reverente. Mas o que ele reverenciava… não era Gold.


Era o conceito.


A ideia.


A metáfora viva.


E Amin, parado no centro da memória, com o corpo curvado levemente para frente, deixou escapar um sussurro quase imperceptível: “Um olho…”


Zao Tian sentiu o peso daquela palavra preencher o ar.


“Um olho que nunca fecha…” Samir murmurou, completando o pensamento.


“Um olho que tudo vê. Que tudo sabe. Que tudo… sente.” Finalizou Rachid, como se aquele fosse um mantra antigo, um cântico profano esquecido pelo tempo.


Eles não temiam mais o olhar. Eles o admiravam. Eles o desejavam.


O olhar de Heimdall, que havia sido uma prisão para Gold, agora se tornava, para eles, um trono.


Um ideal.


Um símbolo de absoluto.


Era como se, naquele exato instante, tivessem compreendido, ou escolhido acreditar, que aquilo que destruiu e reconstruiu Gold… era, na verdade, uma dádiva mal aproveitada.


Zao Tian entendeu com precisão cirúrgica: a Trindade não enxergava Heimdall como um carrasco, mas como o arquétipo máximo do que se pode ser. Uma entidade que não precisava mover as mãos. Que só precisava ver… e o mundo se curvava por medo de ser enxergado.


Eles queriam isso.


Eles queriam ser esse olho.


Não como uma herança.


Mas como uma evolução.


“Ele fugiu do olhar… Mas porque o olho era fraco.” Samir disse, com desprezo.


“E nós… queremos nos tornar o olhar.” Completou Amin, com um sorriso voraz no canto dos lábios.


Rachid, sempre mais metódico, falava com serenidade: “É isso que todos temem, no fim. Não o toque. Não o julgamento. Mas o simples fato de não poder mais se esconder.”


“O olho era o inferno de Gold…” Disse Amin: “Mas será o nosso paraíso.”


Zao Tian estremeceu por dentro.


Eles não estavam mais lendo um manuscrito.


Eles estavam recebendo instruções.


Um mapa mental.


Um conjunto de símbolos e dores que, distorcido por suas ambições, se transformava agora em combustível.


“O erro dele…” Samir retomou. “Foi piscar.”


“Se fosse um de nós… Ele nunca teria fugido do olho.” Disse Amin, firme.


“Enquanto um piscava, o outro continuaria enxergando.” Concluiu Rachid.


O olhar de Zao Tian via, naquele momento, algo que talvez ninguém jamais tivesse testemunhado: a gênese de uma nova fase da Trindade.


A admiração por Gold… era real.


Mas era uma admiração amarga.


Não pelo que ele se tornou… mas pelo que ele recusou a ser.


O olho, o mesmo que Gold buscou evitar, agora brilhava como um sol negro nas mentes da Trindade. Um símbolo de dominação. De transcendência. De criação.


Foi aquele olhou que criou a história que eles estavam acabando de ler.


E eles queriam ver tudo.


Controlar tudo.


Julgar tudo.


Eles queriam que ninguém mais se escondesse… como Gold tentou.


Queriam ser aquilo que até os deuses não ousavam encarar diretamente.


Amin ergueu a cabeça, e por um instante, seu rosto se perdeu na escuridão ao redor. Mas seus olhos, não.


Eles brilhavam.


Como se um olho único, maior do que o próprio corpo, estivesse sendo formado atrás de sua testa. Não fisicamente, mas como presença.


Como arquétipo.


Como ideal.


Zao Tian recuou um passo dentro da mente de Amin, como se pudesse escapar daquilo.


Mas era tarde.


A Trindade havia entendido.


E a partir daquele ponto… nada mais os afastaria de querer tornar-se algo maior do que Gold jamais ousou ser.


Não apenas os donos do mundo.


Mas os olhos eternos que o observam.



O ÚLTIMO HERDEIRO DA LUZ -UHL | NOVEL

© 2020 por Rafael Batista. Orgulhosamente criado com Wix.com

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