Capítulo 0972 - A Origem do Mal 18
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Tenham uma boa leitura!]
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Em Decarius, o Olho, há pouco um protagonista de conflitos silenciosos e jogos mentais refinados, conheceu, naquele dia, um novo tipo de terror. Um terror antigo. Um terror divino.
A Trindade sabia.
Eles sabiam que não podiam ficar ali.
Não por mais um segundo.
Os três ainda respiravam com dificuldade quando o céu do mundo começou a mudar. Mesmo no ponto mais distante do continente, onde se escondiam entre penhascos e cadeias montanhosas, o espaço rangeu.
Rachid, ainda deitado, sentiu o cheiro de ozônio que não existia ali.
Samir, segurando o orbe, sentiu a pressão espiritual descer sobre ele como uma cúpula de chumbo.
E Amin, de olhos fechados, foi o primeiro a dizer, sem hesitar: “Ele está vindo.”
Era impossível. Ou, ao menos, deveria ser.
Zeus estava galáxias de distância. Mas o que acontecia ali não seguia as regras. A própria realidade começava a se distorcer com a presença de algo que o panteão nunca pretendeu deixar livre.
“Corram.” Amin disse, já começando os selos.
“E os nossos?” Samir perguntou: “Todos em Decarius... nossos lacaios, informantes, aqueles que nos servem...”
“Estão mortos.” Respondeu Rachid, sem emoção: “Se ainda não estão... estarão em breve. Nada pode salvá-los de Zeus.”
A resposta foi dura, mas verdadeira e prevista.
Eles não podiam se dar ao luxo de hesitar.
O orbe que eles agora carregavam tornava suas simples existências uma sentença de morte para qualquer um ao redor. Zeus não buscaria apenas eles. Ele buscaria qualquer vestígio de suas existências. Qualquer coisa que respirasse e um dia os tenha mencionado.
“Ativem o protocolo Nimbo.” Ordenou Amin, abrindo um selo especial que escondia uma porta de escape.
Era um portal instável, uma fenda para uma dimensão neutra, criada por eles com séculos de preparação e energia acumulada. Uma zona perdida. Um buraco no tecido da criação.
Rachid e Samir seguiram sem discutir. E, no instante seguinte, os três desapareceram.
Deixaram para trás o Orfanato das Sombras, onde treinavam espiões.
Deixaram para trás o Templo da Visão, onde se escondiam os registros do Olho.
Deixaram para trás os acólitos, os agentes, os alunos, os aliados. Tudo.
Tudo virou fumaça.
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Instantes depois.
*Baraaaaaaaaaaaaaummm…* O espaço se abriu sobre Decarius como se fosse rasgado por garras invisíveis.
Zeus chegou. Sua presença fez os céus gritarem. Sua fúria, agora ilimitada, se manifestava em cada centímetro de sua carne divina. Seu olhar faiscava.
Naquele momento, ele não respirava… ele consumia.
“AONDE VOCÊS FORAM?!” Zeus rugiu. Mas não esperou resposta.
Ele começou a procurar.
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Horas se passaram. E os agentes do Olho, desavisados sobre a ira que iria recair sobre eles, começaram a cair.
O primeiro foi Nehun, um manipulador de venenos que liderava uma célula do Olho em uma cidade costeira. Zeus apareceu diante dele como um raio. Nehun não teve tempo para fugir. Foi arrancado do chão e selado inteiro, com pele, ossos e espírito, em uma prisão de eletricidade onde cada pensamento era queimado antes de ser formado.
Rachid viu tudo. Ele e os irmãos tinham marcas de vínculo sobre cada um de seus subordinados. Era o método usado para extrair memórias no fim da vida dos espiões. Um protocolo de segurança. Mas agora… cada vínculo era uma execução transmitida ao vivo.
O segundo a cair foi Vazir, um estrategista de elite, escondido nas montanhas de Gard. Ele foi encontrado e quebrado. Seus gritos ecoaram como um vento amaldiçoado pelas areias. Zeus deu-lhe voz eterna, e cada lamento foi selado em uma artefato, pregado em um altar feito com o corpo do próprio Vazir.
Samir fechou os olhos. Mas não adiantava. O vínculo ainda transmitia a dor, a humilhação, o fim.
O terceiro, o quarto, o quinto... nomes, rostos, aliados. Todos sendo reduzidos a nada, enquanto Zeus os usava como recados.
“VOCÊS ACHAM QUE PODEM FUGIR?” Ensandecido, ele dizia a cada alma destruída: “EU SELAREI ATÉ OS VENTOS QUE PRONUNCIAREM SEUS NOMES!”
A cada morte, o céu tremia. A cada morte, mais pessoas olhavam. Mas ninguém interferia.
Porque Zeus era uma bomba de mil sóis prestes a explodir. E ninguém queria estar por perto quando isso acontecesse.
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No Refúgio onde a Trindade agora se escondia...
Samir largou o orbe por um instante.
Ele tremia e se lamentava.
“Eles estão morrendo. Todos.” Samir disse.
Amin, com o semblante sombrio, não respondeu. Ele só analisava o orbe, tentando compreendê-lo.
Rachid respirou fundo e finalmente falou, quebrando o silêncio carregado que pairava entre eles: “Foram séculos de manipulação, investimento, espionagem...”
Depois de dizer aquilo, ele deixou a frase morrer, como se tentasse contabilizar mentalmente tudo o que estavam perdendo.
Samir esfregava o rosto com as duas mãos, ainda trêmulo. Seu olhar, fixo no chão, era mais amargo do que triste.
“Doze células em três continentes já foram apagadas.” Ele disse, e sua voz não trazia pesar pelos mortos, mas sim por aquilo que eles representavam: “Informações, rotas, cofres... influência. Tudo se perdeu com eles.”
Amin, ainda de pé, girava o orbe lentamente entre os dedos. Seus olhos estavam opacos de cansaço, mas não desviavam da esfera, que pulsava como um coração estranho entre mundos. Então ele falou, frio e direto: “Ele está destruindo nossa estrutura... Não para nos matar. Mas para negar nossa existência.”
Samir assentiu: “E está conseguindo. Os cultos... os aliados... os líderes escondidos sob juramentos. Todos estão recuando. As máscaras estão caindo. Zeus está esmagando o castelo de mentiras que construímos com as próprias mãos.”
“E com as mãos deles.” Completou Rachid: “Cada seguidor, cada servo leal, cada impostor bem treinado... agora jaz queimado em relâmpagos ou gritando de dor num altar grotesco. E tudo isso para quê?”
A pergunta era retórica. Nenhum dos três precisava respondê-la. Eles já sabiam.
Contudo, Samir ainda verbalizou, com um sorriso torto e um brilho doentio nos olhos: “Para que isso acontecesse.” Samir estendeu o dedo, apontando para o orbe.
O Domínio da Miragem Eterna flutuava lentamente no ar, rodeado por partículas de luz que não pertenciam a nenhuma realidade conhecida. Ele mudava de forma sutilmente a cada segundo. Era uma esfera... e não era. Um cubo... e não. Um vazio com forma. Um reflexo sem origem. Uma mentira que carregava verdades demais.
Amin parou o giro com um toque e disse com firmeza: “Isso vale mais do que qualquer lacaio morto. Mais do que todas as células que Zeus está desmantelando. Com esse orbe... podemos fazer algo que nem mesmo os deuses podem. Nós seremos capazes de atingir qualquer um em qualquer lugar.”
Rachid encarou o irmão por alguns segundos. Em seu olhar, havia cansaço. Mas também concordância: “Vamos ter que reconstruir tudo. Do zero.”
“Sim.” Respondeu Amin: “Mas sem o fardo da estrutura antiga. Sem precisar manter cultos, encenações, ídolos... Isso já foi feito. Vamos construir um novo império. Um império invisível. Um império que ninguém possa rastrear.”
A reconstrução começava sem estardalhaço.
Ali, sob um céu azul-acinzentado e auroras constantes que dançavam como véus de luz líquida, os irmãos traçavam um novo mapa de poder.
Eles estavam fora da jurisdição direta de Zeus. Fora de Decarius. Fora de alcance… por ora. E esse era o plano.
Amin analisava constantemente os rastros deixados pelas ordens e cultos que um dia dominaram em Decarius. As perdas eram profundas, sim. Mas também libertadoras.
“Em Decarius, éramos reis sob o olhar de outro rei.” Dizia ele, enquanto Samir cruzava anotações com registros de planetas com populações vulneráveis: “Aqui, seremos sombras novas. Intocáveis. Invisíveis.”
Rachid, posicionado diante de um mapa cósmico, tocou com os dedos três galáxias marcadas com brasões de Grandes Deuses.
“Esses territórios são governados por Prometheus, Ares e Hades.” Ele disse, pensativo: “Deuses territoriais. Vaidosos. Zeus não ousaria invadir seus domínios. Não enquanto a ordem divina existir.”
Samir assentiu, focado: “É para lá que vamos.”
Amin concordou: “Vamos plantar os primeiros fragmentos do novo Olho. Mas não como antes. Nada de estruturas fixas. Nada de templos. Nada de documentos ou rituais. Tudo será móvel. Adaptável. Como os sistemas vivos.”
Por fim, Rachid completou: “Como uma sombra deve ser.”
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Enquanto as tramas de uma nova estrutura eram feitas, o Domínio da Miragem Eterna começou a revelar-se de forma lenta, como uma entidade paciente, que testava seus portadores antes de se entregar. Durante os primeiros dias, ele apenas pulsava. Não emitia comandos, nem se comunicava. Mas os três sentiam. Eles sabiam que havia algo ali. Algo poderoso demais para ser decifrado pelas formas tradicionais de poder.
Foi numa noite como qualquer outra que, enquanto o orbe estava entre as mãos de Samir, que testava meios de ativá-lo, tudo mudou.
De repente, o mundo ao redor dele esticou. Como se fosse visto por um vidro curvo.
Ele não teve tempo para gritar. Em um piscar de olhos, estava em outro lugar. Mas não era realmente outro lugar. Era… o mesmo lugar. Um espelho do mundo.
Era como se ele estivesse num plano paralelo, onde as coisas existiam do mesmo modo… mas de forma opaca. Pálida. Silenciosa.
A dimensão do Orbe.
Ali, Samir via a realidade, mas não era parte dela. Podia observar cada detalhe do quarto onde estava, mas as chamas da lareira não o tocavam ou sequer o aqueciam. A fumaça não tinha cheiro, mas ele conseguia caminhar, ver, respirar, e, mais importante… ele via seus irmãos. Vivos, reais… mas inconscientes da presença dele.
Quando Samir apertou novamente o orbe e tocou a parede, ele atravessou-a como se fosse vapor. Voltou para a sala após alguns instantes, retornando ao plano real.
O retorno de Samir foi sutil, mas impossível de ignorar.
A lareira voltou a emitir calor. O som suave do vento retornou às janelas. E seus irmãos, quase ao mesmo tempo, levantaram os olhos e o encararam com uma expressão que misturava incredulidade e êxtase.
Rachid foi o primeiro a se levantar.
“Você conseguiu.” Ele disse, com um sorriso quase juvenil no rosto. “Nós vimos. Tudo.”
Amin não sorriu, mas seus olhos tinham um brilho raro. Ele se aproximou de Samir e tocou o ombro do irmão com leveza enquanto dizia: “A camada da miragem... ela é real. E mais do que isso… nós ainda continuamos ligados dentro dela. Quando você entrou, nós vimos o que você viu.”
“Isso muda tudo.” Samir disse, com firmeza.
“Agora nós temos olhos em todos os lugares.” Rachid completou: “Podemos estar em qualquer sala. Escutar qualquer segredo. Ver qualquer verdade. Sem sermos vistos.”
Samir, então, riu, pela primeira vez em muito tempo. Não um riso de deboche, nem de escárnio. Era alívio. Era conquista.
“Por tanto tempo, nós nos escondemos atrás de máscaras.” Disse ele: “Agora… nós somos as próprias sombras.”
