Capítulo 0979 - Ressurgimento
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Sob o olhar de Zao Tian, o Domínio da Miragem Eterna mergulhou em uma penumbra silenciosa e pesada. As ondas de energia do orbe central diminuíram sua frequência, como se o próprio artefato aguardasse ou respondesse ao estado físico de seus portadores. Ele aguardava, com uma expectativa silenciosa, o desfecho daquela luta pela sobrevivência.
Zao Tian, como um espectador encarcerado naquela lembrança, manteve-se imóvel. Seus olhos acompanhavam o gesto estranho e ritualístico de Samir, que ainda sangrava pelas cicatrizes pulsantes deixadas pela Essência Negra, agora transformadas em marcas permanentes e grotescas. O sangue que escorria de seu braço era misturado com algumas pequenas quantidades de medicinas que ainda circulavam em suas veias. E como Rachid tinha criado o veneno em seu corpo, a Essência Negra não seria maléfica a ele.
A mão de Samir, normalmente brutal e impiedosa, agora agia com um cuidado animalesco, gotejando o sangue no canto da boca ressecada de Rachid. O rosto de Rachid parecia esculpido em dor. Seus músculos estavam rígidos, como se ainda revivesse o massacre sofrido nas mãos de Momoa mesmo em seu estado inconsciente.
A tensão ali era tamanha que até mesmo Zao Tian sentiu a respiração se tornar pesada. Ele sabia o que viria a seguir, porque na situação dos três, ele faria o mesmo. Se Rachid não respondesse, o golpe sofrido seria muito mais forte, mas o improviso inteligente de Samir era providencial demais para obter um resultado ruim.
Depois de despejar muito sangue na boca de Rachid, Samir afastou a mão ensanguentada e recuou dois passos, encarando o corpo do irmão de forma predatória.
“Vamos, desgraçado… acorde.” Samir rosnou baixo, carregado de impaciência e expectativa.
Minutos se arrastaram. Amin, encostado ainda na parede do plano, sentia o sangue voltar a escorrer sob as faixas improvisadas que prendiam sua ferida. Ele rangeu os dentes, incapaz de intervir, com sua energia vital à beira da exaustão.
O clima estava muito pesado, mas então, finalmente, algo mudou.
O peito de Rachid, antes subindo e descendo fracamente, expandiu de forma violenta em uma única inspiração brusca. Um estalo agudo ecoou pela sala quando um fluxo abrupto de energia espiritual percorreu seu corpo, como um tranco em suas Veias Espirituais. As raízes invisíveis da força vital começaram a se realinhar. A aura de Rachid, até então dilacerada e tênue, explodiu como se a vida o abraçasse novamente.
Mesmo sendo um inimigo, Zao Tian segurou o ar, absorvido pela intensidade da cena.
Veios verdes-claros se formaram sob a pele de Rachid, como raízes que buscavam sustento em um solo fértil. O brilho percorreu seus braços, peito, rosto e olhos. O brilho esmeralda substituiu a morte em seu rosto, e ele abriu os olhos de forma súbita.
Os olhos de Rachid sempre haviam sido calmos e frios. Mas naquele momento, quando encararam Amin e Samir, eram como dois faróis intensos de vitalidade primitiva e indomável.
“Rachid.” A voz rouca de Amin foi quase um suspiro de alívio.
Samir, por outro lado, manteve-se calado. Seus punhos ainda estavam cerrados, por causa da fúria pulsante, mas mesmo assim ele era incapaz de ignorar o peso daquela recuperação salvadora para todos.
Após alguns segundos, Rachid se sentou lentamente, com cada movimento seu dissipando traços residuais de energia vital. As feridas internas começaram a fechar-se quase que imediatamente. Hematomas sumiam sob a maré verde de poder vital que transbordava de suas Veias Espirituais.
Ele permaneceu mais alguns segundos respirando fundo, estabilizando a energia, antes de se levantar. E quando o fez, a transformação era inegável: de moribundo a pilar, ele tinha renascido.
Assim que ele se levantou, a energia vital que emanava de seu corpo tocou Amin primeiro. As faixas manchadas de sangue no peito de Amin rapidamente começaram a perder o tom escuro; o corte que ameaçava sua vida fechava-se gradativamente, com a pele reconstruindo-se em um ritmo surreal. Mesmo debilitado, Amin soltou um gemido de alívio ao sentir a dor aguda ser substituída por um calor reparador.
Depois, a energia alcançou Samir. As cicatrizes, é claro, permaneceram. O dano da Essência Negra era permanente naquela altura, mas os micro danos internos, as fissuras nos ossos e os músculos necrosados reagiram rapidamente. Samir estalou o pescoço e os ombros, surpreso pela redução da dor que o acompanhava desde o retorno.
Zao Tian se impressionou. Aquele era um lembrete brutal do porquê Rachid era considerado, mesmo entre os três, o mais resiliente. Não em termos de combate direto, mas em pura resistência vital.
Rachid então suspirou e se ajoelhou ao lado de Amin, passando a mão pela testa suada do irmão e conferiu os sinais de febre.
“Você retardou sua própria cura para salvar Samir.” A voz de Rachid soou serena, mas firme, elogiosa e grata: “E depois ainda me salvou. Você sabia que meu corpo aguentaria mais do que o dele. E isso salvou nós três.”
Amin, mesmo enfraquecido, deixou escapar um sorriso fraco e respondeu: “Escolha lógica. Um moribundo e um louco não são melhores do que um cultivador da vida para manter o próprio corpo respirando. Você era o único que podia aguentar… Samir teria morrido se eu não o ajudasse primeiro.”
Samir grunhiu baixo, desviando o olhar. Ele ainda queimava de ódio, mas não podia negar a verdade. Mesmo em seu fanatismo, ele sabia que sem Amin, todos teriam sido enterrados em Hill.
Rachid, em vez de confrontá-lo, ergueu-se. Sua postura era ereta, e o brilho esverdeado ainda serpenteava em sua pele.
Rachid permaneceu por um instante em pé, respirando lentamente, sentindo cada fibra de seu corpo reconstruído se ajustando, acomodando a energia vital recém-regenerada. O brilho verde em sua pele começava a se dissipar, e mesmo em um sistema de igualdade entre eles, a sua autoridade ficou mais intensa do que nunca.
Ele repreendeu Samir com um único olhar, e então se voltou novamente para Amin.
Os olhos antes frios agora carregavam um respeito contido, raro entre os três irmãos.
“Você não apenas salvou Samir…” Disse Rachid, com a voz firme e sólida, com um tom que quase soava paternal, mesmo entre iguais: “Você salvou todos nós. Se Samir tivesse morrido lá, não teríamos perdido apenas um corpo... teríamos perdido parte de nós mesmos.”
Amin manteve o olhar baixo por um momento, com a respiração ainda irregular, antes de encarar o irmão. Apesar da dor, um leve brilho de orgulho surgia em seus olhos.
“Não foi heroísmo. Foi lógica.” Respondeu ele com um leve sorriso cansado: “Rachid, você é a âncora. Se eu tivesse deixado Samir morrer, você não teria resistido tanto tempo. O vínculo que temos... teria se partido.”
Rachid assentiu levemente, reconhecendo o raciocínio implacável do irmão estrategista. Mas, ao mesmo tempo, não deixaria o feito ser diminuído, nem pelo autor dele: “Mesmo assim, Amin, você agiu contra o instinto natural de autopreservação, contra o medo e contra a dor. Você foi o responsável por impedir que a Trindade se transformasse em uma dupla quebrada. Por isso, mesmo que você insista em chamar de cálculo, eu o chamo de coragem. E agradeço pelo que fez!”
Amin respirou fundo, fechando os olhos por um momento, sentindo o calor curativo ainda percorrer lentamente seu corpo. Ele não discutiu. Não naquele instante.
Zao Tian, observando a cena, compreendeu algo importante. Apesar da arrogância e da crueldade dos três, havia entre eles um vínculo profundo que era inexplicável. Um elo antigo e indestrutível, nascido não do amor, mas da necessidade absoluta de existência conjunta. Eles eram os únicos no universo capazes de entender o peso que carregavam.
Rachid então se virou, lentamente, para encarar Samir.
O terceiro irmão, ainda de pé, estava imóvel, com os braços cruzados e os olhos fixos em um ponto qualquer da escuridão ondulante do Domínio da Miragem Eterna.
A hostilidade que emanava de seu corpo era quase palpável.
Rachid aproximou-se até ficar a poucos passos do irmão marcado.
“Samir.” Ele chamou com dureza. A energia que antes fora gentil ao curar Amin e a si mesmo agora parecia sólida como rocha em sua presença.
Samir não respondeu. As marcas negras em seu corpo pulsaram fracamente, como se ecoassem o ressentimento interno do hospedeiro.
“Eu sinto o que você sente.” Prosseguiu Rachid, dando mais um passo e mantendo a voz grave: “Sinto a raiva. A humilhação. A dor. Mas não deixarei que isso te destrua. Não deixarei que isso destrua a nós três.”
Samir finalmente desviou o olhar, encarando o irmão. Seus olhos carregavam o mesmo brilho de ódio sombrio e indomável que ele tivera desde o momento em que fora salvo por Amin.
“Não tente me dar lições, Rachid.” Samir rosnou: “Você não sabe o que é ter o corpo mutilado e quase morto pelo veneno do próprio irmão.”
Rachid, por sua vez, não se intimidou ou deixou Samir resmungar, como Amin fez. Ele deu mais um passo e, agora, suas auras se tocaram. O verde de sua energia vital colidiu com a aura caótica de Samir, criando pequenas faíscas de energia no ar rarefeito do Domínio.
“Eu sei, Samir.” Rachid respondeu: “Você acha que carrega sozinho essa vergonha? Que eu não sinto essa derrota? Que Amin não sente? Mas somos três. Sempre fomos três. E sempre seremos. Não vou permitir que sua sede de vingança nos cegue a ponto de nos jogar no abismo.”
A tensão ficou insuportável. O silêncio que se seguiu era tão espesso que até Zao Tian prendeu a respiração. O momento parecia à beira da ruptura entre os três.
Samir manteve o olhar duro por vários segundos, como se avaliasse se valia a pena atacar o próprio irmão. Mas, então, o brilho verde intenso nos olhos de Rachid se manteve firme e inquebrável. E Samir cedeu. Não verbalmente, não de maneira explícita, mas ele relaxou minimamente os ombros e desviou o olhar.
Rachid apenas assentiu, satisfeito o suficiente com o recuo momentâneo.
“Isso nunca mais vai acontecer.” Ele declarou, como se encerrasse o assunto de uma vez por todas: “Nunca mais seremos pegos desprevenidos.”
“A partir do momento em que sairmos deste lugar, vamos ampliar nossas forças. Vamos capturar mais Santos, seja de onde for, e ampliar nossa rede e recursos.”
Depois de dizer aquilo, ele deu mais um passo, agora se afastando dos dois irmãos, encarando o vazio do Domínio da Miragem Eterna.
“Quando retornarmos, criaremos nossa própria fazenda de Pílulas do Regresso.” Ele concluiu, com a voz cheia de uma convicção gélida e implacável: “E não dependeremos mais de improvisos. Nunca mais ficaremos à beira da morte. Se ela nos agarrar, nós voltaremos.”
Amin suspirou e, mesmo ainda muito fraco, um esboço de sorriso frio surgiu em seu rosto enquanto ele dizia: “É bom ouvir você falar assim novamente.”
Samir, por sua vez, permaneceu calado, olhando para a palma da mão, observando as cicatrizes que latejavam lentamente.
Zao Tian, ainda observando a cena através da memória, sentiu novamente a frustração invadir seu peito. Trindade se reergueu e reorganizou ali, se tornando ainda mais perigosa, mais metódica, mais preparada para evitar qualquer chance de serem arrastados para o inferno como haviam sido naquela noite.
