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Capítulo 0980 - Tempo

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Tenham uma boa leitura!]


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O tempo avançava dentro das memórias de Amin, e Zao Tian se via como um prisioneiro daquele fluxo incontrolável. As lembranças não o poupavam de nada. Como um espectador condenado a reviver cada detalhe, ele acompanhava, em silêncio, o renascimento daquilo que, por um instante, acreditara ter sido destruído.


O golpe foi duro, mas tempo passou e a Trindade se reergueu.


Primeiro foram os corpos. Rachid, com sua afinidade com a vida, restaurou não só a si mesmo, mas também estabilizou Amin e Samir em um processo meticuloso e contínuo. Cada fratura foi recomposta, cada nervo foi cicatrizado e cada órgão realinhado. O Domínio da Miragem Eterna, outrora sombrio e sufocante, voltou a brilhar com uma luz pulsante, respondendo ao retorno da força vital de seus mestres. 


Depois vieram as mentes.


O trauma de Hill ficou marcado em todos eles, mas de formas diferentes. Samir tornou-se ainda mais obcecado e cruel. Seus treinos ficaram inumanos, insanos até para os padrões de um Santo. às vezes, ele cortava a própria carne para testá-la, aumentava sua resistência à dor e tentava, em vão, apagar as cicatrizes negras que estavam em seu peito como um lembrete eterno de sua humilhação.


Amin mergulhou na pesquisa. Sua mente já afiada se tornou uma lâmina ainda mais perigosa e invisível. Ele refinou técnicas para ocultar suas presenças, desenvolveu novos selos de dominação e aprimorou o controle dos Santos cativos. Durante dias inteiros, Zao Tian o viu manipular a energia espiritual com precisão milimétrica, criando saídas para nunca mais serem surpreendidos como haviam sido em Hill.


Rachid, por fim, tornou-se o pilar. Ele não falava de vingança como Samir, nem se perdia em paranoia como Amin. Rachid dedicou-se a elevar ainda mais seu controle da vida, aperfeiçoando a capacidade de regeneração, criando matrizes de cura e técnicas de sustentação para quando precisassem novamente. Tornou-se, involuntariamente, a âncora que mantinha os outros dois presos à realidade.


Zao Tian, assistindo, não conseguia evitar a frustração crescente. Por mais que soubesse que era uma memória, uma parte dele torcia para que o colapso da Trindade se concretizasse. Mas o que via era exatamente o oposto: eles estavam ficando mais fortes. Mais disciplinados. Mais perigosos.


Com o tempo, a obsessão inicial de vingança se transformou em estratégia. A Trindade deixou de buscar o confronto direto e passou a planejar como infiltrar-se novamente em Decarius, como restaurar sua influência sem atrair atenção desnecessária.


Zao Tian presenciou esse processo. Memória após memória. Primeiro, pequenos contatos com antigos aliados foram restaurados. Depois, veio a reativação de células ocultas que haviam se mantido em silêncio após a debandada forçada. Em seguida, eles começaram a capturar discretamente mais cultivadores, ampliando o número de Santos cativos para suas experiências e exércitos sem vontade própria.


Eles ficaram obcecados por controle.


Zao Tian viu Rachid colher as primeiras sementes da fazenda de Pílulas do Regresso. Viu Amin testar o efeito delas em prisioneiros e fazer anotações frias sobre taxas de sobrevivência e rejeição. Viu Samir utilizar esses mesmos prisioneiros para testar novos métodos de tortura e controle mental, como se quisesse ter certeza de que nunca mais seria pego de surpresa e descontasse suas frustrações neles.


Eles estavam de volta nos trilhos, mas havia um ponto que, para a Trindade, era inevitável: Gard.


A imagem na memória mudou e Zao Tian agora se via no passado, observando uma cena de tensão gélida e majestosa.


No trono de Gard, em um salão monumental esculpido em pedra e adornado com correntes douradas, estava Omar Khalid, o Rei de Gard. Um homem orgulhoso, vestido com uma túnica branca de linho e um colar de pedras preciosas que reluziam sob a luz artificial do salão. Seus cabelos já estavam grisalhos, mas seus olhos eram de uma intensidade assustadora. A aura que emanava de seu corpo preenchia o salão por inteiro, impondo respeito absoluto aos servos. Ao lado do trono, ainda pequeno, estava Hakim, uma criança de olhar atento e postura já rígida, observando tudo com um brilho precoce de entendimento.


À frente do trono, sem os trajes extravagantes da nobreza que geralmente frequentava aquele salão, estavam Amin, Rachid e Samir. A Trindade se apresentava ao rei como iguais, mas Zao Tian sabia que aquilo era apenas fachada. 


Ali não existia confiança. Só respeito forçado e pragmatismo.


O silêncio era absoluto e dava para ver que ninguém ali queria aquela reunião, mas ela precisava acontecer para ambas as partes.


Omar Khalid olhava para os três com olhos semicerrados, medindo-os como se calculasse exatamente o momento em que valeria a pena esmagá-los ou mantê-los vivos.


“Vocês não são bem-vindos aqui.” Depois de algum tempo, a voz do rei preencheu o salão: “Mas não sou tolo o suficiente para não ouvir o que têm a dizer.”


Depois daquelas palavras, Amin deu um passo à frente, Rachid permaneceu em silêncio e Samir, com uma expressão permanentemente azeda, fitava o pequeno Hakim com desdém disfarçado.


“Viemos propor um pacto de não agressão.” A voz de Amin era calma, medida, calculada: “O Olho não atacará Gard. E Gard não interferirá nas ações do Olho além de suas fronteiras.”


Omar não respondeu de imediato. Ele apenas olhou para o pequeno Hakim, depois para os irmãos.



“Por que eu faria isso?” Omar finalmente falou: “Não temo vocês. Sei o que fizeram. Mas também sei que atacar Gard seria suicídio para qualquer um.”


Amin, por sua vez, sorriu levemente e respondeu: “É exatamente por isso que estamos aqui. Nenhum de nós tem algo a ganhar em um conflito direto. Nós temos força o suficiente para desafiar um reino de Decarius, mas nosso objetivo não é Gard. E o de Gard não deve ser o Olho.”


Com um olhar severo e uma leve inclinação de cabeça, Omar Khalid então voltou-se para o pequeno Hakim ao seu lado.


“Hakim…” Disse ele, com a voz mais branda, mas ainda carregada da autoridade inquestionável que moldava seu reinado: “Retire-se. Este não é um assunto para a tua idade.”


Hakim hesitou por um breve instante. Os olhos do garoto, já calejados demais para a pouca idade, deslizaram de Amin para Rachid e Samir. Ele sentia, instintivamente, o perigo que emanava daquelas três figuras. Contudo, ele apenas obedeceu. Curvou-se levemente ao pai e saiu em silêncio, sem questionar.


Omar acompanhou a saída do filho até a porta fechar-se atrás dele. Só então voltou sua atenção para a Trindade.


“Vocês falam com segurança. Falam como se fossem iguais. Mas não são.” Sua voz voltou a soar, e agora era como um trovão: “Vocês não têm as raízes que nós temos. Nem o solo. Nem a lealdade de gerações. O Olho pode enganar e corromper, mas Gard foi forjado para resistir.”


As palavras pesaram no ar como espadas suspensas que estavam prestes a serem desembainhadas.


Zao Tian, assistindo através da memória, sentiu a tensão crescer ainda mais. O rei de Gard estava testando-os. A tentativa de dissuasão era clara. Mostrar força, intimidar. A mesma tática que havia funcionado com tantos outros. Mas ali, pela primeira vez em muito tempo, Omar não tinha certeza se isso seria suficiente.


Amin, o porta voz dos três naquele encontro, permaneceu inabalável e um leve sorriso frio apareceu em seus lábios.


“Concordamos, majestade.” Ele disse, mantendo o tom sereno e calculado: “Não temos raízes… temos asas. E nenhuma muralha pode impedir o que voa pelas sombras.”


Assim que seu irmão falou aquilo, Samir bufou, divertindo-se em silêncio com a resposta. Rachid, por sua vez, permaneceu impassível, como uma árvore imóvel em meio ao furacão.


Omar franziu levemente a testa. Não foi uma ameaça direta, mas o rei de Gard tinha experiência demais para não perceber o veneno escondido nas palavras de Amin.


Por mais que detestasse admitir, ele sabia da verdade: a Trindade possuía cartas tão poderosas quanto ele. Não era apenas a quantidade absurda de Santos escravizados espalhados e ocultos em diferentes pontos. O verdadeiro poder deles era o controle da informação, o domínio do oculto, o poder de infiltrar-se sem ser percebido, de destruir estruturas políticas de dentro para fora.


Se Gard declarasse guerra, eles retomariam o controle total… mas a que custo? Quanto de Gard sobreviveria? Quantas gerações seriam sacrificadas para extirpar um inimigo invisível e que simplesmente não mostra todo o seu corpo?


A dúvida deslizou pela armadura de confiança de Omar Khalid.


Zao Tian, mesmo ali, sentiu quando a energia do rei oscilou de forma quase imperceptível. O cálculo político havia começado.


“Sei o que vocês fizeram com as seitas do Norte.” Omar prosseguiu, agora mais contido: “Vi grandes castas desmoronarem sem um único soldado do Olho aparecer. O medo e o caos fizeram o trabalho para vocês. E agora vêm até mim… buscando um pacto, quando sabem que não sou tolo o bastante para pensar que sua oferta é feita por boa vontade.”


Amin não desfez o sorriso em sua face ao escutar o questionamento do rei.


“Nunca alegamos boa vontade.” A resposta dele foi direta: “Mas Gard é forte. Não precisamos testá-la. O Olho tem outros interesses. Outras guerras. Não queremos Decarius em chamas. Apenas queremos operar em paz. Vocês mantêm seu reino. Nós seguimos nossos objetivos.”


“Desde que cada um fique em seu espaço, não haverá nenhuma luta entre nós ou nossos subordinados.” Amin encerrou.


Omar recostou-se lentamente no trono enquanto absorvia as palavras. Seus dedos calejados bateram contra o braço da cadeira. Por dentro, Zao Tian sentia a intensidade daquele momento. Era como assistir a duas feras se medindo antes de decidir se deviam morder ou se afastar.


Depois de longos segundos, o rei suspirou profundamente e respondeu: “Vocês são o tipo de inimigo que um homem sábio prefere manter longe... mas que um homem tolo atrairia para perto ao provocar.”


Ele então se inclinou para frente, com os olhos fixos como lâminas em Amin: “Se Gard sair ileso de tudo isso, vocês não terão problemas comigo. Mas se um fio de cabelo de meu povo for tocado por sua organização, juro pelo sangue dos meus ancestrais: eu pessoalmente desmonto cada célula do Olho e deixo suas cabeças dependuradas nos portões de Gard.”


Samir abriu um sorriso quase predador quando escutou as palavras do rei, e Amin curvou a cabeça levemente em reconhecimento.


“Concordamos com os termos, majestade.” Amin apenas respondeu, antes de sair sem dizer mais nada.


Um pacto informal, tenso e frio, estava selado.


Zao Tian permaneceu ali, em silêncio, vendo as imagens da memória se desfazerem como fumaça ao vento. O grande salão de Gard sumiu, levando consigo as figuras de Omar, Hakim e da Trindade, restando apenas a amarga constatação gravada no peito do espectador involuntário.


A Trindade não apenas havia sobrevivido a Momoa, mas saído fortalecida. O pacto que eles selaram com Gard lhes dava uma margem preciosa para que pudessem agir, planejar e se expandir.


Com um império nas sombras, livre para crescer sem a interferência de um dos maiores reinos de Decarius, eles haviam garantido aquilo que mais almejavam: tempo.




O ÚLTIMO HERDEIRO DA LUZ -UHL | NOVEL

© 2020 por Rafael Batista. Orgulhosamente criado com Wix.com

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