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Capítulo 0981 - Expansão

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Tenham uma boa leitura!]


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O tempo, sempre impiedoso e imparcial, avançou uma vez mais nas memórias de Amin. Zao Tian, ainda espectador daquela viagem sem volta, percebeu logo que o pacto com Omar Khalid havia sido apenas o início de um grande problema. O fio tênue de equilíbrio firmado naquela sala de trono deu lugar a algo muito mais sombrio e intrincado.


O Olho, antes preso às sombras e ao anonimato, agora estava se tornaria mais conhecido, mais perigoso, mais poderoso.


Gard, um bastião que se orgulhava de suas raízes inabaláveis e da força do Bárbaro que quase conquistou o mundo, tornou-se, ironicamente, o terreno fértil para a semente venenosa do Olho florescer como nunca antes.


A Trindade compreendia muito bem a diferença entre o poder da força e o poder da influência. O primeiro era bruto, limitado, custoso. O segundo era sutil, silencioso, ilimitado. E foi nesse segundo que eles mergulharam, redefinindo o papel do Olho em Gard.


Eles não mais precisariam controlar pela espada ou pelas correntes. Agora, controlariam pelas palavras, pelos segredos, pelas escolhas envenenadas.


O domínio do Olho sobre a informação começou pequeno, mesmo com o vasto ‘arsenal’ deles. Com um sussurro aqui e uma espionagem ali… Cultivadores de médio escalão, comerciantes, mensageiros, aprendizes das academias de combate, todos passaram a ser alvos silenciosos da rede que a Trindade arquitetava com precisão cirúrgica.


Samir, por sua parte, alimentava a rede com medo. Sempre havia alguém que precisasse de um problema “removido”. A mão invisível do Olho passou a executar assassinatos seletivos com uma eficiência que beirava o divino. Um político emergente que ameaçava romper com o pacto de não interferência. Um mestre de guilda que se recusava a pagar por “proteção”. Um general corrupto que achava que podia desafiar certas ordens. Todos sumiam. Alguns, em pedaços, se tornavam exemplos. Outros simplesmente desapareciam sem deixar rastros.


Rachid, como sempre, manteve o equilíbrio entre os irmãos. Ele cuidava da manutenção dos cativos, dos Santos marcados, da integridade física e energética da rede. Seu papel meticuloso era garantir que o Olho nunca perdesse nenhuma peça valiosa de seu tabuleiro oculto.


Zao Tian assistia em silêncio, com um misto de horror e fascínio a jornada dos três. As imagens das lembranças mostravam movimentações que aconteciam bem debaixo dos narizes de todos, mas que ainda permaneciam no véu do silêncio.


Encontros noturnos em becos esquecidos, trocas de mensagens codificadas em mercados lotados, sombras que se deslocavam de telhado em telhado sob a lua pálida de Gard.  Pouco a pouco, pessoa a pessoa, serviço a serviço, o Olho havia se tornado indispensável para muitos dentro daquele reino.


Os nobres precisavam deles.


Aquela rede de serviços se tornou algo muito mais lucrativo do que o Olho jamais havia sonhado. Eles vendiam informações militares, movimentações políticas, segredos familiares, fraquezas de rivais, localizações de tesouros escondidos, rotas de contrabando, e até listas de traidores dentro do próprio exército de Gard.


O preço era acessível a qualquer nobre, mas o pagamento nunca era apenas em moedas.


Amin instituiu uma prática que se tornaria a assinatura da organização: o favor futuro.


“Você não tem dinheiro? Não importa.” Diziam os agentes que enxergavam as oportunidades: “Quando chegar a hora, o Olho pedirá algo. Você não questionará. Apenas cumprirá.”


Era uma troca simples. Imparável. Diabolicamente funcional. As pessoas conseguiam algo que queriam muito e não podiam fazer, e em troca, teriam que fazer apenas um favor para os seus benfeitores.


Muitos pensaram que estavam se livrando de pequenos problemas ao fazer esses pactos. E anos depois, quando os agentes do Olho batiam à porta cobrando a dívida, eles não podiam recusar. Caso alguém recusasse a cumprir o acordo, Samir faria essa pessoa se arrepender amargamente.


Até que a colheita dos favores chegassem, eles viviam tranquilos, e outros, mais desesperados ou ambiciosos, aceitavam condições ainda piores em troca de favores muito grandes: obediência completa.


Zao Tian viu, em detalhes nauseantes, os juramentos secretos feitos na escuridão. Senhores de terras, nobres menores, mestres de guildas e até membros de famílias influentes ajoelhando-se diante de mensageiros mascarados do Olho, selando pactos de servidão eterna em troca de favores imediatos.


Gard, o reino orgulhoso, começava a ser lentamente corroído de dentro para fora. E a Trindade sabia exatamente o que estava fazendo.


Amin coordenava as operações com uma eficiência magistral. Cada segredo coletado era registrado, analisado, cruzado e classificado. A rede se retroalimentava: um pequeno segredo de um comerciante levava a uma chantagem sobre um político local, que por sua vez abria as portas para outro contato mais valioso.


Samir mergulhou ainda mais fundo no papel de executor. Ele mesmo liderava algumas ações mais delicadas, deixando sua marca macabra nos corpos que desapareciam misteriosamente nas noites sem lua. Para ele, era um prazer doentio. Para a organização, era uma mensagem clara: ninguém estava fora do alcance do Olho.


Rachid, silencioso e disciplinado, impedia que o crescimento acelerado da rede causasse colapsos. Ele reforçava os laços entre os agentes e a alta cúpula, criava Pílulas do Regresso para as principais peças humanas da rede, garantindo que, mesmo se eliminados, pudessem retornar ao serviço.


Zao Tian, por mais que soubesse o quanto aquilo era passado e imutável, sentia a mesma repulsa e indignação se acumular. A Trindade havia aprendido. Nunca mais seriam apenas uma organização de força. Agora eram também uma organização de necessidade.


E ninguém percebeu isso antes que fosse tarde.


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O fluxo da memória nunca era linear para Zao Tian. A consciência de Amin carregava lembranças que se sobrepunham como ondas em um mar revolto, e novamente, Zao Tian foi arrastado para um dos episódios mais marcantes daquela teia de manipulações.


Anos haviam se passado desde o pacto selado entre Gard e o Olho. O Reino, antes um bastião quase impenetrável, agora era uma marionete cujos fios invisíveis se enroscavam cada vez mais em torno de sua nobreza, exército e até do trono.


Hakim, agora um jovem príncipe em ascensão, já havia trilhado o caminho da tradição brutal de Gard: Ele havia eliminado todos os seus irmãos, como era esperado pelo ritual de sucessão da casa real. Mas havia uma verdade oculta, um último elo da cadeia que Omar Khalid, por medo, mantinha em segredo absoluto.


Zao Tian assistiu, impotente, quando aquela revelação veio não de aliados ou conselheiros, mas do próprio Olho.


A lembrança se formou diante dele: Amin estava elegantemente vestido em um traje escuro, sentado em uma sala privada da fortaleza. Do lado oposto da mesa estava Hakim, que já não era mais o garoto de olhar curioso, mas um homem de feições duras, marcado por cicatrizes de batalhas e traído pela própria história.


A voz de Amin soou como seda envenenada:


“Você acha que terminou? Seu pai, o venerável Omar, esqueceu de lhe contar um detalhe fundamental...” Hakim franziu o cenho, seu punho se fechou instintivamente.


“Para ser verdadeiramente Rei de Gard, não bastava matar seus irmãos. A tradição mais antiga exige o sacrifício final: o pai deve tombar pela mão do filho. Só então a linhagem é purificada e completa.”


Por um longo instante, o silêncio foi absoluto.


Zao Tian sentiu o choque e a fúria fria crescendo no semblante de Hakim.


“Omar não é estúpido.” Amin continuou, calmo, mexendo uma peça de xadrez sobre a mesa: “Ele sabia. Ele ocultou de você a última verdade para garantir que jamais houvesse um golpe interno. Mas... agora você sabe.”


Zao Tian observou o momento exato em que Hakim se tornou o homem que anos depois reinaria sobre Gard. O brilho cruel e frio no olhar, a decisão silenciosa que aconteceu naquele dia.


A memória se desfez abruptamente e outra tomou seu lugar, com um tom ainda mais sombrio.


Zao Tian sentiu o peso da transição e, quando as imagens voltaram, viu-se em meio a uma casa devastada. Paredes destruídas, símbolos desenhados com sangue nas tábuas e os gritos abafados de uma jovem amarrada ecoando pela sala.


Murdoc…. Aquele que mais tarde se tornaria uma das ferramentas mais sádicas da Trindade estava ali. Ele era uma figura grotesca naquela memória, coberto de cicatrizes, com a face deformada pelo sofrimento que suportara durante anos nas mãos daquela mesma garota agora prostrada e indefesa diante dele.


Zao Tian assistiu em silêncio o ritual de vingança. Murdoc não demonstrava piedade, não falava, não hesitava. Sua brutalidade era metódica, quase artística.


Ao fundo, ocultos pelas sombras, estavam Amin, Rachid e Samir.


“Ele é magnífico.” Murmurou Samir, com olhos arregalados de puro deleite.


Enquanto seu irmão se empolgava, Amin limitou-se a observar. Ele via em Murdoc a utilidade potencial, o instrumento perfeito para determinadas tarefas. Mas para Samir, era mais do que isso. Era pessoal.


Quando Murdoc finalmente terminou, Samir deu o primeiro passo para fora da escuridão. A silhueta sinistra do irmão mais sádico da Trindade se aproximou, e pela primeira vez em anos, ele sorriu de forma genuína ao tocar o ombro ensanguentado do homem que arfava, suado e exausto após a longa sessão de tortura.


“Venha comigo.” Disse Samir com voz baixa, quase fraterna: “Você nasceu para muito mais do que isso.”


Murdoc, olhou para ele com o olhar mais puro que Samir já viu na vida.


Foi naquele dia que, sob o olhar de Amin e uma certa aversão de Rachid, Murdoc se tornou aprendiz e braço direito de Samir.


Zao Tian, observando a cena se apagar em névoa, sentiu o peso opressor daquela memória. Ele sabia o que o futuro reservara para Murdoc, morto pelas próprias mãos de Zao Tian anos depois. Mas ali, naquele instante congelado no passado, era impossível evitar a sensação de estar assistindo ao nascimento de mais um monstro.


O Olho não parava de crescer. E Zao Tian tinha certeza de que, mesmo depois de tudo aquilo, o pior ainda estava por vir.



O ÚLTIMO HERDEIRO DA LUZ -UHL | NOVEL

© 2020 por Rafael Batista. Orgulhosamente criado com Wix.com

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