Capítulo 0982 - Cruéis
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As memórias fluíam como rios caudalosos dentro da mente de Amin, e Zao Tian, cansado de testemunhar a escalada cruel da Trindade ao poder, tomou uma decisão. Ele já havia visto o bastante do passado. Já conhecia a origem das feridas, dos pactos, das infiltrações. Agora, ele queria as cicatrizes mais recentes. Queria ver onde aquilo tudo havia levado e como usar isso contra eles.
Com sua consciência afundada naquela dimensão onírica e violenta, ele concentrou-se, como quem força uma janela a se abrir além do limite. A névoa das lembranças mais antigas foi empurrada para os lados, e uma nova onda de sensações brutais tomou seu corpo espiritual. A respiração de Zao Tian falhou por um instante, e ele precisou estabilizar-se no centro da mente que estava explorando.
Amin reagiu subconscientemente, mas ainda assim, ele viu.
Uma nova lembrança se formou. Desta vez, mais recente.
Em um lugar isolado, o céu estava pálido e sem estrelas. O solo rachado estava marcado por explosões recentes, e o ar carregava o cheiro de ozônio, madeira queimada e vapor de sangue. Em meio àquela planície arruinada, duas figuras femininas resistiam… Enya e Nallrian. As duas generais de Yan Chihuo. As duas aliadas de Zao Tian. E ali, diante delas… Estava a Trindade.
Zao Tian não precisou de explicações para saber onde e quando estava. Foi naquele dia que Enya morreu.
A cena se desdobrava diante de seus olhos com a clareza cruel que só as memórias sabiam ter. Enya, com seu falcão e furacões dançando ao seu redor, havia sido pega desprevenida. Seu corpo trazia cortes profundos, e sua perna esquerda arrastava-se como se o osso estivesse trincado. Mas ainda assim, ela estava à frente de Nallrian, protegendo a elfa como uma muralha orgulhosa.
Nallrian, por sua vez, também estava ferida. Seu braço esquerdo estava completamente queimado, e sua energia espiritual brilhava de forma fraca e cometida, como se lutasse para reparar os danos internos. A cena era triste, mas o que mais chamava atenção era o olhar de horror no rosto da elfa… não por estar prestes a morrer, mas porque sabia o que estava prestes a acontecer.
A Trindade não estava mais como antes. Eles haviam evoluído. Zao Tian podia sentir.
Eles estavam mais confiantes e fortes do que nunca.
Rachid flutuava acima do campo, com seus olhos fechados e os braços estendidos. A energia espiritual ao redor dele oscilava como uma tempestade invisível, mantendo o campo de batalha sob constante pressão, drenando a resistência das duas mulheres pouco a pouco, como uma doença que não podia ser parada.
A pressão espiritual no campo de batalha era quase tangível. As fissuras no solo vibravam com uma energia invisível, e mesmo o ar parecia hesitar antes de se mover.
Zao Tian observava aquilo com os punhos cerrados e a garganta seca de frustração e impotência. A Trindade, manipulando o Domínio da Miragem Eterna como uma extensão de seus próprios corpos, tinha transformado a realidade em um tabuleiro, uma armadilha, e cada passo de Enya e Nallrian era previsto, manipulado e esmagado.
Rachid ainda estava acima, com os olhos fechados, como um juiz indiferente à carnificina. A energia espiritual ao seu redor pulsava em espirais lentas, mas pesadas e sufocantes. Ele não atacava diretamente. Não precisava. Sua função ali era drenar a resistência das duas guerreiras, que suavam frio mesmo sem mover um músculo.
A primeira a tentar romper a inércia foi Enya. Sob seu comando, seu falcão demoníaco rasgou os céus num mergulho devastador, com as asas abertas como lâminas de ar comprimido, en quanto Enya erguia a mão, invocando correntes de vento cortante que serpenteavam ao redor de seu corpo.
“Fique atrás de mim, Nallrian!” Ela gritou, antes de avançar com fúria.
Do outro lado, a resposta da Trindade foi um silêncio sepulcral... e o desaparecimento instantâneo de seus corpos.
Enya, que mirava Rachid, já não via mais ninguém e não tinha quem atacar.
Eles haviam entrado no Domínio da Miragem Eterna.
Mais uma vez, desde que aquela luta começou, o campo ficou vazio por um instante sufocante. Enya hesitou, claramente, com os olhos buscando qualquer pista nos céus, nos ventos. E então... eles voltaram.
Samir surgiu atrás de Nallrian como um espectro, com uma adaga quase tocando sua nuca, mas antes que pudesse atacar, uma explosão de pétalas brancas girou ao redor da elfa, interceptando-o com centenas de cortes minúsculos. Samir recuou com um sorriso de quem quase se machucou feio e com o sangue escorrendo em filetes pela lateral do rosto.
“Essas pétalas... são mais afiadas do que parecem.” Ele murmurou enquanto lambia o sangue de forma sádica.
Nallrian tinha repelido o ataque, mas Zao Tian viu o que Samir realmente fazia. Ele não estava testando a força dela. Ele estava... distraindo.
De novo, os irmãos sumiram.
Rachid reapareceu no ar e simplesmente apontou um dedo para o falcão de Enya. A besta demoníaca guinchou de dor antes mesmo de ser atingida. A energia espiritual da besta foi puxada de uma só vez, atraída por correntes invisíveis e jogada de volta contra o próprio animal.
O falcão levou uma pancada violenta e caiu no chão, tremendo, mas não morto.
Enya rugiu de raiva, e os ventos em torno dela tornaram-se um furacão cego. Ela saltou ao ar, girando com as pernas estendidas, e a força centrífuga de seu movimento criou dezenas de lâminas de ar que voaram em direção ao céu.
Nesse momento, Amin apareceu por entre elas como se estivesse caminhando para fora de uma névoa. Sem expressão, ele simplesmente estendeu o orbe do Domínio, e parte das lâminas desapareceram no ar. As que aparentemente o atingiram não surtiram efeito, pois seu corpo havia retornado à dimensão paralela no instante exato do impacto.
Enya tentou recuar... mas o tempo já havia se dobrado ao favor da Trindade.
Eles estavam em todo lugar. Dentro e fora da realidade. E Zao Tian viu quando Rachid finalmente abriu os olhos.
As pétalas de Nallrian reagiram, como se sentissem o fluxo vital do inimigo. Elas giraram ao redor da elfa, formando uma muralha viva, mas algo estranho aconteceu.
Rachid desceu ao chão e tocou o solo com a ponta dos dedos. O campo começou a florescer... com as mesmas pétalas que Nallrian usava.
“Não...” Ela sussurrou, assustada.
Zao Tian entendeu. Rachid havia copiado a técnica da elfa. Ele copiou sua essência. E agora, mudando ligeiramente sua estrutura, ele suava a técnica que criou para drenar energia das pétalas que Nallrian ainda não havia invocado.
Nallrian cambaleou, sentindo a conexão com sua própria técnica ser desestabilizada. E pouco a pouco, as flores brancas tingiram-se de cinza e caíram do céu, mortas antes de desabrochar.
Samir aproveitou a abertura dada pelo seu irmão. Ele reapareceu ao lado de Enya, girando as adagas com uma precisão absurda. Enya ainda tentou desviar, recobrando-se com ventos que a levantaram do chão, mas Samir reapareceu novamente atrás dela.
“O vento... sopra para onde nós deixamos.” Ele sussurrou ao ouvido da guerreira de forma cruel e dominadora, antes de apunhalá-la.
A lâmina de Samir perfurou o flanco dela, atravessando músculos e ossos, e jogando Enya no chão com um baque seco.
Nallrian gritou quando viu. Ela correu até a amiga, para ajudá-la, mas antes que chegasse, Amin surgiu à sua frente.
“Vocês perderam.” Ele disse com uma calma aterrorizante: “Mas eu quero que você veja.”
Imediatamente após o surgimento de Amin, Nallrian tentou cortar o caminho com as pétalas. Milhares delas se ergueram como uma muralha de lâminas coloridas, mas o Domínio da Miragem Eterna absorveu metade delas antes que se movessem. O resto caiu no chão, inerte.
Rachid então desceu e usou uma força gravitacional esmagadora para pressionar e restringir os movimentos de Nallrian.
A pressão era absurdamente grande, chegando ao ponto de criar uma protuberância no hemisfério oposto do planeta onde eles estavam. E Nallrian, já ferida, caiu de joelhos, sem conseguir respirar, sem conseguir gritar.
Diante dela, Samir se aproximava de Enya, que jazia ferida, envenenada, mas ainda consciente. O falcão, ao lado, tentava se erguer com uma asa quebrada, mas não conseguia.
“Olhe para mim.” Samir então ordenou.
Enya o ignorou.
“Eu disse... OLHE!” Ele gritou, e pisou no peito do falcão.
A besta urrou. E Enya olhou, com ódio.
Samir logo se agachou, com os olhos fixos nos dela, e com um movimento rápido, cravou ambas as adagas no peito da guerreira. Não com pressa, mas com um cuidado sádico.
“Você lutou bem.” Ele murmurou: “Mas não o suficiente.”
A morte de Enya não foi heroica.
Foi silenciosa.
Quando as adagas de Samir perfuraram seu coração, a guerreira apenas cerrou os dentes e fechou os olhos. Ela não gritou. Não suplicou. Seu corpo apenas caiu ao chão com a leveza de quem já sabia que não sairia dali.
Seu falcão, mesmo debilitado, tentou se mover, arrastar-se até ela… mas parou a meio caminho, estendendo uma asa ferida que tremia de dor e impotência. Então, a criatura emitiu um único guincho baixo, um som de lamento, e desabou ao lado de sua companheira.
A alma da cultivadora do vento iconicamente se dissipou como um sopro. E com ela, o vento se calou.
Nallrian tentou se erguer, mas foi esmagada de volta ao chão pela força gravitacional imposta por Rachid. O corpo da elfa se curvava contra o próprio limite, seus ossos estalavam, e seus pulmões mal conseguiam expandir-se.
Amin apenas observava, como se analisasse um experimento finalizado.
Samir então se aproximou de Nallrian, ainda sujo com o sangue de Enya, e inclinou o rosto para perto da elfa. Seus olhos brilhavam com uma intensidade doentia, e o sorriso que ele carregava era de alguém que se deliciava com o que viria a seguir.
“Você vai lembrar disso.” Ele disse, com a voz rouca, mas firme: “Vai lembrar dela... e de nós.”
Nallrian tentou desviar o olhar, mas Samir segurou seu queixo, forçando-a a encarar o centro do campo.
Ali, ele e Rachid começaram seu ritual.
O corpo de Enya foi erguido por fios, como se fosse uma marionete. O falcão, morto, foi posicionado ao lado dela. Os dois foram suspensos no ar enquanto Rachid manipulava os corpos com precisão fria, quase artística.
Samir sussurrava enquanto trabalhava ao lado de seu irmão, com seus dedos marcando runas em sangue sobre os restos das asas e da carne.
A cada gesto, Nallrian queria fechar os olhos. Queria se afastar, romper a consciência, escapar do que via.
Mas não pôde. Eles não a deixaram fugir nem disso.
Ela foi obrigada a assistir enquanto transformavam os corpos de Enya e do falcão em uma escultura profana. Não pela técnica, mas pelo simbolismo. Os corpos eram atravessados por penas e ossos. O sangue de ambos escorria para formar a base do que parecia ser um olho.
“Não é arte para o mundo.” Disse Amin, sem emoção: “É arte para ela. Só ela viu. Só ela lembrará.”
Zao Tian, imerso naquela memória, sentiu a dor de Nallrian transbordar. Não era apenas física. Era o colapso. O peso da impotência. O horror de ver a luz de uma amiga ser apagada, e o corpo transformado em um aviso grotesco.
Seu ódio cresceu exponencialmente naquele momento. Embora ele já soubesse o que aconteceu, assistir era mil vezes pior.
“Eu vou achá-los…” Zao Tian cerrou os punhos e jurou: “E quando isso acontecer… vocês vão implorar pela morte!”
