Capítulo 0993 - Curto e Grosso
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Por um instante após a pergunta de Yang Hao, ninguém se mexeu.
As pessoas se olharam, já entendo o que tinha acontecido, mas esperando uma confirmação.
Cruz, por sua vez, encarou Shara’Kala como quem diz ‘eu avisei’.
Shara’Kala ergueu as sobrancelhas, não acreditando que Cruz estava certo o tempo todo, apesar de seus exageros.
Enquanto isso, Zao Tian encarava Yang Hao com a mesma intensidade de alguém que olha para um espelho rachado, não por refletir sua imagem, mas por expor as fissuras que uma vida inteira fingiu ignorar.
Então, sem nenhuma intenção de mentir, ele apenas assentiu com a cabeça, confirmando as suspeitas.
Foi um gesto pequeno da parte dele. Simples. Sem drama. Mas naquele instante, para todos que estavam presentes no salão, aquele leve movimento de cabeça foi um terremoto.
“Sim.” Zao Tian confirmou verbalmente, com a voz firme e sem desvio: “Fui eu quem pediu que Orfeu fosse infiltrado.”
A resposta caiu como uma pedra em um lago congelado. E as rachaduras vieram muito rápido.
Yang Feng, como sempre, foi o primeiro a se indignar.
“Você fez o quê?” Ele deu um passo à frente, com os olhos flamejando em incredulidade e fúria: “Você nos espionou? Você colocou um agente secreto entre os nossos, Zao Tian?!”
“Eu coloquei uma garantia.” Zao Tian respondeu com frieza, sem sequer virar o rosto para o Guardião Imperial, que assim como Yang Hao, não qualquer apreço da parte dele: “Vocês não foram pegos de surpresa porque Orfeu estava ali. Ponto.”
“Você ultrapassou os limites da confiança que depositamos em você!” Yang Gengi exclamou logo depois, com a voz transbordando de raiva, contida, mas evidente: “Você podia ter nos alertado! Nós poderíamos ter lidado com isso sem…”
“Sem sucesso.” Antes que Yang Gengi terminasse de falar, Zao Tian interrompeu, virando os olhos na direção dele e continuando: “Vocês não teriam contido os dois. Teriam alertado eles. Nenhum de vocês teria percebido o que eles eram. E assim como aconteceu com os verdadeiros Yang yin e Yang Fen, eles teriam agido bem debaixo dos seus narizes.”
“Zao Tian… Eu te respeito, mas isso não te dá o direito de agir pelas nossas costas.” Dessa vez, foi Yang Chao quem falou, com a voz baixa, mas cortante: “Você pode ter salvado o palácio… mas traiu a confiança que depositamos em você.”
Aquelas palavras ecoaram pelo salão.
Traiu.
Era uma palavra forte demais. E, ao mesmo tempo, dolorosamente próxima da realidade para alguns ali.
Mas Zao Tian permaneceu calmo diante das acusações e dedos apontados para ele. A sua convicção não se abalou, e ele inspirou fundo, cerrou brevemente os olhos e então voltou-se totalmente para Yang Hao.
Zao Tian não falou nada por alguns segundos. Apenas o olhou. Como se estivesse esperando que o imperador fosse o único capaz de entender o que precisava ser dito. Afinal, para ele, os fins sempre justificaram os meios.
E então, finalmente, ele falou: “Não vamos conseguir resolver isso com todo mundo berrando ao redor. A cada frase que a gente diga.”
Ao escutar aquilo, Yang Feng deu mais um passo à frente, mas antes que ele pudesse abrir a boca, Yang Hao ergueu uma mão, como fizera antes. O gesto foi seco. Rígido. E novamente, suficiente para silenciar não só Yang Feng, mas todos os Guardiões Imperiais.
Zao Tian aproveitou o instante e deu um único passo à frente. Seu tom agora não era provocativo. Era direto, quase pragmático.
“Eu não estou aqui pra travar uma guerra de egos. E você também não.” Ele olhou para Yang Hao com uma intensidade crua: “Tem verdades entre nós que não vão ser ditas aqui. Não com seus Guardiões ao seu lado querendo defender sua honra a qualquer custo. Não com os meus à minha retaguarda invadindo seu espaço. A verdade, quando é real, exige privacidade.”
Yang Hao manteve o seu olhar firme em Zao Tian por um longo tempo, mas não respondeu de imediato. Ele parecia estar processando, analisando, não apenas as palavras de Zao Tian, mas também o que aquilo implicava e o crescimento daquele homem. A sugestão de um diálogo privado com um dos únicos homens no mundo que jamais se curvaram diante dele… era uma ferida e uma ponte ao mesmo tempo.
Haviam outros que compartilhavam da mesma postura de Zao Tian, de encará-lo como um igual, mas até Momoa, por exemplo, o tratava com alguma cerimônia, mesmo que mínima. Contudo, Zao Tian era diferente… ele não era apenas alheio a qualquer cordialidade, ele tinha raiva, rancor em seu peito.
Enquanto o imperador o encarava, Zao Tian se virou brevemente para Ragnar e Kyon, que já haviam entendido o que viria a seguir.
“Fiquem aqui.” Ele disse: “Não importa o que ouvirem ou sentirem... ninguém entra.”
Ragnar apenas assentiu, e Kyon deu um passo atrás em silêncio. Os dois já haviam aprendido há tempos que quando Zao Tian precisava caminhar sozinho, o melhor que se podia fazer era garantir que ninguém o impedisse.
Yang Hao então olhou ao redor, observando seus homens. Ele viu os olhares feridos, traídos, frustrados, mas ele era o imperador. E como todo imperador digno de seu trono, ele sabia quando a verdade devia ser ouvida… mesmo que para isso ele precisasse se despir do poder por alguns momentos.
“Todos vocês…” Ele então disse, voltando-se para os Guardiões: “Não nos interrompam!”
Ao receber aquela ordem que não podia ser mais clara, Yang Feng hesitou por uma fração de segundo, mas foi o primeiro a obedecer. Yang Chao e Yang Gengi o seguiram. Até Orfeu, que não respondia a nenhum deles, recuou com discrição, como uma sombra obediente à luz.
Todos saíram, e quando os últimos passos ecoaram para fora do salão e as grandes portas foram cerradas, a grandiosidade do lugar pareceu encolher de forma abrupta. Os vitrais altos filtravam a luz turva de um céu prestes a desabar, e os ecos do silêncio entre aquelas colunas pareciam carregar mais tensão do que o som de todas as guerras que a Dinastia Yang já enfrentou.
Ali, eles não eram mais líderes conversando. Despidos de suas posições e testemunhas que atestassem elas, eram apenas dois homens se encarando.
Yang Hao permaneceu de pé o tempo todo, firme, com as mãos cruzadas às costas. Em silêncio, ele encarou Zao Tian por longos segundos, até que, com um aceno sutil da cabeça, indicou que estavam a sós.
“Agora você pode desabafar, Zao Tian.” Ele disse, sem provocação, sem ironia. Era uma abertura, talvez até um gesto de respeito. Mas Zao Tian não o recebeu como tal.
Ele permaneceu imóvel por um momento, até responder com a frieza de quem conhecia bem demais o peso das palavras, e as cicatrizes que elas carregam: “Aqueles que se sentem menores é que costumam precisar desabafar primeiro.”
Zao Tian disse aquilo sem alterar o tom de voz.
Aquela foi uma resposta cortante, carregada de desprezo. Não havia gritos, não havia raiva explícita… mas cada sílaba era como uma pedra jogada em direção ao trono.
Yang Hao não respondeu de imediato. Apenas balançou levemente a cabeça, como quem reconhece a provocação, mas se recusa a cair nela.
“Se é assim que prefere começar, então me diga...” Ele falou, com a voz controlada: “O que motivou você a infiltrar um agente, sob sigilo, entre os meus? E por que fez isso dessa forma?”
Zao Tian deu dois passos para o lado, olhando para as colunas talhadas do salão como se elas fossem um espelho cego da história que os cercava. Então, ele voltou o olhar para Yang Hao, não como um subordinado, nem como um aliado, mas como um igual. Ou talvez, para ele mesmo, como alguém acima.
“Porque os regentes que você deixou no comando da Dinastia Yang não tinham a menor condição de lidar com o que estava por vir.” Ele disse, de forma direta: “Eles estavam mais preocupados em manter a imagem da dinastia do que em proteger as pessoas que vivem sob esse nome. Não podiam fazer nada. E eu não podia esperar.”
Yang Hao o observava, imóvel. E Zao Tian continuou: “Eu não fiz o que fiz para enfraquecer a Dinastia Yang. Fiz porque ela já estava enfraquecida demais pra perceber o que se aproximava.” Ele gesticulou com uma das mãos, como se descartasse algo invisível no ar: “E quando eu percebi que os dois ali podiam não ser os verdadeiros Yang Yin e Yang Fen, eu soube que temi que estivéssemos sendo observados, de dentro.”
Depois de dizer aquilo, Zao Tian se aproximou mais um passo, e seu tom mudou ligeiramente. Ele não ficou mais suave, mas mais assertivo, como quem diz algo que não pode mais ser ignorado: “Você, Yang Hao… Se você está mesmo engajado nessa guerra contra o Olho, como diz estar, então está na hora de deixar pra trás esse conceito de ‘minhas forças’, de ‘minha Dinastia’, de ‘meus Guardiões’.”
Zao Tian apontou o dedo para o chão entre eles, e então para o teto, as colunas, as janelas altas.
“Isso tudo… não é só seu. Não mais. Não tem espaço pra possessividade nesse jogo. Se continuarmos pensando em tudo como propriedade, como territórios, linhagens e brasões, então vamos perder.”
“Agora, tudo isso é ‘nosso’. E você precisa começar a agir como alguém que entende isso. Eu não infiltrei um agente nas suas fileiras, mas nas minhas… Nas nossas fileiras!” Zao Tian finalizou com um tom que podia até ser considerado repreensivo.
Yang Hao, por sua vez, estreitou levemente os olhos. Pela primeira vez, as palavras de Zao Tian o atingiam não como afronta, mas como constatação. Ele não respondeu de imediato, e o silêncio que veio depois não era de raiva… era de reflexão.
O que existia entre eles agora não era apenas um salão vazio, nem os ecos de uma disputa por liderança ou honra. O que existia era a chance de dois mundos antigos e quebrados aceitarem, mesmo que a contragosto, que estavam lutando pela mesma coisa. E que talvez, só talvez, não sobreviveriam se não superassem suas desavenças e o fizessem juntos.
