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Capítulo 0996 - Herdeiros

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Tenham uma boa leitura!]


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Agora, depois de muito pouco tempo frente a frente, ar entre Zao Tian e Yang Hao não era mais só pesado, era denso como metal fundido. Nenhum dos dois se movia, mas cada palavra dita havia sido como um golpe trocado, abrindo fissuras que nem o tempo, nem o cultivo seriam capazes de curar com facilidade.


Eles se aproximavam um do outro de forma ameaçadora e recuavam. Xingavam e desejavam acusações de crimes a cada frase que poderiam.


Agora, depois de escutar o último desabafo de Yang Hao, Zao Tian ainda mantinha os olhos fixos no imperador, mas havia algo diferente agora. Não era mais o fogo da acusação pura. Era algo mais denso, mais íntimo. A percepção de que, talvez, estivesse falando com um homem tão ferido quanto ele próprio.


Mas isso não diminuía sua revolta. Nem um pouco. Os alegados sofrimentos de Yang Hao não apagavam os nomes, os gritos, nem a fome que ainda martelavam em suas memórias.


Yang Hao, por sua vez, já não enxergava apenas o rebelde desbocado que desafiava sua autoridade. Vendo de perto, havia em Zao Tian a mesma solidão que ele próprio sentira quando herdou o trono e o mundo desabou sobre seus ombros.


Nenhum dos dois pediu para ser assim, não quiseram aquelas vidas, mas tiveram que enfrentá-las, porque era isso que eles tinham.


Para pôr um fim ao silêncio, Yang Hao fez questão de frisar sua última afirmação e se expôs um pouco mais, revelando o que sentia em seus momentos mais íntimos: “Você diz que este império foi construído sobre cadáveres. E está certo. Mas você não sabe quantas noites eu também desejei que ele desmoronasse para me deixar em paz.”


“Eu me envergo todas as vezes que penso isso, porque eu não posso pensar apenas em mim! O trabalho do meu pai não pode acabar por causa da minha preguiça ou fraqueza.”


Ao escutar aquilo, Zao Tian apertou os lábios, hesitando por um breve instante. Mas ele não era feito para compaixão fácil.


“Então abandone-o.” Ele disse, seco: “Abandone esse império. Rasgue esses mandamentos. Faça algo que não tenha sido ditado por medo ou por tratados com monstros celestiais.”


Yang Hao riu, sem humor. Ele balançou a cabeça em desapontamento, como se estivesse conversando uma criança, e respondeu: “Você acha que é tão simples assim? Que basta um imperador deixar seu posto e o mundo se organiza sozinho?”


“Eu acho que alguém precisa fazer o que é certo. Mesmo que isso custe tudo.” Zao Tian respondeu, firme: “E se ninguém estiver disposto a fazer isso, então que se calem quando alguém, como eu, faz do próprio corpo uma lâmina para cortar a raiz podre da tradição.”


Yang Hao deu alguns passos para o lado, afastando-se pela primeira vez daquela linha tênue de confronto direto. Ele olhava os vitrais do salão, onde figuras antigas representavam os primeiros cultivadores da Dinastia Yang.


“Você fala em cortar raízes, mas se esquece que nem toda raiz nasce podre. Algumas apodrecem porque foram esquecidas.” Ele disse, com pesar.


Zao Tian rangeu os dentes ao escutar aquela tentativa de defesa. Sua paciência era curta, sua raiva era antiga, e seu senso de justiça não tolerava floreios.


“Você fala como se fosse o único herdeiro de um mundo quebrado.” Zao Tian disparou, aproximando-se mais uma vez: “Mas não é o único que teve que levantar dos escombros. E com todo respeito... pare de usar a memória do seu pai como escudo. Essa conversa não é sobre ele. É sobre você.”


A franqueza cortante fez Yang Hao virar o rosto por um instante, mas ele não se calou.


“Você quer que eu assuma tudo como se eu fosse o próprio fardo encarnado deste mundo. Mas não é assim. Não é só sobre mim.” Yang Hao apontou para o chão, como se estivesse indicando a própria fundação da Dinastia: “O que construímos, o que sustentamos... não é feito só das minhas decisões. E eu não sou o único com sangue nas mãos.”


“Você ignora Gold como se ele fosse uma lenda distante, mas ele está aqui, não está?” Yang Hao estalou os dedos, como se puxasse a presença oculta para a superfície. 


Zao Tian estreitou os olhos. A menção a Gold não lhe agradava. Não naquele contexto. Não naquela sala.


“Não ouse usar o nome dele nessa conversa.” Zao Tian rosnou: “Isso é entre mim e você.”


“Mas ele está aqui.” Yang Hao rebateu com firmeza: “Mesmo que esteja calado, observando, como sempre fez. Mesmo que prefira que os outros sujem as mãos por ele. E quer saber, Zao Tian? Ele tem culpa. Talvez mais do que qualquer um de nós.”


Aquelas palavras atingiram Zao Tian como um tapa. Ele avançou mais um passo, agora apenas centímetros do rosto do imperador. Vê-lo ofender Gold doeu tanto quanto ver alguém ofendendo seu próprio pai.


“Cuidado com o que diz.” Zao Tian avisou.


Yang Hao não recuou. Tampouco piscou.


“Cuidado você.” Ele disse: “Você fala com a convicção de quem está pronto para cortar a cabeça de um império. Mas se não tiver coragem de encarar toda a verdade, então está cavando uma cova rasa.”


Zao Tian rapidamente cerrou os punhos e teve que se segurar para não socar Yang Hao. O som de seus dedos se pressionando parecia o estalo de uma corrente prestes a se romper.


Mas ele não se moveu.


O golpe que queria desferir não seria com os punhos. Seria com a palavra. Com a verdade que pesava mais do que qualquer espada.


“Você quer falar de covas, Yang Hao?” Zao Tian disse, com a voz mais baixa, rouca de contenção: “Você cresceu em um mundo onde a cova estava sempre aberta, esperando por alguém que te desobedecesse. Eu cresci em uma cova. Eu dormia nela. Respirava nela. E por muito tempo, aceitei que era ali que eu pertencia.”


“E foi por isso que eu rasguei cada regra, cada dogma, cada mandamento que vocês impuseram a este mundo. Porque tudo o que essas regras faziam era empurrar mais gente para o buraco.”


Yang Hao caminhou devagar até um dos pilares do salão, pousando a mão sobre a pedra fria.


“E agora você acredita que é o único que pode decidir o que vive e o que morre?” Ele perguntou, sem encará-lo: “Você não vê que carrega a mesma pretensão daqueles que sempre combateu?”


“Eu não me escondo atrás de títulos.” Zao Tian respondeu, direto: “E não mando homens matarem por mim. Eu luto. Eu sangro. Eu me quebro, se for preciso. Mas nunca, nunca, direi a alguém que ele deve se curvar porque a linhagem dele não é pura o suficiente.”


“Nem todos os títulos são heranças.” Yang Hao virou-se para encará-lo de novo: “Alguns são fardos. Alguns são punições. Você fala como se eu tivesse nascido com uma coroa na cabeça. Mas a verdade é que... quando meu pai morreu, eu não tive escolha.”


Zao Tian respirou fundo. Seu rosto se manteve inexpressivo por um momento, até que ele disse, sem rodeios: “Eu sei.”


Aquilo pareceu silenciar o salão.


Yang Hao estreitou os olhos em estranheza e questionou: “Você sabe?”


Zao Tian assentiu, com lentidão.


“Sei que não teve escolha.” Ele disse: “Sei que herdou um império fadado a ruir. Sei que, se tivesse recusado, o continente teria virado um banquete para bestas, deuses e monstros. E mesmo sabendo disso, mesmo reconhecendo o peso que você carregou... eu ainda estou aqui. Porque saber não é o mesmo que aceitar.”


“Você podia ter mudado tudo. Podia ter transformado essa Dinastia em algo novo. Mas escolheu manter os grilhões dourados. Apenas os poliu, os envernizou, e os chamou de ‘estabilidade’.”


Yang Hao respondeu com amargura: “E você acha que estabilidade não vale nada?”


Zao Tian balançou a cabeça em rejeição, antes de dizer: “Estabilidade construída sobre sofrimento é uma mentira com fundação de ossos. E quando o tempo passar, quando o sangue secar e as vozes se calarem, tudo o que restará será poeira... e vergonha.”


Os dois voltaram a se encarar, frente a frente, como duas forças da natureza tentando coexistir em um mesmo espaço. Contudo, agora, elas apenas estavam lá, em sentidos opostos, mas sem querer tomar o lugar uma da outra.


Zao Tian cruzou os braços, e sua voz suavizou apenas o suficiente para demonstrar um traço de sinceridade: “Eu não vim aqui para tomar seu trono. Nem para acusá-lo de todos os males do mundo. Eu vim para garantir que o mal não continue crescendo debaixo do seu nariz.”


Yang Hao observou, com olhos semicerrados: “Eu sou todo ouvidos, se acredita que pode fazer isso sozinho?”


“Não.” Zao Tian respondeu: “Mas acredito que posso fazer o que é preciso, com ou sem a permissão de um imperador.”


Yang Hao se afastou um pouco, contemplando o jardim além das janelas do salão, e falou num tom sincero: “Você age como se as alianças não importassem. Como se todas as peças de um mundo fossem intercambiáveis. Mas elas não são. A Dinastia Yang é uma das poucas muralhas que ainda existem entre os mortais e o caos. E por mais que me odeie... você sabe disso.”


Zao Tian não negou. Nem confirmou. Apenas disse: “Se você for uma muralha, então que se comporte como tal. Firme. Impassível. E, acima de tudo, confiável.”


“E você?” Yang Hao virou-se outra vez: “Você é confiável, Zao Tian? Você consegue se controlar?”


O cultivador sorriu, sem humor: “Eu sou necessário. E pode acreditar que quando eu faço uma promessa eu não volto atrás.”


Um novo silêncio tomou conta do salão, mas desta vez ele não era carregado de raiva. Era um silêncio de ponderação. De peso. De realidade crua.


“Você não precisa gostar de mim, Yang Hao. Nem confiar. Mas precisa entender o que está por vir. A Tríade... a Trindade... o Olho... eles não estão mais tentando dominar o mundo. Eles já começaram. E se não estivermos dispostos a sangrar juntos, vamos morrer sozinhos.” Zao Tian falou.


Yang Hao assentiu, mas sua expressão permanecia sombria enquanto ele perguntava: “Me responda algo… e por favor, seja sincero… Você acredita que Gold estava certo? Que ele tinha bons motivos para ignorar tudo e todos?”


Zao Tian hesitou. E pela primeira vez em muito tempo, olhou para o chão enquanto tecia uma resposta que valia para todos que escutavam aquela conversa, incluindo Gold: “Gold... salvou esse mundo de uma tirania que vocês nem conseguem imaginar. Mas também ‘fugiu’, se é assim que acha que pode definir a partida dele. Entre todos os seus acertos, ele também cometeu erros. E não importa o quanto eu o admire, eu não vou repetir esses erros.”


Dessa vez, o olhar de Yang Hao era diferente. Ele parecia não só acreditar, como torcer para que Zao Tian estivesse alinhado com as suas próprias palavras: “Então seja melhor que ele.”


Zao Tian olhou nos olhos do imperador e respondeu, com uma calma que carregava mais ameaça do que qualquer grito e mais peso do que uma simples promessa: “Eu serei!”



O ÚLTIMO HERDEIRO DA LUZ -UHL | NOVEL

© 2020 por Rafael Batista. Orgulhosamente criado com Wix.com

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