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Capítulo 0997 - Esclarecimentos

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Tenham uma boa leitura!]


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O eco das palavras de Zao Tian ainda pairava no salão quando o silêncio caiu novamente, desta vez não como trégua, mas como prenúncio. As pedras sob seus pés pareciam absorver cada sílaba como se registrassem, para a eternidade, o pacto não declarado que acabava de nascer entre aqueles dois homens que pareciam tão opostos.


Yang Hao ainda não respondeu. Ele simplesmente olhou para o vitral diante de si, uma imagem antiga de Yang Zai, erguendo uma espada para o céu, enquanto figuras menores se curvavam a seus pés.


Talvez pela primeira vez, ele não viu grandeza ali. Viu solidão.


“Zao Tian...” Yang Hao começou, virando-se com um suspiro controlado e um tom extremamente sincero: “Se pretende andar ao lado da Dinastia Yang, precisa entender que nossa força não vem apenas de nossos punhos. Ela vem da unidade. E unidade exige confiança mútua.”


Zao Tian franziu o cenho, respondendo com franqueza imediata: “Confiança não nasce de palavras bonitas nem de brasões esculpidos em pedra. Ela nasce de ação. De escolha. E até agora, tudo o que eu vi... foi medo travestido de estratégia.”


Yang Hao respondeu com uma expressão dura, mas ponderada: “Então aja. Prove. E talvez eu faça o mesmo.”


Antes que Zao Tian pudesse responder, uma terceira voz cortou o ar, firme como aço frio, vinda de um ponto onde a sombra do salão se acumulava, discreta, mas inegável.


“Vocês dois falam como se fossem os primeiros homens a carregarem o peso do mundo nas costas...”


O som dos passos foi a única interrupção àquela fala. A figura responsável então emergiu, sem cerimônia, como se sempre estivesse ali, apenas aguardando o momento certo para se anunciar.


Gold.


Ele apresentava-se de forma simples, sem adornos. Os cabelos escuros, ligeiramente desalinhados, emolduravam olhos que pareciam ter visto eras inteiras se partirem e se reconstruírem. Não havia arrogância em sua postura, apenas um cansaço orgulhoso. Um cansaço de quem viveu tempo demais e foi cobrado por tudo, ao longo de todos esses anos.


Zao Tian imediatamente virou-se, surpreso.


“Gold...” Sua voz saiu mais tensa do que gostaria.


Yang Hao manteve a compostura, mas levou uma mão sutil ao punho de sua espada. Não por medo, mas por instinto.


Gold ignorou os dois por um momento e até riu do gesto instintivo de Yang Hao. Depois, ele caminhou até o centro do salão, onde a luz dos vitrais desenhava símbolos multicoloridos no chão. Ele olhava para eles como se observasse as peças de um jogo que já conhecia bem demais.


“É curioso...” Gold disse, virando-se: “Ver duas pessoas tão diferentes brigando por algo que nenhuma delas compreende completamente.”


Depois daquelas palavras, o som dos vitrais vibrando ao sabor de uma brisa sutil que cruzava o salão parecia o único ruído no mundo por longos segundos. Mas era uma trégua mentirosa. Sob aquele silêncio, pensamentos colidiam como trovões nos três homens reunidos ali. Três legados de mundos distintos, agora forçados a coexistir por algo maior do que eles mesmos.


Gold permanecia de pé, de braços cruzados, com os olhos fixos em Yang Hao. Era como se estudasse uma estátua à beira de desmoronar, não por fraqueza, mas pelo peso das rachaduras que o tempo insistia em esconder.


“Então é isso que restou da linhagem do pequeno Zai?” Gold falou com voz baixa, mas cortante: “Um imperador que quer salvar o mundo com correntes de ouro… e um revolucionário que acha que a espada pode curar as cicatrizes da história.”


Após escutar o nome de seu pai ser citado, Yang Hao cerrou os olhos, sem disfarçar a irritação, e retrucou: “E o que restou de você, Gold? Um espírito que se esconde dentro de outro homem, dando conselhos quando lhe convém e se calando quando o mundo grita?”


Aquilo soou como um soco, e Zao Tian virou o rosto levemente em direção a Gold, mas sem interferir. Não ainda. Ele queria ouvir o que Gold diria. Precisava ouvir.


Gold sorriu, mas não era um sorriso agradável. Era o tipo de sorriso de quem já morreu uma vez, e não esqueceu. O sorriso de um adulto quando é confrontado pela inocência de uma criança.


“Eu não sou um espírito.” Ele respondeu: “Sou meramente um erro necessário. Um fim que precisava existir… para que novos começos fossem possíveis.”


Gold não respondeu diretamente a sua pergunta, e Yang Hao deu um passo à frente, sem conter mais o peso da indignação: “Você fala como um profeta que escolheu desaparecer no momento em que o mundo mais precisava de presença! Não venha nos ensinar sobre fins e começos, Gold. Você teve poder. Você teve influência. Mas, no fim, preferiu fugir.”


“Fugir?” Gold riu, sacudiu a cabeça como se não acreditasse no que ouviu, e questionou: “Foi isso que entendeu?”


Naquele questionamento de Gold, o tom era carregado de puro desprezo. Não contra Yang Hao pessoalmente, mas contra tudo que ele mesmo representava.


“Eu lutei guerras que vocês nem conseguem conceber. Fui caçado por deuses, traído por aliados, e chamado de monstro pelas mesmas pessoas que jurei proteger. Mas sabe o que me fez desistir?” Ele apontou com o dedo, não para o imperador, mas para o chão sob os pés dele: “Foi isso aqui. Essa fundação. Esse velho mundo que insiste em existir à base de sacrifícios. Vocês não queriam mudança. Queriam alguém pra carregar a cruz enquanto assistiam do trono.”


Com algo entalado na garganta há muito tempo, depois de escutar tantos desabafos como os de Yang Hao, Zao Tian finalmente quebrou seu silêncio. Sua voz veio firme, sem elevação, mas cada palavra parecia um prego cravado no chão que Yang Hao criava ao redor de Gold: “Você está se colocando acima de todos, como se tivesse o direito de julgar quem ficou.”


“Alguns dos seus motivos eu entendo, mas o que aconteceu antes… eu nunca consegui entender!”


Zao Tian foi sincero ao expôr um pensamento que sempre martelou em sua mente e ele nunca teve a coragem, a oportunidade, e talvez o direito de expressar.


Gold manteve-se imóvel. Seus olhos semicerrados, agora fixos em Zao Tian, não carregavam desprezo, tampouco raiva, mas algo mais difícil de decifrar: um cansaço antigo misturado à lucidez cruel de quem já tentou de tudo, já acreditou em tudo, e no fim, ficou só com a própria consciência.


“Você nunca conseguiu entender?” Gold repetiu, com uma risada quase silenciosa. “É engraçado ouvir isso de você… Um ex escravo não entender porquê um homem ditar as regras do mundo é prejudicial para todos abaixo dele...”


“Você, moleque, quer mesmo me questionar sobre porquê eu não me tornei um juiz?!”


Enquanto dizia aquilo, Gold passou os dedos pela própria testa, como se tentasse apagar uma memória que se recusava a desaparecer, antes de completar: “Eu fiz tudo o que era possível. Mas havia um ponto… um ponto em que tudo começou a se repetir. Os mesmos erros, os mesmos deuses, os mesmos homens buscando coroas como se fossem absolvições. E eu... eu comecei a perceber que, quanto mais poder alguém acumulava, mais distante da mudança ele ficava. Eu não fugi, moleque. Eu quebrei o ciclo. Mesmo que isso custasse minha presença neste mundo.”


Yang Hao apertou os olhos, respirando pesadamente, até que sua voz explodiu no salão: “Quebrar o ciclo? Não me insulte! Você se retirou quando o mundo precisava de um símbolo! Você era o homem que derrotou os deuses, que enfrentou um panteão… e então sumiu! Como espera que eu, ou qualquer outro, aceite que isso foi coragem?!”


A tensão na sala aumentava, como se cada frase dita estivesse puxando correntes antigas que prendiam os três a um destino maior do que qualquer escolha individual.


Gold virou-se lentamente para Yang Hao, e seus olhos agora brilhavam com aquela frieza quase mística que sempre o cercou.


“Você queria um símbolo, garoto?” Gold questionou, antes de dizer: “Símbolos são mortos em praças públicas. São crucificados. São queimados para aquecer fogueiras que iluminam mentiras.”


Depois de dizer aquilo, ele deu um passo à frente, e dessa vez sua voz era um pouco mais firme: “Você quer respostas, imperadorzinho? Pois pergunte. Pergunte tudo. Porque se for para limpar esse salão de ilusões, vamos arrancar cada véu, palavra por palavra.”


Yang Hao não hesitou. As suas mãos ainda cerradas, seus os olhos ainda queimavam como brasas, mas a sua voz... a sua voz era a de um menino que cresceu com perguntas não respondidas, com heróis ausentes e livros que encerravam histórias demais em páginas de glória injusta.


“Por que você não os matou?” ele perguntou, com raiva: “Krishna... Odin... todos eles. Por que parar quando todos esperavam que você encerrasse aquilo de vez? Por que fazer acordos com monstros?”


Apesar do tom inquisitivo de Yang Hao, salão parecia menor com a presença de Gold. Não porque ele ocupasse mais espaço, mas porque sua existência, mesmo fundida à de Zao Tian, pesava como um universo inteiro comprimido em uma voz só.


Ele não respondeu imediatamente.


A pergunta de Yang Hao, dura, acusatória, ainda pairava no ar, como uma flecha cravada entre as costelas da história. Mas Gold não sangrou por ela. Ele apenas a fitou por um instante, como se observasse um animal ferido tentando avançar com dignidade.


Então, lentamente, ele desviou o olhar para um ponto qualquer do chão. Quando falou, sua voz foi baixa, mas clara. Não havia hesitação, nem justificativas, apenas fatos, na forma como ele os compreendia: “Eles não morriam.”


Yang Hao franziu o cenho, e Zao Tian permaneceu em silêncio.


Gold continuou: “Eu os enfrentei. Quebrei seus corpos. Destruí seus reinos, céus, panteões inteiros. E por um tempo... achei que seria suficiente. Mas eles voltavam. Sempre voltavam. Mudavam de forma, de aparência... mas eram os mesmos. Os mesmos parasitas se alimentando da adoração, da guerra, do medo.”


Ele então ergueu os olhos para encarar Yang Hao. Havia um brilho amargo neles. Um tipo de lucidez que não pedia para ser compreendida, apenas aceita.


“Você acha que eu desisti por fraqueza? Eu fiz um acordo porque não havia vitória total. Porque, naquela época... naquele tempo… o próprio tecido da existência estava alinhado para manter os deuses de pé. Não importava quantos tombassem, o ciclo continuava.”


Yang Hao estreitou os olhos e respondeu, com a voz falhando entre o ceticismo e o desafio: “Então você... você escolheu deixar monstros vivos para salvar o que, exatamente?”


Gold respirou fundo. Quando respondeu, não foi para convencer, mas para encerrar o assunto, ao menos da forma como ele via.


“Escolhi garantir que, ao menos por algumas eras... o restante da criação pudesse existir sem correntes. Escolhi a liberdade de todos, ainda que parcial e com data de validade, em vez de uma falsa promessa de uma extinção impossível. Esse foi o preço. Um acordo que ninguém além de mim poderia assinar... porque ninguém mais havia sangrado o suficiente para entender o valor real daquela barganha.”


Zao Tian cruzou os braços, mantendo o olhar firme em Gold. Havia algo nele que não concordava. Não abertamente, mas o desconforto era nítido.


Gold notou.


“Você não aprova.” Ele disse, como quem comenta o tempo.


Zao Tian respirou fundo, controlando a língua como um guerreiro segura a lâmina diante de um mestre que jamais poderia vencer.


“Não é isso.” Zao Tian respondeu, com calma, mas dureza: “Eu só acho curioso como alguém que lutou tanto para derrubar tiranos... aceitou se sentar à mesa com eles.”


Por um momento, os olhos de Gold pareciam muito mais velhos do que qualquer rosto poderia carregar. Era o olhar de quem já viveu o suficiente para perder o direito de ser chamado de herói.


“É fácil ser puro quando tudo o que você conhece é a lama.” Gold disse: “Mas quando você vê o que vem depois do caos... quando presencia a face do vazio olhando de volta... começa a entender que há coisas piores do que pactos.”


Yang Hao, apesar de ainda inflamado, pareceu tocar algo naquela resposta. Talvez uma fagulha de compreensão. Talvez apenas mais uma dúvida a arder no peito.


Ele então mudou o tom. Menos agressivo, mais carregado de peso: “Você sumiu. E os que vieram depois… ficaram tateando no escuro. Fomos forçados a reconstruir o que não entendíamos. E quando cometemos erros, todo mundo nos comparou a você. Como se bastasse imitar sua sombra para salvar o mundo.”


“Talvez esse tenha sido meu maior erro.” Gold respondeu: “Ter deixado sombras demais para trás.”


Enquanto Gold respondia, Zao Tian descruzou os braços, se aproximando de leve. Seus olhos não estavam voltados a Gold agora, mas a Yang Hao: “E é por isso que a gente está aqui. Para garantir que não sejamos lembrados como outra geração que tentou, falhou e desapareceu.”


Ao escutar aquilo, o imperador assentiu levemente, absorvendo o que foi dito pelos dois, ainda que parte dele continuasse em conflito.


Depois de um tempo, Yang Hao olhou de lado, como se o peso da próxima frase lhe custasse parte da alma, e questionou: “Você disse que não havia como matá-los. Que eles sempre voltavam. Mas agora... parece diferente. Como se algo tivesse mudado. Como se... a raiz finalmente pudesse ser cortada.”


Zao Tian respondeu antes que Gold o fizesse: “Porque mudou.”


Yang Hao franziu o cenho e questionou: “Como?”


Gold virou-se, com seu tom agora assumindo um peso sutil, mas inegociável: “Porque agora existe um corpo que pode carregar o fardo da ruptura. Alguém que não deveria sequer existir. Alguém... nascido sem veias espirituais e que não tem uma ligação direta com o sistema que sustenta os deuses e o cultivo...”


“Essa anomalia entende que algo tem que mudar, e quando for agora, ela não vai hesitar!”


“Os deuses podem morrer! E ele vai matá-los!” Gold encerrou, olhando para Zao Tian como se depositasse o peso de um universo em suas costas.


O ÚLTIMO HERDEIRO DA LUZ -UHL | NOVEL

© 2020 por Rafael Batista. Orgulhosamente criado com Wix.com

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