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Capítulo 0998 - Humanos

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O silêncio posterior às palavras de Gold foi longo, mas não era o mesmo de antes. Não era mais o peso de feridas abertas ou acusações engasgadas, era o tipo de silêncio que precede decisões inevitáveis.


Zao Tian desviou os olhos ao escutar aquilo, respirando fundo, como se o peso da responsabilidade que Gold jogara sobre ele fosse algo que já conhecia bem demais… e mesmo assim nunca tivesse enxergado por completo.


Yang Hao, por sua vez, não parecia convencido, mas tampouco havia mais fúria em seus olhos. O brilho que restava ali era o da razão crua, que vinha depois do esgotamento, quando já não resta força para continuar odiando, apenas a frieza da escolha.


Gold quebrou o silêncio que ele mesmo cgerou, com o olhar voltado a Zao Tian e um tom seco: “E você aí, com essa cara de quem entendeu alguma coisa...”


Zao Tian imediatamente o encarou, franzindo o cenho, mas não respondeu.


Gold deu dois passos à frente, ficando a pouco mais de um metro dele. Então ergueu um dedo acusador, apontando direto para o peito de Zao Tian, e disse:

“Não se ache especial só porque eu disse que você é a peça que o plano precisava. Você é uma apenas anomalia, moleque. Uma falha que acabou se tornando útil. Nada mais.”


Zao Tian, por sua vez, manteve-se impassível, mas o músculo em sua mandíbula se contraiu.


Gold não era capaz de fazer um elogio sem xingar logo depois de fazê-lo.


Gold não parou: “Eu apostei em você porque o mundo precisava de algo que não se encaixasse na ordem natural. Mas isso não significa que você esteja pronto. Ou que vá vencer. A maioria das minhas apostas falhou, é só olhar para o passado. E eu não tenho mais tempo ou paciência pra cuidar de mais um fracasso que acha que o destino gira ao redor do próprio umbigo.”


Zao Tian se irritou com aquele desdém, então, ele deu um passo à frente, sem elevar a voz, e respondeu: “Se está tão certo de que eu não sou nada, então por que continua aqui?”


Gold sorriu com escárnio e falou: “Porque mesmo a ferramenta mais lascada pode ser afiada se bater no metal certo. E você...” Ele então olhou de esguelha para Yang Hao e prosseguiu: “Ainda precisa ser trabalhado na bigorna.”


Yang Hao, sem entender o motivo de Gold ter olhado para ele, cruzou os braços e questionou: “E você acha que eu entro nessa?”


“Sim.” Gold respondeu sem hesitação: “Talvez você seja duro o bastante pra não quebrar no primeiro impacto. Já é mais do que a maioria consegue fazer.”


Depois de dizer aquilo, Gold deixou o braço cair ao lado do corpo e, por um instante, desviou o olhar dos dois. Não em fuga, mas como quem busca, nas próprias palavras, o fôlego necessário para encerrar uma conversa que durou tempo demais, mesmo que nunca tivesse realmente começado.


“Eu já caminhei tempo o bastante neste mundo, moleques.” Gold disse, sem encarar Zao Tian ou Yang hao, mas claramente se dirigindo a eles: “Tempo o bastante para ver o que existe depois da glória. Depois da queda. Tempo o bastante para deixar de me importar com julgamentos ou expectativas. Eu já fiz mais do que qualquer um deveria. Já sangrei mais do que qualquer um suportaria. E, se isso não for suficiente pra vocês dois, ótimo. Não era pra ser.”


Enquanto falava, Gold se virou lentamente, encarando ambos. Seus olhos não estavam mais em chamas. Não havia ira em seu olhar. Apenas um abismo calmo, frio… dolorosamente lúcido.


“Vocês acham que estão sozinhos nessa cruzada. Que o sofrimento de um é sempre maior que o do outro. Você, moleque, com essa dor de quem nasceu sem veias espirituais, como se o mundo te devesse algo por isso. E você, imperadorzinho... tentando carregar o nome do seu pai como se fosse uma armadura e não uma âncora que te arrasta para o fundo.”


Yang Hao cerrou o punho quando foi citado, mas não respondeu. Havia verdade demais naquela acusação para se esconder atrás de argumentos.


Zao Tian também permaneceu em silêncio. Ele havia aprendido que, quando Gold falava assim, o melhor era ouvir. Ele podia ser arrogante, mas tinha muita sabedoria escondida atrás daquela pompa indomável.


“Vocês dois acham que apenas vocês sabem o que é perda. O que é dor.” Gold continuou, com sua voz agora mais baixa, mas firme: “Mas a verdade é que nenhum de vocês carrega o fardo de ter criado o mundo… e ter visto esse mundo apodrecer com o tempo. Nenhum de vocês viu tudo pelo que lutou virar cinzas e depois se reconstruir de novo… apenas pra cair outra vez.”


Ele pausou. Passou a mão pelos cabelos, como se aquilo pudesse acalmar a lembrança de milhões de anos tatuados em sua mente.


“Eu perdi tudo. Tudo. E mesmo agora, mesmo fundido ao corpo de alguém que não era pra existir… ainda estou tentando esquecer. Mas não consigo.”


Desde que a conversa começou, foi a primeira vez que Gold usou aquele tom. Um misto de aceitação com desabafo. E aquilo, por mais que não explicasse nada em detalhes, dizia tudo que precisava ser dito. Seu tom de voz, quase choroso ao se recordar do que perdeu, era a coisa mais pura que foi expressada naquela salta desde que a conversa começou.


“Eu tentei ser feliz, me afastando de tudo. De toda a traição dos meus semelhantes, de todas as cobranças daqueles que aceitam a estagnação e buscam em outros a responsabilidade de resolver os seus próprios problemas.”


“Eu deixei para trás esse mundo, e por um tempo curto, até a minha própria identidade.”


“Eu estava me acostumando a ser um ninguém. Eu estava acreditando que seria livre, finalmente, e feliz para sempre.”


“Mas… Eu perdi tudo. O meu castelo de sonhos desabou. A minha paz não foi respeitada. No fim… Eu voltei para onde sempre vivi… Afundado em ira, banhado de sangue e lutando por ódio.”


“Então não me venham com essa porcaria de quem sofre mais.” Gold concluiu: “Cada um aqui está quebrado de um jeito. A diferença é que alguns de nós aprenderam a andar com os cacos cravados nos pés.”


Gold elevou seu tom de voz no final, e depois disso, ele se calou. Mas não como quem espera uma resposta. Ele havia terminado. Havia dito o que precisava.


O salão, de repente, parecia mais vazio do que antes. Como se, ao expor aquelas palavras, ele tivesse arrancado o véu de grandeza que os três carregavam, revelando só o que havia por baixo: homens falhos, tentando acertar em um mundo que já os condenou muito antes de qualquer escolha.


Após pensar e fitar Gold por um bom tempo, Yang Hao soltou o ar dos pulmões com um longo suspiro. Seus olhos ainda estavam fixos em Gold, mas seu tom havia mudado completamente. Ele agora estava mais ponderado. Mais aberto a escutar e entender: “Você fala como quem quer abandonar tudo... mas ainda está aqui.”


Gold arqueou uma sobrancelha, com um sorriso torto, e respondeu: “Porque não sou bom em desistir. Tentei uma vez. Me afastei. Me calei. Me escondi. Achei que o mundo finalmente se viraria sozinho... mas ele só ficou mais criativo em se destruir.”


Yang Hao assentiu. Não era concordância, era entendimento.


“Então o que pretende fazer agora?” Yang Hao perguntou.


“Eu?” Gold deu de ombros, antes de apontar para os dois e dizer: “Agora é com vocês. Eu fiz o que tinha que fazer. Vi o que tinha que ver. Ganhei, perdi… e por um tempo, até fui feliz. Mas felicidade é um luxo que não dura pra quem vê demais. Agora eu só observo. E empurro quando é preciso.”


“Vocês têm muito a fazer. E pouco tempo pra descobrir quem são de verdade. Eu já fiz a minha parte. Eu já tive a minha geração.”


“Se me pedirem ajuda, eu serei bastante atencioso a cada caso, mas não esperem que eu vá salvá-los, porque, lá na frente, contra os inimigos que vocês precisarão lutar, eu, com essa sombra do que fui no meu auge, não serei capaz de ajudar.”


Depois de dizer aquilo, reconhecendo de forma surpreendente que provavelmente, na sua condição atual, é mais fraco do que os deuses que a humanidade enfrentará no futuro, Gold deu um último olhar para Zao Tian e  avisou: “Ah… e moleque… cuidado com a certeza. Ela é o caminho mais curto até o erro.”


Depois de dizer aquilo, Gold desapareceu, e restaram apenas Zao Tian e Yang Hao no salão. 




O ÚLTIMO HERDEIRO DA LUZ -UHL | NOVEL

© 2020 por Rafael Batista. Orgulhosamente criado com Wix.com

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