Capítulo UHL 1001 - Aliados
Aos que caminham comigo desde o início… e aos que chegaram no meio do caminho, mas decidiram ficar…
Hoje, ao alcançar a marca de 1000 capítulos, não posso deixar de parar e respirar fundo. Porque este número carrega mais do que palavras escritas… ele carrega anos de dedicação, noites em claro, batalhas mentais, reviravoltas inesperadas e personagens que já se tornaram parte da nossa vida.
Cada capítulo foi uma construção. Cada cena, uma aposta. E cada diálogo… uma tentativa de tocar algo dentro de vocês.
Mas nada disso teria importância se ninguém estivesse do outro lado da tela, lendo, comentando, torcendo, criticando, vibrando. Este marco não é só meu. É nosso.
Agradeço profundamente a cada leitor — os antigos, os recentes, os fiéis, os que se foram e os que voltaram.
Agradeço a cada um que compartilhou um link, que indicou para um amigo, que esperou pacientemente pelo próximo capítulo mesmo nas fases mais difíceis.
Aos que desenharam fanarts, fizeram teorias, elogiaram, corrigiram e até me desafiaram com observações que me forçaram a crescer… vocês moldaram esta história tanto quanto eu.
E claro, aos que me ajudaram nos bastidores — amigos, parceiros, apoiadores, leitores betas, incentivadores silenciosos — meu muito obrigado. Sem vocês, muitos capítulos teriam morrido ainda na ideia.
Chegar ao capítulo 1000 não é o fim de uma jornada. É o começo de uma nova era. Uma era onde tudo o que construímos se entrelaça, se confronta e se redefine.
O que vem a seguir… não será apenas grande. Será lendário.
De coração,
Obrigado por acreditarem.
Nos vemos no próximo capítulo.
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O sol banhava os degraus do palácio com um calor suave, e o silêncio entre os dois homens que agora desciam lado a lado carregava mais significado do que mil discursos. À medida que se afastavam da sombra do passado, as figuras que os aguardavam na base da escadaria começaram a se tornar mais nítidas.
Yang Chao, Yang Gengi, Yang Feng, Shara’Kala e Cruz aguardavam com expressões tensas. Não havia histeria, mas sim o tipo de expectativa que se formava quando o destino de uma nação dependia da próxima frase a ser dita.
Zao Tian e Yang Hao pararam diante deles.
Houve um momento de preocupação. Ninguém ousava falar primeiro. O que quer que tivesse sido decidido lá dentro estava além da compreensão daqueles que esperavam do lado de fora. Mas todos sabiam: o mundo havia mudado enquanto aquelas portas estiveram fechadas.
Yang Hao foi o primeiro a romper o silêncio.
“Zao Tian…” Disse ele, mantendo a voz controlada, mas com peso: “Tem algum plano para os falsos Yang Yin e Yang Fen?”
Zao Tian cruzou os braços, observando os rostos dos presentes com atenção antes de responder.
“Não.” Ele foi direto em sua resposta: “Você pode até matá-los se quiser. Não tem nada neles que valha o esforço.”
Um murmúrio sutil percorreu o grupo. Eles achavam que Zao Tian estava sendo precipitado naquelas palavras, mas ninguém ousou interromper.
Zao Tian prosseguiu, olhando diretamente para o imperador:
“Você foi traído, Yang Hao. De forma brutal. Os seus verdadeiros Guardiões cederam suas memórias voluntariamente para criar aquelas cópias. Eles sabiam que seriam substituídos. E ainda assim… fizeram.” Zao Tian avisou.
Yang Hao franziu o cenho, sentindo o gosto amargo da verdade na boca. Mas não respondeu. Apenas escutou.
Zao Tian então virou o rosto levemente, como se ainda estivesse digerindo o que sabia, e prosseguiu, expondo seu ponto de vista: “Esses clones… além das memórias idênticas, não têm nada. Nenhuma individualidade real. Nenhuma chance de redenção. Foram programados para uma única coisa.”
Ele fez uma breve pausa, antes de finalizar: “Se auto destruírem assim que vissem você.”
As palavras caíram como marteladas, mas eram a mais pura verdade.
“Mas isso foi impedido.” Zao Tian comentou, encarando Yang Chao de canto: “Graças a Orfeu. Ele agiu a tempo e conteve os dois.”
Os olhos de Yang Feng se estreitaram. Gengi cerrou os punhos. Chao soltou um suspiro longo, mas controlado.
Shara’Kala, com os braços cruzados e a expressão firme, perguntou: “Então você está dizendo que… esses dois não são traidores, mas bombas vivas?”
“São ferramentas.” Respondeu Zao Tian, sem hesitação ou dúvidas: “Marionetes com o rosto de aliados. Criadas para desestabilizar. Para arranhar a alma. Para nos fazer duvidar de tudo e de todos ao redor.”
Yang Hao permaneceu em silêncio. Mas algo em seu olhar mudou. Uma camada de dúvida se dissolveu. Ele não estava mais dividido entre o que fazer ou o que sentir. Aquilo não era mais um dilema… era uma sentença.
“Eles não merecem mais viver.” Disse ele, num tom que não pedia concordância. Era uma declaração do imperador. Era literalmente o fim de qualquer debate.
Zao Tian não discordou.
Yang Hao não disse mais nada. Seu olhar, firme como o de alguém que já enterrou muitos traidores, não vacilou nem por um instante. Mas quando Zao Tian permaneceu estático, cruzando os braços novamente e mantendo a expressão pensativa, o imperador soube que havia algo mais ali.
“Você hesitou.” Disse Yang Hao, sem tirar os olhos dos olhos de Zao Tian: “Tem algo em mente.”
Zao Tian suspirou, como quem segura o fio de uma ideia que ainda está se formando. Depois, assentiu com um leve movimento de cabeça.
“Sim.” Ele respondeu: “Mas não é piedade. É estratégia.”
A atenção entre os presentes aumentou, e Cruz, até então silencioso, estreitou os olhos enquanto cruzava os braços.
Zao Tian manteve-se firme, mas seus olhos vagaram por um instante, como se enxergassem além daquele pátio, além dos degraus do palácio, além da própria Dinastia.
Yang Hao percebeu e estreitou os olhos.
“Você está pensando em algo?” Ele perguntou com naturalidade, mas com a desconfiança ainda viva no tom.
Zao Tian então respondeu com uma honestidade crua.
“Não algo útil.” Ele suspirou: “É só curiosidade mesmo. Fico me perguntando... quem conseguiu convencer dois homens como Yang Yin e Yang Fen a se dobrarem?”
O grupo reagiu com surpresa. Até aquele momento, a indignação com a traição dos guardiões havia suprimido qualquer espaço para contemplações. Mas Zao Tian não falava com rancor, nem acusação. Ele apenas parecia intrigado.
“Eles não eram apenas poderosos...” Zao Tian continuou, encarando Yang Hao: “Eram fiéis. Orgulhosos. Leais a você até a medula. E ainda assim... cederam tudo. A mente. A alma. A identidade. Isso me incomoda. Não como inimigo deles… mas como homem.”
Yang Hao manteve o semblante imperturbável, mas a mão direita se fechou em punho ao lado do corpo. A menção daquela possibilidade mexia com ele de uma forma que nem mesmo a guerra fazia. Eles haviam jurado lealdade ao trono e foram recompensados por isso, mas, ao que tudo indicava, nem as suas posições de poder e status eram o suficiente para mantê-los fiéis.
“Talvez... nunca foram tão leais quanto eu pensei.” Yang Hao falou, num tom decepcionado: “Talvez eu tenha julgado mal quem esteve ao meu lado por todos esses anos…”
Zao Tian, por sua vez, balançou a cabeça em negação, surpreendendo a todos, e falou com franqueza: “Talvez você não seja o culpado, seja direta ou indiretamente. Eu vi todos os seus Guardiões atuando e nenhum deles jamais mostrou qualquer sinal de infidelidade a você.”
Você pode ter errado com eles… Sim… Ou talvez alguém muito mais inteligente do que nós dois soube exatamente onde apertar.” Zao Tian explicou, antes de inspirar fundo e falar com naturalidade: “De qualquer forma, adie a execução deles por alguns dias.”
Imediatamente, o silêncio se instalou.
Yang Hao franziu o cenho e questionou: “Por quê?”
Zao Tian olhou ao redor. A resposta veio sem hesitação: “Porque temos algo grande se aproximando. Um ataque. Coordenado. Contra várias bases e líderes do Olho.”
O impacto daquela revelação foi imediato. Os Guardiões Imperiais demonstraram surpresa, e Yang Hao, vendo ques seus homens leais não sabiam de nada, perguntou: “Como assim, ataque? Que ataque? Quem autorizou isso? E Quando?”
Zao Tian se virou calmamente para ele, sem mostrar surpresa pela reação.
“Eu.” Ele respondeu com simplicidade, antes de continuar: “E Ming Xiao. E mais gente. Gente em quem eu confio.”
Yang Chao então avançou um passo, confuso, e perguntou “Por que não fomos informados?”
“Vocês seriam, mas eu ainda tinha receios em relação aos dois que provaram ser falsos. Então, eu pedi para que vocês fossem informados em cima da hora.” Zao Tian explicou de imediato: “Sigilo, nesse caso, era mais importante do que qualquer formalidade. E como sendo uma nação que está sempre em estado de prontidão, eu imaginei que vocês não teriam nenhum problema em se mobilizar em carater de urgência.”
Apesar de um elogio ter saído da boca de Zao Tian, a crítica ainda existia em seu tom, e por isso Yang Feng cruzou os braços com força e falou com um tom duro: “Você agiu pelas nossas costas.”
“Não.” Retrucou Zao Tian, direto: “Eu agi pelas costas da Trindade. Vocês estavam ocupados tentando sobreviver à traição dos próprios protetores. Se eu tivesse informado, talvez alguém aqui dentro tivesse comprometido o plano.”
Yang Hao ouviu as palavras de Zao Tian em silêncio. Seu olhar ainda carregava certo peso, não de raiva, mas de responsabilidade. A acusação de ter sido mantido no escuro por alguém que agora caminhava ao seu lado na linha de frente não lhe caía leve, mas ele era experiente o bastante para separar o orgulho do que realmente importava.
Ele olhou para os rostos dos seus homens. Chao, Feng, Gengi... cada um carregando o amargor da surpresa, mas também a prontidão de quem já se acostumou com decisões difíceis sendo tomadas sem prévio aviso. Depois, voltou os olhos para Zao Tian, e seu semblante se suavizou levemente.
“Está bem.” Ele disse, em tom sóbrio: “Se algo tão grande está em curso, eu quero participar. Agora que já sei que a tempestade está se formando... não vou assistir de fora.”
Zao Tian observou o imperador por um instante. Havia algo diferente na forma como Yang Hao falava agora. Não era a mesma dureza de sempre, nem a desconfiança que carregava minutos atrás. Era outra coisa. Aceitação, talvez. Ou pragmatismo.
“Você vai participar.” Zao Tian respondeu, com um leve aceno de cabeça: “Na verdade, era o que eu esperava desde o início.”
Cruz, ao escutar aquilo, ergueu uma sobrancelha e logo questionou: “Esperava?”
Zao Tian virou-se ligeiramente para ele, depois para os demais, e respondeu: “Eu só mantive o plano sob sigilo porque ainda havia uma sombra sobre esta Dinastia. Não fazia sentido preparar uma ofensiva contra o Olho enquanto havia prováveis inimigos escondidos dentro do palácio.”
Ao escutar aquilo, Yang Feng soltou um breve suspiro, mas não rebateu. Shara’Kala manteve-se em silêncio, observando cada nuance na expressão de Zao Tian.
“Agora que sabemos quem eram os infiltrados, e que os verdadeiros podem estar nas mãos da Trindade... o jogo mudou.” Ele continuou: “Se fosse em outra situação, mesmo que nossa conversa não tivesse acontecido, eu jamais deixaria a Dinastia Yang às cegas durante uma ação tão importante. Isso, vocês têm a minha palavra.”
Yang Hao observou atentamente e não disse nada de imediato. Apenas deu um passo mais próximo e estendeu a mão.
“Então vamos deixar os ressentimentos para trás.” Ele, por fim, declarou: “Porque se for pra ferir a Trindade... não quero ficar de fora.”
Zao Tian encarou a mão por um breve segundo, e então esticou a sua e apertou-a com firmeza.
“Eles vão sangrar.” Zao Tian respondeu, com os olhos fixos no imperador: “E nós vamos garantir que cada gota que eles derramaram seja cobrada com juros.”
Em volta, ao verem os dois selando o acordo daquela forma, os demais se entreolharam. A tensão não desapareceu, mas se transformou em direção. Agora, havia um objetivo em comum. E se aqueles dois concordaram em algo, quem iria se opor?
“Qual é o próximo passo?” Perguntou Yang Chao,quebrando o clima de surpresa.
Zao Tian soltou o aperto de mão e respondeu: “Já estamos nos movimentando. Ming Xiao está coordenando os grupos que vão atacar os satélites de controle e as unidades de suporte do Olho. Gu Ren e Ming Xue lideram equipes que vão cortar o fluxo de reforços deles. E eu...”
Ele pausou por um instante, fitando a linha do horizonte: “Eu estou esperando uma confirmação. Assim que ela vier, o ataque começa.”
“Confirmação de quê?” Indagou Yang Gengi.
Zao Tian sorriu de leve, um sorriso frio.
“De que eles baixaram a guarda.” Ele respondeu: “Não queremos feri-los. Queremos esmagá-los. E para isso... precisamos que eles estejam reunidos. Quanto mais dele matarmos em cada ataque, mais duro será o golpe e mais fraco o Olho se torna.”
Yang Hao assentiu, absorvendo as palavras, e respondeu: “Eu quero estar em um dos grupos!”
Zao Tian fitou o imperador, e sem demonstrar qualquer contrariedade, perguntou: “Em qual deles?”
Naquele momento, os olhos incandescentes de Yang Hao brilharam como sóis, e ele falou: “Naquele que tiver mais inimigos para matar!”
