Capítulo UHL 1005 - Terras Hostis
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Alguns dias antes do chamado de Gu Ren…
Ye Yang e Singrid, encarregados de, talvez, a missão mais complicada do plano, estavam deslumbrados com céu sobre o Reino da Escuridão. O nome deixava a falsa impressão de que tudo lá era morto e escuro. Contudo, mesmo à noite, o céu daquele lugar era roxo, claro e salpicado de tons azuis que pulsavam com vida própria. O ar, denso como névoa quente, vibrava com energia espiritual em estado bruto. Árvores de folhas extremamente verdes, cobriam os vales, e rios que corriam em tonalidades esmeralda serpenteavam pelas formações rochosas como serpentes pacíficas.
A beleza daquele lugar era de tirar o fôlego, mas também carregava uma sensação opressora. Desde que eles chegaram, não havia canto de pássaros, nem sussurros de vento. Tudo parecia... observar.
Ye Yang pousou primeiro, com os pés tocando a relva escura como tinta, mas suave como musgo. Singrid veio logo atrás, com sua armadura dourada reluzindo suavemente sob a luz do céu anômalo.
"Esse lugar é vivo." Ye Yang comentou logo de cara, inspirando profundamente, como se estivesse absorvendo a essência do território.
"Não apenas vivo…" Singrid retrucou, olhando ao redor com cuidado e admiração> "Eu posso até respirar com mais facilidade."
Um continente inteiro que tinha se aberto ao mundo ainda era um território inexplorado para eles. Por mais que Daren tenha reestabelecido contato com os líderes externos, seguir para aquelas terras ainda era visto como um perigo ou pelo menos algo duvidoso, pois ao longo de milhões de anos, quem tentou pisar lá morreu.
Sem morrer e sem ter que enfrentar a barreira de escuridão que antes cercava aquele continente, Ye Yang e Singrid estavam de frente para uma trilha estreita entre colunas naturais de pedra que levava a um platô. No centro dele, como se esperasse por eles desde sempre, estava um homem de expressão dura e maturidade óbvia… o Grande General.
Mesmo sem nunca vê-lo, era impossível confundi-lo com qualquer outro ser. Imponente, com uma armadura feita de escamas negras e vermelhas, entrelaçadas com cordões de energia escura que pulsar como buracos negros, ele carregava no olhar o desprezo absoluto pela diplomacia. Seus cabelos eram longos, trançados como raízes, e seus olhos, que tinham um tom vermelho opaco, pareciam enxergar muito além da carne.
Ao vê-los se aproximar, ele não moveu um único músculo. Ele apenas demonstrou que não estava feliz com a visita e avisou com a voz grave e carregada descontentamento: "Voltem por onde vieram."
Singrid, que já esperava por isso, deu um passo à frente e tentou explicar: "Viemos por ordem de Zao Tian, mas certamente Daren concordaria com o que temos a dizer. A guerra está batendo à porta e precisamos de uma certa ajuda..."
"Isso é problema deles!" Antes que Singrid pudesse sequer terminar de explicar o motivo de sua visita, o General a cortou sem sequer alterar o tom, falando baixo e firme, e ainda bufou: "Aqui, não aceitamos ordens."
Ye Yang, que manteve-se em silêncio, estava analisando o Grande General desde que eles pisaram naquele lugar. Era óbvio que aquele homem havia cultivado por milênios a arte de ser temido. Não por gritos ou exibições… mas por convicção absoluta. Ele era o típico cultivador que chegou a um ponto tão alto que não cedia mais, e provavelmente achava que ceder era igual a morrer.
"Entendemos que sua posição é de reclusão. Mas esse mundo pode ruir sem o apoio de todos. A Trindade está…" Ye Yang tentou falar, mas também foi impedido de prosseguir.
"Não me importa o nome que deram ao inimigo." O General disse, com uma firmeza que calaria exércitos inteiros. Ele parecia tão frio quanto o gelo enquanto prosseguia: "Este mundo já ruía muito antes da tal Trindade. E continuará ruindo mesmo depois que vocês a destruírem... se sobreviverem."
Ye Yang, sem graça e frustrado por não conseguir sequer completar uma frase, trocou um olhar rápido com Singrid. Eles estavam diante de um muro que simplesmente se recusava a cair.
Enquanto olhava para Ye Yang e compartilhava do mesmo sentimento, Singrid falou: "Você quer manter sua liberdade. Nós respeitamos isso. Mas está mesmo disposto a ver tudo que construiu desaparecer apenas para manter uma posição que não tem mais sentido?"
A resposta que veio foi um mero olhar de desdém que dizia: Eu já vi mundos desaparecerem e já fui ameaçado com isso mais vezes do que poder imaginar. E depois de lançar aquele olhar, o simplesmente General deu as costas e começou a se afastar dos dois, como se estar ali fosse uma perda de tempo.
Foi nesse momento que Ye Yang, irritado com aquela postura inflexível e totalmente fechada a ouvir qualquer argumento, apertou os punhos e finalmente falou: "Se não aceita palavras, aceite os punhos."
Ao escutar aquilo, o Grande General simples e imediatamente parou. E após seu último passo, houve silêncio.
Ele se virou devagar, e havia um lampejo de curiosidade selvagem nos olhos quando ele perguntou: "Você quer me desafiar?"
A pergunta do Grande General não soou como provocação. Tampouco foi um rugido carregado de ego ou fúria. Era uma constatação, uma pergunta que carregava décadas, talvez séculos, de significado. Seu olhar era o de um homem que já assistira muitos jovens tombarem por ousar dar um passo além da própria sombra.
Ye Yang não respondeu de imediato. Ele estava ali por missão, por necessidade... mas também não estava disposto a abandonar sua honra. Ainda assim, ele não era imprudente. Sabia que cada palavra dita naquele momento poderia ser o limite entre o exílio, a morte ou a aliança que o mundo tanto precisava.
O silêncio durou mais alguns segundos. A vegetação, que antes parecia apenas observar, agora parecia aguardar. As árvores não farfalhavam. Os rios não sussurravam. A natureza daquele lugar, viva e silenciosa, parecia conter o fôlego junto com eles.
"Não foi para isso que viemos até aqui." Ye Yang respondeu, com firmeza e clareza, para deixar bem claro a sua posição: "Não viajamos para provocar, ameaçar ou impor. Viemos para pedir."
O olhar do Grande General não suavizou diante daquela resposta. Ela foi evasiva, contradizendo o que Ye Yang tinha sugerido há pouco.
Contudo, Singrid, a poucos passos atrás de Ye Yang, completou a fala do companheiro, confirmando ao Grande General que ele não tinha escutado errado: "Mas se for preciso cruzar nossos punhos para que escute nossas palavras... então que assim seja."
Naquele momento, o Grande General encarou os dois como quem decifra algo oculto, sondando-lhes não apenas as intenções, mas as raízes de seus sentimentos. Ele parecia farejar medo, dúvida, ambição... e talvez também respeito.
"Sabem o que mais me afasta do mundo de vocês?" Sua voz ecoou baixa, mas pesada enquanto ele parecia querer começar uma explicação: "A língua."
Após aquela frase confusa, ele deu um passo à frente. A terra gemeu sob seus pés. Não por poder bruto, mas por densidade espiritual acumulada ao longo de incontáveis eras.
Ele então continuou: "No mundo lá fora... vocês falam demais. Palavras sobre paz, sacrifício, propósito… Mas são apenas adornos que vocês colocam para mascarar os erros que cometem e suas verdadeiras intenções. Pó sobre a carcaça de um cadáver. Vocês não dizem o que realmente são. Escondem quem são."
Singrid franziu o cenho ao escutar aquilo, mas nada disse. Era difícil aceitar, mas aquela fala estava carregada de razão.
"Esse continente…" Ele continuou, abrindo um dos braços, como se apresentasse aquele mundo exuberante para os ‘convidados’: "Foi forjado por quem falou pouco. Por quem, não tinha o direito da opinião. E por quem mostrou a alma com os punhos, com os olhos, com as escolhas."
Enquanto falava, ele se aproximou mais um pouco, e agora sua presença preenchia o espaço entre eles como uma maré invisível.
"Não importa quem os enviou. Daren… Zao Tian… ou o próprio Gold. Aqui, não há títulos. Não há ordens. E o que vocês chamam de guerra pela sobrevivência, para nós… é apenas mais uma das incontáveis que já testemunhamos." O Grande General completou.
Ye Yang sustentou o olhar ereto enquanto escutava aquilo. Ele queria dizer que entendia, mas isso teria sido ofensivo à história por trás daquela fala.
Então, ele respirou fundo, e escolheu a verdade que vivia e entendia: "Eu não entendo o que viveu. Não entendo o que viu. Não posso compreender a extensão de suas memórias. Mas sei o que precisamos. E sei o que está prestes a acontecer."
O Grande General inclinou levemente a cabeça ao escutar aquilo, e até esboçou um sorriso antes de perguntar: "Então diga, rapaz. O que está prestes a acontecer?"
Ye Yang cerrou os punhos, e a resposta veio com o peso de quem já viu o suficiente para falar com convicção: "O mundo vai ruir. Não como já ruiu no passado… Vai ruir de forma irreversível. A Trindade não quer governar. Ela quer apagar. Quer reescrever. E para isso, precisa que todos nós deixemos de existir."
"Isso é o que dizem todos os que querem a ajuda dos outros." O Grande General retrucou, seco.
Ye Yang, por sua vez, respondeu, firme e confiante: "Diferente dos outros, eu não vim aqui pedir que lute por mim. Eu vim pedir que não lute contra nós. Que ajude, nos dando a chance de pelo menos falar.”
A frase fez o olhar do Grande General se estreitar. Aquilo não era o tipo de súplica que ele estava acostumado a ouvir. Havia ali uma mistura de humildade e respeito, mas também coragem. Uma coragem que ele reconhecia. E não via com frequência.
Singrid então avançou um passo, e sua armadura faiscou sob a luz tênue: "Não somos diplomatas. Somos guerreiros. E por isso, sabemos que o mundo precisa de todos os guerreiros que ainda acreditam em algo."
Depois de dizer aquilo, ela olhou ao redor, contemplando aquele continente esplêndido e continuou: "Você escolheu se isolar. E eu respeito isso. Mas… se tudo cair, até esse lugar será engolido. E mesmo que resistam, mesmo que sobrevivam… que sentido terá, se o resto do mundo estiver em ruínas? Se os que vocês poderiam salvar estiverem mortos?"
Aquelas palavras soaram como uma lâmina fina. Não pela agressividade, mas por cortarem a ilusão confortável da reclusão. O Grande General, em toda sua firmeza, fechou os olhos por um breve instante. Ele pensava. Ou lembrava. Talvez ambos.
"Vocês falam com o peso de quem viveu perdas." Ele então comentou, mais brando agora, embora ainda firme: "Mas não sabem o que é perder eras. Não sabem o que é confiar... e ser traído por milênios."
"Talvez não." Ye Yang reconheceu, antes de prosseguir: "Mas também não viemos aqui para que você confie em nós. Só precisamos que olhe. Que escute. E se ainda assim achar que não valemos o esforço... então pode nos expulsar com as próprias mãos."
O silêncio voltou. Dessa vez, mais denso. Até mesmo Singrid segurou a respiração.
O Grande General caminhou alguns passos, dando-lhes as costas novamente. Mas agora não era fuga. Era reflexão.
Ele ficou de costas para os dois por alguns instantes, e quando se virou, seus olhos ainda eram opacos, mas já não estavam tão distantes quanto antes.
"Vocês não serão expulsos. Ainda." Ele declarou, antes de avisar: "Mas não pensem que isso é acolhimento. Vocês ainda estão no limiar da terra dos exilados."
Ao escutarem aquilo, Ye Yang e Singrid trocaram um olhar de alívio, mas perceberam que havia algo mais por trás daquelas palavras. Algo que seria dito no próximo discurso.
"Se querem provar algo..." O Grande General então falou: "Não será com discursos. Não será com promessas. Será com o corpo. Com os ossos. Com os olhos fixos em mim e sem fugir." O Grande General terminou enquanto os encarava nos olhos.
"Está nos pedindo um combate?" Singrid perguntou, com a voz firme de quem não recuaria.
"Não… Eu estou concedendo o que ele pediu há pouco." Ele respondeu, apontando para Ye Yang: "Eu estou dando a vocês o benefício da dúvida, para deixem que os punhos falem por vocês."
Ye Yang apenas assentiu, afinal, foi ele quem pediu por isso: "Se é isso que precisa para nos escutar, então que seja."
O Grande General assentiu de volta, antes de avisar: "Não preciso de espetáculo. Não quero bravatas. Quero ver quem vocês são quando a dor começar. Quando a esperança balançar. Se ainda forem os mesmos depois disso, talvez eu escute o que têm a dizer."
"Então que os nossos punhos sejam nossa voz." Singrid respondeu, aceitando o desafio.
O Grande General sorriu, sem alegria, antes de completar a frase dela, dizendo: "E que a dor seja a linguagem comum entre nós."
