Capítulo UHL 1023 - Entre Rochas e Destruição
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Enquanto a vibração metálica do abrigo da Trindade ainda engolia o eco das ordens finais, mobilizando a lâmina de Hanzo entre as sombras e arrancando Lucke do anonimato em que vivia, o universo lá fora se dobrava sob as vontades ditas naquele espaço de concreto.
Ordens que não precisavam de confirmações. Apenas de obediência.
Assim que a comunicação se encerrou, Lucke não perdeu tempo. O seu silêncio em torno de seu território quebrou como vidro sendo mastigado. O segundo da Tríade, o caçador que nunca deixava rastros, emergiu da sombra que o próprio Olho mal ousava vigiar.
Sua trilha cruzou a superfície congelada de Askyr como um trovão sem luz, rasgando nuvens de cristais gelados enquanto, muito abaixo, a mulher que ele havia sido enviado para silenciar destruía o que restava das correntes do Olho naquele mundo.
Ali, sob um céu pálido, onde árvores de gelo se erguiam como lanças contra deuses inexistentes, Ming Xue mantinha a promessa de Zao Tian viva: nenhuma base, nenhum selo, nenhum carcereiro ficaria de pé.
Mas o vento parou. O som morreu. E o novo rugido começou.
A superfície de Askyr, uma esfera gelada, devorada por correntes frias que pareciam rasgar até o vácuo do espaço ao redor, estava, por um breve momento, quieta demais.
Sob as árvores de gelo, Ming Xue se movia, não com pressa, mas com uma precisão cruel. Seu hálito formava nuvens brancas que rodopiavam antes de cair como cinza congelada. Cada passo que ela dava deixava uma trilha de cristais que rachavam, engolindo armas e corpos semi-enterrados sob a neve.
Askyr tremia com o trabalho dela. Suas tropas rasgavam fortificações escondidas, libertavam prisioneiros do gelo profundo, queimavam registros, mas ninguém ousava interromper a líder daquele cerco. Era como se o próprio planeta reconhecesse que o que fosse feito ali, jamais seria revertido.
Ming Xue, neste momento, estava parada sobre uma clareira aberta por um bombardeio recente. O vento cortava suas bochechas, mas a leve ardência só fazia sua mente permanecer em equilíbrio: calma o suficiente para liderar, fria o suficiente para executar.
Ela ergueu a palma, sentindo o pulso da umidade no ar, modulando as camadas de gelo que selavam no subterrâneo abaixo de si o último núcleo da base do Olho em Askyr.
Foi então que algo mudou.
Não foi um som. Não foi um clarão. Foi a ausência.
O vento, que antes sussurrava pelo vale gelado, morreu de repente. A pressão no ar oscilou, como se a atmosfera tivesse sido perfurada por uma lâmina invisível.
E então veio o impacto.
*Boooooooooooooooooooooooooooooooooooooom…* Um clarão, não de luz, mas de deslocamento de ar, explodiu atrás dela. Ming Xue girou o corpo, já com a lâmina de gelo solidificando na mão. Porém, o que seus olhos captaram foi um borrão. Um borrão moldado como um homem, girando ao redor dela em espirais que distorciam a neve, o som, o cheiro.
Ela não teve tempo de levantar defesas complexas. E breve momento em que o borrão parou, um único instante, um rosto se materializou na frente dela.
O rosto dele, agora nítido por uma fração de segundo, não deixava dúvidas de quem ele era. Lucke tinha a pele marcada por pequenas linhas avermelhadas, veios de calor que pareciam correr vivos sob a pele, pulsando em sincronia com cada batida de seu coração. Os cabelos dele eram selvagens e curtos, vermelhos como sangue fresco sob um sol inexistente em Askyr, e balançavam junto com o calor que parecia ferver o ar em volta do seu crânio.
Dava para ver que ele não era um simples lacaio, mas eram os olhos… os malditos olhos que faziam Ming Xue entender que aquilo não era só um assassino. Eles eram os olhos de um predador que não caçava por necessidade, caçava porque respirava para isso. Pupilas verticais, íris ambarinas tingidas por uma centelha que lembrava as brasas que já viu uma vez na fera que era Raya.
*Craaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaash…*Lucke passou a língua pelo canino, como se provasse o sabor da brisa congelada que evaporava perto dele. Um sopro de riso escapou-lhe, e o som distorceu o ar, trincando uma árvore de gelo a trinta metros de distância, sem que ele sequer se mexesse.
*Boooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooom…* Uma onda de fogo, que vibrava de uma forma estranha, engoliu Ming Xue.
*Splaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaash…* Ming Xue sentiu o calor daquelas chamas e percebeu que a semelhança com Raya não era apenas na aparência. Contudo, antes que ela pudesse ser ferida, uma massa de água explodiu ao seu redor, enfrentando o fogo num embate que deixou meio planeta sob uma névoa muito densa.
Quando a onda de choque passou, Ming Xue emergiu do centro da explosão, ainda de pé, praticamente ilesa, se não fosse por um tremor que chacoalhava sua mão esquerda.
“Essa vibração…” Ming Xue murmurou, olhando discretamente para baixo, identificando que havia algo além de fogo no ataque do seu adversário.
“Você é bonita… para morrer tão mal, Ming Xue.” Enquanto isso, Lucke estava na outra extremidade, esperando, e sua voz saiu baixa, quase sedosa, mas com cada palavra batendo como um martelo no osso do ouvido dela, fazendo o equilíbrio do labirinto dentro de seu crânio chacoalhar.
Ming Xue cambaleou um passo para trás. Ela não sangrou. Não gritou. Mas dentro do seu peito, a vibração deixada pela voz de Lucke ainda rodopiava como uma lâmina sonora, tocando as cavidades internas do corpo como se procurasse um lugar para se alojar e explodir.
A mulher semicerrava os olhos, focando a visão levemente turva enquanto rangia os dentes.
“Eu não posso dizer o mesmo de um merda que precisa de ordens para se sentir homem.” Ela respondeu, cuspindo no chão congelado, com o vapor da saliva borbulhando na neve espessa como se cuspisse ácido.
Lucke sorriu. Aquela curva de lábios dizia muito mais que uma resposta. Não havia honra, não havia provocação inteligente, só havia prazer. Um prazer doentio, puro, em estar ali.
“Você é um fogo fraco coberto de gelo bonito, Ming Xue. Vai quebrar antes de derreter.” Lucke declarou com uma confiança gigantesca.
Ming Xue não respondeu. O céu respondeu por ela.
*Fuuuuuuuuuuuuuuuush…* Uma lâmina líquida dançou ao redor de sua mão direita.
A Lágrima da Alma fluía entre estados, emergindo em forma gasosa por um instante, depois líquida, depois sólida. Quando tomou forma completa, era uma espada curva, afiada como uma maré em fúria, com o cabo envolto por gotas suspensas que jamais caíam. E então, a primeira silhueta surgiu.
Uma espécie de tubarão translúcido, envolto por correntes ondulantes, serpenteava no ar ao redor de Ming Xue. Não era real. Mas era mais real que qualquer criatura que já existiu sob o mar de Askyr.
“Você quer quebrar algo?” Ming Xue disse, com os olhos semicerrados e em desafio: “Então vamos começar pelo seu crânio.”
*Swoosh.* Ela, então, desapareceu. E o inferno começou.
*Booooooooooooooooooooooom…*
O primeiro impacto entre os dois destruiu metade da floresta de gelo. Lucke socou o ar, e o fogo explodiu em um semicírculo que engoliu a paisagem. Ming Xue interceptou o golpe com um arco de água e o som do choque deixou rachaduras profundas por quilômetros.
Eles repetiram isso várias vezes.
Cada soco de Lucke vinha com calor e vibração.
Cada movimento de Ming Xue vinha com silhuetas bestiais e rajadas de pressão líquida que condensavam e furavam até aço reforçado.
*Craaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaash.*
Ela aparou um chute giratório que incendiou o próprio ar, desviando com a lâmina em forma gasosa que se materializou apenas no instante do contato.
*Craaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaash…* O impacto lançou ondas sônicas que desestabilizaram as placas continentais do planeta.
Enquanto isso, Lucke ria. Não era uma risada humana. Era mais como o som de uma fogueira devorando carne molhada, entrecortada por estalos.
“É isso… É ISSO que eu esperava de você, cadelinha da água!” Lucke parecia comemorar enquanto menosprezava ao mesmo tempo.
*Splaaaaaaaaaaaaaaaaaash…*
Em resposta, duas serpentes marinhas espectrais explodiram dos ombros de Ming Xue, acompanhando o corte vertical da espada. As silhuetas atravessaram Lucke em cheio, sem feri-lo, mas o frio que deixaram fez o sangue dele coagular em veios instantâneos por uma fração de segundo.
Ele sentiu, mas combateu o frio com seu próprio calor.
“Vou te fazer virar vapor.”
*Booooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooom…*
Enquanto ameaçava, Lucke girou no ar e desceu como um meteoro. O impacto foi tão profundo e tão forte que partiu a crosta do planeta. Gêiseres de fogo emergiram de rachaduras antes inexistentes, e o solo, outrora congelado, agora fervia como o chão do inferno.
Ming Xue se ergueu das chamas com a Lágrima da Alma em forma líquida, envolta por dez silhuetas marinhas que giravam em torno dela como uma constelação de monstros esquecidos.
A pressão que ela gerou foi tão grande que a atmosfera começou a ruir.
Os gases do planeta escapavam com tanta violência que pareciam sirenes agonizando. E Askyr, que antes respirava com o silêncio polar, agora gritava com estalos cósmicos.
*Boooooooooooooooooooooooooooooooooooom…*
Lucke e Ming Xue colidiram no ar.
A colisão não foi apenas física. O fogo dele tentava consumir a umidade do planeta. Enquanto a água dela tentava enterrar as vibrações dele em uma pressão líquida mortal. Cada golpe, de cada um deles, espalhava não ondas... mas fendas tectônicas.
A luta rompeu os céus. Literalmente.
Camadas superiores da atmosfera foram desfeitas em segundos. A luz das estrelas começou a invadir o planeta em feixes dourados e violentos, como se o universo assistisse em primeira fila a destruição de um mundo condenado.
Quando conseguiu tocá-la, Lucke segurou o tornozelo de Ming Xue e a girou como uma marreta, arremessando-a contra o chão com um soco que veio depois, explodindo o planeta de dentro para fora.
*Booooooooooooooooooooooooooooooooom…
Montanhas desabaram. Glaciares evaporaram. O mar interno de Askyr virou uma neblina cósmica. E do meio dessa nuvem, Ming Xue voltou, com o rosto arranhado, sim. Mas com os olhos mais vivos do que nunca.
“Você… quer me reduzir a vapor? Vai ter que lidar com cada gota primeiro.”
Ela respondeu enquanto apontava a Lágrima da Alma, agora em forma gasosa, direto para o peito de Lucke.
A partir da arma de Ming Xue, um espectro de Leviatã envolveu o céu. O planeta pareceu ranger em resposta.
Lucke rugiu de volta, com as mãos explodindo em chamas e vibração. O rugido dele sacudiu até as órbitas dos pequenos satélites de Askyr.
*Boooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooom…
Foi quando a superfície se partiu.
Askyr começou a se desfazer.
Não em terremotos. Em colapsos criados pelas vibrações e compressões gravitacionais do confronto. Era como se a própria alma do planeta estivesse se soltando de sua casca.
Pedaços da crosta flutuavam. Rios congelados evaporavam. O núcleo planetário ficou visível, e rachou como vidro.
Contudo, a luta não parava.
Lucke socou o ar.
A vibração atravessou o espaço. Ming Xue girou no ar, desviando por pouco, e lançou a espada em forma líquida, que atravessou a crosta, explodiu na lava e retornou na forma de uma silhueta de kraken, que engoliu Lucke em uma mordida.
*Craaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaash…*
Askyr sentiu, mais uma vez, e já não era mais um planeta. Era uma lembrança quebrada. Fragmentos de rocha espacial que flutuavam enquanto a dupla dançava entre os escombros, com suas forças em níveis tão insanos que os próprios deuses, se observassem, recuariam.
Ao longe, a equipe de ataque, que teve que bater em retirada assim que o confronto começou, assistia, catatônica e impotente, ao embate entre aquelas duas forças da natureza. Ninguém ali era capaz de sequer aproximar-se sem ser morto.
Uma coisa era certa… Nada restaria de Askyr. Nem gelo. Nem solo. Nem gravidade. Apenas duas figuras duelando entre as cinzas… Lucke e Ming Xue, presos no último movimento de um planeta morto. E nem um deles pensava em recuar.
