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Capítulo UHL 1031 - Uma Luz se Apaga

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Tenham uma boa leitura!]


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O campo de batalha, que segundos antes tremia sob os primeiros impactos da luta, pareceu pausar por um instante.


Só um.


Porque naquele fragmento de tempo, antes que as forças cósmicas de Yang Hao, Yang Yin e Yang Fen transformassem tudo em poeira e cratera, algo mais antigo que o ódio exigiu passagem: o respeito pelos mortos.


Tyrone, o guerreiro que se manteve firme mesmo diante do impossível, ainda jazia sob o manto do imperador. Seu corpo, dilacerado, já não podia mais reagir… mas ainda estava ali. E Yang Hao sabia o que precisava ser feito.


Um clarão avermelhado começou a brilhar a partir da palma de sua mão esquerda de Yang Hao, não uma técnica de ataque, não um golpe, mas uma chama respeitosa, rara, calma, que só grandes mestres usavam para honrar outros. Era uma Fulguração Cerimonial, um ato de reconhecimento e proteção do imperador, que estava impedindo que qualquer resquício do corpo de Tyrone fosse maculado ou caísse em mãos profanas.


Yang Hao não queria que os traidores tocassem naquele corpo de novo. Não mais.


Com a intenção mais pura do mundo, as brasas começaram a lamber o manto sobre o peito de Tyrone, mas não o devoraram como um incêndio qualquer. Queimaram com nobreza. Com luto. Com silêncio.


A energia percorreu a carcaça da armadura rompida, dissolvendo-a em luz faiscante. A carne retorcida perdeu sua forma. O sangue ressecado evaporou como se nunca tivesse existido. E, por fim, os ossos se tornaram cinzas puras, que o vento não dispersou… porque o vento, naquele instante, soube calar.


Apenas Yang Hao ainda estava parado, de costas para o corpo, com uma mão levantada, conduzindo as chamas.


Ele poderia ter deixado para depois. Poderia ter feito isso no final, ou confiado a outro. Mas o imperador sabia: se permitisse que aquele corpo fosse tocado pela podridão cinzenta de Yang Fen, tudo estaria perdido.


Tyrone merecia algo melhor.


E foi ali, no exato momento em que a última centelha se apagou, que um pequeno artefato tremeluziu em meio à poeira suspensa no ar: um amuleto de transmissão sonora, enlaçado por um fio de couro gasto que estava ao lado de onde jazia o corpo.


Ele pertencia a Tyrone.


E começou a vibrar.


“...Tyrone?” A voz de Zao Tian ecoou, por meio do amuleto. Sua entonação era calma, mas havia uma certa tensão nela: “Você está aí? Responda.”


Silêncio.


“Tyrone, eu recebi o relatório do cinturão de Gaiah. Yang Yin e Yang Fen estavam aí, não estavam?” Mais uma pausa, como se Zao Tian, do outro lado das galáxias, tentasse sentir a presença de alguém que já não estava mais entre eles.


“...Responda, por favor.”


Zao Tian não sabia se pedia ou ordenava. Mas, independentemente da intenção, a resposta nunca veio.


O silêncio permaneceu.


Frio como o gelo.


Pesado como uma montanha.


Tão angustiante quanto poderia ser.


Yang Hao, que agora olhava fixamente para a poeira suspensa onde antes existia um homem, tocou o amuleto com a ponta dos dedos e, com um gesto lento, ativou o canal de voz.


Ele respirou fundo, e apenas um sussurro escapou de seus lábios.


“Ele… não pode responder.” O Imperador falou, num tom que dava para entender o que queria ser dito.


Do outro lado, Zao Tian demorou alguns segundos para falar. Ele tomou um choque, e quando falou, sua voz estava mais baixa.


Menos animada.


Muito mais triste.


“Entendi…” Zao Tian respondeu, sem dizer nada além daquela única palavra.


Do outro lado da linha de comunicação, Yang Hao olhou para o horizonte devastado. Ele não viu templos, cidades ou estátuas. Apenas destroços, corpos, brasas. O lugar inteiro era tão triste quanto o momento.


“Eu não cheguei a tempo.” Yang Hao falou, em tom de pesar.


A confissão saiu da boca do imperador como lâmina embainhada. Sem orgulho, sem desculpas. Apenas o reconhecimento da falha, porque mesmo os imperadores falham.


Yang Hao não abaixou a cabeça. Não era esse o costume dos imperadores. Mas dentro de si, algo abaixava. Um pedaço da alma que reconhecia, em silêncio, o preço da escolha.


Ele havia enviado tantos como Tyrone…


E mesmo os mais fortes, às vezes, não voltavam.


A chama que queimava dentro dele rugia para ser libertada. Mas ele esperou. Porque havia algo mais urgente a ser feito do que explodir.


Homenagear o último guerreiro daquele campo.


O amuleto permaneceu ativo por mais alguns segundos, mas Zao Tian não disse nada. Também não desligou. Às vezes, o silêncio é o último tributo possível entre dois homens que se respeitam demais para dizer algo trivial.


Foi então que, ao longe, a energia da luta começou a se tornar visível.


Um mar de poder escarlate se chocava contra colunas de vento e muralhas de fogo cinza. Não eram mais técnicas. Eram estados puros de existência guerreira colidindo como sóis prestes a explodir.


O céu não estava apenas rachado.


Ele estava desmembrado.


Raios negros e vermelhos se entrelaçavam nos céus, como serpentes celestiais em guerra. As nuvens, empurradas para fora da órbita pela energia liberada, pareciam implodir em espirais rasgadas.


A luz natural do planeta desaparecia. Tudo era tingido pelas cores da guerra.


As aves que antes sobrevoavam o cinturão de Gaiah já haviam sumido. Os animais selvagens, instintivos, fugiram horas antes.


Mas os homens…


Os homens haviam ficado.


E agora, apenas três deles restavam de pé.


O planeta, já instável, começava a emitir sons profundos, como gemidos tectônicos, o prenúncio do fim. Fendas se abriam por todos os lados, não importando mais se era céu, terra ou mar. Tudo estava sendo fragmentado pela guerra de titãs que acabara de começar.


Mas, apesar disso, o ponto mais intenso de emoção ainda estava na sombra que antes abrigava Tyrone.


As palavras de Zao Tian ecoaram, enfim. Não pela magia, nem pelo amuleto, mas pela narração que atravessava todo o universo:


“Era uma guerra. E por mais que as trevas perdessem seus monstros e demônios, ainda assim… uma luz se apagou.”


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Na memória daqueles que sobreviveram àquela campanha, poucos conseguiram esquecer a imagem das cinzas de Tyrone sendo elevadas por um redemoinho de vento silencioso, que girava ao redor da espada embainhada de Yang Hao.


Não era um ritual oficial. Não havia sacerdotes ou cantos.


Mas para aqueles que o viram…


Um pequeno grupo de soldados, feridos e encobertos por destroços, assistia de longe.


Eles viram o manto queimar. Viram as cinzas girando no redemoinho. Viram o imperador permanecer imóvel, sem uma lágrima ou uma flexão de joelhos, mas com o corpo todo pulsando em reverência.


E naquele momento, não havia mais dúvida.


Ele não era apenas o comandante.


Era o próprio luto vestido de carne.


E mesmo os que duvidavam, agora compreendiam por que ainda o chamavam de Imperador.


Aquele foi o funeral mais digno de um guerreiro que a guerra jamais permitiu.


Alguns diriam que Tyrone foi um herói.


Outros, que ele foi apenas mais um entre milhares.


Mas para Yang Hao… ele foi um marco.


E para Zao Tian… ele foi um pilar.


No fim, cada um sentiu a perda à sua maneira.


Mas o mundo…


O mundo sentiu de outra forma.


Pois o planeta, aquele mesmo cinturão rochoso que já abrigou bases do Olho, agora começava a ruir, centímetro por centímetro, explodindo de dentro para fora, como se não aguentasse mais sustentar tamanho confronto.


Fragmentos da crosta superior começaram a se desprender em placas. Os céus, já completamente tingidos de vermelho e cinza, pareciam derreter, enquanto a gravidade começava a oscilar. O campo de batalha, aquele onde tudo começou, tornava-se agora um palco instável onde Yang Hao duelava contra o passado que ele mesmo havia construído e que agora precisava destruir.


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Enquanto as ondas de destruição se propagavam, um eco ainda pairava nos céus.


O eco de uma chama que se apagou.


Não com medo.


Mas com honra.


E, ainda que todo o planeta se fragmentasse em rochas espaciais… as cinzas de Tyrone jamais seriam apagadas.


Elas ardiam em silêncio. 


Eternamente.


Dentro de todos que o conheceram.


Dentro de todos que sabiam o que era morrer… de pé.


Os ecos daquela chama, que não gritou ao apagar, ainda atravessariam eras.


O nome de Tyrone seria sussurrado em acampamentos, nas marchas silenciosas dos soldados e no coração dos jovens que ouviriam sua história e saberiam…


Que existe um tipo de morte…


Que vale mais do que a vida.





O ÚLTIMO HERDEIRO DA LUZ -UHL | NOVEL

© 2020 por Rafael Batista. Orgulhosamente criado com Wix.com

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