Capítulo UHL 1038 - Uma Alma Quebrada
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Em Setor Gris, o tempo parecia não passar mais. As galáxias ao redor se moviam em sua cadência indiferente, mas dentro de Drake, tudo havia parado.
Preso. Travado. Congelado no espaço, com a alabarda erguida, seus olhos ainda estavam fixos na Trindade. Ele não conseguia se mover, mas estava ali. Consciente. Vivo. Sentindo o calor de seu próprio sangue escorrer por dentro da armadura quebrada, com os ossos fraturados emitindo pulsares de dor e as veias latejando sob pressão constante.
Drake não gritava. Não chorava. Mas sua alma… gritava por dentro.
"Me perdoe, mestre Chihuo…" Drake pensou, lutando para que sua consciência não fosse engolida pela dor que consumia sua mente: "Eu tentei… Tentei ser digno do seu sonho. Unir as raças, acabar com o ódio, romper as muralhas… Mas tudo que eu sou… é um erro que anda."
O vazio ao seu redor o silenciava, abafava suas reações, mas os gritos em sua mente ecoavam como trovões.
"Perdoe-me, Daren…" Mais um nome surgiu em seus pensamentos com o peso de um fardo antigo: "Você me acolheu, me deu os meios, me confiou um cargo. E eu… matei uma inocente. Não por maldade… Mas por orgulho. Por ser cego."
Naquele momento, os olhos sangrentos de Drake lacrimejaram. Mas não eram lágrimas físicas, eram sensações, lembranças condensadas de uma dor que não cicatrizava. O rosto da mulher que ele matou apareceu em sua mente. Tão sereno. Tão determinado. Ela havia fugido do Reino da Escuridão não por covardia, mas para dar liberdade ao filho… algo que, ironicamente, o próprio Reino tanto pregava.
"Eu devia ter entendido, Cruz… Eu devia ter escutado os olhos dela… aceitado a vontade dela. Uma mãe sabe o que é melhor para o seu filho.”
“Eu me achei no direito de impedi-la, pensando que estava te salvando de uma vida ruim e medíocre fora do Reino da Escuridão… mas tudo que fiz foi te tornar um órfão…"
O menino, hoje um guerreiro poderoso, provavelmente ainda o odiava. E Drake aceitava isso. Aceitava, porque ele mesmo se odiava por ter feito algo que não podia ser perdoado.
Ali, à beira da morte, o General que muitos chamavam de implacável, estava de joelhos diante de suas memórias. O terror de várias guerras agora era só um homem tentando reconciliar sua existência com os destroços que deixou para trás.
E ainda assim…
“Heh… Olha só a cara dele.” A voz sarcástica de Samir cortou o silêncio como uma navalha fria e cruel: “Ainda tentando parecer nobre e superior enquanto está babando sangue?”
Rachid, por sua vez, girava um pequeno cristal entre os dedos enquanto tinha ideias: “Ele vai morrer. Mas precisamos ser criativos. Que tal gravarmos tudo? Que tal mostrar pro mundo como esse general invencível termina? Como um cadáver tremendo, fodido e abandonado?”
Amin concordou com um aceno cruel e acrescentou: “Podemos pendurar os restos dele na lua de Decarius. Acho que seria… simbólico.”
Eles riram.
Sem remorso. Sem hesitação.
Não existia compaixão naqueles três. Não existia senso de honra ou medida. A dor alheia era um combustível e a crueldade era como uma filosofia de vida.
E Drake, mesmo em silêncio, perdido em seus pensamentos, os escutava.
Ele não podia responder. Mas ouvia.
Cada maldita palavra se transformava em ácido, corroendo o pouco que restava de seu orgulho, de sua altivez. E foi ali, naquela prisão do corpo, que ele sentiu algo mais… profundo do que raiva. Era vergonha. Não por estar perdendo. Mas por não ter feito o suficiente antes de perder.
"Enya…" Ele pensou, enquanto a imagem da antiga General surgia na mente dele, como um sopro de vento quente. Ela tinha sido uma das únicas pessoas que o respeitou como homem, não apenas como guerreiro. Que viu sua vontade de mudar. E a Trindade havia arrancado a vida dela.
“Eu não consegui te vingar… Não consegui fazer nada. Nem justiça. Nem paz…”
A dor tomou o peito dele como fogo. O tipo de dor que não podia ser curado com meditação, cultivo ou tempo. Era o tipo que consumia até mesmo as almas mais puras.
E Drake… para piorar… não era puro.
"Eu nunca fui digno do que vocês esperavam de mim…" Sua mente parecia se despedaçar, afundada entre pedidos de desculpas que ninguém ouviria e a vergonha de estar tão exposto perante os monstros que planejavam um fim humilhante e escandaloso para ele: "Mas eu juro… por tudo que ainda resta de mim… que se houver um amanhã… se esse corpo ainda tiver um segundo de movimento… Eu vou me levantar. Mesmo que seja rastejando. Mesmo que seja como um fantasma."
*Plink. Plink.*
Gotas de sangue ainda saíam de sua boca e batiam na alabarda, flutuando no espaço como estrelas vermelhas. A arma, embora danificada, ainda parecia pulsar. Como se escutasse seu portador. Como se tentasse fazê-lo reagir.
“Vamos gravar a execução, Rachid?” Enquanto isso, Samir, afiando simbolicamente uma adaga feita de cristais verdes que absorviam energia vital, perguntou.
“Claro. O mundo precisa ver o que acontece com quem ousa resistir.” Rachid respondeu. O sorriso dele era frio. Mecânico. Sádico.
Eles estavam definindo qual seria o pior dos finais para Drake, mas algo começou a mudar naquele instante.
O cabo da alabarda emitiu um som leve. Um tilintar. E um brilho quase invisível, como o piscar de uma chama morrente, surgiu.
Drake não podia se mover. Mas podia… sentir.
E naquele instante, algo respondeu ao chamado do seu espírito.
Uma lembrança. Não de uma palavra. Mas de um gesto.
Uma mão pousando em seu ombro, décadas atrás.
A de Yan Chihuo.
“Mesmo quando você errar, mesmo que caia, levante-se. Porque haverá olhos observando… e corações esperando que você faça o certo. Nem sempre podemos salvar o mundo. Mas podemos tentar ser menos cruéis com ele.”
Aquelas palavras vieram logo depois do gesto.
Drake tentou segui-las. Ele não podia se mover, mas ele podia… tentar.
Ele reuniu energia espiritual. Com esforço, quase se matando.
Não o suficiente para um golpe. Não para resistir. Mas o suficiente para um único gesto.
Em resposta ao seu esforço, a alabarda emitiu outro brilho.
Fraco.
Mas real.
A Trindade percebeu.
E o sorriso deles sumiu por um segundo.
“Ele ainda tenta?” Amin questionou, quase com desprezo.
Samir, por sua vez, grunhiu: “Isso é irritante. Vamos acabar com ele agora.”
Rachid, porém, levantou a mão e respondeu: “Não. Ainda não. Quero ver ele implorar. Quero ver aquele orgulho se despedaçar.”
“Todos têm que ver isso!”
Então, eles avançaram lentamente, como abutres sobre um corpo que ainda respirava.
A luta de Drake foi inútil. Tudo o que ele conseguiu fazer foi gerar um mísero brilho em sua alabarda.
E a Trindade, sem compaixão ou respeito algum… Finalmente o tocou.
Samir puxava Drake pelos cabelos. Amin preparava uma adaga para perfurar as pernas. Rachid preparava uma solução para corroer lentamente os órgãos do General.
Drake via tudo. E pensava: "Se esse for o fim… então que seja. Mas que eles saibam… que eu não fui vencido. Eu só… não consegui mais lutar."
Ele não se odiava por morrer. Se odiava por não ter feito mais enquanto estava vivo. Se odiava por ter que morrer assim.
E enquanto a alabarda tremia em sua mão, os monstros afiavam suas garras e a escuridão parecia se fechar de vez… a última palavra que cruzou sua mente foi:
“Desculpa.”
Uma única palavra que foi direcionada a muitos. Que foi direcionada a uma vida inteira de momentos que ele queria mudar, mas… no fim… não conseguiu.
Porque seus erros eram grandes demais. Profundos demais. E ele não teve tempo.
O momento das reflexões, então, terminou ali…
Porque o que estava por vir era a mais profunda falta de compaixão e respeito pela dignidade humana…
Samir puxou os cabelos de Drake com força, ergueu sua cabeça como se erguesse a de um animal prestes ao abate, e cuspiu no rosto dele com nojo.
"Cadê aquele general arrogante agora, hein? O todo poderoso, o primeiro General de Yan Chihuo, o Príncipe da Escuridão!"
Em sequência, Amin se aproximou com a adaga de cristal, projetando uma espiral fina de energia que girava em torno da lâmina. Quando ele a encostou na perna de Drake, a dor foi imediata e insuportável. A adaga não cortava com precisão, ela rasgava em micro explosões internas, destruindo as fibras dos músculos e queimando os nervos em camadas que não cicatrizariam.
Drake gritou. Não no mundo físico, mas na alma.
Ele sentiu a perna morrer. Sentiu o osso se partir.
Sentiu… que estava perto. Muito perto do fim.
Rachid, por sua vez, não queria pressa. Ele se abaixou ao lado de Drake com um sorriso educado, quase cordial. Em suas mãos, ele carregava um pequeno frasco com um líquido verde-violeta, viscoso, que parecia borbulhar por vontade própria.
"Este aqui foi preparado especialmente para você. Uma mistura que aprendi com os alquimistas de Varkon, refinada em meus próprios órgãos ao longo de séculos. Vai corroer você de dentro pra fora. Lentamente. E enquanto sua carne se liquefaz, sua mente continuará funcionando. Não é maravilhoso? Você vai estar lúcido enquanto grita por uma morte que não virá."
Drake não respondeu.
Ele não conseguia.
Não tinha mais forças para rosnar.
Apenas… sentia.
Enquanto Drake era forçado a engolir aquela mistura nojenta, a adaga de Amin agora perfurava seu braço. Samir socava seu rosto com força, quebrando-lhe os dentes e empurrando os ossos do maxilar para dentro.
A dor que se seguiu… não pode ser descrita.
Drake arqueou o corpo como uma espinha dobrando ao meio. Um rugido seco saiu de sua garganta, um urro, um som que nem era mais humano. Sua visão escureceu por segundos. Seu coração quase parou. Mas ele não desmaiou.
Isso fazia parte do veneno.
A lucidez era forçada. O corpo queria apagar. Mas não podia.
Cada órgão começou a doer como se fosse um vulcão entrando em erupção.
Ele sentia seu estômago se dissolvendo.
Sentia o sangue tentando coagular, mas sendo desfeito por dentro.
Sentia os dentes se soltando.
E nesse instante, Drake não era mais um guerreiro. Nem um general. Nem um monstro.
Era só… dor.
Era só um homem.
Pequeno. Insignificante. Apodrecendo.
“Pede. Vai, pede!” Samir berrou, cuspindo o sangue dele de volta em seu rosto.
“Implora. Mostra pro universo que não é tão orgulhoso assim!” Amin gritou, agarrando-o pela garganta e torcendo, só para ouvir o som da cartilagem romper.
Rachid, mesmo sendo, normalmente, o mais centrado deles, ria como um louco: “Olhem pra isso. É a primeira vez que vejo um general chorando sangue.”
E, de fato, as lágrimas de Drake não eram mais lágrimas. Eram filetes vermelhos que escorriam dos olhos, misturados ao suor ácido e ao muco manchado.
Ele tentou falar. Abrir a boca. Mas nem isso conseguia mais.
Sua garganta estava rasgada. Seu maxilar fora deslocado. Suas costelas… partidas.
E o veneno… já tinha começado a corroer o interior dos pulmões.
Era o fim.
Mesmo para um guerreiro como ele… esse era o triste fim.
Nas mãos dos piores homens do mundo, sua consciência começava a vacilar. E não por covardia. Mas por colapso total. As memórias, antes claras, se misturavam em sua mente. Cruz, Yan Chihuo, Daren, Enya, o dragão, o garoto… tudo estava embaralhado, como se o universo estivesse fechando os olhos para ele.
Ele resistiu por muito tempo… Mas nesse momento… ele se quebrou.
Não de corpo.
De alma.
Drake sentiu. Admitiu. Entendeu.
Ele não era invencível.
Não era perdoável.
Não era mais… nada.
E ele chorou.
Mesmo sem saber mais como.
Um soluço abafado, sufocado. Um suspiro de um espírito quebrado, que não tinha mais como lutar, nem contra seus algozes, nem contra si mesmo.
"Eu… desisto…" Ele pensou. Sofrendo. Implorando pela morte.
Os monstros estavam acabando com ele. reduzindo toda sua existência a uma última imagem patética.
E Drake não podia fazer nada para mudar isso. Apenas… implorar para que acabasse.
Mas então…
O universo piscou.
Drake pensou que ele estava respondo as suas súplicas e que a morte, contra quem ele tanto lutou, finalmente veio acabar com seu sofrimento.
Mas não era isso.
Não era algo tão místico que estava acontecendo.
O universo realmente piscou, mas não foi por algo sobrenatural, e, sim, por algo material.
*Craaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaash…*
Uma flecha negra rasgou o espaço a uma velocidade impressionante.
Ela veio do nada, e, camuflada pela sua própria ausência de luz, ela se aproximou sem que ninguém percebesse.
*Booooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooom…*
O impacto foi tão intenso que arremessou Samir para longe, abrindo uma fissura no espaço atrás dele. Rachid mal conseguiu reagir antes de ser jogado contra uma rocha flutuante do tamanho de um meteoro, e Amin foi levado pelo impacto, com o braço direito parcialmente arrancado pela força daquela coisa.
Tudo aconteceu em uma fração de segundos, e o silêncio que seguiu foi denso. Surreal.
O espaço parecia conter o fôlego. Parecia não entender o que estava acontecendo.
E então… uma voz. Grave. Gélida. Seca como uma lâmina embebida em veneno, soou:
“Vocês… não têm esse direito.”
Enquanto aquela voz soava, a flecha vibrava, ainda fincada no espaço como um relâmpago congelado.
A figura que se aproximava logo após a flecha parecia ser feita da própria noite.
Cabelos negros... Roupas escuras... E em meio à distorção que ele causava por causa de sua própria gravidade, um rosto inconfundível se revelava.
Era Cruz.
O esquizofrênico.
O imprevisível.
O órfão.
O menino cuja mãe morreu pelas mãos daquele mesmo homem.
O jovem que jurou matar o responsável.
"Apenas um homem tem o direito de matá-lo…" Enquanto se aproximava de Drake, ele falou, sem alterar o tom, antes de completar:
"E esse homem... sou eu!"
Rachid ainda se recuperava do impacto, cuspindo pedaços de dentes e sangue.
Samir, ainda atordoado, ergueu os olhos e soltou um riso nervoso enquanto praguejava: “Mas que... maldição é essa?”
Amin se aproximou de Rachid, vacilando em seu vôo, ainda tentando entender como o homem havia conseguido se aproximar da Trindade sem que eles pudessem perceber.
“Você não é ninguém, garoto.” Rachid, então, rosnou, forçando o corpo a levantar: “Esse aqui é um campo para generais… e deuses. Não para lixo sentimental.”
Cruz, entretanto, não respondeu.
Ele apenas flutuou até Drake.
Cada metro avançado reverberava. As pulsações no espaço pareciam acompanhá-lo. E quando ele parou diante do general dilacerado, não disse nada.
Drake, em sua consciência estilhaçada, viu a silhueta. Aquela figura lentamente se transformou na em uma imagem fina, magra… com olhos que els jamais esqueceria… eram os olhos dela.
Os olhos da mãe de Cruz.
Ele tentou dizer algo, mas nada saiu. Só sangue.
Cruz se abaixou, sem compaixão.
Sem pressa.
Sem piedade.
Mas também… sem crueldade.
Era algo pior.
Era justiça emocional. Uma justiça que não obedece lógica, nem moral. Só cicatrizes e direitos.
Cruz puxou a gola de Drake, forçando-o a olhar para cima.
Os olhos de ambos se encontraram.
E, por um segundo, o mundo parou.
"Você sabe quem sou eu, não sabe?"
Drake respondeu com as lágrimas que voltaram a cair.
"Não se atreva a morrer!" Cruz avisou, de forma firme, sincera, como se mesmo pudesse atormentar Drake mesmo após a sua morte.
“Você não pode morrer… Até eu te matar com as minhas próprias mãos!” Cruz avisou, mais uma vez, antes de desabafar: “Você me deve isso!”
