Capítulo UHL 1039 - Imperdoável
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Em Setor Gris, a flecha ainda pulsava atrás de Cruz, como uma extensão de sua presença. Não era apenas uma arma… era um anúncio. Um aviso ao universo: a morte de Drake seria adiada. Mas não perdoada.
Drake, por sua vez, mal conseguia manter os olhos abertos. Ele estava em frangalhos: por fora, ele era um cadáver à beira do colapso; por dentro, um espírito já rendido, ferido até a alma. E agora, diante dele, surgia a figura que representava tudo o que ele jamais conseguiu reparar.
Cruz.
O órfão que ele criou com as próprias mãos. O esquizofrênico que se tornou guerreiro. O homem que, anos atrás, olhou para ele e declarou:
"Um dia, vou te matar. Não importa quanto tempo leve."
E esse dia… parecia ter chegado.
O olhar de Cruz era de pedra. Não havia nenhum vestígio de sarcasmo, nenhuma piada, nenhum riso atravessado. Só gravidade, peso e uma raiva antiga que escorria como lava contida sob a pele.
Ele se abaixou lentamente, pegando o rosto de Drake entre os dedos com firmeza, mas sem violência.
Aquela era uma cena que deveria transbordar ódio.
Contudo… o silêncio entre os dois era mais eloquente que qualquer grito.
“Você lembra?” Cruz sussurrou. A voz dele saía baixa, mas cada sílaba era como uma lâmina: “Lembra do que eu disse na frente de todos? Que o assassino da minha mãe morreria pelas minhas mãos?”
Drake tentou mover os lábios. Mas não podia. Tudo o que conseguiu foi olhar… e lacrimejar.
“Você merecia morrer lá atrás… merecia apodrecer sem glória alguma.” Cruz continuou: “Mas você virou um herói. Virou um símbolo. E eu esperei.”
Seus dedos tremeram por um segundo. Era como se ele tivesse raiva do que Drake se tornou para pessoas as quais ele tinha estima.
“Eu fiquei em silêncio. Eu ri. Eu até lutei ao seu lado... de certa forma.”
“Eu engoli todo esse ódio que arde em meu peito, achando que… talvez… você merecesse outro final.”
Cruz, então, fechou os olhos por um breve instante. Depois, ele respirou fundo.
Seu corpo inteiro estava tenso, mas sua voz simplesmente não subia de tom.
“Mas quando te vi assim... assim como está agora…” Ele passou a mão levemente sobre a clavícula quebrada de Drake: “Entendi que o universo não te deu perdão. Ele só adiou o castigo.”
“Você… ainda merece morrer!” Cruz completou.
Depois de dizer aquilo, ele se ergueu. E ficou parado por cima de Drake, como um juiz em silêncio.
E então, pela primeira vez desde que chegou, Cruz virou o rosto para a escuridão onde a Trindade se reagrupava.
A fúria deles já transbordava.
Rachid tossia ódio, furioso, ainda se apoiando sobre uma rocha trincada.
“ELE É NOSSO!” Rachid rugiu, apontando para Drake: “Você não tem esse direito, maldito bastardo!”
Amin, com o braço ainda regenerando por meio da energia espiritual de Rachid, berrou em sequência:
“Como?! Como você chegou aqui?! Silenciamos todas as comunicações! Nem um mísero sinal escapou!”
Samir, com a testa cortada e os dentes rangendo de raiva, deu um passo à frente e gritou: “VOCÊ VAI MORRER COM ELE, ENTÃO!”
Cruz os observou. Um por um.
E riu.
Mas não foi uma risada comum. Foi uma risada breve, seca… quase triste.
“Vocês silenciaram tudo, né?” Ele então falou, como se conversasse com crianças: “Deixaram todo mundo mudo… esperando que ninguém se importasse.”
Enquanto dizia aquilo, Cruz avançou alguns metros, ficando entre Drake e os três.
Logo após parar, como uma uma muralha inexplicável que protegeria o homem que ele mais odiava, Cruz continuou: “Mas foi exatamente o silêncio de vocês… que me trouxe até aqui.”
A Trindade o encarava, atônita.
“Eu conheço o Drake.” Cruz prosseguiu, com o tom gélido: “Não porque convivemos… não porque fomos aliados...”
Seus olhos estavam fixos na Trindade, como quem encara cadáveres em pé.
“Mas porque o estive observando. De longe. Sem nunca me aproximar. Sem nunca deixar ele notar.”
Samir, ao escutar aquilo, bufou de desprezo.
“Stalker agora? Tava apaixonado, por acaso?”
Cruz não respondeu de imediato. Ele sequer piscou. Apenas continuou:
“Eu nunca segui Drake de forma direta. Nunca precisei. Mas... eu estava por perto.”
Enquanto falava, sua mão direita apertava o arco com força, mas sua postura permanecia relaxada, como se aquele campo de batalha não representasse nenhuma ameaça real para ele.
“Vocês acham que conhecem os monstros do mundo. Acham que entendem as estratégias, os mapas, os protocolos. Mas esquecem das variáveis caóticas. Dos erros estatísticos.”
Amin cerrou os punhos e questionou: “Do que você tá falando, idiota?!”
“Estou falando que...” Cruz apontou para Drake: “Mesmo esse maldito sendo quem é, eu sabia que ele nunca ficaria em silêncio por tanto tempo.”
O espaço ao redor parecia tremer levemente com a presença da antimatéria instável que envolvia seu corpo.
“Ele é... era... um general. Um fanático. Um instrumento da justiça de outros homens. Ele não ficaria quieto. Ele enviava relatórios. Ele se comunicava. Ele mandava sinais, mesmo que fosse só para dizer: ‘Ainda estou vivo.’”
Em continuação àquelas palavras, um brilho cortou o olhar de Cruz.
“E quando ele parou de mandar qualquer coisa... quando o Setor Gris mergulhou num silêncio que nem os ecos conseguiam atravessar… eu soube.”
Um segundo se passou.
Dois.
E então ele disse:
“Eu que alguma coisa fedia por aqui.”
A Trindade se entreolhou. Rápido. Instintivo. Uma reação quase imperceptível, mas que confirmou tudo que Cruz precisava.
“Nem eu sei o motivo de ter me importado. Nem sei por que larguei meu posto e vim até aqui.” Ele continuou, com uma franqueza brutal: “Talvez seja minha loucura... talvez seja ódio acumulado. Ou... talvez, no fundo, eu só quisesse entender... se alguém como ele ainda poderia cair de uma forma tão patética quanto essa.”
Cruz olhou brevemente para Drake, ainda largado como lixo pelo espaço.
“E a resposta... foi pior do que eu imaginava.”
A expressão dele endureceu.
“Porque ele não só caiu... ele se entregou. Ele se quebrou. Deixou vocês tripudiarem, arrancarem sua dignidade. Ele permitiu que fantasmas como vocês brincassem de deuses.”
“E isso…” Cruz girou uma flecha negra nos dedos: “É algo que nem eu vou deixar passar.”
Rachid deu um passo à frente, cuspindo para baixo, e revidou: “Você fala demais. Vamos arrancar sua língua e enfiar ela no peito desse desgraçado que você protegeu.”
Cruz ergueu a flecha até a altura dos olhos. A haste tremia em sua mão, mas não por fraqueza, era um reflexo da fúria concentrada em cada fio de seu ser.
“Eu esperei esse dia por anos… e vocês o estragaram.” Sua voz ganhou peso, afundando no silêncio ao redor como uma pedra em águas calmas: “Eu não vou perdoar o Drake… mas também não vou perdoar vocês por transformarem o homem que eu mais desejo matar… nessa coisa patética.”
Ele cuspiu a última palavra como se queimasse sua língua.
“Vocês mataram meu inimigo antes que eu pudesse matá-lo.”
“Vocês o quebraram, o jogaram no chão, o esvaziaram… Vocês roubaram a única glória que restava da minha tragédia. E isso…”
Ele estalou os dedos, e uma nova flecha se materializou no ar, flutuando com leveza, mas carregada de densidade espiritual instável.
“Isso é imperdoável.”
Enquanto Cruz ameaçava, a expressão de Rachid se torceu numa máscara de nojo.
“Você é só mais um lunático. Igual a ele. Igual a todos que cruzaram nosso caminho achando que estavam preparados.”
Amin, então, gargalhou, mesmo com o braço ainda regenerando: “Drake cometeu o erro de achar que sozinho podia derrubar a Trindade. E você…” Ele apontou para Cruz, com o dedo manchado de sangue seco: “Vai cair do mesmo jeito. Pela mesma burrice.”
“VOCÊ VAI CAIR!” Samir gritou, avançando com o corpo coberto por metais e duas lâminas em punho: “E dessa vez, ninguém vai aparecer pra te salvar!”
Mas, no momento em que terminou a frase, um soco explodiu no lado do seu rosto com a força de um mundo desabando.
*Baaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaang…*
O som do impacto reverberou por quilômetros no vácuo, como se o próprio espaço tivesse rangido.
O metal que revestia o corpo de Samir rachou, dos pés à cabeça, como se fosse feito de vidro.
Antes mesmo que as lascas do revestimento começassem a voar, a cabeça de Samir girou violentamente para o lado, os olhos dele perderam o foco, e a visão se esfarelou em fragmentos trêmulos de luz e sombra.
*Craaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaash…*
Seu corpo foi lançado para trás, rasgando o espaço como um cometa atingido por um titã.
Por um instante, o tempo pareceu desacelerar.
Aquele soco pareceu ter mexido com o tempo.
Amin e Rachid apenas piscaram… e então… eles viram.
Do lado de Samir, saindo de uma distorção espacial ainda se fechando, Zao Tian surgia, com o punho estendido, ainda vibrando com a energia do golpe recém-dado.
O silêncio tomou conta da cena, principalmente do trio de antagonistas. Até que Cruz, ainda parado diante de Drake, finalmente respondeu às provocações da Trindade, comentando: “E quem disse que eu vim sozinho!?”
