Capítulo UHL 1040 - Cerco
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A distorção ainda tremulava no ar, como uma cicatriz aberta na carne do universo. Fragmentos de energia residual flutuavam ao redor de Zao Tian como fagulhas perdidas de um trovão mal canalizado. Seu punho permanecia suspenso, ainda vibrando com os restos do impacto que quase destruiu o rosto de Samir. Mas, ao abrir completamente os olhos e analisar o ambiente ao redor… Zao Tian entendeu.
E, por um segundo, ele quase se amaldiçoou por ter hesitado.
Rachid, mesmo sem ter levado aquele soco, ofegava com os olhos arregalados. Amin se endireitava lentamente, com as veias pulsando no pescoço e os dentes trincados de puro susto. Samir... Samir estava desaparecido no meio de uma nuvem de estilhaços metálicos e plasma instável, arremessado para fora de cena como um pedaço de entulho cósmico.
Zao Tian, por sua vez, baixou o punho, mas o fez devagar, como quem sente que o tempo acabou de traí-lo.
“Maldição…” Ele murmurou: “Se eu soubesse…”
Enquanto Zao Tian murmurava aquilo, seu olhar cortou o vácuo até cruzar com Cruz, que estava imóvel. Nem satisfeito, nem surpreso. Apenas observando. Cruz havia aberto o caminho… mas não o havia guiado com todas as informações necessárias.
Simplesmente aconteceu. Não houve aviso. Não houve explicação.
Cruz apenas aproveitou a oportunidade que surgiu na sua frente e ligou os pontos entre Zao Tian e a Trindade.
Zao Tian, após olhar para Cruz, piscou lentamente e franziu o cenho.
“Você sabia que eles estavam aqui.” Ele comentou.
“Sim.” Cruz respondeu, com a voz seca.
“E não me disse isso com clareza?” Zao Tian questionou.
“Digamos que não tinha como fazer isso…” Cruz respondeu enquanto apontava para um amuleto de transmissão sonora que não funcionava por causa do bloqueio da Trindade.
Zao Tian não respondeu.
O silêncio, então, voltou a reinar, não o silêncio comum, mas aquele que grita dentro do peito, antes do sangue jorrar.
Amin cambaleou, tomando consciência de que, pela primeira vez desde o nascimento da Trindade… eles estavam com medo.
Ele olhou para Zao Tian como se finalmente estivesse encarando o nome que todos evitavam pronunciar alto.
“Zao Tian…” Amin resmungou.
Rachid cuspiu, tentando apagar o medo da própria língua, e disse entre os dentes: “Esse desgraçado… não era pra estar aqui. NÃO ERA PRA ELE ESTAR AQUI!”
Zao Tian girou levemente os ombros, como se quisesse relaxar, mas seus músculos pareciam tensionados além do limite.
O ódio que ele sentia pelos três era descomunal. Provavelmente, nem os deuses eram tão odiados por Zao Tian quanto a Trindade.
“Vocês estão certos…” Ele então disse, encarando os dois irmãos: “Eu não devia estar aqui.”
Depois de dizer aquilo, Zao Tian apontou para Cruz com o queixo e explicou: “Mas ele me atraiu. Abriu a fenda… e eu atravessei.”
“Você atravessou sem saber o que havia do outro lado?” Amin perguntou, quase incrédulo.
“Não precisava saber.” Zao Tian respondeu: “Eu senti a energia dele… e vim.”
Nesse momento, Rachid se ergueu por completo. A energia espiritual ao seu redor era volátil, instável, como se até ela recusasse manter a pose diante de Zao Tian.
“Então você entrou em um campo desconhecido… sem arma… sem plano… no meio da porra da Trindade?” Ele questionou, como se falasse com um louco.
Zao Tian girou lentamente o pulso direito. Um risco dourado e verde brilhou sobre sua pele, e um leve tremor percorreu os dedos. Ele olhou para a mão vazia… e a raiva brotou em sua expressão como uma fissura incontrolável.
“Sim. Porque eu pensei que era uma emergência… Mas se eu soubesse que vocês estavam aqui…” Zao Tian respondeu, e quando ele fez a pausa, o sangue nos olhos dele quase parecia ferver.
“Eu teria trazido a Bloody Mary. E arrancado a cabeça dele. Não seria aquele soco tão leve.”
Rachid deu um passo à frente, cuspindo no chão estelar, como se quisesse tirar a própria frustração pela boca.
“Então é isso?” Ele grunhiu, encarando Zao Tian com os olhos repletos de instabilidade: “Você vem até aqui… vazio, sem preparo… e acha que isso muda alguma coisa? Acha que está acima da Trindade só porque consegue dar um soco mais forte do que o normal?”
Zao Tian não respondeu de imediato.
A expressão dele era calma demais… e por isso, ameaçadora.
Mas antes que ele pudesse dizer qualquer coisa, Cruz interrompeu.
“Você não entende…” Ele disse, com aquele tom arrastado que ele usava sempre que queria provocar: “Se ele soubesse que vocês estavam aqui, ele teria vindo com a Bloody Mary. Teria vindo preparado. Teria matado o Samir sem pensar. Mas ele veio sem saber. E mesmo assim…”
Cruz apontou com o queixo para o espaço, onde os destroços do corpo de Samir ainda flutuavam.
“Ele fez aquilo.”
Rachid trincou os dentes. Ele tentou disfarçar o tremor involuntário no maxilar, mas falhou.
Amin, por outro lado, tentava se recompor. O braço dele já estava quase regenerado, mas o olhar… esse não estava firme. Estava nervoso. Assustado. Como se uma peça importante do jogo tivesse mudado de lado e virado o tabuleiro.
Zao Tian então voltou a falar, com a voz baixa e dura: “Eu não imaginei que encontraria vocês hoje, porque sei que são covardes demais para se mostrarem. Mas se o universo decidiu me colocar nesse campo… então vamos encerrar algumas pendências.”
“Você fala como se já tivesse ganhado.” Amin retrucou, tentando manter a postura, mesmo que a voz saísse meio seca.
“Eu falo como alguém que não teme o que já conhece.” Zao Tian rebateu, antes de prosseguir: “Vocês só existem porque passaram tempo demais se escondendo. Porque conseguiram esse covil de silêncio, onde pensam que ninguém pode interferir.”
Rachid foi o primeiro a tentar recuperar o controle. Mesmo com a tensão evidente em seus ombros, ele inflou o peito e soltou um riso curto, seco, quase engasgado.
“Você fala demais, Zao Tian… Sempre falou. Como se palavras fossem resolver alguma coisa nesse mundo. Mas o que me espanta mesmo é essa arrogância.” Depois de dizer aquilo, ele se virou um pouco, lançando um olhar enviesado para Cruz, e disparou: “E você… sempre tão teatral. Essa pose, essa voz de quem sabe de tudo… Não se esqueça de que você é apenas um maluco.”
Cruz permaneceu calado, com os olhos como cinzas frias. Não foi preciso responder. Aquilo era o tipo de ameaça que só revelava fraqueza, e ele não precisava mais provar nada.
“Você acha que vai sair daqui ileso, Zao Tian?” Amin perguntou, com a voz mais rouca que nunca: “Acha que porque nos pegou desprevenidos, pode ditar as regras de um campo que nem deveria ser seu?”
Ele limpou os lábios com as costas da mão e deu um passo à frente.
“O que acabou de acontecer foi um erro. Um tropeço. Mas agora…” Ele ergueu as mãos, e a energia começou a pulsar ao redor do corpo: Agora é você quem vai sentir o gosto de ser esmagado pela Trindade.”
Os olhos de Zao Tian brilharam, não com medo, nem com provocação, mas com algo mais fundo… desdém.
Amin deu mais um passo.
“Vamos ver se você ainda continuará com essa pose depois que eu…”
Ele começou, mas não terminou a frase.
Porque os olhos dele, sem aviso, foram tomados por uma luz intensa. Como o reflexo de mil espadas douradas em um céu sem nuvens. Uma claridade repentina e abrasadora surgiu diante de seu rosto, e por um segundo, Amin achou que estava sendo consumido por uma estrela.
Na verdade, ele nem teve tempo de pensar. Porque a luz não vinha do céu, nem de uma habilidade.
Ela era um rastro de movimento.
Zao Tian havia desaparecido da posição anterior… e em um piscar de olhos, já estava à frente de Amin.
Não houve som.
Não houve vento.
Apenas uma vibração surda, como um mundo se curvando sob um novo eixo.
O peito de Amin formigou.
Ele tentou mover os olhos, mas o cérebro não respondeu a tempo.
E então, a Bloody Mary apareceu.
A foice dourada rasgou o espaço como um trovão, surgindo da palma de Zao Tian em um fluxo de luz e intenção assassina. Ela já estava cravada no peito de Amin, atravessando músculos e ossos como se tudo fosse feito de papel velho.
E o impacto não parou aí.
Zao Tian avançou com o corpo, girando a foice dentro do peito do oponente, e, antes que o sangue pudesse sequer sair… uma joelhada avassaladora esmagou o rosto de Amin.
*Baaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaang…*
O som da colisão reverberou pelo campo como o estouro de uma estrela morrendo.
A cabeça de Amin foi arremessada para trás com força descomunal, com os olhos revirando antes mesmo que a dor o alcançasse. O corpo voou por quilômetros, sem controle, girando sobre si mesmo, deixando um rastro de sangue e saliva.
Aquela joelhada foi diferente. Foi como se o soco que Samir havia levado fosse apenas um aperitivo. Um golpe dado com uma almofada.
Rachid imediatamente arregalou os olhos, e por instinto, levou as mãos ao peito, como se quisesse proteger a si mesmo daquilo que acabara de ver.
Samir, com metade do rosto esmagado, arregalou os olhos, recuando um passo. Ele estava voltando, mas quando viu Amin ser golpeado, ele congelou.
Zao Tian, por sua vez, permaneceu ali, imóvel. O sangue evaporava sobre a lâmina da Bloody Mary, que brilhava como um farol de guerra. E sua expressão não era de triunfo.
Era de raiva fria.
De alguém que foi provocado além do limite.
“Esse campo não pertence a mim…” Ele disse, sem olhar para os outros dois, enquanto Amin agonizava pelo espaço: “Mas vocês também já perderam o direito de acharem que controlam alguma coisa.”
Depois de dizer aquilo, ele girou a foice uma vez no ar e a apoiou no ombro.
Cruz, parado ao lado, soltou uma respiração demorada.
“Vocês ainda acham que isso é sobre equilíbrio?” Ele disse, encarando Rachid e Samir: “Vocês quebraram o mundo. Nós só estamos recolhendo os pedaços.”
E foi nesse momento que uma presença começou a se formar atrás da Trindade.
Silenciosa.
Pesada.
Viva.
Se Rachid e Samir não tivessem seus sentidos aguçados, nem perceberiam… mas havia algo se aproximando.
Lenta e deliberadamente.
Como um predador.
E quando o cheiro do sangue se misturou com a brisa rarefeita daquele vazio espacial, Rachid sentiu a espinha gelar.
Ele virou-se num impulso.
E ali estava ela.
Shara’Kala.
Vestida para a guerra, sem adornos. Apenas pele marcada por runas, com o machado em uma mão, a espada na outra. A líder dos orcs. A khan.
Silenciosa.
Mas ameaçadora como a alvorada sobre um campo de cadáveres.
E com a adição dessa presença, o trio da Trindade agora via algo que talvez nunca tivessem sentido de verdade.
Eles estavam cercados.
Zao Tian à frente.
Cruz ao lado.
Shara’Kala atrás.
