Capítulo UHL 1047 - A Lâmina Que Sangra Antes do Corte
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O choque da batalha entre Ming Xue e Lucke ainda sacudia o tecido da realidade, mesmo a incontáveis galáxias dali. Mas enquanto os ecos daquela luta balançavam os cantos esquecidos do espaço, em outro ponto do palco de uma guerra em larga escala, um som completamente distinto tomava conta do ambiente… o de aço puro colidindo com uma fúria elétrica.
Naquele lugar, a paisagem estava devastada. Fragmentos de montanhas flutuantes eram lançados como estilhaços de um mundo que não conseguiria mais ser reconstruído. Rochas dançavam no ar como penas numa tempestade gravitacional instável. E em meio ao caos, dois guerreiros se moviam como arquitetos da destruição… Hanzo e Ragnar.
O primeiro era um espadachim silencioso, de movimentos rápidos, cirúrgicos e mortais. O segundo, um guerreiro voraz, encarnado pelo trovão, com uma lança relampejante em uma mão e um escudo na outra. E depois de algumas intensas trocas de golpes que simplesmente remodelaram o espaço ao redor deles, ambos haviam deixado para trás qualquer intenção de medir forças. Agora, o que restava era a sobrevivência e a sede de vitória.
Ragnar, entorpecido pela energia que maximizou todos os seus sentidos, grunhiu ao girar sua lança, banhada com sua própria energia elemental. Os músculos dele pulsavam com um vigor sobre-humano. Desde que havia decidido queimar toda a eletricidade do próprio corpo para criar um impulso de poder momentâneo, sua mente estava em um estado de concentração absoluta, mas o corpo, aos poucos, gritava.
“Você não é o único que pode ignorar feridas.” Ragnar murmurou, girando o cabo da lança e desferindo uma sequência que misturava ofensiva com controle de espaço, jogando estocadas em ângulos imprevisíveis, enquanto o escudo protegia seu flanco.
Hanzo, no entanto, era o próprio contraste à brutalidade elétrica. Ele movia-se com precisão, desviando o mínimo necessário, reaparecendo como uma sombra sutil ao lado de Ragnar, apenas para reaparecer novamente, a centímetros da próxima investida. Era como se a própria escuridão ao redor do campo de batalha se moldasse aos seus passos.
*Clang. Clang. Clang. Clang.*
A lâmina de Hanzo dançava em sua mão, girando em cortes horizontais e verticais, criando uma pressão constante contra Ragnar. Era como se ela fosse um membro extra de seu corpo, sem peso, sem dificuldade alguma de ser movida.
Ele se aproveitava da técnica refinada que possuía para ter vantagem sobre o guerreiro do relâmpago, que, mesmo sendo o mais agressivo naquele combate, não conseguia derrubá-lo.
Para Ragnar, enfrentar Hanzo era como lutar contra uma névoa com peso.
Cada golpe da lança dele encontrava uma resistência inesperada: às vezes, era um bloqueio com o braço nu de Hanzo; às vezes, era a própria espada, mas em outras, e essas eram as mais frustrantes para Ragnar, ele simplesmente desaparecia da linha do golpe no último instante.
Ragnar, depois de muitos ataques, voltou a recuar. Naquele momento, ele precisava de espaço. Seu corpo estava superaquecido pela própria eletricidade. O escudo já brilhava em tom azul vívido, e a lança tremia como se a energia espiritual quisesse se libertar de uma prisão.
“Você regenera... rápido demais.” Quando recuou, Ragnar cuspiu para o lado, limpando o sangue nos lábios enquanto comentava.
Hanzo não respondeu. Ao contrário de Ragnar, a respiração dele era estável, ritmada como a de um monge em meditação. As feridas causadas pelos golpes anteriores de Ragnar já haviam desaparecido, deixando para trás, como lembranças dos golpes que sofreu, apenas as roupas chamuscadas e rasgadas.
Ragnar estava diminuindo o ritmo lentamente, mas ele rugiu, partindo para mais uma investida. Dessa vez, ele impulsionou o próprio corpo com uma descarga elétrica vinda da sola dos pés, aumentando sua velocidade a níveis absurdos. Ao mesmo tempo, a lança brilhou em sua mão, e o escudo foi posicionado para arremeter junto com o golpe.
Hanzo firmou os pés no vácuo e encarou a investida.
Era hora de parar de dançar.
*Claaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaang…*
A lâmina dele ergueu-se, e a energia espiritual fluiu por todo o seu corpo. Com um movimento limpo e mortal, ele aparou a lança de Ragnar num bloqueio inclinado, girando a própria espada em um semicírculo que empurrou a arma do adversário para longe.
A maioria dos lutadores ficaria exposto após aquele movimento, mas Ragnar era experiente demais para ser desequilibrado por isso. Assim que sentiu o contra-golpe, ele girou o corpo e usou o escudo como arma, mirando diretamente na lateral de Hanzo.
*Baaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaang…*
O impacto sacudiu o vácuo ao redor. Tudo estremeceu, mas, mais uma vez, Hanzo resistiu. Ele havia levantado o antebraço para bloquear o escudo, e mesmo com os ossos trincando sob o golpe, não caiu.
Ao sentir o peso daquele ataque, o olhar dele agora estava diferente. Mais atento. Mais faminto. Menos frustrado por não ter Ryuuji como seu adversário.
Ragnar percebeu na mesma hora.
Algo estava mudando. E aquilo não parecia ser um blefe.
“O que foi? Vai começar a lutar de verdade agora?” Ragnar questionou, sentindo o sangue esquentar na garganta.
Foi então que Hanzo falou pela primeira vez desde o início da luta.
“Você merece.”
Aquela frase veio calma, como se ele estivesse falando sobre o clima. Mas o tom era pesado, carregado de algo factual, primitivo, honesto.
Ragnar, mesmo sem saber o que poderia estar por vir, sentiu a espinha arrepiar. Não era algo exatamente físico, mas, sim, sensorial. Um pressentimento que o alertava de que algo muito ruim estava para acontecer.
“Você merece ver minha alma.” Hanzo então falou, confirmando seu reconhecimento a Ragnar.
No instante seguinte, Hanzo se afastou e levantou a espada em posição vertical diante do próprio rosto. Ele a segurou com ambas as mãos, com os olhos fixos na lâmina, como se orasse para ela.
Um sussurro, imperceptível até para o vento, escapou dos seus lábios. Não era um feitiço. Não era um encantamento. Era apenas… um pedido.
Um pedido feito pelo portador, para a espada.
Assim que seus lábios pararam de se mexer, a energia espiritual ao redor reagiu imediatamente.
O metal da lâmina começou a escurecer, como se a própria luz estivesse sendo drenada para dentro dela. As bordas da katana vibraram, e fissuras invisíveis começaram a surgir sobre sua extensão. Mas não eram rachaduras. Eram marcas. Marcas que logo começaram a brilhar em um vermelho profundo, como chagas que sangravam há milênios.
E então… o sangue realmente apareceu.
Primeiro uma gota.
Depois outra.
Depois várias.
Escorrendo lentamente pelas ranhuras da lâmina, pingando sem parar, mesmo sem ter tocado carne alguma. Era como se a própria espada sangrasse por conta própria. Como se já tivesse matado demais para se manter contida.
Ragnar deu um passo para trás. Não por medo… mas por instinto.
“Isso não é uma arma comum.” Ele constatou, apertando com força o cabo da lança.
“Não é.” Hanzo confirmou, baixando a espada lentamente e apontando-a para frente.
Hanzo caminhou no vácuo com passos calmos, com cada movimento carregado de propósito. A espada à sua frente, escura como o vazio entre os mundos, continuava a sangrar em silêncio. Não havia misticismo algum ali. Era pura energia espiritual, condensada ao limite do tolerável, vazando pelas fissuras como se a lâmina estivesse prestes a transbordar. Não de poder… mas de vontade.
A vontade de matar.
“Essa espada…” Hanzo disse, ainda em movimento: “Não pertence a um clã. Não foi forjada por um ancestral lendário. E não carrega o nome de nenhum espírito bestial.”
Ele falou, e então parou a poucos metros de Ragnar, deixando que o som do pingar constante do sangue preenchesse o espaço entre eles.
“Ela foi feita para mim… com tudo o que me tornei, após cada vitória e cada fracasso. Cada assassinato cometido. Cada irmão que perdi. Cada vez que sangrei ou fui esquecido.”
Lentamente, como se apresentasse uma amada, a mão esquerda de Hanzo desceu e tocou o dorso da lâmina com reverência. Seus dedos se moveram pelas ranhuras profundas que escorriam como feridas abertas. Quando sua pele tocou o sangue, nada aconteceu. Nenhuma queima. Nenhuma reação. Era como se aquela lâmina fosse, de fato, uma parte dele.
“Eu vi as armas do seu grupo.” Ele continuou: “As transformações da espada de Ryuuji. A lança de Gu Ren. Os relâmpagos dourados de Singrid e a sua lança e escudo. Eu os observei. E estudei.”
O tom de sua voz era sereno. Ele não falava com arrogância, tampouco com inveja. Apenas com… convicção.
“Todos vocês portam armas que definem os limites dos seus inimigos. Instrumentos poderosos, feitos para garantir que vocês não enfrentem mais ninguém abaixo de um certo patamar.”
Hanzo então ergueu a espada, agora na altura da cabeça, com a lâmina apontada para o céu escuro e quebrado que pairava acima deles.
“Mas eu…” Ele exalou fundo, e seus olhos se tornaram completamente brancos por um instante, como se a própria luz refletida neles tivesse sido consumida: “Não sou um desses.”
Ragnar, por mais concentrado que estivesse, sentiu o peso daquelas palavras. O corpo dele vibrou com a eletricidade que tentava controlar, mas a mente… hesitou por um milésimo de segundo.
“Se você vai se valer de uma Arma do Espírito para tentar vencer esta luta...” Hanzo baixou a espada devagar, agora apontando diretamente para Ragnar: “Então é melhor estar pronto para enfrentar uma lâmina à altura.”
Depois de dizer aquilo, ele avançou.
E, pela primeira vez, Ragnar sentiu a intenção de morte de Hanzo o envolver como um véu.
Não era como o rugido furioso de um predador prestes a atacar. Era o silêncio frio da lâmina que já sabia onde cortaria.
Ragnar posicionou a lança em defesa e soltou um leve riso, não de escárnio, mas de reconhecimento. Ele sabia que aquela luta acabava de mudar. O verdadeiro Hanzo havia entrado no campo de batalha.
O sangue da espada ainda pingava, gota após gota, como se marcasse o compasso de uma música que só os dois eram capazes de escutar.
*Ploc.*
*Ploc.*
*Ploc.*
Cada gota caía no vácuo e era evaporada no instante seguinte, transformada em uma névoa espiritual que se dissipava como fumaça após um sacrifício.
Hanzo segurava a katana com uma única mão agora. E mesmo assim, ela parecia mais pesada que todas as montanhas destruídas naquela luta. O ar ao redor da lâmina ondulava levemente, como se gravitasse em torno dela.
“Você me lembrou dele…” Hanzo disse de repente, sem alterar o ritmo de passos: “Do homem que me treinou antes de eu retornar à Tríade. Um monstro, com olhar calmo, mas que nunca hesitava quando precisava cortar carne ou alma.”
Ragnar não respondeu. Ele apenas girou a lança, criando um redemoinho de eletricidade ao seu redor.
“Eu não vim aqui para perder.” Ele rosnou: “Se for preciso, eu queimarei tudo que tenho até sobrar só o osso.”
“Então queime.” Hanzo respondeu: “Mas eu sou a vida e o vento… e você não pode queimá-los.”
A voz dele caiu, e, nesse instante, Hanzo desapareceu.
Não como antes, em que sumia da frente dos golpes de Ragnar no último momento. Aquilo não foi uma evasiva. Foi uma investida. Um ataque direto.
Ragnar sentiu a presença dele na sua retaguarda e girou com o escudo. Mas a lâmina negra já estava ali, se arrastando contra o metal, deixando uma trilha vermelha no centro do escudo.
Ragnar contra-atacou de imediato, lançando a lança com força, criando uma explosão de relâmpagos ao redor do corpo.
Mas Hanzo recuou com um leve desvio, como se já soubesse onde a estocada iria terminar.
*Craaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaash…*
E então, com um leve girou na empunhadura de sua espada, Hanzo fez aquele rastro deixado no escudo de Ragnar se ativar, como se milhares de micro lâminas cortassem, para todos os lados, o seu escudo.
