Capítulo UHL 1048 - Catástrofe Celeste
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O traço deixado no escudo de Ragnar parecia insignificante à primeira vista. Uma ranhura diagonal, profunda, mas superficial quando comparada à brutalidade que aquele escudo já havia enfrentado em outras batalhas. Entretanto… a sensação que se espalhava por trás da lâmina de Hanzo dizia o contrário.
Ragnar sentiu, de forma gradual e rápida.
Não com os olhos, nem com a mente.
Mas com o corpo.
Através dos ossos do braço que segurava o escudo, vibrações estranhas começaram a se espalhar. Elas não eram como os choques de uma colisão física. Eram contínuas. Quase imperceptíveis… como uma trilha de navalhas rastejando sob a superfície do metal, procurando rachaduras, aberturas, imperfeições.
Hanzo, por sua vez, girou a Chi no Ken, sua espada, entre os dedos com a mesma leveza de quem manipula um pincel.
O sangue, ainda escorrendo da lâmina, não caía mais como antes.
Agora, ele serpenteava ao redor da arma, como fios dançantes de um bordado macabro, flutuando no vácuo como tentáculos finíssimos. A cada movimento feito por Hanzo, os filetes carmesim se estendiam, como se buscassem o próximo ponto de contato, o próximo alvo, a próxima superfície a ser marcada.
Ragnar recuou um pouco. Não por medo. Mas por estratégia.
Os efeitos daquela arma eram estranho, e antes de entendê-los, não era uma boa ideia simplesmente continuar trocando golpes sem pensar.
“Seu brinquedo novo… tem dentes.” Depois de recuar e sentir o escudo ranger, Ragnar disse, girando a lança para trás do corpo, mantendo-a paralela ao braço que portava o escudo, antes de avisar: “Mas já enfrentei dentes maiores.”
Hanzo, do outro lado, não respondeu. Ele era perturbadoramente calmo, e isso, para qualquer adversário, o transformava em um livro que não podia ser lido.
Simplesmente não dava para saber quando Hanzo estava sendo pressionado, quando ele estava cansado ou quando ele estava tramando algo. Sua calma inabalável fazia parecer que ele sempre estava no controle de qualquer situação e que tinha cartas nas mangas, que poderia usar a qualquer momento.
Era como se Hanzo estivesse sempre esperando o momento perfeito para realizar o contra-ataque perfeito.
Isso era perturbador, e, com aquela expressão indecifrável em seu rosto, Hanzo apenas avançou, novamente, com a precisão silenciosa que o caracterizava.
Enquanto ele se movia, a ponta da Chi no Ken cortava o ar com um som quase imperceptível, como um sussurro de morte que cantava nos ouvidos dos desavisados. E ao se aproximar de Ragnar, ela não colidiu diretamente com o escudo ou com a lança.
Ragnar recusou, desviando, em vez de defender, e ela apenas passou perto… rente… o bastante para que uma gota de sangue encostasse novamente na borda do escudo de Ragnar.
Foi então que outra ranhura surgiu.
Sozinha.
Instantânea.
*Clink.*
Ragnar sentiu aquilo acontecer, franziu o cenho e recuou abruptamente, girando sobre o próprio eixo para afastar o escudo de Hanzo.
Mas não adiantava.
Aqueles não eram cortes comuns.
O sangue da Chi no Ken não era um fluido qualquer. Cada gota era, por si só, uma lâmina viva. Uma extensão afiada da vontade de Hanzo, que cortava não apenas o que tocava, mas o que resistia ao corte. Como se o sangue rejeitasse o conceito de resistência.
Ragnar percebeu isso com clareza na terceira investida.
Quando Hanzo atacou de novo e ele tentou usar a eletricidade para selar a borda do escudo, criando uma camada extra de proteção, o sangue não foi repelido. Pelo contrário. Ele deslizou por entre as fissuras da defesa elétrica, infiltrando-se como uma névoa… e deixando uma nova ranhura.
Dessa vez, mais longa. Mais profunda. Mais estranha.
“Esse escudo…” Depois de três ataques, Hanzo finalmente falou, parando à frente do adversário, ainda calmo: “Ele foi feito para resistir ao mundo. Mas minha espada não é do mundo. Ela é o que resta… depois dele.”
Ragnar, por sua vez, não respondeu. Mas o suor escorrendo pela lateral do rosto o denunciava.
Ele estava sentindo.
Não era só o escudo. A lança também.
Na última troca, quando tentou atacar com um giro vertical, parte da lâmina de sua arma ficou levemente entorpecida. Como se algo tivesse arranhado sua essência espiritual. Não era um dano visível. Era um desgaste interno. Um tipo de corrosão provocada por um toque mínimo… mas absoluto.
“Você é bom.” Ragnar então falou, girando a lança mais uma vez, agora deixando relâmpagos fluírem ao redor do cabo, criando um brilho pulsante: “E essa espada é ainda melhor. Mas…”
*Baraaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaum…*
Ele lançou a lança para cima e, num movimento rápido, golpeou com o escudo o próprio cabo, redirecionando a arma como um projétil. A lança girou como um furacão relampejante, cortando o espaço em um arco amplo antes de retornar à mão de Ragnar, como se fosse puxada por um ímã invisível.
Hanzo desviou com um passo lateral, mas seus olhos acompanharam a trajetória. Um movimento de domínio absoluto, quase ensaiado.
“Isso não muda quem eu sou.” Ragnar concluiu, antes de sorrir, por que aquele disparo passou muito, muito perto de atingir Hanzo.
Hanzo estreitou o olhar ao ver aquele sorriso. Seus pés então se moveram com suavidade, e ele girou a Chi no Ken em um arco horizontal. O sangue que pairava ao redor da lâmina reagiu como uma cauda, disparando em linha reta contra Ragnar como agulhas cortantes.
Ragnar reagiu com o escudo, mas agora já não usava o braço inteiro para defender. Ele havia adaptado a postura.
Ragnar eletrificou e girou o escudo no momento do impacto, dispersando parte do sangue em um redemoinho de eletricidade.
Uma pequena vitória.
Pequena… mas significativa.
Dessa vez, os micro cortes da espada de Hanzo não danificaram o escudo.
*Dzzzzzzzzzzt… Claaaaaaaaaaaaang…*
Os logo voltaram a trocar ataques mortais. A cada colisão entre os dois, o vácuo tremia. Não por som, mas por pressão. Como se as leis que regiam aquele espaço estivessem começando a ceder diante da força dos dois.
Hanzo, como se fosse uma máquina, não parava em momento algum.
Ele atacava, recuava, girava, voltava. E o sangue… sempre o sangue… seguia como serpentes com sede de metal, carne e osso.
Ele não se cansava. Mesmo que a energia espiritual e a resistência física de qualquer cultivador diminuísse, naturalmente, ao longo do tempo, Hanzo não sofria desse mal, pois sua afinidade com a vida lhe abastecia com mais combustível do que ele gastava.
Aquele homem era um assassino perfeito, mas, talvez, esse título não estava à altura de suas habilidades e potenciais.
Em termos de conjunto, Hanzo estava próximo de um guerreiro perfeito.
Ele era calmo, rápido, resistente, forte, se regenerava, ataque de curta, média e longa distância, e ainda tinha uma arma do Espírito.
Ele era incrível. E Ragnar, estava vendo que, quando enfrentaram e capturaram Hanzo em Decarius, ele não resistiu com tudo o que podia.
Hanzo era muito bom, mas Ragnar não ficava para trás e estava se ajustando à medida que ele mostrava seus recursos. Ele nunca foi o tipo de guerreiro que cedia diante de algo novo. Apaixonado por uma boa batalha, ele aprendia rapidamente. Cada gota que o feriu, cada ranhura deixada no escudo, virou lição. E cada lição se transformou em uma resposta.
Durante uma das trocas de golpes, Ragnar percebeu que o sangue não se movia livremente por longas distâncias. Ele sempre se mantinha próximo da lâmina. Nunca ultrapassava os quatro metros.
“Você não pode estender seu alcance.” Ragnar murmurou para si, enquanto media uma linha invisível: “Isso é seu limite.”
Hanzo percebeu o olhar dele mudar. Era o olhar de quem havia descoberto um padrão. Uma brecha.
Ragnar atacou de novo. Mas dessa vez, ele não mirou Hanzo diretamente.
Ele lançou a lança para cima, como antes, mas disparou com o escudo primeiro, como se fosse socar o ar. O impacto criou uma onda elétrica que expandiu-se em 360 graus, empurrando qualquer coisa num raio de dez metros.
Inclusive o sangue.
Hanzo foi forçado a recuar, e quando o fez, Ragnar agarrou a lança no ar, girou o corpo e lançou a arma com força total, criando uma espiral de trovões que rasgou o espaço.
*Claaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaang…*
Hanzo bloqueou… mas sentiu.
O impacto do ataque reverberou por vários quilômetros de distância, fazendo com que meteoros próximos à área de combate se fragmentassem em estilhaços incandescentes. A lança de Ragnar, mesmo detida pela Chi no Ken, continuou emitindo uma pulsação elétrica tão intensa que os resíduos metálicos no vácuo começaram a vibrar. Pequenas luas mortas, silenciosas e esquecidas, orbitando em segundo plano, foram tocadas por essa vibração e, ao serem atingidas pela descarga residual… simplesmente implodiram.
Assim que Ragnar executou aquele ataque, aquela batalha havia saído do campo da técnica.
Agora era a hora de se transformar em uma hecatombe. E, mesmo no espaço… o vazio não era suficiente para conter o que estava sendo libertado.
Ragnar, com os pés firmes sobre um asteroide em rotação lenta, ergueu o escudo à frente do corpo. A respiração pesada se condensava em energia espiritual e a aura elétrica ao seu redor ganhava um tom azulado tão intenso que os próprios átomos do ambiente começaram a se romper.
Ele avançou, de novo, mas não diretamente.
Num salto lateral, ele redesenhou sua posição no campo de batalha, arremessando a lança como um projétil de luz. Assim que ela foi disparada, dezenas… não… centenas de penas se desprenderam de seu coca. Cada uma delas carregava uma carga elétrica absurda, como tempestades ambulantes.
Elas não seguiam um padrão comum.
Elas caçavam.
Cada pena se movia com a consciência de um predador, como se sentisse a presença de qualquer molécula viva e buscasse erradicá-la com uma violência absoluta.
Hanzo, ainda girando a Chi no Ken em sua mão direita, sentiu o ataque vindo. Mas, por mais veloz que fosse, ele não podia simplesmente ignorar aquilo. As penas eram rápidas demais. Muitas demais. E todas estavam imbuídas com a intenção de Ragnar.
A primeira defesa veio por instinto. Um corte no ar, amplo e veloz, gerou uma onda de sangue cortante que repeliu dezenas de penas em um único movimento. Mas isso não bastava.
A lança, movida por correntes de trovão, atingiu um satélite natural ao fundo e reduziu aquele pequeno corpo celeste a uma chuva de cristais ionizados. Era como se Ragnar estivesse começando a remodelar o próprio espaço ao redor, forçando Hanzo a se deslocar constantemente entre regiões devastadas para evitar ser atingido.
*Zummmmmmmmmmm… Zzzraaaaaaaacck…*
O som das penas cortando o vácuo ecoava de forma estridente, como ressonâncias comprimidas pelo campo ao redor. Hanzo girava, recuava, deslizava como um fantasma entre os rastros de destruição, mas a verdade é que… ele estava recuando.
Pela primeira vez.
E Ragnar notou.
“Está com medo, não está?” Ele vociferou, girando novamente a lança em mãos, antes de apontar para o adversário: “Não do que eu sou. Mas do que eu descobri.”
Hanzo não respondeu. Mas a tensão em seu corpo, mesmo sutil, era notável. A Chi no Ken tremia levemente. Não de medo. Mas de esforço contínuo.
Ragnar aproveitou cada segundo de vantagem.
Num movimento diferente, ele fincou a lança em um pedaço de rocha flutuante e começou a girar sobre si mesmo, como se estivesse canalizando energia para um ataque massivo. O escudo à frente de seu corpo se expandiu com eletricidade pura, tornando-se um disco relampejante que girava em sincronia com o próprio movimento de seu corpo.
A força gerada criou um campo de distorção tão intenso que corpos celestes pequenos ao redor foram puxados para a zona de impacto.
E então…
*BOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOM…*
Um disparo monumental, feito com o escudo como foco e a lança como condutor, varreu o campo de batalha. A corrente elétrica, concentrada em uma linha de disparo, atravessou o vácuo, passando por asteróides, planetoides e poeira estelar.
Tudo foi vaporizado em segundos. O clarão era visível de planetas vizinhos. Campos de batalha distantes sentiram o aumento abrupto da energia naquela região, como se uma estrela tivesse nascido e morrido no mesmo segundo.
Hanzo foi jogado para trás com o impacto indireto. Mesmo com sua regeneração, mesmo com a frieza de sua alma, ele percebeu… que estava sendo pressionado.
Ele não lutava mais contra um oponente. Lutava contra um fenômeno.
Ao tentar se reposicionar, Hanzo preparou um contragolpe. A Chi no Ken brilhou em tom vermelho carmesim, mais viva do que nunca. Um corte vertical se preparava, com força suficiente para dividir a superfície de um planeta. Mas antes que pudesse completar o movimento… algo o deteve.
Um calor insuportável atingiu seu corpo. E não era fogo.
Era eletricidade em estado crítico.
Ao redor de Ragnar, uma nova formação havia surgido.
Um anel de relâmpagos.
Enorme. Brilhante. Assustador.
Ele girava lentamente, com dezenas de quilômetros de raio, formando um círculo em torno de Ragnar. Era como se ele tivesse criado um campo proibido. Um espaço onde a própria realidade se recusava a entrar.
Hanzo, ao avançar, sentiu o ar se quebrar ao toque. Sua pele começou a queimar antes mesmo de atravessar a linha do anel. Sua regeneração cessou por um segundo. Seus olhos se estreitaram, e seu instinto, antes inabalável, gritou em alerta.
Ele recuou imediatamente quando sentiu aquilo. Quando sentiu o perigo
“Isso não é uma defesa…” Hanzo murmurou, pousando sobre um fragmento de rocha: “É uma sentença de morte.”
Ragnar não disse nada.
Mas dentro daquele círculo, ele parecia maior do que qualquer estrela.
As penas de seu cocar giravam como satélites, orbitando o anel com precisão. Algumas se desprendiam e disparavam como lanças. A cada ataque que Hanzo desviava, uma lua se partia. A cada esquiva, um novo campo de batalha surgia… mas nenhum lugar oferecia refúgio.
O vácuo tremia.
O espaço não era mais negro. Era azul. Um azul que nascia da eletricidade que Ragnar emitiu, como se tivesse roubado o brilho do relâmpago primordial. Era a destruição em sua forma mais pura… e mais bela.
E mesmo assim… Hanzo resistia.
Mesmo acuado, mesmo pressionado, ele recuava, mas não desistia. A Chi no Ken continuava em seu braço, como se suplicasse para voltar à ofensiva.
“Você me forçou ao limite… mas isso também está te levando ao limite…” Hanzo admitiu, em voz baixa, para si mesmo: “Então… verei até onde você vai com isso.”
Depois de murmurar aquilo, ele cravou os pés em uma rocha, abriu os braços lentamente e permitiu que o sangue flutuante da Chi no Ken retornasse à lâmina em pequenos filamentos. Ao redor dele, o espaço começou a enegrecer.
A aura da vida e do vento explodiu de uma só vez. E, pela primeira vez, Hanzo fez o que evitava fazer desde o início…
*Vuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuup…*
Ele disparou e entrou com tudo com tudo.
Seu corpo, avançando como um raio vermelho e branco, foi buscar Ragnar dentro daquele anel infernal.
*Craaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaash…*
E a colisão entre os dois… foi o nascimento de uma nova catástrofe celeste.
