Capítulo UHL 1051 – Nem a Alma Escapa
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Naquele céu, onde o homem tinha matado um Guardião Imperial com as mãos nuas, o sol brilhava de forma discreta, como se tentasse se esconder, para não ser a próxima vítima.
O Homem continuava parado, a cabeça de Yang Gengi ainda estava em sua mão.
Os olhos do Guardião Imperial, outrora orgulhosos e firmes, agora estavam vazios e apontavam para o nada. Nem enxergavam, e nem tinham cor.
A boca, entreaberta, havia congelado na última tentativa de gritar, como se seu dono não tivesse aceitado o fim nem mesmo no último instante.
O homem, contudo, permanecia ali, flutuando no céu carregado, com a aura verde ainda pulsando, encharcando o ar com uma densidade tão intensa que distorcia a luz ao redor. Ele não havia se movido desde o momento em que arrancou a cabeça de um dos maiores guerreiros da Dinastia Yang.
Ele nem precisava.
O silêncio ao redor dele era mais eloquente que qualquer gesto.
Aquilo era hipnotizante, em todos os sentidos. Seja pelo medo, pelo choque, ou pela admiração dos soldados do Olho que viram o campo de batalha mudar de uma hora para a outra, todo e qualquer olhar estava voltado para o céu, para um único alvo… um único monstro.
O tempo parecia ter parado, mas então…
Algo mudou.
Do corpo sem vida de Yang Gengi, uma luz amarelada começou a emanar.
Primeiro como uma faísca.
Depois, como um filamento que serpenteava entre os restos mortais, crescendo, girando, ganhando forma. Era uma luz vibrante, metálica, que carregava uma força profunda, imensurável… a manifestação espiritual de sua alma e do legado confiado a ele.
Aquela era a sua Arma do Espírito. A essência que compunha o sacrifício de alma que entregou seu futuro nas mãos dele.
Ela ainda estava fundida à alma que o homem acabara de esmagar.
Mas agora… não havia mais alma.
O corpo já não tinha pulsação. Os meridianos estavam estilhaçados. A consciência que um dia habitou aquela carne havia sido apagada, rasgada junto com a espinha dorsal.
Agora, tudo o que restava era a arma.
Aquela luz amarelada não era um ataque. Não era um aviso. Não era, sequer, um último ato de bravura.
Era um processo inevitável.
A Arma do Espírito, antes completamente fundida ao portador, estava agora sendo liberada pela morte. Seu brilho não ardia de raiva, mas de solidão. De instinto. De vazio.
Ela flutuava acima do peito destruído de Yang Gengi como uma essência viva que perdeu seu lar.
Girava lentamente, com movimentos suaves, como se ainda buscasse por algo que não estava mais ali.
A cada rotação, a luz mudava levemente de tom. Não pela escolha de alguém… mas porque não sabia o que deveria ser agora.
Ela era o puro ouro espiritual condensado, uma arma que nunca havia mudado de dono, pois nascera na alma de Yang Gengi e fora moldada por seu juramento de vida. Era parte de seu corpo. Sua extensão. Sua herança.
Mas agora… ela estava solta. Orfã.
E toda aquela luz... toda aquela estrutura energética... estava à deriva.
A luz hesitava em seguir seu rumo natural.
Ela parou de subir.
E, num gesto quase imperceptível… virou-se. Como se fosse uma pessoa olhando em uma direção.
Virou-se para o homem.
Para aquele que ainda estava parado no ar, com a cabeça de seu criador na mão esquerda.
A essência da arma parecia… atraída por ele.
Talvez não por escolha. Mas por força.
Uma força brutal.
Uma força que havia esmagado seu mestre.
Uma força que havia apagado a alma à qual ela se prendia.
E era isso que ela reconhecia: força.
Ela viajou pelo ar, devagar.
Pulsando.
Girando.
O homem ergueu os olhos.
Ainda em silêncio.
Seu olhar não carregava desejo. Nem curiosidade.
Apenas reconhecimento.
Ele sabia o que era aquilo.
Sabia o que significava.
E não hesitou.
Com a mão direita, a mesma que ainda estava coberta com o sangue de Yang Gengi, ele estendeu os dedos e agarrou a fonte daquele brilho.
No instante em que seus dedos envolveram o núcleo dourado, a essência estremeceu.
Um sopro de resistência começou.
Um lampejo de dúvida.
Era como se, ao ser tocada, a arma soubesse que aquele ser não era digno. Que ele não a buscava por causa de um vínculo, mas porque não via motivo para deixar algo para trás.
A arma podia ver a alma do homem. Ela podia sentir suas intenções. E mesmo ele sendo forte… Ele desistiu de conhecê-lo.
Mesmo assim… ela não tinha mais para onde ir.
No primeiro segundo de contato, nada aconteceu.
No segundo, a dor começou.
A carne da mão dele começou a queimar, e não como fogo. Mas como se estivesse sendo triturada de dentro para fora, célula por célula, pelo calor espiritual que compunha a arma. Era como agarrar um núcleo instável, um sol em miniatura. Um resíduo puro da alma de um guerreiro lendário.
A pele dele começou a escurecer.
Depois, começou a rachar.
E então… a se soltar.
O braço dele ficou em carne viva.
Os ossos surgiram por baixo. Veias se romperam. Os músculos vibravam, lutando contra a destruição que se espalhava a partir do centro da palma até o ombro.
Soldados, tanto do Olho quanto da Dinastia Yang, assistiam aquilo sem saber o que estavam vendo.
O que era aquilo?
Uma punição?
Um aviso do além?
Ou… uma escolha?
A cena era absurdamente perturbadora, mas então…
A carne começou a se refazer.
Mais rápido do que era destruída.
O braço, que havia sido reduzido a um conjunto exposto de fibras e osso, começou a se regenerar.
Não por vontade.
Mas por natureza.
A aura verde em torno do homem se intensificou. Como se a própria vida, em sua versão mais bruta e animalesca, estivesse sendo invocada para proteger aquele corpo. Para restaurá-lo.
Para impor-se sobre a resistência da arma.
E ela, mesmo lutando, mesmo tentando escapar…
Não conseguiu.
O braço dele continuou inteiro.
E sua mão, agora completamente regenerada, fechou-se ao redor da essência dourada.
Como se a tivesse vencido.
Como se dissesse: ‘Agora você é minha.’
A arma parou de vibrar.
Não em reconhecimento…
Mas em rendição.
Todos os que viram aquilo entenderam que não havia honra naquele gesto. Não havia herança.
Não havia continuidade.
Havia apenas domínio.
O domínio de um ser que não lutava por justiça, por causa, por legado, ou por orgulho.
Lutava porque não aceitava resistência.
E agora, até a arma de um Guardião Imperial, uma arma do Espírito… havia cedido.
Na mão esquerda, ele ainda segurava a cabeça de Yang Gengi.
Na mão direita… o legado dele.
E ainda assim, nenhum som saiu de sua boca.
Porque ele nunca desperdiçava palavras com os mortos.
Nem mesmo com os que um dia foram lendas.
A cabeça de Yang Gengi ainda pendia de sua mão esquerda, e na direita, a luz da Arma do Espírito não brilhava mais como antes. Estava contida. Silenciosa. Derrotada.
Em torno dele, o céu parecia mais escuro. Não porque nuvens cobriam o sol, mas porque a morte recente de um dos homens mais fortes da Dinastia Yang lançava uma sombra que nenhuma luz ousava atravessar.
E foi nesse silêncio sepulcral que as vozes começaram a surgir.
Não de pessoas presentes ali.
Mas de longe.
Muito longe.
"Aqui é Terceiro Batalhão, confirmando quebra total de formação. Repito: o campo cedeu. Não conseguimos conter..."
"Perdemos o contato com O Guardião Imperial Yang Gengi por alguns segundos, mas ele reapareceu. Ele está pedindo ajuda. Enviando coordenadas."
"A força do inimigo… isso não é normal. Ele derrotou o comandante Yang Gengi em poucos instantes. Não estamos entendendo o que está acontecendo…"
"Transmissão de prioridade: Yang Gengi está morto. Repito… Yang Gengi está morto!"
As transmissões se sobrepunham.
Estavam sendo enviadas não só pelas forças sobreviventes próximas àquele setor, mas também por soldados em zonas adjacentes, por comandantes de apoio, por observadores que, mesmo à distância, sentiram o colapso da energia de Gengi ecoar pelo tecido espiritual.
Diferente do que havia acontecido com Drake, onde as transmissões foram anuladas pela Trindade, naquele planeta a comunicação estava livre.
Todos souberam.
Todos ouviram, sem filtros. Sem atraso.
A notícia espalhou-se como uma labareda entre campos de batalha e bases de comando.
A morte de Yang Gengi não era uma baixa qualquer.
Era mais um símbolo que caía.
E para muitos, a primeira pergunta foi inevitável: como isso aconteceu?
Outros, já com os olhos voltados para o horizonte e o sangue fervendo, começaram a culpar os comandantes, o plano, o próprio Zao Tian.
Como se a morte de um Guardião Imperial fosse produto de descuido.
Como se aquilo não fosse uma guerra.
Mas era.
Era uma guerra.
Era o conflito entre duas forças absurdamente poderosas, com homens e mulheres que ultrapassavam os limites da razão. Era um cenário onde armas do Espírito eram comuns, onde cultivadores rasgavam continentes e planetas, onde uma única pessoa podia mudar o destino de um exército inteiro.
E em guerras como essa… mortes acontecem.
Não importa o planejamento.
Não importa o cuidado, as estratégias, os cálculos.
Quando os titãs colidem, as coisas quebram.
Vidas são esmagadas.
E mesmo os mais preparados, os mais experientes, os mais respeitados… podem cair.
Zao Tian sabia disso desde o primeiro momento. Cada comandante sabia disso. Cada guerreiro que aceitou entrar nessa guerra foi avisado, treinado e, acima de tudo, preparado para isso.
Mas saber não torna o golpe menos cruel.
A dor da perda… ela ainda chega. Ainda dói.
E todos aqueles que agora choravam, ou questionavam, ou se revoltavam… não estavam errados por sentir.
Mas também não estavam certos por esperar perfeição de um plano onde o adversário era o Olho.
O Olho não era um inimigo improvisado.
Era uma organização moldada no silêncio, lapidada na escuridão e alimentada com o que havia de mais sujo, poderoso e implacável. Era uma força oculta que cresceu para esmagar o mundo visível.
E agora, ela revelava seus verdadeiros soldados.
Os soldados que ela escondeu para contra-atacar em momentos como aquele.
Soldados que deram a ele o status que possui.
E aquele homem, como os mais atentos começariam a descobrir, era só um deles.
Lucke estava enfrentando MIng Xue.
Hanzo estava batalhando e criando vantagem contra Ragnar.
Os três desmontaram setores de batalha inteiros, sozinhos.
O surgimento daquele homem foi mais chocante do que os outros, porque ele matou. Ele se provou, vencendo, com os próprios punhos, um homem que por séculos ninguém ousava enfrentar em combate direto.
E esse era o novo mundo. Essa era a realidade da luta que a humanidade travava contra um inimigo totalmente sombrio.
Um mundo onde as guerras não eram mais vencidas por nomes, reconhecimento ou títulos, mas por monstros que emergiam dos escombros das mentiras.
E talvez, só talvez…
Essa seja a verdadeira natureza da guerra.
Não uma luta entre heróis e vilões, mas um confronto entre existências dispostas a se destruir até o fim.
E nesse fim, nem sempre o mais justo sobrevive.
