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Capítulo UHL 1067 - As Vozes dos Clãs

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Tenham uma boa leitura!]


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O tom grave das últimas palavras de Daren ainda ecoava em sua mente enquanto Hatori avançava pelos corredores de pedra da antiga fortaleza de Rak’Zhul. A estrutura ancestral, localizada no núcleo montanhoso de um planeta árido e vermelho como sangue coagulado, fora construída séculos atrás para ser o ponto de encontro das maiores lideranças orc. Suas paredes, cravejadas de símbolos tribais e marcas de guerras e tratados que foram decididos ali, carregavam para a eternidade as memórias dos pactos e traições que ali ocorreram.


Agora, mais uma vez, ela serviria de palco para um momento que poderia definir o destino de todas as raças.


Hatori subiu os degraus centrais da fortaleza com passos firmes. Ele não usava sua armadura, nem exibia armas. Seu manto de tecido, branco, estava preso apenas por uma tira de couro no ombro. Era um símbolo da neutralidade que representava. 


Como embaixador da aliança que a humanidade tentava formar contra os deuses, ele carregava o peso de inúmeras guerras que não foram travadas… porque ele as evitou com palavras e a fé de que o que estava fazendo era para o bem de todos. 


Contudo, aquela reunião que estava prestes a começar era diferente. Ele entrava em um ambiente hostil, onde as tensões se tornaram altas demais já há algum tempo, e os ouvidos de muitos já tinham se tapado para qualquer palavras sua, por mais convincente que fosse.


Quando ele se aproximou da sala principal, as portas se abriram com um baque seco. Dentro da câmara, mais de trinta líderes tribais estavam reunidos em círculo, sentados em plataformas elevadas, como uma arena invertida. No centro, uma plataforma menor o aguardava.


Hatori, naquele dia, não se curvou.


Nem cumprimentou com reverência. 


O tempo de demonstrar aceitação aos costumes já tinha passado.


Ele apenas caminhou até o centro, como sempre fazia. Com o olhar firme e voz grave, Hatori olhou para os presentes e começou:


“Chefes… Anciões… Eu acredito que todos vocês já sabem por que estou aqui. E receio dizer que não há tempo para saudações vazias.”


Um murmúrio de reprovação percorreu a câmara. Alguns anciões entre cerraram os olhos; outros riram com desdém. Mas ninguém ousou interrompê-lo.


“Decarius, meu planeta, está prestes a ser atacado por um exército de orcs e krovackianos. Eles estão marchando agora. Milhões.” Hatori disse, e deixou que as palavras fizessem o efeito necessário, em quem era necessário.


“E você vem aqui nos acusar?” Grunhiu um ancião de pele acinzentada, com olhos pequenos e profundos. Era Ka’Tor, líder da Lua Negra.


“Diante do que se aproxima… eu não posso negar e nem afirmar o que pergunta. A única verdade que posso lhes dar agora é que eu vim aqui impedir uma guerra.” Hatori respondeu, antes de prosseguir: “E se houver traição entre vocês, prefiro saber agora do que quando nossos mortos estiverem empilhados nas muralhas. E digo nossos incluindo cada um de vocês e cada tribo que representam...”


Uma nova onda de murmúrios surgiu. Alguns mais exaltados. Outros indignados.


Hatori não anunciou apenas sua vontade de saber a verdade, como sua predisposição à entrar em uma guerra total contra os orcs.


Xingamentos começaram a soar, e foi então que uma voz rouca, grave e levemente arrastada se fez ouvir, com tom que gotejava hostilidade, mas estava sendo contida.


“Como sempre… o diplomata aparece quando sente cheiro de fumaça, não quando há tempo de apagar o incêndio.” Zargoth, atual Khan de Uhr’Gal, falou.


Sentado entre os mais antigos, com a cabeça levemente inclinada e os músculos relaxados como quem observa um oponente desarmado, Zargoth não disfarçava o desprezo por Hatori. O khan de Uhr’Gal não esquecia o que fora dito e feito na última visita do embaixador ao seu planeta.


“Zargoth…” Hatori manteve a voz calma, mas firme, enquanto olhava para ele e continuava: “Você sabe tão bem quanto eu que Uhr’Gal já esteve no limite do conflito. Se não fosse sua decisão, sensata, aliás, teríamos uma guerra naquele dia.”


Zargoth prontamente cuspiu no chão de pedra ao lado da plataforma.


“Não romantize ou se engane com o que aconteceu. Eu permiti que a desertora partisse com o prisioneiro porque não queria meu povo enterrando mais de seus filhos por causa de decisões dos anciões. Não porque achei que você estivesse certo.” Zargoth falou.


Hatori acenou em entendimento, antes de ser muito direto: “Mesmo assim, você impediu um massacre. E agora, estou te perguntando: Uhr’Gal está envolvido com esse exército?”


Zargoth cerrou os olhos. Suas presas inferiores se projetaram levemente, num gesto involuntário de raiva. Mas, ao invés de responder, ele virou o rosto, cruzou os braços e ficou em silêncio.


“Então é isso?” Enquanto Zargoth se recusava a responder, Ka’Tor se levantou, questionando, antes de continuar: “Um bando de bárbaros se movimenta pelo espaço e você corre aqui para nos cobrar fidelidade, que aliás, nunca prometemos a vocês? Quando foi que fomos consultados sobre os planos de vocês, para que possam exigir que alguma satisfação da nossa parte?”


Hatori não respondeu de imediato. Ele apenas olhou diretamente para Ka’Tor, como quem esperava que o líder concluísse o desabafo. Contudo, nas primeiras palavras deles já deu para perceber algo…


“Você está dizendo que esse ataque é legítimo?” Hatori sugeriu.


“Estou dizendo que talvez ele seja inevitável.” Ka’Tor respondeu, elevando a voz: “Talvez seja o rugido de um povo que vocês marginalizaram.”


Hatori fitou Ka’Tor, ele o encarou por alguns segundos e questionou: “Não temos muito tempo antes que algo irreversível aconteça, por isso, eu farei um questionamento direto… Você admite envolvimento com o exército que marcha contra o meu povo?”


Ka’Tor hesitou. E a tensão no salão cresceu. Alguns anciões trocaram olhares discretos. Havia, sim, simpatia pelo levante. Mesmo que não tivessem enviado tropas, talvez o considerassem justo.


“Não admito nada.” Ka’Tor rosnou, antes de afirmar: “Mas não vou chorar se Decarius pegar fogo.”


Hatori então girou levemente e encarou um por um dos líderes sentados à sua volta.


Ele tentava ler em suas expressões as intenções de cada um, mas a raiva praticamente natural dos orcs tornava muito difícil realizar qualquer leitura conclusiva.


“Entendam o que está acontecendo. Se esse ataque continuar, não haverá pacto que nos salve depois.” Hatori continuou, firme em cada palavra que saía de sua boca: “Nos termos das alianças que conseguimos formar com as outras raças, a única guerra que todos aceitaram travar juntos… é contra os deuses. Qualquer outra batalha será considerada um conflito interno.”


Ele pausou, caminhando lentamente pelo centro do círculo, girando o corpo em um movimento amplo, para que todos o ouvissem sem margem para dúvidas.


“Decarius se defenderá sozinho. Não esperaremos ajuda. Não mendigaremos reforços. Se os exércitos que marcham contra meu planeta não forem detidos por seus próprios líderes… nós os enfrentaremos. Mas entendam isso com clareza: o que acontecer lá… não ficará lá.”


Enquanto Hatori falava, apenas o silêncio reinava entre os líderes presentes. E ele continuou:


“Meu povo já foi ameaçado de extinção muitas vezes. E sempre sobreviveu. Mas… quando terminarmos com o exército insurgente, começará outra guerra. Uma guerra total. Entre as raças.”


As palavras de Hatori foram como pedras atiradas no centro de um lago congelado. A rachadura que se espalhou não era visível, mas foi sentida imediatamente.


“Não estamos aqui para escutar ameaças, Hatori.” Disse uma voz mais baixa, mas carregada de firmeza. Era Mash’Torr, um dos chefes da Fronteira de Vur'Thal.


“Não. Vocês não estão.” Hatori respondeu, sem hesitar: “Mas estão muito perto de provocar o tipo de consequência que nenhum de nós vai conseguir parar depois. Vocês são guerreiros. Ninguém nega isso. Mas o inimigo que estão prestes a fazer… não é como os outros.”


Ele então respirou fundo, controlando o tom, mas mantendo uma certeza inabalável em cada palavra que dizia:


“Não são apenas cultivadores endurecidos por batalhas que vocês enfrentarão.”


A voz de Hatori ressoou com uma firmeza cortante, que fez o salão mergulhar, de novo, em um silêncio profundo.


“Vocês são guerreiros. Disso, ninguém duvida. Cresceram sob o peso da força, da disciplina e do combate. Suas cicatrizes são medalhas. Mas nós… nós somos outra coisa.”


Ele deu um passo adiante, e os olhos antes calmos agora pareciam carregados por séculos de uma dor que era transmitida de pai para filho.


“Muitos de vocês podem pensar que estamos mentindo e usando de falsos pretextos para iniciar uma expansão ou alguma campanha de dominação… Mas nós não lutamos por território. Nem por glória. Nós lutamos pela memória dos nossos mortos. Pela liberdade que nos foi arrancada geração após geração. Pela dignidade que nos foi negada desde os primórdios. Há milênios… não, há milhões de anos… nós, humanos, temos sido caçados como gado pelos deuses. Perdemos entes queridos, fomos ameaçados de extinção incontáveis vezes, tivemos nossas histórias apagadas, nossas culturas destruídas… e, mesmo assim, continuamos de pé.”


Hatori falava em um tom que era baixo, mas, ao mesmo tempo, vociferante, como se aquelas palavras saíssem das suas entranhas, de sua alma e das almas dos seus antepassados. Era impossível não sentir o peso das suas palavras.


“Diferente de vocês, nós não nos enfrentamos apenas entre nós. Por toda a nossa história, nós encaramos entidades eternas. Caímos diante de seres imortais… e mesmo assim, nós os matamos, mesmo que temporariamente. Nós os expulsamos. Com nossas próprias mãos.”


Enquanto Hatori falava, alguns dos líderes desviaram os olhos. Outros o encaravam como se vissem, pela primeira vez, o que sempre ignoraram ou até mesmo nunca souberam.


“Nós conhecemos a dor como uma velha amiga. Uma companheira que nos mede, nos testa, que nos fortalece a cada respiração que damos, e que nunca nos deixa esquecer que devemos estar prontos para quando eles voltarem.”


“Nós fomos levados à beira da ruína tantas vezes que já perdemos a conta. Mas toda vez que fomos lançados no abismo, nos reconstruímos. A cada civilização que caiu, outra se ergueu sobre seus escombros. Nós enterramos nossos mortos… e voltamos à luta.”


Hatori abriu a mão, esticando o braço como se apresentasse algo invisível, mas palpável ao mesmo tempo.


“Cada célula de um corpo humano… sabe que precisa resistir. Cada gota do nosso sangue carrega a lembrança de que sobreviver é um dever. Cada músculo do nosso corpo surge sabendo que não pode ser fraco, porque, se cairmos, não haverá geração seguinte.”


“Nós lutamos não porque queremos… mas porque fomos forjados nisso. Porque, ao tentarem nos adestrar, eles criaram cães de briga que não aceitam ter donos!”


O olhar de  Hatori percorreu os rostos à sua volta mais uma vez, antes de concluir:


“Essa guerra que se aproxima… não vai despertar guerreiros, senhores. Vai libertar monstros. Criados por eras de opressão. Moldados pelo luto, pelo desespero, pela necessidade brutal de existir em um universo que sempre nos quis escravizados ou mortos. E quando esse tipo de força é liberada… nem os deuses escapam ilesos.”


“E até o mais cético de vocês sabe disso!” Hatori finalizou um discurso, uma ameaça, um aviso. Para todas as intenções possíveis, de apoio ou repúdio ao exército que marchava para Decarius, Hatori deu uma resposta muito clara e objetiva.





O ÚLTIMO HERDEIRO DA LUZ -UHL | NOVEL

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