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Capítulo UHL 1070 - As Vozes da Razão

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Tenham uma boa leitura!]


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A luz tênue do sistema solar onde a reunião ocorrera já estava atrás dos ombros de Hatori.


Sem pressa, mas com um objetivo claro, ele cruzava o espaço. A armadura tradicional de batalha, a mesma que por séculos ele carregou como um símbolo de sua presença, agora envolvia seu corpo como uma extensão de sua própria história. Nas cintura, firme e fria, repousava Sourigawa, a espada que não era apenas arma, mas uma testemunha e cúmplice de tudo o que ele suportou e sobreviveu.


Não havia orgulho em sua expressão. Nem alívio. Ele não retornava com vitórias políticas ou garantias estratégicas. Só promessas. Palavras lançadas em ambientes carregados de desconfiança. Palavras que, como sempre, pesavam mais do que pareciam.


Quando se aproximou dos limites da zona de influência de Decarius, Hatori pousou em um pequeno fragmento rochoso flutuando no vácuo. Não havia motivo para pressa naquele instante. O que estava destinado a acontecer, aconteceria.


Ele, então, ativou o amuleto de transmissão sonora e começou a reportar o que conseguiu, ou achava que tinha conseguido.


“Daren. Aqui é Hatori.” Ele chamou.


A resposta veio firme, rápida, como sempre.


“Estou ouvindo.” Era Daren.


Hatori logo prosseguiu: “Falei com todos os líderes orcs. Alguns ainda relutam, mas a maioria prometeu que vai tentar conter os seus. Zargoth, em particular… reconheceu que foi manipulado. Disse que vai ordenar o recuo das tropas de Uhr’Gal e alertar seus aliados. Ele não sabe se será obedecido, mas vai tentar.”


Do outro lado, Daren permaneceu em silêncio por dois ou três segundos antes de responder: “E os outros?”


Hatori: “Os clãs de Karnoor, Jurgash, Yavikh, Ghar’dum… estão divididos. Alguns contam com conselhos dispostos a evitar o pior, outros já estão corrompidos por dentro. Mas parece que vão colaborar. Mesmo os mais resistentes parecem que não querem essa guerra.”


Daren logo comentou: “Eles vão colaborar para não serem tratados como cúmplices.”


Hatori: “Sim.”


“E você acredita neles?” Daren perguntou.


Hatori não respondeu de imediato. Seus olhos seguiram fixos no espaço à frente, como se procurasse uma resposta que não viria das palavras.


Depois desse tempo, Hatori finalmente concluiu: “Acredito que alguns estão tentando fazer a coisa certa. Outros… só têm medo de parecerem fracos diante dos seus guerreiros, mesmo os insubordinados.”


Daren soltou um leve som, um suspiro difícil de interpretar.


“Não era bem o que eu queria, mas, infelizmente, era o que eu esperava.” Daren comentou.


Hatori inspirou lentamente, e então continuou: 


“Tem uma coisa que preciso pedir. Se esses mensageiros que eles prometeram realmente vierem para ajudar a minimizar o exército inimigo… eu preciso que eles passem sem ser atacados.”


“Eu autorizei e garanti a segurança deles no uso de portais, para que possam ser rápidos o bastante para interceptar o exército antes do primeiro confronto.”


Mais um breve silêncio aconteceu. Quando Daren respondeu, seu tom era controlado, sereno e compreensivo: “Eles passarão. Nenhum soldado de Decarius vai interferir na missão deles ou atacá-los.”


Hatori assentiu em silêncio diante da resposta de Daren, mas havia algo que ainda o incomodava.


“Mesmo com a autorização, é possível que algum soldado, por nervosismo ou confusão, acabe atacando um dos mensageiros. Nem todos têm o discernimento necessário em tempos como este.” Hatori pontuou.


Do outro lado, a voz de Daren veio firme, sem hesitação: “Isso não vai acontecer.”


Hatori franziu o cenho e inevitavelmente questionou a resposta: “E como pode estar tão certo disso?”


A resposta foi imediata, e dessa vez, havia algo nela que o fez parar por um segundo.


“Porque, por enquanto, não há soldado algum entre o exército inimigo e Decarius. Só há eu.” Daren falou.


O silêncio que se seguiu não foi apenas da transmissão. Foi também interno. Mesmo para alguém como Hatori, aquilo exigiu um momento de assimilação.


“Você está sozinho na linha de frente?” Hatori questionou. Ele não acreditava no que estava ouvindo.


Eram milhões que marchavam rumo à Decarius, e, mesmo que os orcs conseguissem que parte deles recuassem, ainda era um exército gigantesco que marchava rumo a um único homem. Homem este que queria, sozinho, segurar todos aqueles inimigos.


Hatori estava preocupado, mas Daren, em sua resposta, estava confiante a ponto de responder com uma única palavra: “Sim.”


Hatori teve que usar um tom quase irônico naquele questionamento: “Você está segurando tudo sozinho?”


Daren, sentindo a preocupação do seu amigo, respondeu:“Até que o primeiro passo deles se aproxime demais, sim.”


Hatori expirou pela narina, controlando a sua reação à calma de Daren. Ele conhecia a força de Daren. Ele treinou com Daren na Singularidade, quando Daren ainda era um aprendiz de Gold, mas já era um monstro. Hatori já o viu fazer o impossível mais de uma vez. Mas isso… isso não era apenas uma demonstração de força e confiança. Era um posicionamento estratégico de risco absoluto.


“Você é poderoso, Daren. Mas não seja imprudente. Não subestime o inimigo.” Hatori pediu. Dava para sentir a sinceridade em cada sílaba que saiu de sua boca.


A resposta de Daren foi cortante, sem arrogância, apenas sistemática:


“Não sou eu quem está subestimando ninguém, meu amigo. São eles.”


A pausa nas palavras de Daren foi breve, e então, sabendo que Hatori estava realmente preocupado com seu bem estar e a defesa de Decaius, ele continuou, tentando dar uma explicação de suas razões:


“Mas fique tranquilo, Hatori. Eu não vou fechar os olhos, não vou vacilar. Vou manter cada movimento deles sob vigilância.”


“Eu sei que parece loucura para vocês, mas eu seu do que sou capaz, e essa… é a única forma que eu conheço de evitar mortes do nosso lado.”


Hatori não respondeu de imediato. A gravidade da situação estava clara e os motivos de Daren era tão nítidos quanto.


Daren então concluiu, com um tom mais tático que talvez tranquilizasse Hatori, pelo menos, um pouco: “Temos tropas posicionadas em vários pontos à retaguarda. Um escalonamento de forças. Quanto mais perto de Decarius, mais numerosos e preparados estão. Os mais fortes vão enfrentar as primeiras ondas, caso o inimigo me ultrapasse.”


“E se não ultrapassarem?” Hatori perguntou.


“Então… Será o melhor pra todos nós.” Daren respondeu.


Hatori, depois de alguns segundos, finalmente respondeu, com um leve toque de reconhecimento, mas ainda deixando claro o quão louco ele pensava que Daren estava sendo: “Você transformou o próprio corpo na muralha mais externa do nosso mundo.”


Daren calmamente sorriu, um sorriso de desafio e empolgação, e respondeu: “E se essa muralha cair, haverá outra. Mas só se ela cair.”


Por fim, Hatori ergueu os olhos para a vastidão do espaço à sua frente, como se aceitasse que as peças estavam no lugar… ainda que por um fio.


“Então espero que eles não deem esse primeiro passo.” Hatori comentou.


“Eles vão dar.” Daren disse, antes de finalizar com um tom frio: “Mas só vão dar um.”


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Enquanto isso, o exército avançava.


A imensidão negra do espaço diante deles parecia insignificante frente ao rugido de milhões de presenças orcs e krovackianas em marcha. Com gritos e tambores, eles seguiam em direção ao objetivo de destruir toda a raça humana.


A cada metro que eles avançavam, era fácil perceber que eles sabiam o que faziam.


Ou achavam que sabiam.


À frente de todos, uma pequena legião liderada por guerreiros veteranos abria caminho. A formação era coesa, imponente, com generais de cada clã posicionados entre suas tropas. 


Então, sem aviso prévio, os portais começaram a se abrir.


Um após o outro. Várias fendas, formando arcos que serpenteavam pelo vácuo, surgiram aos poucos, até se fixarem em pontos distintos à frente da tropa principal.


De dentro delas, muitos orcs saíram, mas não emergiram como soldados.


Emergiram como obstáculos.


Mensageiros, representantes diretos dos líderes dos clãs. Cada um deles trajava a armadura cerimonial de seu povo, carregando pergaminhos selados e amuletos de identificação que atestavam sua legitimidade. Eram poucos, em número, mas seu posicionamento foi meticulosamente calculado.


Entre o exército e Decarius.


À frente de Daren. Mas ainda longe o suficiente para que o próprio Daren não os ameaçasse.


A marcha do exército desacelerou. tambores cessaram. Um silêncio desconfortável se espalhou pelas fileiras. 


Os olhares de milhões se voltaram para os mensageiros.


O primeiro a se pronunciar foi um orc alto, de pele escurecida, representando o clã de Yavikh. Sua voz ecoou pelo espaço, alcançando todas as legiões:


“Orcs de sangue livre… ouçam.”


Enquanto falava, ele esticou o pergaminho à sua frente, desenrolando-o com cuidado.


“Estas são as palavras de Gol’Zuur, ancião do conselho de Yavikh: ‘Retornem aos seus lares. Recuem imediatamente. Esta marcha… não é uma guerra pela honra. É um abismo aberto por mentiras.’”


A declaração causou um burburinho incômodo nas linhas traseiras.


Logo, o segundo mensageiro, do clã de Ghar’dum, avançou com a mesma firmeza, ignorando os murmúrios:


“Em nome de Krakt’Nag, segundo martelo do conselho de Ghar’dum: ‘A aliança com os krovackianos é um pacto forjado nas sombras. Eles nos oferecem glória… mas exigem nossa alma. Aliar-se a krovackianos… a humanos… a qualquer um que tenha renegado o sangue orc, é um insulto à história de nossa raça. Não compactuaremos com isso.’”


Os olhos de muitos guerreiros se arregalaram naquele momento. As palavras estavam sendo ditas com firmeza, com convicção. Mas também com repulsa.


Mais três mensageiros surgiram, formando um círculo com os demais. Todos começaram a falar em uníssono, numa cadência grave e ritmada, como se os próprios clãs estivessem falando através deles:


“Recuem. Retornem. Não avancem contra Decarius. Não desafiem seus próprios líderes e povo. Aqueles que marcham contra os humanos… estão esquecendo de quem iniciou esta luta. De quem nos ameaçou por toda a história. De quem envenenou suas mentes com promessas de supremacia. Se continuarem… serão tratados como traidores de sangue.”


As palavras, que se referiam ao krovackianos, atingiam alguns orcs como lâminas velhas… que cortavam não pela força, mas pelo desgaste acumulado de gerações.


Vários guerreiros olharam ao redor, esperando uma ordem contrária. Esperando que alguém gritasse, que acusasse os mensageiros de mentirosos ou de covardes.


Mas nada veio.


Até que uma voz irrompeu, brutal, carregada de desprezo:


“Eles falam em ‘tradição’… mas aceitam ordens de humanos!”


A voz pertencia a um dos generais de Karnoor, um orc gigantesco, com escamas verdes endurecidas e olhos acesos pela raiva.


“Os krovackianos mataram nossos ancestrais, sim! Mas os humanos ameaçam escravizar e humilhar nossos irmãos! E agora… dizem que lutar contra eles é trair a raça?!”


Ele cuspiu logo em seguida.


“Se os líderes de vocês esqueceram quem são… então morram com eles.”


O silêncio seguinte não durou. Outros gritos começaram a pipocar aqui e ali. Uns defendendo os mensageiros. Outros os atacando.


Um dos enviados de Uhr’Gal, vendo que os ânimos começavam a ferver, ergueu seu amuleto e falou com voz grave, endurecida pelo senso de dever:


“Zargoth… Khan de Uhr’Gal, declara: ‘Não lutem esta guerra. Ela não foi iniciada por nós. Foi imposta. Recuem enquanto há tempo. Se continuarem… não haverá redenção.’”


Aquelas palavras, vinda de Zargoth, um nome que carregava autoridade e era o khan do povo que estava sendo usado como pretexto para aquele ataque, causaram um impacto muito claro. Muitos abaixaram os olhos. Outros cerraram os punhos.


Mas ninguém avançou.


Pelo menos… ainda não.




O ÚLTIMO HERDEIRO DA LUZ -UHL | NOVEL

© 2020 por Rafael Batista. Orgulhosamente criado com Wix.com

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