Capítulo UHL 1071 - Um Escolha Difícil
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O silêncio que se seguiu à declaração do mensageiro de Uhr’Gal não foi uniforme. Foi fragmentado.
Irregular.
Ele estava carregado de olhares trocados entre guerreiros que, até poucos instantes antes, marchavam lado a lado com a mesma direção no horizonte, mas que agora, à simples menção do nome de Zargoth, se viam questionando a própria presença ali.
Alguns abaixaram os ombros, com a postura relaxando como se o peso da armadura tivesse subitamente aumentado. As mandíbulas cerradas e os olhares baixos denunciavam o turbilhão de pensamentos que passavam pelas suas cabeças.
Se o Khan de Uhr’Gal está dizendo para recuar… então o que diabos estou fazendo aqui?
Esses eram alguns dos pensamentos daqueles que se apequenavam no meio de um exército descomunal, não por covardia imediata, mas por perceberem, com um atraso doloroso, que poderiam estar lutando a guerra errada.
Muitos pensavam assim, e repensavam suas presenças naquelas fileiras, mas não eram todos.
Do outro lado da imensa formação, vozes irromperam como lanças atravessando uma tenda de seda. E essas vozes não se apequenaram, mas, sim, cresceram ao escutar a mensagem de Zargoth.
“Zargoth é um covarde!” Rugiu um orc de mandíbula larga, cuspindo no vácuo como se fosse capaz de sujar o próprio nome do Khan.
“Vendido para humanos!” Gritou outro, brandindo o seu machado acima da cabeça.
Aqueles coro cresceu como fogo se alastrando em um campo seco.
Ofensas começaram a ser jogadas como pedras ao mensageiro e a cada um que pensava em obedecer. E cada uma mais delas parecia estar mais carregada de rancor que a anterior.
“Traidor!”
“Escravo da vontade alheia!”
“Ele não honra a raça!”
Os orcs que estavam descontentes com as ordens de recuo gritavam a ponto de estremecer o espaço.
No meio de tantos julgamentos e xingamentos a um único orc, uma única figura, o mais irônico era que, naquela confusão toda, poucos lembravam que não fora apenas Zargoth quem ordenava o recuo. Quase todos os líderes, em maior ou menor grau, haviam enviado mensageiros para dizer exatamente o mesmo. Mas o nome de Zargoth era o mais fácil de odiar, por estar ligado a um povo usado como símbolo daquela ofensiva, o povo que deveria ser, no imaginário desses guerreiros, a primeira linha de ataque e resistência.
Do outro outro lado daqueles gritos, o mensageiro de Uhr’Gal manteve a postura, mas o punho que segurava o pergaminho com a mensagem e o selo de Uhr’Gal estava visivelmente tenso. Os gritos batiam contra ele como marés alternadas de acusação e de apoio.
“Cale a boca, verme!” Entre o exército, um defensor de Zargoth xingou, empurrando um outro orc que acabara de insultá-lo.
“Você que é cego! Uhr’Gal está se ajoelhando para os inimigos e você ainda defende isso?” A resposta foi imediata, seguida de um empurrão mais forte.
Em uma questão de segundos, a situação escalou. A discussão verbal se tornou física em pontos isolados da formação. Ombros chocavam-se, mãos buscavam a garganta ou o colarinho do outro. As armas ainda não eram erguidas, mas o clima era de um barril de pólvora prestes a ser aceso.
O exército, de repente, estava divido. Discutindo e a ponto de lutar uns contra os outros.
“Basta!” Gritou um dos generais veteranos, tentando impor alguma autoridade. Mas sua voz, embora forte, era engolida pelo coro de gritos.
Os mensageiros trocaram olhares entre si. Eles não haviam sido enviados para combater irmãos de raça. Suas missões eram persuadir, não sangrar pelo caminho. Mas o cenário à frente deles estava fugindo totalmente do controle.
Alguns mensageiros recuram alguns metros, prevendo que, em breve, toda aquela raiva seria despejada sobre eles, afinal, eles representavam os líderes que começaram toda aquela confusão.
Não dava para culpá-los. Era normal sentir medo perante um exército tão grande e furioso.
Foi então que a atmosfera mudou.
Não por silêncio, mas por algo mais profundo.
Um peso novo caiu sobre aquele mar de guerreiros, não físico, mas psicológico.
Uma presença que se anunciava antes mesmo de ser vista.
As colunas mais próximas se afastaram, abrindo um corredor natural. O som dos gritos foi diminuindo gradualmente, substituído por murmúrios pesados.
Do fundo, avançando com a segurança de quem não precisava provar nada, veio Vargan’Zul.
Os krovackianos que o acompanhavam mantinham a formação perfeita atrás de si, como uma sombra. Sua figura alta, coberta por aros metálicos ornamentados que pareciam tanto armadura quanto parte de seu próprio corpo, irradiava algo que não era exatamente ódio… mas uma convicção agressiva, impossível de ignorar.
Ele não precisava gritar para que todos ouvissem. Sua voz, quando falou, tinha um alcance que parecia rasgar o espaço.
“Eu ouvi… cada palavra.” Ele falou, e fez uma pausa, como se estivesse degustando o silêncio atônito que se formava à medida que suas palavras alcançavam as tropas.
Depois de conseguir que o silêncio voltasse, ele prosseguiu: “Ouvi os pedidos de recuo. Ouvi as súplicas disfarçadas de sabedoria. Ouvi o medo disfarçado de bom senso. Ouvi… até mesmo o nome de Zargoth, como se fosse ele o portador da verdade.”
Enquanto Vargan’Zul falava, um murmúrio voltou a percorrer a massa orc, mas Vargan’Zul ergueu a mão, e bastou esse gesto para que a inquietude fosse contida.
“Eles acreditam que podem nos enganar ou enganar a si mesmo… Mas digo a todos vocês… essas ordens de recuo… não são para o nosso bem. São para o conforto dos que têm medo.”
Enquanto falava, olhou diretamente para os mensageiros, não com ódio, mas com um desprezo estudado, calculado para ser visto por todos.
“Eles falam em ‘honra’, mas a honra que pregam é a de voltar para casa sem lutar. Eles falam em ‘proteger o sangue orc’, mas querem que o sangue permaneça morno em suas veias, em vez de ferver no campo de batalha. Querem que a história os esqueça.”
A cada frase, percebia-se que as reações mudavam. Os orcs que antes vacilavam endireitavam a postura e começaram a escutar com atenção. Os que xingavam Zargoth ficavam ainda mais vocais. E até alguns dos defensores do Khan de Uhr’Gal olhavam para Vargan’Zul como quem reconhece uma força inegável.
“Olhem ao redor.” Ele girou lentamente, com o braço erguido, apontando para a imensidão do exército.
“Vocês não estão aqui sozinhos. Pela primeira vez, orcs e krovackianos marcham lado a lado, não como mercenários, não como traidores uns dos outros… mas como irmãos de guerra.”
A palavra “irmãos” ecoou com um peso que não dava para ser medido ou descrito. E os krovackianos atrás dele inclinaram levemente a cabeça, como se reconhecessem o pacto ali selado.
Eram milênios de hostilidades trocadas entre aquelas raças. Milênios de mortes de ambos os lados. Mas Vargan’Zul, pela primeira vez em todos esse tempo, usou a palavra irmãos para descrever um grupo que continha orcs e krovackianos.
E enquanto aquele peso aumentava à medida que cada soldado pensava no significado daquela palavra, Vargan’Zul prosseguiu.
“Nós somos os autores do futuro. Então eu pergunto a cada um de vocês… o que essa união vai deixar para trás?”A voz de Vargan’Zul cresceu, não em volume, mas em gravidade: “Vocês querem ser lembrados como a geração que recuou… ou como os heróis que formaram o primeiro exército que atravessou o vácuo para enfrentar um inimigo que ameaça todos os sistemas solares?”
Ao cair daquela pergunta, praticamente retórica, aliás, houve quem urrasse em resposta, um som que rapidamente foi imitado por outros.
A semente estava lançada. E Vargan’Zul estava pronto para regá-la.
“Eu prometo a vocês…” Enquanto continuava para o que seriam suas palavras finais. ele inclinou o corpo para a frente, como se confidencializasse um segredo a milhões: “Aqueles que ficarem… serão lendas. Não pelos cantos tímidos das fogueiras daqueles que se acovardam quando deveriam se unir a nós e lutar, mas pelos gritos daqueles que sobreviverem para contar que fomos vencedores e reinvindicar os seus lugares de direito. Esta é a glória que só quem caminha até o fim pode conquistar!”
O silêncio que antecedeu a reação às palavras de Vargan’Zul foi tão espesso que parecia sólido.
E então, veio o rugido.
Ele veio em ondas, crescendo, rompendo qualquer vestígio da hesitação anterior. Guerreiros batiam armas contra escudos, urros reverberavam pelo vácuo, e as ofensas a Zargoth tornaram-se ainda mais altas, diluídas na promessa de um combate histórico.
Os mensageiros olhares uns para os outros, de novo, como se buscassem um no outro alguma resposta, alguma solução para que a missão não fracassasse, mas nenhum deles a tinha.
Enquanto isso, à distância, Daren não via nem ouvia nada disso. O exército ainda estava longe demais para que sua presença fosse notada. Mas no ventre daquelas fileiras, a balança havia mudado, e Vargan’Zul sabia exatamente em que lado ela estava pendendo agora.
