Capítulo UHL 1076 - O Demônio da Escuridão 2
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A maré de soldados e aço vinha de todos os lados, fechando-se sobre Daren como se o espaço inteiro tivesse decidido esmagá-lo. Milhares de auras krovackianas se fundiam em uma soma de gritos estridentes, carregando consigo séculos de disciplina militar e brutalidade natural. A formação avançava sobre Daren como um enxame de predadores, mas a sensação não era a de uma caçada justa, parecia mais o linchamento de uma criatura indefesa. Parecia… até que se olhasse de perto.
No centro daquele avanço, Daren ficou assustadoramente quieto, até que moveu-se.
“Huff…” Não foi um giro de espada que ele deu, nem uma postura de combate convencional que ele assumiu. Ele apenas inspirou lentamente, como se ajustasse a própria respiração ao ritmo do vazio.
*Clack. Clack. Clack. Clack. Clack. Clack…
Então, sem aviso, todas as placas de sua armadura se desprenderam ao mesmo tempo, afastando-se de seu corpo como se uma força invisível tivesse rompido cada encaixe com precisão.
A visão foi perturbadora. Centenas de peças negras e opacas voaram em um padrão simultâneo, mas não se espalharam. Pararam. Cada placa ficou suspensa, imóvel, orbitando-o em distâncias variadas. Algumas estavam a centímetros de sua pele, outras a metros de distância. Não havia vibração ou rotação nelas… elas permaneciam estáticas onde estavam, como se o vácuo ao redor tivesse sido substituído por um molde invisível e perfeito.
Um murmúrio, abafado pelos gritos de avanço, percorreu as primeiras fileiras krovackianas. Eles já tinham visto o que uma única escama podia fazer… e agora havia centenas delas, cada uma potencialmente capaz de reproduzir o mesmo efeito. Alguns soldados sentiram a ponta afiada do medo arranhar sua coragem; outros, a adrenalina de estar diante de algo nunca antes testemunhado. Mas todos hesitaram ao ver aquela cena.
Essa hesitação, no entanto, durou o que um lampejo dura.
“AVANCEM!” Vargan’Zul gritou, com sua voz rasgando o vácuo e reverberando pelo exército. Não era apenas uma ordem; era um comando que carregava a força de um juramento, um vínculo que obrigava cada guerreiro sob seu comando a mover-se, mesmo contra a própria vontade.
Era inaceitável ver um exército daquele tamanho parar diante de uma única criatura. Um único humano.
Seguindo a ordem do comandante, a massa avançou novamente.
*Whooooooooooooooooom…*
Foi nesse instante que as placas se moveram.
Elas não giraram, não vibraram, apenas desapareceram de onde estavam e reapareceram em trajetórias mortais.
*Splaaaaaaaash. Splaaaaaaaash. Splaaaaaaaaash…*
Cada uma das placas escolheu um alvo e, no impacto, os corpos dos agressores se desfizeram antes que a mente pudesse compreender o que havia acontecido. Não havia corte limpo nem esmagamento visível; era como se cada placa carregasse dentro de si uma implosão localizada, desmanchando a matéria orgânica e o metal da armadura inimiga em um único estalo.
Era um contra milhares naquele momento, mas o espaço ao redor de Daren se transformou em um campo de execução onde era a massa que tombava.
Krovackianos eram despedaçados em silêncio, sem conseguir sequer gritar, e o que restava de seus corpos se dissipava no vácuo como poeira. Nenhum grito sobrevivia ao que aquelas lâminas de pura densidade provocavam quando tocavam algo.
“Isso não é uma armadura…” Alguém a retaguarda murmurou.
“É uma arma…” O orc ao lado dele completou, quase sem acreditar no que dizia.
Vargan’Zul, por sua vez, permaneceu imóvel, observando com olhos estreitos enquanto seus homens tombavam sem sequer conseguir chegar perto de Daren. No tempo de uma respiração, centenas já tinham caído. E dentre aqueles que estavam sendo abatidos como moscas, não haviam apenas soldados rasos, mas oficiais experientes, comandantes de pelotões e grupamentos, que já tinham mostrado seus valores e forças mais vezes do que ele podia contar.
Era quase uma humilhação, e visão de Vargan’Zul ía além do massacre que estava acontecendo… ele reparou em algo que até então o intrigava mais do que a armadura: a espada que Daren segurava, aquela lâmina dupla de aura sufocante, ainda não havia se movido. Tudo aquilo estava acontecendo sem que ele sequer a utilizasse.
Enquanto Vargan’Zul assistia, a matança continuou. Cada movimento das placas era preciso, econômico, frio. Não havia aleatoriedade em suas trajetórias; era como se Daren estivesse lendo o campo de batalha em um nível que não envolvia apenas visão ou audição, mas um entendimento completo da posição, velocidade e fragilidade de cada inimigo. E então, no meio do massacre, uma das placas mudou de rumo.
Ela veio direto em direção a Vargan’Zul, passando pelos soldados como se ignorasse todos eles e estivesse em uma rota teleguiada até o comandante.
O líder krovackiano viu aquela placa se movendo, mas não recuou. Seus músculos tencionaram, e sua espada, uma lâmina larga e forjada para canalizar sua energia espiritual bruta, se ergueu no mesmo instante.
*Claaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaang…*
O impacto foi seco, um baque que não deveria ter sido nada demais para alguém de sua força.
Mas no momento em que a placa tocou sua lâmina, o peso viajou pelo metal como um raio sísmico. Ele sentiu o punho afundar contra sua própria armadura, e a vibração percorreu seu braço inteiro, forçando cada músculo a se contrair para que o osso não se partisse.
O que diabos era aquilo?
Esse foi o primeiro pensamento que passou pela cabeça de Vargan’Zul.
Por fora, a placa parecia ter uns poucos centímetros de espessura, como um pedaço de metal extraído de uma armadura pesada. Mas o peso… o peso daquela coisa era o de uma montanha. Toneladas comprimidas em algo tão pequeno que sequer deveria existir.
Vargan’Zul não sabia, mas Daren não apenas moldara aquelas placas. Ele havia manipulado a estrutura fundamental de sua matéria, retirando todo o espaço vazio entre os átomos, entrelaçando-os até criar um bloco de densidade absurda. A diferença de escala era insana: um corpo que, em tamanho natural, teria centenas ou milhares de metros cúbicos de metal maciço, agora se reduzia a fragmentos milimétricos de distância superficial, e ainda assim, aquelas placas eram leves como penas para ele, graças à manipulação da gravidade, que ele treinou e aperfeiçoou a níveis que beiravam o impossível.
Como ele fazia para mover aquilo? Não havia impulso físico convencional. Daren invertia a gravidade em múltiplos pontos microscópicos, criando zonas de atração e repulsão que impulsionavam as placas em trajetórias complexas, impossíveis de prever. O resultado era um ataque que unia velocidade absurda, peso esmagador e controle sobrehumano.
Quando sentiu o peso daquela placa viajar pelo seu corpo, Vargan’Zul recuou meio passo, não por medo, mas porque percebeu que sua mão estava dormente. O impacto havia sobrecarregado seus tendões e ossos, e fez aquilo em um único toque.
*Whoooooooooooooooooooom…*
Um segundo depois de atingir a espada de Vargan’Zul, a placa já havia voltado para a “órbita” de Daren, imóvel como antes.
Mesmo que agora Vargan’Zul tivesse uma noção do perigo e do porquê suas tropas estavam sendo aniquiladas, o exército, no entanto, não parava. O comando havia sido dado, e as ondas sucessivas de guerreiros se lançavam contra Daren. O vazio foi preenchido por vultos e clarões, armas e corpos, cada um tentando penetrar no raio mortal das placas. Mas para cada passo que davam, três ou quatro corpos caíam, desfeitos e sem cerimônia.
A cada impacto que acontecia, mais hesitação surgia. A formação krovackiana começou a se fragmentar sutilmente. As linhas já não eram tão densas como antes; os flancos começavam a se abrir. Alguns guerreiros tentavam flanquear Daren, apenas para descobrir que as placas não obedeciam a um padrão fixo de ataque… elas surgiam por trás, pelo lado, por cima, atravessando-os antes que pudessem entender.
E o mais aterrador de tudo… era que Daren permanecia imóvel.
Seus olhos negros com íris alaranjadas, semelhantes aos de um demônio, observavam o avanço como quem analisa uma experiência, não como quem participa de uma batalha. A espada, que deveria ser o objeto mais mortal que ele portava, continuava em sua mão, sem se mover.
Daren estava com o corpo, relaxado. Era como se toda a luta estivesse acontecendo à sua revelia, como se ele fosse apenas o centro fixo em torno do qual girava uma tempestade de morte.
“Ele não vai usar a espada…” Um dos oficiais comentou, com a voz baixa, como se falar alto fosse perigoso.
“Ou está esperando o momento certo…” Respondeu outro, ainda tentando convencer a si mesmo de que era possível que aquilo não era o ápice do poder de Daren.
O massacre ainda prosseguia, e o número de mortos crescia rápido demais.
E, pela primeira vez desde que o avanço começou, Vargan’Zul sentiu que o ritmo da batalha não estava sob seu controle.
Vargan’Zul, atordoado, assistia à carnificina com os olhos semicerrados. Aquele humano parado no centro de tudo, movendo apenas aquelas placas impossíveis de exisitr, era mais próximo de um fenômeno do que de um guerreiro. A morte vinha dele com a naturalidade de uma respiração, e cada corpo que caía parecia inevitável, como se o universo conspirasse para que fosse assim.
O líder krovackiano apertou a empunhadura da própria arma e, sem tirar os olhos de Daren, deixou escapar um murmúrio grave, mais para si mesmo do que para os que estavam ao lado:
“Isso não é um homem… é um demônio.”
A resposta àquele murmúrio veio antes que ele pudesse reorganizar o próprio pensamento. Não veio das fileiras próximas, nem pelos canais de comunicação. A voz surgiu ao lado de seu ouvido, profunda e clara, como se o orador estivesse inclinado, a centímetros, sussurrando contra o seu ouvido.
“Já me chamaram assim antes…”
O frio que percorreu a espinha de Vargan’Zul foi involuntário. O som que ele ouviu não se distorcia como acontece em transmissões, não carregava o eco metálico do canal de comando. Aquilo era presença, pura e direta.
A voz prosseguiu, com cada palavra que dizia saindo tão calma quanto cortante:
“Foram os deuses que nos deram esse nome. Não suportavam nossa natureza… nem a do nosso povo. Quando selaram o cultivo da criação, esperavam nos quebrar. Mas nossas veias espirituais negras não se curvaram. Lutaram contra o selamento… e, mesmo sem superá-lo, nos deram mais força do que qualquer ser humano comum jamais poderia ter.
As placas em torno de Daren pausaram por um instante, como se até elas ouvissem. O massacre não cessou, ainda havia gritos, ainda havia corpos, mas Vargan’Zul sentiu que aquele momento era dele, apenas dele e do homem que estava a centenas de metros, e que ainda assim parecia falar-lhe dentro da mente.
“Durante séculos, “demônio” foi uma marca de vergonha e perseguição.” Daren continuou: “Um pretexto para caçar o meu povo, para nos expulsar, para nos apagar.”
Após aquela última frase, a voz mudou de peso. Não ficou mais alta, mas cada sílaba carregava um lastro maior, como se viesse de um lugar tão profundo que a gravidade fosse diferente ali.
“Mas aprendemos a abraçá-la. E é por isso que, hoje… chamam-me de Demônio da Escuridão.”
No mesmo instante em que disse aquilo, as íris alaranjadas de Daren brilharam como carvão no breu que ele mesmo criara. Era impossível dizer se aquilo era apenas reflexo ou algo que realmente ardia dentro dele.
Vargan’Zul não respondeu de imediato. Ele não conseguiu. A descrição do inimigo tinha acabado de mudar em sua mente. Não era mais um simples humano com truques letais. Não era uma aberração isolada. Era um nome que carregava história, perseguição, sobrevivência e guerra. E, pela primeira vez, o líder krovackiano sentiu que aquele confronto não era apenas uma batalha… era um encontro entre legados que se odiavam muito antes de ele nascer.
