Capítulo UHL 1084 - Lobo em Pele de Cordeiro
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Na luta contra Vargan’Zul, Hatori mudou o compasso de seus ataques. Ao invés de buscar linhas longas e cortes grandes, ele veio em pontos. Estocadas, picadas que pareciam fracas, mas cada uma media as defesas do inimigo.
A cada teste, um mapa ficava nítido em sua cabeça. Hatori desenhou um triângulo invisível no entorno do comandante: vértices na mão da espada, no quadril e no espaço um palmo atrás do pescoço. Dentro desse triângulo, a curvatura mandava. Fora dele, o mundo obedecia menos.
O próximo conjunto de golpes de Hatori mirou fora dos vértices, para que o arrasto os trouxesse para dentro. Hatori ficou atento à mão de Vargan’Zul, e, com um movimento sutil, o campo ao seu redor puxou. Rapidamente, ele soltou a lâmina no vazio da axila, o fio entrou…
*Splaaaaaaaaaaash…*
O comandante sentiu a espada entrar em sua carne e tentar atravessar até o coração, por isso, ele caiu meio grau de ombro, mudando a trajetória da Sourigawa.
Hatori, por sua vez, assim que sua espada saiu de Vargan’ZUl subiu a ponta para o flanco, e ela entrou de novo.
*Swing. Swing. Swing.*
Três cortes rasos, somados, valem um fundo. E foi exatamente isso o que aconteceu.
O sangue escuro do comandante krovackiano começou a pingar do vão das placas da couraça. E naquele momento, ele olhou para Hatori como se enxergasse muito mais do que um humano nele, muito mais do que um mero inimigo ou alguém perigoso.
Ele viu um lobo em pele de cordeiro, um comandante em casca de soldado… Um monstro que andava por aí como um diplomata.
Sendo pressionado pela primeira vez em muitos, muitos anos, Vargan’Zul apertou o cabo de sua espada e a chama negra foi ao máximo, ficando espessa, pesada, prendendo calor no ar.
Hatori, que estava perto demais, sentiu a pele querer ceder, porém, ele respirou o ferro do próprio sangue e foi por dentro mesmo assim.
Vargan’Zul tentou varrer com a Khazra’kul em meia-lua curta, trazendo junto um empuxo de pedra que brotou do vazio como se a própria crosta de um mundo tivesse sido convocada ali. Hatori entrou pelo meio do golpe, com o ombro quase raspando na guarda da lâmina do comandante, e estocou três vezes contra a junção das costelas.
A curvatura puxou os dois primeiros golpes para fora. E terceiro “errou” de propósito e entrou pela janela que o arrasto abriu.
O impacto não foi profundo, mas fez Vargan’Zul ajustar o quadril, e era isso que Hatori buscava.
Quando o quadril cedia, o vértice do triângulo desviava e a distorção perdia um ritmo.
*Clang. Clang. Shnk.*
A Khazra’kul respondeu com dorso de lâmina, pesado, e a chama negra soltou uma baforada curta. Hatori baixou o queixo, a borda do fogo lambeu sua mandíbula e marcou a pele, mas ele girou no mesmo passo e riscou a lateral do capacete do comandante, arrancando um filete mais grosso de sangue da têmpora.
Vargan’Zul riu por trás do elmo, não por desprezo, mas por reconhecimento.
À volta deles, a elite não esperou licença ou sequer um convite. Terra veio em formas grandes e pequenas: placas grossas que deslizavam como prensas assassinas; prismas de cristal que estouravam em estilhaços direcionalmente; poeira densa, sufocante, que turvava as leituras de movimento; línguas de metal geradas do nada, endurecendo no meio do trajeto para virar flechas. O ar foi usado como martelo e como bisturi: jatos de pressão, paredes de som que queriam partir tímpanos e desalinhar o foco; bolsas de gases agressivos deslocadas em lufadas. A água cortou o escuro em fios e em brocas, a eletricidade caiu em lâminas largas, verticais, e o fogo consumia o que tocava.
Daren sustentou os ataques quase sozinho. Dois conjuntos de placas varreram as placas tectônicas em choque, fazendo-as oscilar e colidir umas com as outras antes de se desfazerem em pó. Um trio de placas, adiantado, encontrou a chuva de cristal e a rebateu, espalhando cacos a velocidades absurdas, e os cacos, tão rápidos quanto vieram, foram puxados para um vórtice invisível quando o Demônio da Escuridão curvou o espaço e “esvaziou” a zona. Um feixe de água atingiu a Orgulho dos Renegados e desapareceu como se nunca tivesse existido; dois relâmpagos cortina caíram logo atrás, e a espada bebeu um, o segundo roçou a sobrancelha e deixou uma marca singela de carvão acima do olho. Daren girou o pulso e devolveu tudo em um arco único: a energia saiu em um semicírculo esmagador que atravessou três pelotões.
*Boooooooooooooooooooooooooom…*
Do outro lado, Hatori e Vargan’Zul entraram no ponto em que técnica vira instinto e instinto vira técnica. O samurai não mais “mirava” o pescoço, o coração, as juntas; ele mirava as bordas do triângulo, buscando sempre o centímetro que a curvatura entregaria de graça. Ele estocou com o lado interno do braço de espada, não para ferir, mas para obrigar o cotovelo a levantar; quando o cotovelo subiu, o arrasto girou sentido horário, e Hatori já tinha a lâmina apontada para um ponto um palmo fora do flanco, e a lâmina entrou como se espaço tivesse se inclinado para servi-la.
*Splaaaaaaaaaash…*
Vargan’Zul respondeu criando uma estrutura sob os dois, levantando uma laje de basalto que tentou empalar Hatori pelas plantas dos pés.
Primeiro, Hatori quebrou a laje com um corte curto, mas a Khazra’kul veio na sequência, e a chama negra estourou num jato que mordeu seu antebraço.
A pele estalou, mas Hatori moveu o punho como se a dor fosse apenas mais um combustível, e devolveu com um corte que riscou a couraça do comandante de lado a lado, atravessando-a.
*Clang. Swiiiish. Clang.*
Cem trocas de golpes aconteceram no tempo de um fôlego. Mil em uma respiração longa. Hatori ‘errava’ com precisão e acertava com cálculo, arrancando sangue aos montes. Vargan’Zul dobrava as linhas, tentava cortá-lo, queimá-lo e esmagá-lo. A cada choque, centelhas escuras saltavam, labaredas de fogo que, ao tocar alguém, carbonizavam primeiro e explodiam depois. A cada estocada de Hatori, o som da Sourigawa entrando e saindo marcava o compasso.
Enquanto isso, a elite apertou ainda mais. Um corredor de metal apareceu atrás de Vargan’Zul, carregando centenas para além da dupla; túneis de cristal em arco protegeram as laterais; rajadas de vento empurraram colunas inteiras como se o vácuo tivesse correnteza. Daren quebrou três corredores, abriu dois, fechou quatro; mesmo assim, novas faixas nasciam, e cada faixa levava outra centena rumo a Decarius. O Demônio da Escuridão cobra cada passageiro que passava com o massacre de centenas, mas a fila não acabava.
Hatori viu pelo canto do olho e, sabendo que precisava ajudar Daren, mas ainda lutando, tomou uma decisão de risco. Ele expandiu o domínio um pouco a mais, não para alcançar Vargan’Zul, mas para invadir os micro ajustes do campo ao redor da Khazra’kul.
O choque invisível repuxou as linhas… o domínio e a distorção se morderam como feras. E o resultado foi bruto.
O próximo golpe de Vargan’Zul veio um pouco menos curvado do que deveria. Era pouco, mas, para Hatori, foi suficiente.
Ele mirou alto, na têmpora. A distorção puxou para baixo, mas ele já esperava. A ponta desceu um dedo além e o fio ganhou o vão entre a placa do ombro e o peitoral.
*Shhhhnk.*
Sangue jorrou. Vargan’Zul devolveu com um giro de punho tão curto que mais pareceu um tremor.
Hatori ergueu a Sourigawa para bloquear, recebendo a Khazra’kul que bateu como martelo, e o impacto fez a cabeça de Hatori vibrar por dentro; a vista dele piscou, mas o corpo já tinha memorizado o ritmo e respondeu sozinho.
*Tap, tap… shnk.*
O samurai recuou meio passo, girou, e voltou com duas estocadas quase simultâneas, uma para “errar”, outra para entrar onde a primeira seria arrastada. As duas tocaram. Uma arranhou; a outra fisgou.
Uma chama negra engoliu o ar por um segundo, sugando o calor, escurecendo tudo. Hatori entrou na sombra que se fechava e, por dentro dela, partiu o fogo ao meio como se fosse tecido.
Do corte do fogo nasceu um clarão. O clarão ardeu sem som e sem luz, e ainda assim queimou. O ombro do samurai latejou, mas o seu sorriso voltou.
A cada resposta, o corpo de Vargan’Zul dizia mais. E aquela luta ficava melhor.
Daren, nesse intervalo, recebeu a investida de um bloco de veteranos que misturou elementos como quem monta uma armadilha. Som concentrado veio primeiro, com uma parede de estalos graves, logo depois, uma poeira densíssima que tentava cegá-lo, junto de gases tóxicos e inflamáveis.
Um momento depois, veio água em feixes, seguida por lâminas de raio, e, por fim, cristais que cresciam do nada, como se uma mina inteira estivesse nascendo em volta.
O Demônio da Escuridão respondeu com o que lhe era próprio… pressão.
*Whooooooooooooooooooooooooooom…*
O espaço afundou meio palmo à frente do peito de Daren e, nesse afundamento, som, poeira e gás bateram e caíram. Três placas varreram o resto como pás de moinho, e as lâminas de raio, quando tocaram a espada, foram engolidas uma a uma w devolvidas um segundo depois, cortando as canelas da frente de ataque e dobrando pelotões como se alguém tivesse puxado um tapete sem aviso.
Um cristal afiado conseguiu roçar a bochecha do Demônio, ais uma linha fina abriu a pele e nada mais.
O retorno foi imediato…
Um corte horizontal que atravessou seis corpos e sumiu como se nunca tivesse existido.
Enquanto isso, Vargan’Zul percebeu que Hatori estava “lendo” o triângulo que formava seu campo de distorção e mudou o foco do vértice traseiro. Em vez de mantê-lo um palmo atrás do pescoço, trouxe o ponto para mais perto, orbitando a nuca. Com isso, a distorção passou a puxar diagonalmente.
Hatori notou isso no segundo golpe e já trocou a postura. Agora, quando Vargan’Zul puxava para trás, ele avançava um palmo a mais; quando o comandante abria o cotovelo, Hatori entrava por baixo.
A dança virou cálculo puro. E mesmo mudando as incógnitas, Hatori se guiava pelas constantes.
