Capítulo UHL 1086 - Um Grande Dilema
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A pressão do embate entre Hatori e Vargan’Zul empurrava ondas em todas as direções. Onde elas bateram, soldados sumiram. Vargan’Zul não recuou um dedo em sua vontade. A chama negra soprou para trás, como se respirasse por ele, e o espaço junto da Khazra’kul reteve o fôlego. Hatori enxugou com o antebraço o sangue que pingava do queixo, recolocou os pés na cadência que o corpo pedia e avançou de novo, não para insistir no argumento, mas para mantê-lo vivo entre um golpe e outro.
“Eu não vou voltar atrás!” Disse Vargan’Zul, com o timbre áspero, entrecortado pelos impactos. *Clang.* “Vocês atravessaram fronteiras que mesmo nossos inimigos mais antigos respeitam.” *Shnk.* “Orcs e elfos sabem onde termina o território de cada um de nós e onde começa a guerra.” *Booooom.*
Enquanto isso, Hatori entrou na guarda do comandante com a ponta da espada. Ele mirou um palmo fora do ombro, contou o arrasto, e o fio riscou por dentro da couraça, arrancando mais sangue escuro. Vargan’Zul pagou com dorso de lâmina no braço do samurai, abrindo outra lasca de carne. O samurai não perdeu o ritmo, e nem os argumentos.
“Você tem medo do que não controla…” Ele respondeu, seco e direto. *Swiiiish.* “Nós não somos elfos nem orcs. E não aceitamos coleiras, nem divinas e nem mortais.” *Clang.* “Se essa linha antiga se mantinha por medo, então era uma prisão com outro nome.”
“Medo?” Vargan’Zul cuspiu um riso. Terra ergueu-se sob Hatori em duas lâminas cruzadas, tentando dividi-lo pelos joelhos; o samurai cortou a primeira, saltou a segunda e desceu com a lâmina em diagonal. O campo puxou, e a diagonal virou horizontal no último instante, riscando a aba do elmo.
“É ordem. É um custo conhecido.” Vargan’Zul continuou, enquanto Khazra’kul respondeu e o fogo negro veio por dentro, pesado, e atingiu a lateral do rosto do samurai.
“Com vocês, o custo é um planeta!” Ele completou, e o nome mudo de Uhr’Gal pairou entre eles, mesmo sem ser dito.
Hatori piscou por trás do calor, a pele dele ardeu, e os olhos fixaram o centro do punho do inimigo.
“Uhr’Gal foi a escolha de um homem que carregou o peso de tomar uma decisão.” Ele disse, com a voz rouca de ferro e fumaça: “Eu não o imito. Eu corto quando preciso e paro quando basta.” *Tap, tap… Swish.* Três estocadas picaram a axila; duas arrastaram, a terceira pegou de raspão no músculo e fez Vargan’Zul reorganizar o quadril.
A reorganização abriu uma janela que a elite tentou fechar com tudo. Ventos de alta densidade vieram, empurrando poeira metálica que grudava em juntas; água compactada subiu em brocas; raios se distribuíram em malhas irregulares; gás ácido avançou. Daren entrou no meio disso como quem resolve uma equação com o punho.
*Whoooooooooooooooooom…* O espaço afundou e tudo colapsou.
“Vocês invadiram nossos salões, nossas casas, nossas alianças.” Disse Vargan’Zul, com o braço descrevendo um arco curto que arrastou a realidade um palmo para fora de si mesma. *Clang.* “Chamaram de união o que foi intromissão.” *Baaaaaang.* O dorso da arma veio de novo; Hatori moveu o pescoço cerca de um dedo, deixou passar e devolveu com uma estocada no flanco.
“Nós apenas estamos tentando libertar o que vocês trancaram por eras!” Hatori devolveu, e a voz carregou um fio de respeito que não anulava o julgamento: “Você é um comandante digno. Não precisava ser cão de ninguém.”
“Eu não sou um cão.” O fogo engrossou na fala de Vargan’Zul: “Sou dono da minha casa.”
A terra respondeu como um martelo de forja: duas placas tectônicas se chocaram entre eles. A Sourigawa traçou um oito e abriu um vão; a Khazra’kul atravessou esse vão girando, e o arrasto tentou torcer a lâmina de Hatori para fora, mas o samurai cedeu meio palmo, usou a própria torção e acertou o triângulo atrás da nuca.
*Swing.*
O fio atingiu o tendão, mas o corte foi raso. O comandante respondeu com o ombro e os dois trombaram peito com peito, e cada um tentou matar o outro naquele instante.
O erro deles viajou quilômetros. A Khazra’kul não achou o alvo e cortou um corredor de cristal como se fosse papel, selando dentro dele quatro companhias que, sem saída, foram queimadas até os ossos. A linha de Hatori que não pegou a artéria subiu limpa e dividiu três estruturas de metal em sequência, derrubando as colunas e todas as vidas dentro delas.
“Você entende por que não recuo.” Vargan’Zul então disse, e havia uma sinceridade estranha na sua voz. “Elfos e orcs sangraram conosco até aprenderem a ficar no próprio quintal. Vocês, porém, entraram nas salas que não foram convidados.” *Clang.* “Trouxeram promessas com cheiro de faca.” *Shnk.* “E finalmente se revelaram em Uhr’Gal.”
Naquele momento, Hatori respirou curto, pois o calor de uma queimadura nova ardeu sob a clavícula. “Eu entendo.” Ele disse, e a lâmina não parou. “Entendo o medo. Entendo a conta.” *Swiiiish.* A ponta entrou sob a ombreira, arracando um pequeno pedaço de carne. “Mas eu não me ajoelho para um panteão que chama escravidão de harmonia.”
“Então morra de pé.” A resposta de Vargan’Zul veio com um giro; a Khazra’kul tentou acertar as pernas. Hatori saltou, sentiu a borda raspar a canela, fazendo um risco quente, fino, e caiu já estocando o vazio que se tornaria garganta. O campo puxou, e o fio entrou, perigosamente, ao lado da traqueia.
*Splaaaaaaaaaaaash…*
O sangue escuro saiu em pulso breve, rápido. As chamas responderam com um abraço que mais parecia o interior de um forno. Hatori cortou o calor, se afastou, e outra vez saiu com a pele rangendo.
Enquanto isso, a elite investiu para transformar o diálogo em túmulo. Treze cultivadores de fogo combinaram colunas de combustão sequenciadas, criando um “pulso” térmico que faria qualquer matéria expandir e estourar por diferença de pressão. Cinco cultivadores especializados em som empilharam frequências para deslocar comandos motores. Metais finos foram jateados como agulhas; gelo caiu como estacas finas, para travar articulações.
Determinado a não deixar que ninguém interferisse na luta ou avançasse, Daren abanou a cabeça uma vez, quase um gesto de tédio, e resolveu.
*Whoooooooooooooooooooooooooom.*
As frequências desandaram quando o espaço foi comprimido; o pulso térmico colapsou; as agulhas foram recolhidas por um funil espacial; as estacas colidiram contra o fogo.
“Você sangra e ainda fala.” No duelo Vargan’Zul comentou, surpreso sem admitir: “Não é comum.”
“Você sangra e ainda comanda.” Hatori devolveu: “Também não é comum.” *Clang.* “Se desistir agora, ainda poderá salvar muitas cidades.”
“Se eu desistir agora, perco meu povo.” Com a resposta de seu portador, a Khazra’kul desceu o arrasto puxou, a chama empurrou. Hatori aceitou metade, desviou metade, e cobrou com duas estocadas no mesmo buraco do abdômen.
*Shnk. Shnk.*
O buraco aumentou, aprofundando um centímetro, depois um palmo. O sangue escuro borbulhou, mas a couraça se fechou como uma segunda pele em brasa, queimando por dentro para estancar. Vargan’Zul não cambaleou e devolveu com o peso do corpo inteiro.
*Baaaaaaang.*
O dorso da Khazra’kul atingiu o quadril de Hatori e quase o desmontou. O samurai girou com o impacto, aproveitou a rotação e devolveu de baixo para cima, em um arco curto, que abriu uma linha do abdômen ao esterno.
Ambos sangraram. Ambos riram baixo.
Vargan’Zul rosnou, cuspindo ferrugem junto com saliva.
Hatori respondeu, firme, e o fio da Sourigawa vibrou no vazio antes de bater contra a espada serrilhada do adversário.
*Claaaaaaaaaang.*
O choque apagou sons próximos. As armas deslizaram uma pela outra, faíscas e calor saíram como chuva ácida, e os dois colidiram com as testas.
Hatori sentiu o mundo estreitar em dois pontos: a lâmina na mão e a respiração do inimigo. Nada mais importava.
Vargan’Zul sentiu o peso do sangue escorrendo pelo flanco, mas não recuou. Os músculos responderam à dor como soldados à trombeta.
Mais golpes.
*Clang. Shnk. Swish. Boom.*
Nenhum deles recuava mais do que meio passo. A cada erro, um pedaço do campo era destruído. A cada acerto, um pedaço do corpo era cobrado.
O campo de distorção da Khazra’kul tentava sempre prender, sempre torcer. Contudo, Hatori o conhecia agora e contava cada puxão como parte da própria dança. Seus cortes eram mais curtos, menos vistosos, mas cada um raspava uma borda vital. E o sangue pingava era como um metrônomo, marcando o ritmo da luta.
O comandante, em troca, respondia com a fúria de um ferreiro que martelava para moldar: cada batida era dura, cada defesa tinha o peso de uma montanha. Onde ele passava, o ar se dobrava, e os olhos de soldados que assistiam à distância ardiam apenas de testemunhar.
A batalha se esticou até perder a medida. O peito de ambos arfava, o suor já não era suor, mas sangue e fumaça. Os braços, que para outros já estariam mortos de fadiga, respondiam por puro instinto.
Um golpe baixo de Hatori pegou a coxa do inimigo, abrindo o músculo em meia-lua. O sangue escorreu em jatos grossos, respingando como ferro derretido. Vargan’Zul respondeu enfiando o ombro como aríete e quase quebrou o esterno do samurai. E o estalo no peito ecoou mais do que muitos gritos.
“Você não cede…” Disse o comandante, com a voz grave e um hálito quente que ardia até na pele do adversário.
“Você também não.” Hatori respondeu, cuspindo sangue e rindo baixo, como quem aceita o pacto.
Então vieram mais trocas. Tão rápidas que deixaram rastros na visão. Um risco branco, um clarão negro. Dois corpos se desfazendo a cada segundo, sustentados apenas pela teimosia e pela vontade de fazer um adversário tão bom sucumbir perante sua lâmina.
O tempo ali não passava mais em horas ou minutos, mas em golpes. O universo reduziu-se a um ciclo eterno de corte e defesa.
Quando por fim o metal cedeu em silêncio e o espaço parou de ranger, eles estavam frente a frente, a um braço de distância um do outro. Nenhum havia vencido… nenhum havia caído.
O vazio em volta, porém, estava coberto de destroços, sangue e poeira. Colunas inteiras tinham sido reduzidas a pó, pelotões haviam sido fatiados como papel, e corpos jaziam em números impossíveis de contar. A guerra parecia suspensa apenas no intervalo da respiração deles.
Foi nesse instante que as vozes chegaram. Soldados, esgotados, que haviam passado por Daren às custas de muitas vias, chamaram ao comandante.
“Comandante!” Um deles disse, entre engasgos. A voz dele era fraca, mas urgente: “Há… um bloqueio adiante.”
Ao escutar aquilo, Vargan’Zul não tirou os olhos de Hatori. O suor escorria do queixo até o peito e os músculos do pescoço ainda tremiam da tensão do último golpe.
“Humanos?” Ele perguntou, com a voz de um líder. Um fio de esperança mesclado à fúria vibrava na sua fala. Se fossem humanos, então o inimigo principal tinha chegado. O duelo teria que virar guerra, e Daren não poderia agir tão amplamente quanto agia.
A resposta não veio imediatamente. O soldado gaguejou, com a voz vacilando como se quisesse mentir. Mas não havia como.
“Não, senhor…” Ele engoliu em seco, antes de confirmar: “Não são humanos.”
O silêncio que se seguiu não veio do cansaço do campo, mas do peso dessa revelação. Nem o estalo do fogo, nem os tremores pareceram ter coragem de interromper.
Outro soldado completou, com a voz trêmula de quem viu e não quis acreditar: “São orcs.”
Aquelas palavras cortaram o campo de batalha como se fossem uma lâmina gigantesca que não feria apenas a carne, mas o espírito dos guerreiros que tentavam avançar.
Cada um que compunha o exército e ainda estava vivo gelou. O krovackianos, porque conheciam o inimigo adiante. Os orcs, porque estavam entre a cruz e a espada. Entre lutar contra o seu próprio povo ou se render como covardes.
